O Extra Deseja Ser O Vilão - Capítulo 4
— Eu não volto mais aqui.
— Não seja assim, não foi tão ruim.
Sim, porque ruim é muito pouco para descrever, foi péssimo, terrível, horrendo! Elysian deveria trocar de assistente o mais rápido possível. Senti que aquela mulher fosse me devorar vivo com apenas os olhos.
Era como se eu fosse um animal em um zoológico!
Enquanto eu sofria todo aquele tempo, a baronesa apenas tomava o seu maravilhoso chá, rindo de mim.
— Khalid — sua expressão se tornou rígida — Não vire.
Isso faz com que eu queira me virar, mesmo não sabendo do que se trata.
Depois de alguns segundos a baronesa soltou um suspiro de alívio.
— Então… o que era?
— A viscondessa Ferri acabou de passar.
— E? Qual o problema?
Sei quem é, pois é uma das famílias que tem um certo destaque na webnovel, mas não sei o que teria a ver comigo.
— Você assediou a filha mais nova dela no mês passado, tenho certeza que ela seria incapaz de esquecer desse fato em tão pouco tempo.
— …
Se eu pego esse desgraçado… se eu ponho minhas mãos nele… Ele está morto!
— Acho melhor voltarmos — sugeri à baronesa.
Se duvidar esse cara deve estar devendo uma quantia enorme de ouro também, então não quero arriscar ser perseguido por agiotas por causa desse cara.
A baronesa acenou com a cabeça concordando.
Já estava bem tarde e eu estava exausto também. Foram dezenas de roupas que tive que experimentar até que elas estivessem satisfeitas.
Sempre julguei as protagonistas que falavam que isso era cansativo, achando que era superexagerado da parte do autor, mas hoje me dou conta do sofrimento que é.
Naquele exato momento, tudo o que eu queria era deitar e receber uma bela massagem.
Talvez Mia faça se eu pedir com jeitinho, ou talvez ela me mate.
━─━────༺༻────━─━
Voltamos para a mansão. Novamente, não houve nenhum problema durante a viagem. Fiquei contemplando o trajeto durante a volta como se ainda fosse a primeira vez.
A baronesa foi logo ver o barão assim que chegamos, e eu voltei para o meu quarto para tentar terminar aquele livro.
— Ei Mia, você viu o Fluffy?
— Desculpe, mas não o vi.
Bem, ele deve voltar depois, tenho certeza.
Me joguei na cama, Mia saiu imediatamente, nem sequer se importou se eu tiraria os sapatos ou não.
Tinha sido um dia longo e eu precisava descansar bastante antes do início da história.
Procurei debaixo do travesseiro o livro que estava lendo, sem sucesso, tentei olhar por cima da cômoda.
— Mia! Miiia!! Cadê você?!
— Desculpe… a Mia foi ajudar na cozinha, devo chamá-la? — a empregada que ouviu meus gritos enquanto passava do lado de fora perguntou ao abrir sutilmente a porta.
— Humm…
Eu poderia muito bem procurar eu mesmo, mas quero ver que cara ela faria se eu a chamasse apenas por isso.
— Sim, por favor.
— Só um instante.
Esperei por um tempo e logo Mia entrou no quarto.
— Mandou me chamar, jovem mestre?
— Uhum. Sabe onde está aquele livro que eu estava lendo?
— Jovem mestre, irei perguntar apenas uma coisa… você sequer se deu o trabalho de procurá-lo?
— Claro que sim, procurei pelo quarto todinho.
— Então suponho que se o jovem mestre se virar agora mesmo, não irá encontrar o livro em cima da mesa — Mia mostrou total desgosto enquanto falava.
Além de idiota é cego. Mia pensou.
— Pega para mim?
Mia abriu a boca parecendo querer falar algo, mas logo desistiu da ideia, pôs um sorriso no rosto e foi pegar o livro.
— Aqui, jovem mestre.
