O Despertar Cósmico - Capítulo 73
Elena caminhou pelo corredor da casa de forma hesitante, ainda se sentindo e perdida por acordar em um quarto estranho e sem saber onde seus amigos estavam.
Quando ouviu o som distinto de algum objeto batendo na pia do banheiro e resolveu se aproximar silenciosamente do cômodo, ainda hesitando um pouco.
Assim que parou em frente a porta aberta e viu Zen parado em frente ao espelho, limpando o rosto em uma toalha, ela quase suspirou de alívio por encontrar alguém.
Sobre a pia Elena notou o barbeador deixado de lado, assim como também notou os pequenos fios de barba jogados no interior dela.
Um sorriso brincalhão se formou nos lábios dela quando percebeu que Zen estava concentrado demais tentando procurar uma área mal barbeada em seu rosto, e ainda não havia notado ela ali.
— A Irani vai ficar muito brava contigo se descobrir que cê tá sujando a pia dela desse jeito. — Ela apoiou com o braço no batente da porta e se deleitou com a expressão surpresa com a qual Zen olhou para ela.
— Ah, é você — ele suspirou aliviado.
— Te assustei? — O sorriso dela se alargou, e seus olhos brilharam de empolgação.
— Um pouco. — Ele sorriu de forma contida e abriu a torneira da pia, deixando a água lavar os fios que a sujavam. — O que cê tá fazendo? Achei que iria dormir um pouco.
— Não consegui. Eu…
Estava tendo mais pesadelos — dessa vez com sua mãe.
Mas não podia dizer aquilo a ele. Não queria o preocupar com besteiras.
Por isso apenas disse:
— Eu tava procurando o Alan. Você viu ele?
Zen ficou em silêncio por um segundo, apenas observando Elena com aqueles olhos misteriosos — provavelmente tentando entender o que se passava na cabeça dela.
Mas por fim, ele pendurou a toalha-de-rosto no gancho da parede e saiu andando na direção da Elena enquanto dizia:
— Não, mas também quero falar com ele. Posso encontrá-lo.
Quando parou em frente a garota, Zen tocou no interruptor na parede, apagando a luz do banheiro ao mesmo tempo em que seu olho esquerdo se iluminava na cor amarela.
— Ele tá na sala, com a Amanda e a mãe do Diebus.
— Esqueci o quão conveniente esse olho pode ser às vezes — ela murmurou, parando para observar o olho esquerdo dele como se fosse a primeira vez que reparava nele de fato.
O olho brilhava como algo estivesse energizando a íris e a tornando amarela, mas a pupila se destacava em meio aquela cor vibrante — principalmente porque uma pequena faixa branca a rodeava, quase como se evitasse impedindo que ela tocasse diretamente na energia que banhava a íris.
Um sorriso brincalhão se formou nos lábios do Zen, e Elena percebeu que seus olhos não acompanhavam o sorriso — como se sorrir fosse apenas um movimento do músculo, não algo sincero que iluminava todo o seu rosto.
— Às vezes? Ele sempre é bastante conveniente. Inclusive é alvo da maioria das queixas dos meus inimigos.
— Como fica sua visão com ele? — ela perguntou, sem prestar atenção na piadinha dele, enquanto levava a sua mão até o seu rosto e delicadamente o tocava próximo ao olho esquerdo.
O sorriso no rosto dele lentamente murchou, e Elena tentou deixar sua Telepatia fluir na direção dele, esperando captar a tristeza que sempre emanava dele.
Mas não sentiu nada.
Nenhum sinal de que a pergunta o havia abalado, ou ao menos surpreendido, exceto pela forma como ele olhava para baixo e o tom áspero de sua voz ao responder:
— É complicado de explicar. As informações vão mais para o meu cérebro, então eu vejo tudo normal… Até eu não querer mais, então tudo se torna diferente, como se emanasse uma energia de todos os objetos e seres vivos e só eu pudesse ver essa energia.
Ele parou de falar por um momento, e quando o dedo da Elena deslizou suavemente pela sobrancelha esquerda dele, seu olho se iluminou ainda mais e ele desviou o olhar para ela.
