O Invocador Sagrado - Capítulo 8
— Abaixem suas armas, agora! — Lezandra se colocou à frente de Roan para protegê-lo.
— Mas esse espíri… — Pólito abaixou a espada ao ver os olhos dela. — Lezandra, como seus olhos…?
— Esse homem me curou — Ela apontou para Roan. —, e igualmente preveniu que eu morresse. Posso garantir, com toda certeza, que ele é a definição de um Milagre.
Ambos os homens ficaram de queixo caído, guardaram as espadas nas bainhas e trocaram olhares entre Roan e o pássaro colorido; um barulho os fez retornar à realidade.
O demônio, caído e extremamente machucado, soltou um guincho extremamente agudo. Tentou chegar até Roan, mas foi impedido por uma onda de vento desferida pelo pássaro espiritual que o lançou na extremidade oposta da barreira.
Lezandra observou a marca de pó e corrigiu a pequena falha na marcação.
— Uma pena que elas nunca morrem imediatamente — falou o anão. — Facilitaria tanto nosso trabalho.
Aproximou-se da parede, observou com olhos ávidos e curiosos o monstro de cabeça de flor. Puxou um óculos dourado do bolso, cheio de inscrições nas lentes arroxeadas, e após momentos de análise, o pôs de volta no lugar.
— Vatares! Aproveite e aprenda como se faz uma purificação demoníaca, é sua primeira vez vendo uma.
— Sim, senhor! — O rapaz loiro se distanciou e atentamente olhou o ritual acontecer.
Pólito tirou um saco por baixo da manga e retirou uma série de artefatos estranhos iguais a aves, sóis, luas e nuvens.
Eram de todos os tipos de formatos e eram feitos de diversos materiais, de madeira à aço.
Durante o tempo que os dois paladinos organizavam o ritual de purificação demoníaca, Roan arrastou o dedo no ar e abriu a janela de invocação.
Glifo de Invocação
Rank — D
O usuário pode invocar uma criatura a partir do símbolo de Sonnemond para protegê-lo. A invocação permanecerá no mesmo plano até ser atingida por um golpe fatal ou se o Invocador. A mana será reduzida em 20% por invocação.
Toda invocação sumirá a partir da palavra “Desvaneça”. Se feita dentro de um círculo de invocação, a criatura poderá ser reinvocada sem o uso de materiais.
Limite de Invocações: 3
Total de Invocações Pré-Geradas
Cobra Escavadora – Nível 1
Golem de Madeira Menor – Nível 1 ☆
Filhote de Ave Divina – Nível 10 ★
…..
“Ok… isso na minha frente é um demônio. Pelo que lembro, tanto nas inscrições do covil quanto Lezandra comentaram sobre círculos infernais” Na lateral da janela tinha uma barra branca dentro de uma barra cinza. Ao tocá-la, a janela deslizou para baixo e mais conteúdo surgiu. “Filhote de ave divina? O que é essa estrela? Ainda tem mais coisa pra baixo…”
Após pensar, formulou uma teoria sobre como deveria mandar criaturas de volta. Se os demônios vinham do círculo infernal e eram tirados dali, então suas criaturas também deveriam vir de um lugar semelhante.
Contudo o que realmente pensava era numa maneira de se livrar do demônio, e a segunda parte do glifo poderia resolver essa questão. O problema era saber se daria certo.
— Roan — chamou Lezandra. —, já que você está aqui, se importaria de nos ajudar?
No instante seguinte ele fechou a janela, virou-se e disse: — Claro, o que tenho que fazer?
— O ritual dura bastante tempo e é dividido em etapas. — Ela apontou para os objetos enfileirados ao redor da barreira. — Se você ver alguma interferência ou se eu lhe chamar, ataque. De resto, deixe que nós dois resolvamos o trabalho, os signos darão conta do recado.
— Bom, vai levar um tempo, né… — Coçou a própria nuca e depois pegou a ave em sua cabeça com as mãos. — É só que eu posso talvez enviar aquele demônio de volta quase da mesma forma que invoquei esse carinha.
