O Invocador Sagrado - Capítulo 4
— Foco! — gritou Lezandra, que erguia e abaixava um cajado, criando pequenas bolas negras que a orbitavam.
Roan, parado no centro do templo, esquivou-se por pouco de uma esfera negra, cambaleando para a esquerda antes de cair para trás. Recobrou o equilíbrio no instante seguinte, para só se jogar para o lado e desviar de um projétil que ameaçou arrancar sua cabeça fora.
— Quer me matar?! Essa passou de raspão!
— Menos falação e mais ação, Roan. — Com o balançar do cajado, outra esfera apareceu. — Só assim você entenderá a magia em sua natureza mais pura.
Ele pôs a mão no peito, com as pernas bambas e a respiração extremamente ofegante. Um terceiro projétil seguiu em sua direção, forçando-o a se jogar no chão. Mal tinha começado aquele exercício e sua visão embaçava em certos momentos.
O atributo velocidade aumentou.
Levantou-se do chão e imediatamente acelerou o passo para evitar as dezenas de projéteis que percorreram a sala, cada parcela de seu corpo entrava em sincronia para evitar o menor deslize, enquanto seu coração batia mais rápido conforme os disparos passavam de raspão pelas bochechas.
Quando chegou perto o suficiente para tocá-la, uma onda negra o repulsou de volta, jogando-o a metros de distância. Quase bateu a cabeça contra o chão, mas teve sorte de se equilibrar em uma perna.
“Merda, se eu fosse dois, seria muito mais…”
Interrompendo a linha de pensamento, um sorriso largo surgiu em seus lábios. No pequeno intervalo entre os golpes, recriou uma imagem na mente, um antigo desenho que fez; seu às.
| Deseja invocar essa criatura? |
Assim, com o apertar de um botão, um brilho intenso inundou o templo. Lezandra saltou para trás em susto, o chão foi demarcado por um estranho símbolo. Após o clarão diminuir, havia uma cobra marrom estirada no chão.
— Imobilize as pernas dela!
O animal se mexia com elegância, esquivando-se das ondas negras que a elfa tentava usar, não demorando muito para se enrolar nos pés dela e derrubá-la. O cajado caiu no chão, as esferas sumiram de vista na hora.
— Já pode parar. — A cobra recuou e voltou ao seu mestre, em seguida se aconchegou no pescoço dele. — Lezandra, que tipo de doideira sua foi essa de me atacar? Eu quase morri!
A mulher estava pasma, via uma fera mística ser adestrada tão facilmente por um humano. Ela se ergueu e se aproximou do homem, para logo analisar a criatura com tremenda curiosidade.
— Como você fez isso? — Ela apontou para a cobra com o cajado. — É a primeira vez que vejo uma invocação tão de perto… Santa dama Alada, ela até se mexe!
— Ei, ei, primeiro minha pergunta.
— Oh, claro! Qualquer pessoa que se preze primeiro demonstra os efeitos de uma magia, na expectativa que o aluno entenda o que viu…
Roan cruzou os braços e ponderou sobre o que ela queria dizer. Durante a luta, havia observado as esferas distorcerem parte do ar e da luz. Além disso, as ondas que o afastaram deram a impressão que a gravidade tinha mudado de ângulo.
— Você quer dizer o que a magia causa no ambiente? Eu percebi…
— Ótimo, então você entenderá o que quero dizer.
Por alguns minutos Lezandra explicou um dos pináculos da magia; quando manipulavam um elemento ou a própria energia mágica, o ambiente era diretamente afetado, ou seja, era inevitável que o efeito poderia ser causado tanto em si quanto nos outros.
Por isso, ela decidiu dar uma pequena experiência do porquê era perigoso usá-la. O elemento que usou como exemplo era chamado “escuridão”, porque revertia os efeitos da gravidade e deformava a luz. As esferas esmagavam o que tocavam, já as ondas eram um campo de força que empurraria tudo que se aproximasse.
