O Diário do Começo - Capítulo 3
Ponto de vista de Eduard Harley
— Aaaaaahh! — Eu gritei com todas as minhas forças, eu estava sentindo uma dor insuportável.
Eu mordi meus lábios enquanto tentava me levantar, meus olhos lacrimejavam e eu estava lutando para não desmaiar, de repente uma figura começou a sair da poeira que a explosão havia criado, quando meus olhos se ajustaram eu pude ver oque parecia ser uma mulher, ela estava encapuzada por um manto com símbolos estranhos, pouco a pouco ela se aproximou e eu já estava em pé me apoiando no que restou na parede atrás de mim.
— S….Sua desgraçada! — Eu amaldiçoei enquanto quase me engasgava com meu próprio sangue.
A mulher começou a tirar o capuz que a encobria, meus olhos se arregalaram… Cabelos prateados, olhos azuis, parecia ter por volta de 20 anos, passava uma aura dominante contudo… nada disso me chamou atenção pois… aquelas orelhas pontudas, eu não podia acreditar… ela era uma elfa.
— Parce mihi paululum unum… — A elfa disse em uma língua desconhecida, ela deveria estar falando alguma frase de efeito ou algo do tipo mais me incomodava sua feição triste, era quase como ela não quisesse fazer aquilo.
Ela parou na minha frente e estendeu sua mão.
— Ora sua… Eu senti um forte vento em minha direção.
De repente fui jogado para longe… Eu não conseguia compreender, oque diabos acabara de acontecer?!
Me coloquei de pé novamente e ela esticou sua mão em minha direção mais uma vez, eu tive pouco tempo ante que uma forte rajada de vento me jogasse ainda mais longe.
— Mais que merda esta acontecendo… — Pensei em voz alta quanto me levantava mais uma vez.
Quando eu olhei para ela, percebi em sua mão partículas se juntando, uma pós a outras, eu já sabia oque viria depois e rapidamente me joguei para o lado, vi em câmera lenta uma lamina de vento passando em meu lado, era meu fim se aquilo tivesse pegado.
— M….Magia é?! — Eu disse murmurando comigo mesmo, pensando no quão ferrado eu estava naquele momento.
A elfa estendeu sua mão novamente enquanto mais partículas se juntavam em suas delicadas mãos, sua expressão triste ainda me incomoda, porém eu não tinha tempo, eu precisava de algo para contra-atacar, comecei a vasculhar no que antes foi meu quarto por algo que poderia me ajudar.
Foi então que vi em meio a os destroços, a espada do guarda que estava em meu quarto estirada no chão.
“É isso!!” Pensei lembrando de algumas aulas do tio Lucas e decidi agir.
Contei os segundos enquanto ela juntava magia, ou seja, lá como isso se chama.
— Um, Dois e Três!!
Eu rolei para o lado e o vento cortante mais uma vez passou ao meu lado, era quase como se ela não quisesse acertar…
Rapidamente eu saquei a espada da bainha, era muito pesada mais a adrenalina correndo em meu corpo me ajudou a empunhá-la e rapidamente fui em direção a elfa para cravar a espada em seu peito.
— Ahhhhhhhh… — Fechei meus olhos e golpeei com todas as minha forças.
O silencio reinou…
Quando os abri novamente, ela havia sumido… Me coloquei em posição de ataque novamente, olhando em todas as direções porém não havia nada além de vento, até quando hesitei por um momento um calafrio percorreu toda minha espinha, ela estava atrás de mim.
Virei a espada rapidamente tentando acertá-la porém ela sempre desaparecia em meio ao meu ataque, eu estava sem opções… era questão de tempo até ela me matar, eu precisava fazer algo.
— Que tal a gente conversar em tia?! — O assobio do vento foi quase como sua resposta.
— Ei ti… — Eu paralisei…
Uma intensão assassina emanou de minhas costas… Todas as células do meu corpo me imploravam para fugir enquanto tudo ficou em câmera lenta… Eu tentei golpeá-la porém minha espada se quebrou antes mesmo de chegar perto o suficiente para ser uma ameaça, a única coisa que eu consegui foi olhar para traz e ver a morte diante dos meus olhos, tudo ficou escuro, era o fim…
— Eduard…EDUARD! — Uma voz me despertou enquanto eu puxava o ar com todas as minhas forças.
— Oque, que foi eu morri ? — Levantei desesperado quando me corpo foi tomado por dor e percebi um terrível corte em meu peito.
Enquanto me recuperava percebi meu amigo William, com uma feição seria olhando em direção a elfa que estava em posição de defesa.
— W…William você tem que fug… — Tentei alertar meu amigo enquanto cuspia meu sangue.
Meu amigo colocou sua mão em meu ombro e me tranquilizou.