— E como diabos você faria isso? — Uma das sobrancelhas dela subiu.
— É só uma hipótese minha, mas se eu desenhar um símbolo de invocação ao redor dele e depois dizer “desvaneça”, teoricamente o estaria enviando de volta ao plano de onde veio.
Não houve resposta imediata. A elfa ficou em silêncio com a mão no queixo, analisando a estranha proposta.
Se fosse verdade e se funcionasse, não precisaria gastar tanto tempo no ritual e resolveria a questão do demônio.
— Desculpe, vou recusar, não tenho plena confiança no seu… “esquema”. Porém, prepare-o agora, caso tenhamos problemas você resolverá no mesmo instante. Darei meu cajado para você usá-lo.
Lezandra não demorou para entregar o cajado. Era uma haste de madeira com uma bola de metal negro no topo, com três pepitas de ferro incrustadas na esfera.
O consumo de mana para todas as magias foi reduzido pela metade.
A benção da deusa Yondra recai sobre você a partir do item.
Sua resistência mágica contra Escuridão e Luz aumentou.
A deusa Yondra lhe observa.
Roan analisou as mensagens, era uma série de benefícios boa, apenas a última mensagem que era esquisita.
Com um aceno de cabeça, ele contornou a “prisão” e traçou um anel no caminho, então puxou duas linhas nas extremidades em direções opostas.
Desenhou uma segunda circunferência externa e a usou para unir as duas pontas, por fim, completou com um símbolo de lua na ponta inferior e um sol na ponta superior.
Tomou distância dos signos, enquanto a invocação se assentou no topo do cajado. Fez um sinal para Lezandra para indicar que tudo estava pronto.
— Minha deusa. — Ela levantou as mãos para o alto, ventanias jogaram seu cabelo para cima. — Guiai essa alma nefasta pelo teu plano cósmico…
— De volta ao plano infernal do qual veio. — Pólito se ajoelhou e fechou os olhos, os signos vibraram. — Para que a natureza siga seu curso natural…
— E para que teu céu, teu sol e tua lua nunca sejam manchados pelas aberrações do Submundo. Readiundo!
Um pilar dourado perfurou as nuvens e caiu sobre o círculo de poeira. Os emblemas tremeram e brilharam em amarelo.
Correntes elétricas faíscaram pelo ar, fortes o suficiente para tirarem o equilíbrio dos dois que observavam o ritual acontecer.
O demônio foi envolvido em chamas roxas e gemeu de dor. A pele queimou ao ponto dos ossos aparecerem.
Lutar contra a dor foi em vão, era impossível sair daquela jaula com força bruta e as labaredas o incineravam de dentro para fora.
Cânticos soaram das bocas dos paladinos, ambos suavam pela testa e suas mãos tremiam.
Se a persistência da criatura não tivesse durado tanto, o ritual já teria terminado, e por demorar demais ocorreu um grande erro.
Um guincho ensurdecedor saiu da profunda garganta do demônio, os paladinos ficaram atordoados o suficiente para interromperem os cânticos, fazendo a barreira se dissipar.
Sem tempo para pensar, Roan correu em direção ao círculo e pôs as mãos nele, forçado a arriscar na sua hipótese.
Respirou fundo, suas mãos hesitaram enquanto controlavam a mana pelas linhas do círculo. Os arredores se distorceram conforme a mana era drenada de seu corpo; uma rachadura no espaço surgiu.
Viu um horizonte escuro, centenas de monstros marchavam por uma terra de carne viva e soltavam grunhidos aterradores.
— Des…
Longos pilares de fogo se ergueram em meio aos monstros. Milhares de vozes inundaram suas orelhas, clamores de inúmeras pessoas que abafaram os sons do ambiente.
— …va…
O círculo de invocação cintilou em preto, a luz foi sugada para dentro da rachadura e desviada para o céu.
— …neça!
