O Diário do Começo - Capítulo 1
Ponto de vista de Elise Harlewy
Eu nunca senti tanta dor em toda minha vida, eu já ouvira fala do quão difícil é um processo de parto, mas nunca imaginei que seria tão doloroso assim, mesmo eu sendo uma rainha não pude deixar de amaldiçoar o ar com todas as palavras sujas que vinham em minha mente, eu preciso me recompor, eu sou uma rainha e preciso agir como tal.
— A-Amor calma está, vai dar tudo certo err… respira.— Meu marido Miguel dizia essas palavras enquanto ele se controlava para não desmoronar no chão, ele sempre foi um bebe chorão, quem o visse naquele estado pensaria como ele havia se tornado um rei, como exatamente eu me apaixonei por ele? O amor realmente é estranho.
— Só mais um pouco majestade.— As doces palavras da enfermeira me encorajaram eu usei minhas últimas forças antes de desmoronar na cama. Um choro fraco ecoou na sala e ficou gradualmente mais forte segundos depois. Eu estava me segurando para não chorar, meu marido já estava em pranto estirado no chão.
— Parabéns, ele é lindo Vossa Alteza. — A enfermeira disse isso enquanto olhava para o rosto do meu bebe enrolado em um manto branco.
— Sua majestade gostaria de vê-lo? — Eu apenas acenei com a cabeça incapaz de dizer uma única palavra devido à exaustão.
Quando a enfermeira o colocou suavemente em meus braços eu pude ver pela primeira vez o seu rosto, ele tinha cabelos que começavam loiros herdados de seu pai que iam se escurecendo até suas pontas herdados de mim… Um pudim, meu filho é um pudim, suas bochechas eram macias e fofas, seus olhos azuis reluzentes olhavam para minha enquanto seu corpo fazia movimentos desgovernados em meus braços…
Eu senti um abraço aconchegante em meus ombros, era meu marido, com seus olhos vermelhos e seu nariz escorrendo ele apenas olhou para mim e deu um grande sorriso antes de olha para nosso filho, agora eu me lembrei do porque eu me apaixonei por ele.
— Sua majestade, se me permite qual será o nome do príncipe? — Uma das enfermeiras perguntou. Quando eu juntava forças para responder, Miguel colocou a mão em minha cabeça sinalizando para eu descansar, nós já havíamos decidido o nome do nosso filho antes então quando eu fechei os olhos ele disse o seu nome a todos.
— Eduard Harlewy!!
Eu pude escutar a animação e euforia de todos pelo seu nome, era realmente especial. Logo depois uma das enfermeiras cortou o longo cordão que nos conectava e levou Eduard para ele ter os primeiros cuidados, um aperto no meu peito ficou quando ele foi levado, eu sabia que ele ficaria bem mas… era realmente uma sensação estranha. Miguel começou a passar a mão em meus cabelos enquanto eu adormecia, Eduard em, meu filho era realmente um pudim.
Ponto de vista de Miguel Harlewy
— Ela adormeceu… — Eu disse isso em voz alta dando um beijo em sua testa, me afastando da cama onde minha mulher estava, era melhor deixar ela descansar. Ela era realmente muito forte, acho que esse foi um dos motivos de eu me apaixonar por ela.
Eu me aproximei da enfermeira que acabara de fazer o parto de meu filho para agradecê-la, e disse:
— Eu a agradeço desde já pelos seus serviços. — A enfermeira fez uma reverência e respondeu
— Foi uma Honra vossa majestade. — Eu me dirigi a porta do quarto, e sai deixando minha mulher descansar, era madrugada, porém, depois desses eventos eu não conseguiria mais dormir.
Enquanto eu caminhava pelo longo corredor vi uma figura preta encostada na parede, era meu amigo e conselheiro real, Lucas, ele abaixou sua cabeça em sinal de reverência e disse:
— Parabéns vossa majestade. — Eu apenas agradeci acenando com a cabeça e o repreendi em seguida.
— Acho ter lhe dito para não me tratar tão formalmente enquanto estivermos a sós, afinal você é meu amigo de infância Lucas.
Ele riu enquanto se virava para mim…
— Sinto muito Miguel é a força do hábito e então, vamos caminhar um pouco? Você parece precisar de um ar fresco . — Eu concordei com meu amigo e fomos juntos em direção ao terraço do castelo.
— E então quem chorou mais? Aposto uma moeda de ouro que foi o bebe chorão aqui. — Lucas me provocou, pois, ele sabia o quão sentimental eu era às vezes.
— Eu sou um Rei Lucas, e eu agi como tal. — Eu disse em um tom autoritário mais não foi muito convincente já que meus olhos vermelhos e minha voz rouca me entregaram.
No meio do caminho eu o contei-lhe como meu filho era bonito e que seria um galanteador no futuro, disse-lhe seu nome e cada detalhe que eu me lembrava.
— Eduard em… É um belo nome. — Lucas disse isso enquanto estávamos perto de chegar no terraço do castelo, eu puxei o ar o mais forte que pude e depois observei as estrelas ao lado do meu amigo.
— Você está com medo da maldição Miguel?— Ele me perguntou com uma voz tensa, eu abaixei minha cabeça e disse:
— Eu não vou negar, eu tenho medo dele desaparecer e eu não poder fazer nada para impedir.
Nós ficamos em silêncio antes de Lucas me dizer uma coisa que partiu meu coração.
— Não cometa o mesmo erro que eu Miguel, cuide bem dos dois. — Eu abri minha boca para consolá-lo mais nada me veio na mente, ele perdeu sua esposa que estava gravida em uma batalha contra as forças do reino misto, desde então ele criou um ódio pelas outras raças e se culpa constantemente pela morte de sua amada.
— Lucas… — Eu apenas coloquei as mãos em seus ombros para reconfortá-lo.
— LUCAS!!!— Eu disse me virando para meu amigo animado pela ideia que eu acabara de ter, ele olhou surpreso esperando pela minha fala.
— E se você adotasse uma criança… ? — O silêncio reinou entre nós que ficamos nos encarando por alguns segundos antes de Lucas começa a falar.
— VOCÊ FICOU LOUCO? EU? UM PAI SOLTEIRO? EU NÃO CONSIGO.— Eu não pude controlar minhas risadas, porém eu me recompus para lhe explicar.
— Não é uma má Ideia Lucas, iria te fazer muito bem além de ser uma ótima companhia no futuro para Eduard.
Não pude deixar de notar a felicidade com as lágrimas no rosto de meu amigo que apenas assentiu com a cabeça positivamente.
Ele se virou para mim, enxugando suas lágrimas dizendo:
— E então, me conta mais sobre Eduard.
Eu apenas sorri e disse:
— Eu já lhe disse como ele parece um pudim? — Lucas balançou a cabeça e falou:
— Me conte mais sobre isso, amigo.