Magia era tão útil que deveria ter consentimento por quem usasse; era senso-comum utilizá-la para enfrentar monstros ou um perigo iminente. Ninguém usaria a céu aberto para causar baderna, exceto se fosse louco.
— Certo, mas se é assim, então por que qualquer um teria acesso a ela se é tão perigosa?
— Ca-ham, minha pergunta primeiro.
Pego na própria armadilha, Roan decidiu concordar e pediu apenas papel e tinta. Desenhou o símbolo de invocação, um círculo interno traçado por linhas, um círculo externo com quatro setas apontadas para os pontos cardeais e um sol e lua para norte e sul.
Não era um artista nato, logo o símbolo ficou torto e mal-feito, mas serviria o propósito, já que ele precisava dizer meias-verdades para se safar.
— A base é esse símbolo. Você memoriza ou utiliza um papel para replicá-lo, então injeta mana e imagina a criatura que você quer invocar.
— Interessante… — Lezandra apanhou a folha e passou a mão sobre a tinta. — Onde você aprendeu? E com quem?
— Digamos que foi numa viagem… Eu estava voltando para casa e encontrei uma lápide com esse desenho. — A cobrinha rastejou pelo braço dele, encarava a elfa de cabeça erguida. — Então, eu tentei descobrir o que era e acabei acidentalmente realizando uma invocação, no caso, essa. Além disso, descobri que há como desfazer a invocação, basta dizer “desvaneça”.
Ao terminar de falar, a cobrinha ganhou um brilho fraco, as partes do corpo se desvaneceram para a luz. Assim que o brilho parou, a criatura já havia desaparecido.
A sacerdotisa pôs a mão no queixo e acenou com a cabeça. Por garantia, pediu para ficar com o desenho e que o pesquisaria mais tarde. O objetivo principal era ensinar magia, porém, Roan não esperava que aquela fosse a pior e mais chata tarde de toda sua vida.
*****
À noite, os camponeses retornavam para a vila, com os rostos cansados e a cabeça cheia de estresse. Tochas foram colocadas para iluminar um pouco das estradas de barro, um pequeno bar barulhento abriu suas portas para os poucos aventureiros que desejavam uma cerveja gelada.
Dentre essas pessoas, um homem caminhava com lentos passos para fora da igreja de Yondra. Qualquer um o confundiria com um zumbi que saiu do túmulo e que decidiu dar um passeio pelas ruas, mas ele estava muito mais vivo que qualquer morador da vila.
“Por tudo que é mais sagrado, eu nunca mais quero ter que aprender sobre magia de novo. Puta que pariu, é pior do que as aulas de medicina que eu tive na faculdade.”
Gemia a cada passo, suas pernas bambas transformavam o caminho em dor e lágrimas; mas ao menos tinha descoberto alguma coisa. Roan levantou o dedo, uma esfera negra surgiu na ponta, que depois passou a orbitar sua cabeça. Era pequena, do tamanho de uma bola de golfe.
Glifo de Magia Negra.
Rank — F
Permite ao usuário utilizar feitiços e artifícios do atributo Escuridão.
Feitiços Disponíveis
Bala Sombria.
Uma esfera negra que distorce o vento e esmaga toda matéria que encoste.
Suspirou, era tanto esforço para pouco progresso. Ele lembrava dos feitiços de Lezandra, que eram muito maiores e poderosos que os dele, tanto que as Balas Sombrias que conjurava tinham o tamanho de um punho. Isso sem contar que possivelmente haviam muitos outros feitiços que precisaria aprender.
No caminho de volta, passou pela casa do senhor Bodon. As janelas estavam em pedaços, a chaminé parecia ter explodido, a madeira era carcomida; uma retratação perfeita da degradação da moradia através do tempo.
Roan a encarou por alguns momentos, sentia um frio na barriga toda vez que via o interior. Tinha certeza que centenas de cupins e baratas se acomodavam nas paredes, uma companhia macabra ao miasma roxo.