— Você consegue se levantar? — William disse voltando sua atenção a elfa.
Eu apenas acenei com a cabeça, enquanto observava meu amigo de infância, tímido e introvertido, com uma aura assustadora.
— Bom.. Eu quero que você vá até o terraço, vossa majestade o espera lá, e em hipótese alguma pare, VOCÊ ENTENDEU?! — William disse em um tom autoritário.
—O…ok! — Disse tentando parecer confiante quando meu real sentimento era medo.
—Prometa! — Meu amigo disse fixando seus olhos nós meus.
— Ah…Esta bem eu prometo — Eu sabia que Willian não ia me deixar sair dali até eu prometer a ele.
Eu tinha diversos motivos pra recusar, porém eu apenas seria um peso naquele momento, então decidi confiar nele.
Me levantei e a elfa não móvel um músculo.
— Willian, eu acredito em você, então me promete que vai voltar inteiro!
Meu amigo pareceu surpreso e logo depois disse:
— Eu prometo! Eu disse que iria ter proteger não é? Agora vai!
As palavras de meu amigo foram minha deixa e comecei a correr, a elfa me deixou ir e pude ver William se virando para ela, eu espero que ele fique bem, eu confio em você… Willian.
Ponto de vista de Willian Rossi
Me assegurei até que Eduard estivesse longe o bastante do que se tornaria um campo de batalha, e assim que ele havia sumido de minha visão, finalmente poderia enfrentar a mulher em minha frente com tranquilidade. É bom você cumprir sua promessa, Eduard…
— E então senhorita, vamos ver quem é mais rápido, eu ou você? — Eu disse me colocando em posição de ataque, uma mão para trás, espada a frente, coluna reta e pés alinhados…. Estou pronto papai !!
A elfa me olhava com um semblante confuso, talvez por ter uma criança de 7 anos a enfrentando nesse exato momento… Farei com que se arrependa de me olhar assim.
Avancei rapidamente em direção a inimiga, desferindo uma série de golpes, mirando em seus pontos vitais, eu via tudo com clareza e velocidade, ela por sua vez acompanhava meus golpes com facilidade os dispersando com as mãos, lentamente fui a empurrando contra a parede e de repente ela desapareceu como o vento.
Recuei novamente tentando senti-la de alguma forma, mais apenas o vento ecoou em meus ouvidos, der repente eu senti uma intenção assassina vinda a minha esquerda e logo um corte surgiu em minha bochecha e oque me atingiu não estava mais lá.
— Você é rápida eu tenho que admitir… Mais você não foi treinada pelo meu pai! — Eu disse isso enquanto me concentrava tentando sentir sua presença…
— Um, dois…. ACHEI!!
Joguei meu florete em direção ao nada em alta velocidade atingindo a parede que ali parou fazendo uma rachadura imensa, instantes depois a elfa apareceu em minha frente, como um corte no rosto….
Ela parecia supressa e ao mesmo tempo furiosa.
— Me fala qual a sensação de estar apanhando pra um moleque de 7 anos em? — Eu a provoquei mesmo sabendo que ela provavelmente não me entendia.
A elfa começou a murmurar palavras desconhecidas e logo surgiu magicamente uma espada similar a meu florete.
“Magia realmente dificulta as coisas em…” Pensei comigo mesmo procurando aberturas.
Não tive muito tempo antes que ela viesse com tudo pra cima de mim, seus ataques estavam mais rápidos e eu mal consegui desviar, alternando os pés diversos golpes me acertavam e outros eu mal conseguia desviar, comecei a jogar os destroços como forma de distraí-la contudo uma barreira fazia as pedras virem pó antes centímetros antes de acertá-la.
Ela continuava a me atacar e eu a me defender, quando eu finalmente consegui uma brecha e usei a parede para pular sobre ela indo em direção a meu florete, logo após recuperá-la rajadas de vento cortante foram dispersadas em minha direção eu consegui cortar duas contudo uma me atingiu fazendo um ferimento em meu peito.
— M…Merda — Me levantei enquanto cuspia meu próprio sangue, o olhar da elfa era de tristeza e isso é pior do que ver o inimigo sentindo prazer em lutar.
