O Despertar Cósmico - Capítulo 74
O corredor escuro parecia se estender infinitamente na sua frente, mas Alan não se deixou intimidar por ele, avançou alguns passos para frente e fluiu energia cósmica para seus olhos.
A energia preencheu seus olhos, os iluminando de azul e brilhando intensamente naquela escuridão.
Ao mesmo tempo um par de olhos vermelhos surgiu a vários metros na sua frente. Alan sentiu um calafrio percorrer seu corpo, mas se manteve firme e continuou andando.
Em algum lugar no corredor havia uma goteira, que ecoava profundamente, mas Alan só podia ouvir o próprio coração martelando em seu peito conforme avançava.
“Essa ilusão é real pra bosta!”, ele pensou, empolgado e assustado em simultâneo. “Nem aprece que eu tô na casa da Irani ainda”
Quando aqueles olhos vermelhos lentamente se fecharam, Alan parou de andar, ficando tenso no mesmo instante.
Não escutou sons de passos, e isso foi o que mais lhe deixou preocupado. Alan só tinha conhecimento dos poderes dos olhos dela — capazes de causar ilusões como a que ele estava naquele momento.
“E se ela tiver outros poderes?”, ele pensou, assumindo uma postura defensiva.
Mas quando aqueles olhos se abriram na sua frente novamente, estavam a menos de um metro de distância. Alan pode ver o cabelo branco da Jesse, assim como pode ver o sorriso assustadoramente animado dela.
Não teve tempo para reagir ou sequer processar o susto repentino que ela lhe causou, pois no mesmo instante o mundo se distorceu a sua volta.
O corredor escuro começou a se desfazer, a realizada se distorcendo diante dos seus olhos — e a mando dos dela.
Alan tentou entender o que estava acontecendo, tentou descobrir que ilusão ela criaria antes que fosse tarde.
Contudo, quando começou a notar as folhas e galhos que surgiam a sua volta, a mão da Jesse explodiu em seu rosto.
Uma risada ecoou a sua volta, vindo de todos os lugares, e Alan cambaleou para trás, sentindo seu rosto queimar conforme o tocava incrédulo.
— Tu me deu um tapa na cara? — Alan perguntou, observando as árvores da floresta que surgiam a sua volta, e tentando em vão achar a Jesse.
A risada dela ecoou por entre as árvores mais uma vez, e então ela surgiu, sentada em um galho alto, parcialmente oculta nas folhas.
— Foi — ela disse, sorrindo de uma forma que poderia parecer inocente, se não fosse aquele olhar de felino assassino que ela possuía. — É assim que eu bato nas minhas vadias, e océ ainda não é homem de aguentar um soco meu.
Alan cerrou os punhos com força, mesmo que estivesse com um sorriso no rosto. Ouviu risadas abafadas a sua volta, e podia jurar que eram da Elena e da Amanda — mas decidiu ignorá-las.
— Tu tem uma língua bem afiada. Desse jeito nunca vai realizar seu sonho de se tornar uma Princesa.
— Pelo menos vou realizar meu sonho de amassar esse seu nariz perfeitinho.
— Ah, quer dizer que tu me acha perfeitinho? — Alan sorriu de forma brincalhona e provocativa ao ouvir o grunhido da Jesse. — Uma pena que eu não posso falar o mesmo de tu, Princesa.
— Vai se foder — ela gritou de volta, mas parecia conter uma risada.
Alan quase riu da reação dela.
Só não fez isso pois foi obrigado a saltar para o lado, se esquivando por muito pouco da adaga arremessada na sua direção.
Assim que seus pés se firmaram no chão novamente ele olhou para trás, procurando a adaga, mas descobriu que ela havia desaparecido.
Talvez fosse outra ilusão.
Quando olhou para a árvore novamente, não encontrou Jesse lá.
— Isso, bora manter esse pique-e-esconde. Tô gostando de ver quanto tu é boa em fugir, Princesa.
Uma risada baixa soou atrás deles, e logo em seguida algo agarrou seu braço, o girando e pressionando para trás.