— É só poluição visual — ele reclamou, como se estivesse vendo aquela poluição naquele momento. — A sensação também é estranha. Não é energia cósmico, nem gama e nem nenhuma outra energia. Mas é tudo isso também. Não gosto de coisas que não entendo.
Seu olho esquerdo se apagou, pegando Elena de surpresa, que notou o banheiro ficando ligeiramente mais escuro quando a luz amarela que emanava do olho se dissipou.
— Por isso eu ignoro, e aproveito só as informações que são úteis.
Zen segurou a mão que Elena usava para tocar seu rosto e lentamente a abaixou, entrelaçando seus dedos aos dela e esboçando um sorriso travesso ao dizer:
— Agora vem, vamos achar o Alan pra eu poder dar a má notícia.
Os dois saíram caminhando pelo pequeno corredor até que finalmente chegaram na sala, onde encontraram os outros, reunidos em volta do sofá.
Amanda estava sentada no sofá ao lado do Alan, e não usava mais o manto negro da Justice Angels, diferente do amigo, que já parecia ter se acostumado a ele.
Em frente a eles, em uma cadeira de rodas, estava Irani, uma mulher de 56 anos, com um longo cabelo castanho-escuro amarrado em uma firme rabo-de-cavalo.
Ela vestia uma blusa verde simples que combinava com seus olhos, e uma saía preta justa.
Quando interrompeu o que dizia e se virou para a Elena e o Zen, esboçou um sorriso alegre que deixou evidente os traços físicos herdados por Mikey.
Os dois realmente se pareciam, apesar do olho azul e cabelo branco característicos do herói.
Tinham o mesmo sorriso e o jeito alegre e amigável de se comportar.
Elena não conseguiu conter o sorriso, como se fosse contagiada pela alegria da mulher.
— Elena, que bom que resolveu se juntar a nós. Estava tendo uma conversa importante com o Alan, e acredito que você deveria ouvir o que eu tenho a dizer.
— E o que é? — Elena perguntou, soltando a mão do Zen e se sentado no sofá ao lado da Amanda, enquanto ele se sentava no braço do sofá ao seu lado.
— Ela tá tentando me convencer a ficar aqui — Alan falou, olhando para a amiga com um sorriso divertido no rosto. — Mas ela não é muito boa nisso.
Irani riu de forma contida e acertou um tapa brincalhão na perna do Alan, que acabou rindo também.
— Mas eu concordo com ela, já falei. — Amanda tinha um tom sério, apesar do sorriso alegre. — Não sei porquê cêis tem que ir com ele. O Zen é um profissional, a gente mais atrapalharia do que ajudaria ele.
Zen franziu o cenho e olhou para a Amanda, sem esconder a surpresa de ter passado de Vilão Assassino para Profissional — e sem saber quando isso aconteceu.
Alan também olhou surpresa para a amiga, mas ele era menos discreto que o Zen, e colocou sua surpresa em palavras:
— E desde quando ser vilão é profissão?
— Quando se faz isso do jeito certo, é uma profissão, sim!
— Então o Carnificina era um puta Serial Killer profissional — Alan retrucou.
— Vamos nos acalmar, pessoal — Irani interveio na conversa de forma calma e serena. — Não estamos discutindo se o que o Zen faz é certo ou não, estamos discutindo o quão perigoso é o que ele está prestes a fazer.
— Obrigado pelo voto de confiança, Dona Irani. — Zen esboçou um sorriso travesso, que apenas aumentou de forma divertida quando Irani lhe lançou um olhar sério e repreensivo.
— Vocês são só crianças — ela voltou a olhar para Alan — e estão entrando em um mundo mais perigoso do que imaginam.
— Com todo o respeito, Irani, mas eu sou um Classe Alta. Não sou só uma criança. Recebi treinamento desde os meus dezesseis anos — Alan falou, apesar de não se orgulhar do treinamento que fazia com o pai antigamente.
— Com todo respeito digo eu, querido. Você acha que por ser um high-tier na escola vai continuar sendo quando sair dela? Vocês são avaliados como crianças na escola, Alan, não por sua habilidade, mas pelo poder. No mundo real é diferente.