Corri em sua direção fincando meu florete no chão, fazendo uma rachadura e a desestabilizando, aproveitei a oportunidade para acertar alguns golpes porem a maioria foi bloqueado, ela me jogou para o ar onde eu era um alvo fácil, e logo começou a me atacar, eu fui jogado para longe colidindo com o teto que se despedaçou e começou a a cair junto a mim
Coloquei-me de pé quase sem forças pensando em um jeito de derrota-la, já recuperado e logo comecei a rodeá-la enquanto a mesma apenas me observava, dei um salto de corrida e usei as paredes para ganha impulso, desferi vários golpes velozes no entanto sem efeito nenhum, desisti das paredes e apostei na trocas ataques a queima roupa, atacando e alternado desviando, contando os ataques esperando uma oportunidade…Eu mal podia ver os seus movimentos contudo ainda conseguia desviar e defender alguns, o olhar da elfa foi tomado por um pequeno sorriso…
Eu ao perceber isso me afastei e percebi o estado do meu corpo, eu acertei cerca de 3 ataques na elfa que não lhe causaram quase nenhum dano, já meu corpo estava cheio de furos e cortes por toda parte, eu não sentia dor por causa da adrenalina porém eu sabia que eu não aguentaria por muito mais tempo, a diferença de forças era gritante.
— Vamos acabar com isso!! — Eu me concentrei e deixei meu corpo se movimentar por instinto.
A elfa logo começou a disparar rajadas de vento, eu comecei a cortá-las com a minha flora e desviar de outras no entanto algumas me acertaram, meu corpo estava sendo detonado pouco a pouco e uma das rajadas acertou meu braço que eu estava segurando meu florete, rapidamente usei minha segunda mão para segura-la enquanto via meu braço voar para longe, a elfa veio em minha direção e trocamos golpes rápidos e violentos porém eu não estava me defendendo, eu recebi todos os golpes em meu corpo, isso a assustou e me deu uma brecha para acertá-la um único ponto….
—AHHHHHHHHH!!!!
Nós dois paramos de nós atacar e eu fui o primeiro a cair, minha vista estava embaçada e eu não ficaria acordado por muito tempo, acabei perdendo muito sangue, contudo pude ver uma última coisa, as pernas da elfa fraquejando enquanto ela caia no chão, o ponto que eu acertei iria deixá-la sem andar por algum tempo.
Desculpa Eduard eu não cumpri com a minha promessa, mais eu consegui papai, eu protegi Eduard… Se orgulhe de mim, por favor….
Ponto de vista de Eduard Harley
Eu ouvi explosões da sala onde Willian estava lutando com a elfa, parte de minha queria voltar e ajudar meu amigo mais a outra parte dizia, corra e não olhe para trás.
— Fique bem Willian…
Enquanto cambaleava pelos corredores do castelo eu pude ver sinais de lutas por toda parte, soldados mortos pelo chão, sangue…. Eu comecei a escutar passos em minha direção e vozes que não podia compreender.
—Merda… — Eles iriam me encontrar se eu não me escondesse…
Me joguei em uma pilha de corpos e fiquei paralisado, pude escutar algumas vozes vindas do corredor, semelhantes a da elfa, um deles parecia bravo e uma voz feminina tentava acalmá-lo, porém de repente eles param…
“Eu estou morto!” Pensei quando senti alguém vasculhando o monte de corpos.
— O DEUS POR FAVOR!! — A mão chegava mais e mais perto até que…
Uma voz gritando pode ser ouvida por todo castelo, era uma voz familiar… Era a voz de Alice.
— SOCORRO!! — Gritou Alice, em agonia.
Eu estava me segurando para não sair correndo dali em direção a voz o grupo que estava ali me impedia de passar.
Os gritos de Alice ficavam cada vez mais agoniantes de ouvir, sua voz estava implorando para parar, e isso só me deixava ainda mais aflito.
De repente o grupo ficou em silêncio e após alguns instantes, começaram a correr na direção oposta de onde a voz de Alice estava ressoando, esperei alguns segundos antes de ter certeza que era seguro me revelar.
Me levantei rapidamente e comecei a correr até a voz de Alice, seus gritos eram de dor e sofrimento, eu corro o mais rápido que posso porém parece uma eternidade pelos longos corredores do castelo a voz ficava cada vez mais alta e quando eu virei o corredor eu vi algo que me marcaria para sempre.
Havia alguém encapuzado pisando no pescoço de Alice, que estava com os olhos vermelhos de tanto chorar e com sua boca toda ensanguentada seus braços e pernas estavam com os ossos expostos, foi horrível…. Eu não pude me controlar e comecei a correr até o desgraçado.
— N…NÃO, EDUARD!!! — Alice disse com todas as forças tentando me alertar sobre algo.
— ALIC…!!
De repente algo me atingiu…
Eu estava voando, para fora do castelo, o calor parecia tomar conta do meu corpo e tudo estava em câmera lenta, eu pude ver a feição desesperada de Alice ao me ver caindo, os destroços da parede que eu acabara de atravessar voando junto a mim, eu vi tudo… Me desculpe Willian eu não cumpri minha promessa.
Por um instante antes de cair eu pude ver meu assassino, era um homem, com um capuz, seu sorriso era de desprezo, pude ver em seu queixo, uma cicatriz, depois disso eu cai e tudo que me lembro era a escuridão.