“Eu queria muito entrar aí, é tão estranho e suspeito, ainda mais com esse miasma.” Pensou, tapando o nariz por conta de um aroma pútrido no ar. “Tem até um cheiro ruim… Pena que não sou um criminoso ou bandido pra ter coragem de fazer isso”
De volta à estrada, Roan observou um único bar lotado de pessoas, inclusive, um anão voou pela janela, para depois retornar ao estabelecimento e ser despejado de novo. Porém, nessa visão, ele percebeu um pequeno contraste entre os camponeses e as pessoas no bar.
De um lado, via os aventureiros, pessoas vestidas em armaduras ou roupas exóticas, de diversas raças e etnias diferentes, geralmente separados em grupos de 4 ou mais. Do outro lado, haviam os camponeses, divididos entre humanos e elfos; usavam roupas esfarrapadas, tinham rostos carrancudos e resmungavam bastante.
“Será que não gostam desses forasteiros?” Ele optou por encostar numa parede e analisar os camponeses. “Eles parecem bem mais felizes mesmo… Me pergunto se é tão lucrativo realizar aqueles pedidos, além do mais, só esses caras que fazem.”
Deu de ombros e voltou ao seu destino, ignorando algumas estranhas propostas de apostar que os aventureiros propunham; ao invés disso, comprou o baralho deles por uma bagatela.
Retornou à alfaiataria, a placa ainda estava bamba e as letras um pouco apagadas. Em um clique, relembrou que iria consertar a maçaneta emperrada mais tarde. Roan ia empurrar a porta, mas uma voz de dentro o fez parar.
— Combinaram, realmente — disse a voz de Cassandra. — Não precisa pagar, Ravi, fica por conta da casa dessa vez.
— M-mas senhora! — repreendeu outra voz, fina e jovem. — Eu quero pelo menos expressar um pouco de gratidão, recebi muito do que posso pagar! Não tem algo que eu possa fazer?
Ele ouviu um suspiro, seguido por um batucar na madeira e passos.
— Primeiro, pare de me chamar de senhora, eu não sou velha! Me chame de Cassandra, ok? Segundo, pare de reclamar, é por conta da casa. — O tom brincalhão de Cassandra dizia muito, dava para visualizar uma exata imagem dela com as mãos na cintura. — Nossa, já está tão tarde… Roan deve chegar logo logo.
— Quem é Roan, senho… quero dizer, Cassandra?
— Meu amigo de trabalho. Nós dois somos uma dupla… — O timbre abaixava, podia se ouvir algumas pancadas contra a madeira. — Digamos que… Roan foi quem garantiu minha posição no trabalho, pagava meu almoço, sempre falava bem de mim para os superiores. Sinceramente, nunca encontrei uma pessoa tão boa como ele…
Por um momento, Roan teve a impressão do peito esquentar, das mãos tremerem por tentar abrir a porta, a ponta das orelhas ficou vermelha e cada vez mais interessadas em saber o que ela iria dizer.
— Você deve gostar muito dele, né? — comentou aquela outra voz.
— Sim, bastante. Muitas das coisas boas que aconteceram comigo foram graças a ele. Inclusive, ainda bem que nós dois viemos juntos para cá, se não, eu teria enlouquecido.
O homem não conseguiu se conter, então abriu a porta quase com brutalidade. Viu Cassandra do outro lado da sala, encostada no balcão e um rapaz encapuzado sentado numa cadeira encostada à parede.
Os três se entreolharam em um momento de silêncio. A loira piscou os olhos duas vezes, suas bochechas ficaram rubras e ela se escondeu atrás do balcão com toda velocidade. Roan a encarou por dois segundos, antes de se virar para o garoto na cadeira; estranhou, já que nunca o havia visto.
— Ah! — O rapaz realizou uma reverência desengonçada. —Você deve ser o senhor Roan que Cassandra tanto comentou! Sou Ravi, procurei por alguém como eu por quase um mês e ainda bem que o achei!
— Prazer, Ravi… Ehhh… O que você quer dizer com “procurei alguém como eu”?
— Bem, é sobre essas telas…
Arrastou o dedo para o lado, uma série de janelas amarelas apareceram, idênticas àquelas que Roan já tinha visto.