Alan tentou se manter firme, ir contra o movimento, mas no mesmo instante um chute acertou seus pés, o tirando no chão ao mesmo tempo em que seu braço era pressionado contra suas costas.
O impacto do seu peito contra o chão arrancou todo o ar dos seus pulmões, e ele arfou de dor quando Jesse caiu sobre ele, sentando em suas costas enquanto mantinha seu braço torcido de forma dolorosa.
As árvores em volta deles derreteram, se desfazendo rapidamente e dando lugar a uma simples sala, com um sofá bem na sua frente — de onde Elena e Amanda observavam eles com sorrisos divertidos.
Alan sentiu o hálito quente de Jesse se aproximando da sua orelha e ouviu a risadinha dela, pouco antes dela dizer:
— Te peguei, gatinho.
Alan sorriu e estava prestes a dizer algo, mas Jesse empurrou o braço dele contra suas costas, o fazendo grunhir de dor, e, em um salto rápido, saiu de cima dele.
— Eu disse que cê não podia me vencer. Só o Z pode.
Jesse limpou o suor em sua testa e se sentou no sofá, com Amanda e Elena a sua esquerda.
As duas amigas observaram — com sorrisos divertidos em seus rostos — Alan se levantar e massagear o braço esquerdo lançava um olhar debochado para Jesse.
— Muito fofo seu pensamento. Mas eu boto fé que o Mikey e o Alex iriam discordar.
Jesse esboçou um sorrisinho cínico e revirou os olhos antes de retrucar:
— Engraçado, não sei porque océ foi considerado Rei da sua escola, e não o comediante da turma.
— Como tu sabia que eu era o Rei da minha escola? — Alan franziu o cenho, confuso e surpreso.
— Cê ainda não sacou que a gente sabe de tudo sobre você? — Jesse perguntou, olhando de forma distraída para as suas longas unhas vermelhas da mão esquerda. — Eu mesma pesquisei sobre océ, antes de invadir tua casa.
Ela desviou aqueles olhos vermelhos para Alan e o fitou com intensidade. As pupilas verticais se dilataram sutilmente e um brilho assustador deu ainda mais vida para seu olhar.
— Eu sei tudo sobre ocê, Júnior. Desde o dia que seu papito te levou pra fazer os testes de aptidão da UDH, até a primeira vez que um Inquisidor te treinou.
Alan sustentou o olhar dela, sem deixar transparecer o desconforto que sentiu ao ser lembrado daquilo.
Era uma época diferente, e ele era uma pessoa diferente.
Sua mãe ainda estava bem, e não precisava ficar entubada em um hospital. Ele aceitava com prazer a ajuda do seu pai em seu treinamento.
Era instruído pela elite da UDH, homens que trabalhavam diretamente para a ONU. Aqueles que não eram nem heróis e nem soldados comuns. Responsáveis por lidar com os Classes Alta e Superior.
Entrando em lugares que os heróis não podiam e fazendo o que eles não conseguiram.
Os Inquisidores.
— Se tu sabe de tudo, também deve saber o que aconteceu na primeira vez que eu treinei com um.
— Sei — ela falou, e a expressão séria em seu rosto se suavizou um pouco. — O mesmo que acontece com qualquer um que enfrenta um Inquisidor. Fraturas, sangue e dor. Cê ainda deu mais sorte que a maioria. Saiu com vida.
— Tu acha? Depois da terceira vez treinando com eles, eu boto fé que seu pensamento iria mudar.
— Eu imagino. — Ela voltou a encarar as próprias unhas, mas seu olhar parecia distante, e carregado de um pesar misterioso. — O Z quase morreu para aquele bosta do Barão.
— Acho que eu ouvi falar disso, na época… — Amanda murmurou em um tom pensativo.
— Eu também — Elena disse, e olhou para a amiga espantada ao acrescentar: — Foi naquele ano novo que a gente passou lá em casa, lembra? A gente tava na sala quando o show do Roberto Cássio foi interrompido para dar a notícia.