— Traz uns docinhos também?
— É claro, irei trazer.
Uau… ela está se esforçando bastante para conseguir manter esse sorriso.
Ela se retirou para buscar os doces com uma cara feia, no fim ela não conseguiu esconder por muito tempo.
Meow!
— Hum? Fluffy, aí está você! Venha aqui.
Fluffy subiu na cama em alguns pulos.
— E o que seria isso, ein?
Um relógio de bolso dourado se encontrava entre suas presas. Ele logo o colocou na cama. Depois de um tempo, começou a se lamber.
Que estranho… parece bem caro.
Tinha uma imagem bem detalhada de uma fênix gravada no relógio, parecia ser feito de ouro real.
— Onde você achou isso?
Meow!
Como se ele fosse realmente me responder.
Era muito bonito para me livrar dele, encontrar o dono deveria ser difícil e demorado. A melhor opção era mantê-lo até que eu me encontrasse com o dono por acaso.
Na verdade, eu apenas estava procurando desculpas para ficar com o presente de Fluffy.
Toquei delicadamente cada parte do relógio — Ouch!
Eu havia conseguido a enorme proeza de me machucar com um simples relógio, um grande feito para ser sincero.
Lambi o sangue do dedo tentando imitar algumas cenas de livros. Era como se tivesse passado a língua em uma barra de ferro — Urgh… não deveria ter feito isso. Como esses caras conseguem?
Coloquei o relógio na cômoda ao lado e então deitei abraçando Fluffy. Ele rapidamente saiu dos meus braços e arrumou confortavelmente um espaço em cima do meu pescoço.
Posso até ficar sem respirar, mas se ele está confortável não vou ousar tirar ele daí.
— Jovem mestre.
A voz era de Benjamin. Fiquei surpreso pois não pensei que o veria novamente tão cedo assim.
— Qual o problema?
— A senhorita Isabelle me pediu para que o entregasse uma carta.
— Certo, me dê.
Felizmente Fluffy saiu de cima de mim por conta própria.
Para o meu querido irmão,
Espero que esta carta o encontre bem. Escrevo para compartilhar uma preocupação que me aflige há algum tempo.
Recentemente, tenho percebido que o templo está tentando encobrir o que aconteceu da última vez. Parece que a maioria dos alunos da academia não está ciente do ocorrido. Estou considerando a possibilidade de espalhar algum rumor para agitar as coisas, porém ainda não encontrei ninguém confiável para isso.
Atenciosamente, Isabella.
PS: Reynald encontrou uma
forma de alterar o seu teste.
Han? O que é isso? Como respondo isso?
Não fazia a menor ideia do que era aquela carta, templo, rumor, teste… parecia ser algo confidencial.
Creio que se eu pensar mais um pouquinho minha cabeça vai estourar. Que seja, eu só espero que eu não tenha mais interrupções.
Fluffy já havia começado até mesmo a roncar, talvez não seja má ideia dormir agora.
— É… vou dormir, então só… você sabe, faz o de sempre. Ah! Avise a Mia que os doces não serão mais necessários também.
— Bem. Tenha uma ótima noite jovem mestre — dizendo isso Benjamin rapidamente rasgou a carta — A queimarei fora do quarto para que o cheiro não o incomode.
Fiquei atordoado por alguns segundos, mas logo respondi. — Como quiser.
Com isso Benjamin se retirou, ele avisou aos empregados que já estaria indo dormir e que ninguém deveria me incomodar. Mia que já estava na porta do quarto com os doces ficou furiosa.
Então o de sempre é rasgar e queimar a carta? Fico feliz que ele não tenha achado estranho a forma que falei, mas estou preocupado com esse costume.
De qualquer forma, Reynald… hum… é um nome familiar, mas não lembro com certeza de quem é.
Alisei um pouco o pelo de Fluffy que ronronou em seguida.
— Boa noite Fluffy.
Meooow…