⠀⠀⠀⠀Nome: Ravi
⠀⠀⠀⠀Classe: Ladino
⠀⠀⠀⠀Nível: 3
⠀⠀⠀⠀⠀ Força | 11
⠀⠀Resistência | 9
⠀⠀ Velocidade | 16
⠀⠀⠀⠀⠀ Mana | 5
⠀⠀⠀⠀⠀⧫ Glifo de Resistência a Fome.
⠀⠀⠀⠀⠀⧫ Glifo de Sobrevivência.
⠀⠀⠀⠀⠀⧫ Glifo de Armadilha.
⠀⠀⠀⠀⠀⧫ Glifo de Furtividade.
Sua mente clareou no mesmo instante, era aquela pessoa que o observava nos becos. Mesmo que o costume fosse esquisito, era uma ótima notícia encontrar alguém “normal”. O que mais atraiu atenção era o tal Glifo de Furtividade, pelo qual dava a entender que facilitava se esconder.
Roan olhou o garoto da cabeça aos pés, era um simples adolescente de cabelo preto que usava roupas semelhantes a de assassinos em filmes de ação, um traje quase colado de cor preta com um capuz e capa; praticamente um ninja sem bandana ou katana.
— Ravi, pode ser meio cedo, mas posso te pedir um favor?
— Claro que sim… — Ravi mostrou um joinha. — Pode me pedir qualquer coisa. Eu só vou querer comida, por favor.
Depois do comentário estranho, percebeu um pouco da fisiologia diferente do rapaz. As bochechas magras e os braços finos falavam muito por si só, sem contar no rosto sujo por terra e lama; Roan teve muita pena.
Colocando a mão ao redor dos ombros do rapaz, disse: — Se você me ajudar nisso, nunca mais vai passar fome.
Os olhos de Ravi brilharam, suas orelhas se antenaram e prestaram atenção nas palavras que o homem sussurrava em seu ouvido. Aos poucos, uma adrenalina invadia seu corpo, tinha vontade de executar aquele plano que escutava o mais rápido possível, sentia até o gosto da comida na boca a qualquer momento.
Quando Roan terminou, o rapaz se aprontou, saiu do estabelecimento e sumiu de vista em questão de instantes. Por outro lado, Cassandra se mantinha escondida, seu amigo teve que se aproximar do balcão e tirá-la de lá.
— Precisamos ter uma conversinha, Cass…
— V-você não ouviu nada! — Ela abanava as mãos e tentava virar o rosto para longe. — É-é só que eu ofereci uma rou…
Pôs os dedos nos lábios dela para ficar em silêncio, antes de afagá-la na cabeça e lançar um pequeno sorriso.
— Essa conversa é pra depois, ok? Quero falar sobre outra coisa. — Ele passou os olhos pelo recinto, Dona Benia não estava lá. — Cadê a dona? Ela já não devia ter fechado?
— Eu não sei. A dona Benia só me disse que tava mal e saiu daqui quando cheguei. A bichinha tava tão fraca…
Pela janela, Roan viu a lua cheia no alto, era muito tarde da noite. Os outros estabelecimentos já tinham fechado as portas. Novamente, seus olhos tiveram um vislumbre da casa e do miasma roxo.
— Aliás, pra onde aquele menino foi? — disse Cassandra, que desviou os olhos para a janela.
— Eu mandei ele invadir uma casa.
— Você definitivamente endoidou! — Cassandra o agarrou pelos ombros e o balançou. — Isso é crime e você mandou o moleque pra esse mundo assim? Pelos céus, Roan, nunca que te vi jogar tão baixo!
Sabendo que o humor da mulher não mudaria tão cedo, pegou um baralho que guardava dentro do bolso. Os olhos da loira brilharam ao verem as cartas; ela tinha fisgado a isca.
— Então faremos uma aposta. — Ele começou a embaralhar. — Se ele não achar nada, eu pago quantas cervejas você quiser pelo resto da semana…
— Pelo resto da semana?!