Aquele clarão desapareceu, a rachadura se fechou, as vozes pararam de gritar e o demônio tinha sido reduzido a poeira.
O pássaro bateu as asas e lançou ondas de vento sobre os corpos caídos dos paladinos e do próprio mestre para curá-los. Roan pôs as mãos no peito e se ajoelhou.
O símbolo de Sonnemond, após levar o demônio para o outro plano, perdeu o brilho e ficou marcado no chão por manchas queimadas.
— Senhor Pólito! — Vatares correu na direção do anão e trouxe nas mãos uma esfera dourada.
Aproximou a esfera no peito do senhor, o objeto se iluminou e em poucos instantes o homem acordou. Pólito bateu no próprio rosto, esfregou os olhos e procurou a besta nos arredores.
— Cadê o demônio? Como esse bicho sumiu assim?!
— Meu senhor, por favor, relaxe. — O loirinho deu tapinhas reconfortantes na nuca de seu amigo. — O amigo de Lezandra, o Milagre, de alguma forma o fez sumir. Não faço…
— Ô, moleque! — O anão impaciente chamou a atenção de Roan e rumou até ele. — Pelas barbas de Jabenmin, o que raios tu fez?!
— E-eu não sei… — disse Roan, de queixo caído.
Felizmente, a ave no ombro do invocador não precisou atacar Pólito para proteger seu mestre. Lezandra interferiu no julgamento do paladino ao separá-lo de Roan.
— Por favor, não se afobe demais, Pólito. — A voz severa e direta da elfa era arrepiante, ao ponto do anão docilmente obedecer. — Vocês dois venham comigo. Vou mostrar-lhes o que aconteceu ontem. Roan, acompanhe-nos também.
Ela liderou o caminho, foi aos destroços da casa de Bodon e tirou as tábuas de madeira que tapavam a passagem. Ao descerem, acendeu uma tocha e ergueu para o corredor.
Os outros três seguiram-na, mas mal aguentaram o cheiro fedorento do túnel. Roan, ao olhar para as paredes, percebeu que as mensagens e inscrições tinham perdido brilho.
O pássaro, por outro lado, ficou mais revoltado ao entrar no covil. Bicava, arranhava e destruía a todo custo qualquer símbolo ou linha que encontrava no caminho.
Andar constantemente por aquele piso de pedra fez seu estômago girar, foi um gatilho que fez seu pescoço coçar. Em dado momento, ao atravessarem todo o caminho e chegarem na câmara oval, Roan olhou para baixo.
No centro da câmara, o caixão estava aberto e os pilares foram marcados com uma tinta roxa. Desceu o restante das escadarias, a aura pesada ao redor do caixão fez seu coração acelerar.
Enquanto os paladinos discutiam, instintivamente ele andou na direção do caixão. Dentro dele, viu um estranho espelho escuro que refletia seu corpo.
A imagem do espelho se contorceu e fez o reflexo de Roan desaparecer, recriando uma paisagem no lugar. Era um castelo acima das nuvens, cercado por um largo muro de pedra branca e guardado por seres humanóides alados.
Seus olhos brilharam e o peito se encheu de uma felicidade latente, um tipo de libertação. Roan levou a mão até o espelho, mas ao tocá-lo, o vidro se fragmentou. Balançou a cabeça, o transe passou, assim como o sentimento de felicidade.
“O que foi isso…?” Suas mãos tremularam, arrepios tomaram conta de sua mente.
— Roan, está tudo bem? — perguntou Lezandra, ao ficar do lado dele. — Viu alguma coisa?
— E-eu estou bem, mas esse espe… — Mal reagiu ao notar que o espelho desapareceu, sobrando um vão sombrio no caixão. — Como…? Isso estava bem aqui!
— Deve ser a pressão de ver um círculo infernal pela primeira vez… Alucinações são comuns. — Ela cruzou os braços e caminhou até a outra extremidade da sala. — Venha, tem uma coisa que é bom você ver.