— Verdade! — Amanda concordou, a lembrança daquele dia voltando a sua mente. — Ele enfrentou dois Inquisidores, não foi? O Barão Negro e o Galss, eu acho.
— Foram três na verdade, o Tempest também estava lá.
— Eu não lembro disso — Alan admitiu, olhando para às duas com curiosidade. — Ele enfrentou os três sozinhos?
— Não, o Diebus e o C4 estavam lá também.
A garota estava distraída observando suas unhas, por isso levou alguns segundos para notar o olhar dos três a observando.
Quando ergueu o olhar e viu a forma surpresa com a qual lhe encaravam, Jesse grunhiu e revirou os olhos, xingamento mentalmente os três e a ingenuidade deles.
— Acham mesmo que o Zen sozinho iria conseguir vencer três Inquisidores de Classe Superior? Mesmo com a ajuda do Diebus e do C4, eles só saíram com vida porquê fugiram.
— O Imperador foge muito, pra quem se dizer invencível, não? — Alan debochou.
— Contudo, sempre levo comigo a vitória — a voz do Zen soou atrás dele.
Quando se virou, Alan se surpreendeu por ver Zen parado no corredor que levava para os quartos — e ele não ter ouvido sua aproximação.
Entretanto a maior surpresa veio ao ver o homem parado ao lado dele.
Seu cabelo castanho era uma bagunça em sua cabeça, caindo em cachos embaraçados que quase ocultavam seus olhos completamente.
A barba volumosa parecia ter crescido por falta de cuidado, e não por estética. Seus olhos verde-rubi pareciam cansados — sobrecarregados.
“Ele parece familiar… Mas de onde eu o conhece?”, Alan pensou, martelando em sua mente para tentar reconhecê-lo.
Porém não teve tempo para lembrar, pois Elena fez isso antes dele.
— Pai!? — Ela se levantou do sofá em um salto, com as sobremesas franzidas. — O que cê tá fazendo aqui!? Quando chegou?
“Pai!?”, Alan olhou para a Elena e depois voltou a se virar para o homem, com uma expressão incrédula em seu rosto. “Esse é o Victor!? Nem fodendo! Ele tá muito diferente!”
O homem — que antes Alan considerava imponente e amedrontador — avançou alguns passos para frente, passando por Zen e caminhando de forma lenta e pesada em direção a sua filha.
Alan observou o homem melhor, ele pode reconhecer Victor debaixo de todo aquele cabelo e da barba. Mas ele parecia ter passado todo aquele mês que se passou desde que Maria foi sequestrada sem comer direito.
Antes ele era um homem com 1,90 de altura e o corpo musculoso — devido a sua super-força e ao seu antigo serviço como Vanguarda. Mas agora ele andava de forma desanimada, a postura reclinada e um olhar morto no rosto.
Quando Alan olhou para Amanda, notou a surpresa presente no olhar da amiga, e soube que ela também não tinha visto ele desde aquele dia também.
Quase ninguém tinha visto, na verdade. Ele tinha passado todo aquele tempo procurando a esposa por conta própria.
“Ele deve ter passado por muita coisa, para ficar em um estado tão deprê”, Alan pensou, olhando novamente para o homem abatido que se aproximava.
— Cheguei a pouco tempo… — Ele parou a menos de um metro do Alan, como se temesse se aproximar demais da filha. — Não queria atrapalhar, pareciam que vocês estavam se divertido fazendo… aquela coisa.
Jesse soltou uma risada debochada e disparou:
— Eu com certeza me diverti muito! As garotas podem ter gostado também, não sei como foi pra elas. Mas o garotão aí não gostou nem um pouco.
“Caralho, tu não sabe ver a tensão no ar não?”, Alan pensou, lançando um olhar de aviso para Jesse, que o ignorou dando risinhos.
Um sorriso tenso se formou nos lábios de Victor por um segundo, mas logo desapareceu, voltando para aquela expressão abalada. Ele pigarreou, tentando tomar coragem, e disse:
— Eu soube que você está querendo ir com o Zen para buscar sua mãe. — Elena ficou tensa ao ouvir aquilo, e Victor notou, pois hesitou um pouco antes de perguntar: — Não acha que isso é perigosos demais?