— E ainda te deixo fazer o que quiser com o dinheiro. — continuou, até enfim parar de misturar as cartas. — Porém, se ele ganhar, você vai invadir aquela casa comigo.
No instante seguinte, Cassandra apertou as mãos do amigo.
— Mais do que aceito, seu molenga!
*****
Ravi contornava a vila e se ocultava nas muitas sombras que lhe davam cobertura. Aproximou-se de uma casa acabada pelos fundos à procura de uma porta. A achou, porém estava emperrada, ela não saia do lugar por mais que empurrasse.
“Droga… Agora o que eu faço pra arrombar isso sem fazer barulho agora?” Pensou, passando os olhos pelas curvas da madeira. “Calma, bem ali!”
Com um pouquinho de força, pôs as mãos numa pequena fenda na parte de cima do portal, o que fez a madeira carcomida se partir com facilidade e criar uma abertura para passar. O cheiro podre quase o fez vomitar, enquanto a poeira entrou pela garganta o obrigou a tossir.
O Glifo de Furtividade foi ativado.
O Glifo de Furtividade evoluiu.
Rank E → Rank D
Esgueirou-se entre os móveis até a escadaria, ao mesmo tempo que evitava as janelas para não ser visto por ninguém de fora. No segundo andar, encontrou quartos cheios de marcas assustadoras nas paredes, junto de pontos vermelhos espalhados no chão.
Porém, dentre eles havia um que estava intacto, onde havia uma cama dupla enorme, um enorme altar de uma mulher alada ao lado da janela, apanhadores de sonhos colados nas paredes e dúzias de velas acesas ao redor de uma estranha esfera negra em frente ao altar.
“Espere… tem alguém aqui?” O rapaz engoliu seco e tentava imaginar o que aqueles sinais significavam.
Passos soaram do andar debaixo, o ranger da madeira tornou sua ansiedade em um turbilhão de emoções. Agiu rápido, deitou-se abaixo da cama e viu um manto preto adentrar na sala. As velas foram apagadas uma por uma e a estátua do altar foi virada para a janela.
— Ah, estava aqui — disse o desconhecido, pegando a esfera. — Aqueles idiotas não sabem o valor desses objetos para o ritual, mas ainda bem que me lembrei…
Ele saiu do quarto, e Ravi aproveitou para seguí-lo entre as sombras. De volta ao primeiro andar, o encapuzado foi ao centro da sala, puxou algumas tábuas do chão e revelou uma escotilha, por onde desceu.
Sabendo daquela grande descoberta, o rapaz correu para fora da residência assim que teve a chance e atravessou a vila com rapidez de volta à alfaiataria. Lá, Roan e Cassandra esperavam sentados perto do balcão e casualmente jogavam cartas.
— Demorou — reclamou a loira, cheia de curiosidade. — E aí? Encontrou um fantasma lá?
— Não sei direito… mas posso garantir que vi alguém!
— Eu sabia! — Roan se levantou da cadeira, passou o braço por cima dos ombros do rapaz e o afagou na cabeça. — Acertei em cheio pra te deixar investigar aquele lugar. Viu, Cass? Minha intuição não é vesga!
A mulher resmungava baixinho, quase rasgou as cartas que segurava. Então, Ravi explicou o que havia achado, desde os quartos, o estado do lugar, a pessoa encapuzada e o orbe preto.
— Vamos investigar — disse o homem num tom baixo. — Caso encontremos algo lá embaixo, vamos fugir na primeira chance e avisar o Toninho e o pessoal da vila.
Os outros dois responderam com um aceno de cabeça. Aproveitaram a escuridão para chegarem à casa sem serem percebidos e passaram pela porta de trás. Lá dentro, procuraram pela escotilha.
Ao mexerem em algumas tábuas de madeira, encontraram uma enferrujada escotilha, com uma alavanca. Abriram-a, revelando uma escada que descia para um poço escuro e profundo, por onde exalava um terrível odor pútrido de um cadáver.
Roan respirou fundo, pôs os pés na escada e começou a descer a escadaria, sem sequer imaginar o que o esperava lá embaixo.