Quando a mulher desviou o olhar, focando seus olhos verdes no outro par de olhos verdes que havia na sala, Elena prendeu a respiração — como se premeditasse o que ela diria.
— Achei que você entenderia isso, Elena. Sua mãe se aposentou justamente por isso, ela não te contou?
— É justamente pela minha mãe que eu tô fazendo isso — ela murmurou, e parecia confiante, apesar do olhar confuso ao perguntar: — Você conhecia ela? Ela nunca me falou de você, mas, cada vez mais, eu descubro que ela deixou de me falar muita coisa.
A expressão séria no rosto da Irani se suavizou no mesmo instante, assumindo um semblante melancólico quando sorriu e meneou com a cabeça.
Seus olhos brilharam, mas não era o tipo de brilho que transmitia alegria. Não. Aqueles olhos pareciam carregar um peso insuportável.
Como se tivessem presenciados muitas coisas triste no decorrer de sua vida
Quando fechou os olhos por um segundo, deixou as mãos repousarem em seu colo uma sobre a outra. Ao abrir os olhos novamente, parecia observar o passado, e não a sala em que estavam, ao dizer:
— Maria e eu nos conhecemos alguns anos depois que ela se tornou heroína. Mais ou menos na época do meu acidente. Ela veio me procurar preocupada, dizendo que queria me ajudar, que iria procurar alguém que pudesse curar as minhas pernas.
Seus olhos se recaíram sobre a Elena e ela sorriu, com um pesar imensurável oculto neles.
— Ela foi uma boa heroína, e é uma mulher melhor ainda. Se preocupava com as pessoas. Priorizava salvá-las ao invés de simplesmente derrotar o vilão… Querendo ou não, ela nasceu para ser a nossa Rainha.
— Rainha? — Elena questionou antes mesmo de perceber. — Quer dizer dos Pathy-sei-lá-o-que? Quer dizer que ela sabia sobre o que as pessoas diziam sobre ela ser a Rainha de um clã?
— Pathy-sei-lá-o-quê? — Irani questionou, parecendo um pouco surpresa, talvez até indignada. — Esse é um dos clã fundadores! O clã que uniu os Telepatas com os Telecinéticos. O Zen não te contou nada?
Elena deu de ombros, com uma expressão confusa no rosto, e sem nunca ter ouvido nada sobre aquilo antes.
Então foi a vez da Irani franzir o cenho de confusão, ao mesmo tempo em que lançava um olhar interrogativo para Zen, que apenas deu de ombros e disse:
— Eu não tive tempo para ter essa conversa com ela ainda.
Irani meneou com a cabeça em reprovação, e então voltou a olhar para a Elena, com um sorriso acolhedor no rosto ao dizer:
— Querida, as pessoas não diziam que ela era a Rainha dos Pathykineses, ela é a Rainha. E, por direito, você é a Princesa.
Elena deixou escapar uma risada descrente, mas que logo murchou e desapareceu junto com o seu sorriso, ao ver a seriedade no rosto da mulher.
Quando olhou para o Zen, a seriedade dele era quase sufocante, e quando seus olhos se encontraram, ele sutilmente meneou com a cabeça.
— Ela tá falando a verdade, Elena.
— O quê? Não. Isso não faz sentido nenhum. A minha mãe era uma psicóloga! Uma floricultora! Não uma Rainha! — ela falou, balançando a cabeça em negação.
— Ela era isso tudo, e mais um pouco, querida. Antes de ter você, sua mãe era a última Pathykines viva, responsável por liderar tanto os Telepatas quanto os Telecinéticos. Por que você acha que ela me visitou quando sofri o acidente?
— Não sei… — Elena olhou da mulher para o Zen, e então de volta para Irani, sentindo-se confusa, mas também irritada por saber que eles sabiam de algo e não contavam para ela. — Por quê?
E foi nesse momento que Irani percebeu o quão pouco Zen havia contado a garota, e lançou um olhar de reprovação para ele — que apenas ergueu as mãos em rendição e sorriu da situação.
Irani voltou a olhar para Elena e a garota se sobressaltou ao sentir a mente da mulher fluir para dentro da sua.