Alan pensou que a amiga iria rebater com a mesma naturalidade que tinha feito com Irani, mas se surpreendeu ao vê-la abaixar o rosto e olhar pra os próprios pés.
— O Zen estava me explicando o que Megaman contou pra ele, e parece que existem vários vilões vigiando o local. Eles provavelmente vão ter que lutar. Vamos deixar que resolvam isso. Vem esperar em casa comigo até sua mãe voltar.
Alan olhou para Zen, notando a tensão com a qual ele encarava Elena, observando cada movimento dela — e parecendo se agoniar até mesmo com os menores deles.
Nunca tinha visto ele tão tenso antes, e sabia que aquilo era porque ele sabia que aquilo tinha que ser uma decisão dela, e que não podia interferir de maneira alguma.
Por conhecer a amiga, Alan sabia que ela nunca voltava atrás em uma decisão. Mas aquilo era totalmente diferente do que eles estavam acostumados.
Ele mesmo estava temeroso sobre o que teria que fazer na Nova Zelândia, e para ela aquilo era ainda pior. Ela não estava simplesmente indo para um lugar perigoso e cheio de ameaça, ela estava indo resgatar sua mãe
Se fizesse algo que atrapalhasse o Zen e os outros, aquilo poderia significar o fracasso da missão — ou, no pior dos casos, a morte da Maria.
E Alan sabia ser naquilo que ela estava pensando naquele momento.
— Por que você ou a mamãe nunca me contaram que o Zen era o Imperador? — A pergunta dela pegou todos de surpresa, mas quando ela ergueu o rosto, a seriedade em seus olhos era arrebatadora.
— Eu… — Victor hesitou, desviando o olhar de forma insegura. — Nós não queríamos envolvê-la nesse mundo.
— Não queria me envolver!? — Elena perguntou, deixando seu tom de voz se elevar por um segundo.
Mas quando respirou fundo, se acalmou o suficiente para acrescentar:
— Então por que, pelo menos, não me contaram que a minha mãe era a Rainha de um clã? Ou vai dizer que não queria me envolver nisso também?
— Sua mãe teve seus motivos para não te contar isso, Elena! — Victor retrucou, com um tom de voz sério e imponente, que por um momento fez Alan se encolher e ver, naquele homem abatido, a força que ele possuía.
— Aposto que teve! Do mesmo jeito que eu tenho meus motivos para ir ajudar ela!
— Então me fala que motivos são esse, porque eles devem ser ótimos, se vale a pena arriscar sua vida por eles! — Victor falou, e falar aquilo parecia pesar tanto para ele, quanto para Elena, que arregalou os olhos de surpresa.
O silêncio recaiu sobre o cômodo, deixando o clima tenso e pesado enquanto Elena encarava o chão, e Victor observava a filha de forma preocupada.
Quando parecia que ela não diria mais nada, Victor começou a caminhar na direção dela novamente. Então ela voltou a erguer o rosto, e aquela seriedade de antes voltou para seus olhos verdes.
— Eu vou porque não quero mais ter medo.
— Medo? — Victor parou a menos de um metro dela, olhando espantado para filha, como se a visse pela primeira vez só agora.
Como se, só agora enxergasse o quanto ela estava mais magra e os olhos profundos de cansaço.
Estava parecida com o pai — apesar de que os dias que passou na mansão Snyder tinham feito bem para ela.
— É, como quando o Dante atacou, e eu não consegui fazer nada! Ou quando os heróis me disseram que não tinham nenhuma pista da minha mãe! Eu não quero ficar insegura desse jeito de novo! Não quero depender de ninguém, eu…
Ela pareceu de falar, deixando o ecoo de sua voz repercutir não só pelo cômodo, como também na mente de certas pessoas que estavam na casa.
Elena engoliu seco, sentindo como se uma mão invisível apertasse seu pescoço.