Sensações indescritíveis fluíram para dentro da Elena, de modo que a garota se viu perdida nelas por um segundo, sem sentir e nem ver nada a sua volta.
Quando a calmaria dominou a mente dela, Elena se sentiu como se estivesse em um enorme e pacifico campo aberto. Quase podia sentir o ar fresco batendo em seu rosto.
“Ela foi visitar uma amiga, cuidar de uma súdita e oferecer seus serviços como Rainha do meu povo” — a voz de Irani soou na mente da Elena como um ecoo distante.
— Uma telepata… cê é uma telepata! — Os olhos dela se arregalaram diante a repentinamente surpresa, e então sua mente se iluminou de compreensão.
Agora os poderes do Mikey faziam cada vez mais sentido.
A capacidade de criar e controlar gelo com uma precisão e habilidades monstruosas, só eram possíveis devido aqueles olhos azuis que emanavam um frio imponente — uma herança herdade através da Telepatia de sua mãe.
“Por isso eu consegui ouvir os pensamentos dele mais cedo”, ela percebeu, surpresa por Zen nunca ter mencionado aquilo antes. “Do mesmo jeito que minha telepatia tem uma conexão com o Zen, ela deve ter uma conexão com os olhos do Diebus!”
— Aparentemente o Zen mencionou muito pouca coisa a você, querida — Irani falou, pegando Elena de surpresa, que demorou um segundo para entender do que ela falava.
— Essa é uma das especialidades dele — ela comentou, mas sua voz era quase um sussurro, como se o choque a atrapalhasse a falar corretamente.
— Olha, tentem ver pelo meu ponto de vista. Eu tinha que organizar a busca pela Maria e desvendar o mistério por trás dos ataques recentes da Mão, tudo isso enquanto tentava elaborar um pedido de desculpa que te convencesse a me perdoar.
— Essa é a história dela, Zen! O destino dela! — Irani falou, e pela primeira vez aumentou o tom de voz, mesmo que apenas sutilmente. — Ela tem o direito de saber sobre seus antepassados e da história por trás dos seus poderes.
— Uma história que aconteceu a mais de cinco séculos atrás.
Quando Irani abriu a boca para retrucar, Zen esboçou um sorriso travesso e se apressou em acrescentar:
— Mas claro, nada impede você de ensinar essa história á ela. Aposto que você adoraria fazer isso.
Irani voltou a afirmar o quão importante e fundamental para o crescimento da Elena como Telepata, mas agora a garota olhava para os dois sem realmente ouvir o que diziam.
As engrenagens da sua mente trabalhavam em total potência para tentar absorver e assimilar a informação repentina.
“Uma Rainha… A minha mãe é uma Rainha”, ela pensou, com um sorriso descrente, e até mesmo um pouco temeroso, no rosto. “Por que ela nunca me disse isso? Por que escondeu algo tão importante assim?”
“Você vai ter que perguntar isso a ela, querida” — a voz da Irani ecoou na sua mente, pegando Elena de surpresa.
— Mas eu ainda acho que vocês deveriam deixar o Zen resolver isso sozinho — Irani falou, quando o olhar surpreso da Elena se encontrou com o dela. — Vocês são só crianças, não precisam passar por isso.
Antes que alguém pudesse respondê-la, Zen soltou um longo suspiro, chamando a atenção de todos para ele, e assumindo uma expressão séria, com aqueles olhos frios se fixando no Alan enquanto ele dizia:
— Ela tem razão. Você não precisa fazer isso. É perigoso. Exige um nível de experiência em combate que você não tem.
— E nunca vou ter se eu ficar me escondendo atrás do meu pai o tempo todo — Alan retrucou no mesmo instante, devolvendo o olhar que Zen lhe lançava com a seriedade de quem estava só esperando um motivo para começar uma briga.
— Nem tudo gira em torno do seu relacionamento com o seu pai, garoto — Zen falou com frieza, deixando Alan com o cenho franzido de indignação. — Nem tudo gira em torno de bater forte e explosões de energia.