Sentia como se sua própria telecinese estivesse se voltando contra ela, lhe estrangulando a medida que o peso de suas palavras recaia sobre seu peito.
Contudo, se obrigou a continuar mesmo assim — talvez justamente por se sentir tão abalada com a mera menção do que lhe assombrava a noite.
— Eu vou lutar as minhas próprias lutas a partir de agora. Não vou ficar mais esperando alguém decidir algo por mim, e vou começar indo buscar a minha mãe.
Victor abriu a boca e voltou a fechá-la, sem ter o que dizer. Cerrou seus olhos, observando a garota na sua frente e percebeu estar enxergando ela de maneira errada.
Negligenciou sua filha por estar preocupado com sua mulher, e agora Victor via que as coisas pela qual ela passou — e que para ele não foi nada mais que um incentivo para sair de casa todo dia e tentar resolver aquela bagunça — a transformaram em uma mulher.
— Droga, você é igualzinha a sua mãe. Eu não consigo tirar nada da cabeça de vocês. — Ele sorriu, avançando a pouca distância que os separava e a abraçou.
Elena franziu o cenho, olhando confusa para o pai, com os braços abertos sem saber o que fazer.
— Cê não tá bravo? — ela perguntou, por fim o abraçando de volta, mesmo que de forma confusa e hesitante.
— Claro que eu tô, mas aprendi há muito tempo que não se discuti com a sua mãe, e não vou cometer o mesmo erro com você.
Alan sorriu discretamente ao ver as lagrimas escorrendo pelo rosto da amiga e ela abraçando o pai com força, enterrando a cabeça em seu peito.
Contudo, uma vibração do seu celular em seu bolso o obrigou a desviar a atenção daquela cena.
Quando puxou o celular do bolso, quase o deixou cair de surpresa ao ver ser seu pai ligando.
Olhou para frente e seu olhar se encontrou com o da Amanda, que no mesmo instante captou a tensão do amigo e se apressou em se levantar do sofá e correr até ele.
— O que foi?
— O meu pai tá me ligando… Isso me traz péssimas lembranças — ele respondeu.
— Tu vai atender?
Alan hesitou por um momento, mas por fim concordou com a cabeça, e então atendeu a ligação, levando lentamente o celular até a orelha.
Amanda se aproximou, puxando o amigo pelo ombro para ficar da sua altura e ela poder colar o rosto no celular e ouvir.
— Alan? — a voz do seu pai soou do outro lado da linha.
— Que foi?
— Recebi uma ligação do hospital. Sua mãe parece não estar bem, e eles querem alguém lá.
— O quê!? Como assim? O que aconteceu? — Alan sentiu um aperto no peito no mesmo instante.
Fazia algum tempo que ele não a visitava. Na verdade, ele a visitou apenas uma vez desde o ataque do Dante, e foi depois que descobriu que o Zen era o Imperador.
Nada havia mudado. Ela continuava misteriosamente em coma, sem sinais de melhoria — mas também não havia sinais de que estava piorando.
“O que pode ter acontecido agora, que piorou o estado dela?”, ele pensou de forma temerosa.
— Não sei, eu tô um pouco ocupado agora. Vamos conversar depois que você voltar do hospital, se eu estiver em casa — Edgar respondeu, o arrancando dos seus pensamentos.
Alan abriu a boca para dizer algo, mas a chamada foi desligada antes que ele tivesse a chance, o deixando tão mudo quanto a chamada havia ficado.
Quando Amanda recuou e olhou para Alan, ele abaixou o celular e olhou na direção do Zen — que também olhava para ele.
Os dois trocaram olhares por um breve instante antes dele se virar para a Amanda.
— Eu ouvi. Seu pai continua um escroto, e péssimo em dar notícia. Mas não precisa se preocupar, aposto que o Zen consegue dar um jeito.
— Como assim?
— Na missão da Nova Zelândia. Aposto que ele consegue te substituir — Amanda falou, contudo, uma ideia improvável passou por sua cabeça. — Por que tu vai voltar pro Brasil pra ver sua mãe… não é?
— Eu…