— Isso que me deixa puto, tá ligado? Tu fala como se fizesse algo diferente. Como se fosse muito melhor que eu, bota fé? Tu é só um vilão, o que te dá o direito de falar do meu estilo de combate?
— Simples, o meu estilo de combate não mata civis inocentes.
Alan arregalou os olhos e abriu a boca, mas voltou a fecha-la sem ter o que dizer.
Sentiu um gosto amargo impregnar sua boca quando as lembranças do ataque do Dante voltaram a sua mente.
Apertou com força o braço do sofá a sua direita, deixando os nódulos dos dedos brancos, quando se lembrou das pessoas que morreram esmagadas pelos destroços de uma explosão de energia dele.
Um nó parecia ter se formando em sua garganta. A culpa corroía suas entranhas enquanto os pesadelos que sempre o acordavam de madrugada voltavam a tona.
Por um segundo, até mesmo olhar para Zen era uma tarefa impossível.
O Imperador voltava a ser o que sempre foi, uma presença absoluta de poder, e Alan continuava o mesmo de sempre; um hipócrita e um mentiroso, um fraco e impotente.
Quando o toque sutil da Amanda recaiu sobre a sua mão, Alan se virou para ela parecendo assustado — perdido demais nos pensamentos que o atormentavam a noite para prestar atenção em outra coisa.
— Alan? — A expressão no rosto dela se suavizou, se compadecendo por saber o que se passava na mente do amigo naquele momento. — Aquilo não foi culpa sua.
Alan sacudiu a cabeça com veemência, pois de uma coisa ele sabia — uma das poucas coisas na sua vida que ele ainda tinha certeza.
— Foi sim — ele falou, e ouviu sua própria voz soar roca, então pigarreou antes de continuar: — Memo com todo o treinamento que eu tive, ainda fiquei com medo. Ele me derrubou antes mesmo que eu desse o primeiro passo, e depois…
Alan travou, se lembrando dos sons e das vibrações que sentiu enquanto estava caído.
— Ele começou a matar — Elena falou, com a voz trêmula.
Alan não disse nada, mas abaixou a cabeça, observando os próprios pés com um olhar distante e pensativo.
“E eu não fiz nada”, ele pensou, sentindo o bile subir sua garganta, e sentindo como se fosse vomitar.
Agora que pensava sobre, talvez tenha sido apenas o medo que o manteve no chão, apavorado demais para fazer algo contra as plantas que ganhavam vida a mando dos poderes do Dante.
— Eu não deveria ter atacado — ele falou após um instante em silêncio, mas não ergueu o olhar.
Não queria olhar nos olhos de ninguém enquanto confessava aquilo.
— Era um estabelecimento fechado e eu atirei esferas explosivas nele.
Alan deixou escapar uma risada que mais parecia um grunhido, e então olhou para o Zen ao acrescentar:
— Não é que tu tem sempre razão, Imperador? Devo acabar causando a morte de alguém se eu me envolver.
Zen sustentou o olhar do Alan em silêncio por um momento, mas por fim respondeu:
— E você está enganado, como sempre. Quando foi que eu disse que você não iria se envolver?
Alan abriu a boca em surpresa, mas antes que pudesse questionar, a porta de entrada se abriu, e Mikey e Alex passaram por ela, rindo de algo que conversavam antes de entrar.
Jesse entrou logo em seguida, xingando os dois — provavelmente porque eles estavam rindo dela — e fechando a porta logo em seguida.
Mikey cumprimentou a mãe com um sorriso no rosto e chamou Zen, enquanto passava direto para a cozinha. Alex apoiou os braços no sofá e, lançando um sorriso animado para Alan, ele disse:
— E aí? Já se despediu da sua mina? — Quando olhou para a Amanda, seu sorriso apenas aumentou ao acrescentar: — Relaxa, eu não vou deixar ele pegar nenhuma gringa enquanto a gente tive fora.
— Pera! Quê!? Do que tu tá falando, mano? — Alan perguntou confuso.
— Uai, o Z não te contou, gatinho? — Jesse perguntou, ao se aproximar do Alex e parar apoiando o braço em seu ombro. — Cê vem com a gente pra Nova Zelândia.