O invocador estreitou os olhos e decidiu aceitar, era irracional demais para ser além de uma alucinação.
Do outro lado da câmara, havia uma larga fenda na parede, terminado numa gruta. Espremeu-se pela passagem com o pássaro espectral, do outro lado encontrou um altar no centro do lago da gruta.
Era um pilar com dois entalhes pontudos no topo, enrolado em duas cordas no teto da gruta.
A figura retratada na base do pilar era uma pessoa de cabelo longo, olhos vazios, garras longas e uma boca cheia de dentes pontudos.
— O que é isso…? — Roan analisou o monumento com estranheza.
O formato e a madeira carcomida, misturada a posição torta e uma aura pesada que passava, fez sua imaginação acelerar.
— É um totem de um vampiro — explicou Pólito, de braços cruzados. — E do pior tipo, um lorde vampiro. O número de chifres no totem indica a criatura desejada para se conectar, e no caso esse tem só dois, o máximo que um totem pode ter.
— E também, do tipo que deve ser exterminado imediatamente — falou Lezandra, puxando o sabre da bainha. — Se continuar aqui, mortos-vivos começarão a aparecer.
Em um único movimento, a lâmina girou e um rastro prateado seguiu o fio. O totem foi dividido em duas partes; a madeira, ao ser cortada, lançou uma fumaça negra e começou a se deteriorar.
Quando não havia mínimo resquício do objeto, a elfa se virou para Roan. Seus olhos se concentraram no pescoço, notando um par de furos na região.
— É realmente uma dádiva divina você estar vivo depois de ser mordido por um vampiro…
O invocador suspirou de alívio. Não era a primeira vez que a sorte agia a seu favor, mas ele não sabia que a palavra “sorte” era pouco para descrever o quão perigosa foi a situação.
Assim, com o assunto resolvido, os paladinos passaram pelos outros quartos e salas para analisarem as pistas deixadas. Pólito e Vatares eram experts no assunto e discutiam constantemente um com outro sobre as posições e mecanismos ali.
Roan sequer prestou atenção, estava mais concentrado em controlar Hooh, como decidiu apelidar a ave espectral. Por algum motivo, mesmo que fosse igual a um fantasma, ainda conseguia tocá-lo com as mãos nuas.
Após muita procura, o grupo enfim retornou à superfície e entraram na igreja.
Os mosaicos quebrados em minúsculos pedaços, o altar da deusa alada com as asas e corpo despedaçado, os bancos virados, as manchas cinzas nas paredes e no chão faziam tudo parte de um cenário melancólico.
Lezandra se assentou perto do altar, apoiou as mãos aos joelhos e enfim tirou de si aquela pesada armadura que estava em pedaços.
Pólito e Vatares se aquietaram, seus olhos arregalados não paravam de ir da direita para a esquerda. Detectaram cada detalhe na igreja, mas suas expressões não eram de espanto ou abalo, e sim pura tristeza.
— Senhora Lezandra, é de doer o coração que isso tenha ocorrido… — disse o loiro.
— Sem condolências, jovem Vatares — A paladina deu um sorriso torto. — Mesmo que doa, não é a primeira vez que um templo cai sob meus pés… Aproximem-se, por favor.
Os quatro formaram uma roda e se assentaram nos destroços. O silêncio abateu sobre o recinto, e Roan quis quebrar o silêncio, contudo sua garganta estava seca.
— Fale, Roan — indagou Lezandra, fitando-o.
— É que tantas coisas aconteceram e isso me deixou confuso. — Ele coçou a nuca e evitou o olhar dos outros três. — Bem, eu queria saber no que me envolvi, saber o que diabos está acontecendo e quem são vocês.
— Direto na lata — sussurrou Pólito. — Ora, filho, pra resumir, você acabou de descobrir um culto de magia antiga e herege e agora está conosco, a Ordem dos Paladinos. Claro, você também se enquadra como herege, de certa forma.
— Por conta dele? — Roan apontou para Hooh.
— Exatamente — respondeu Vatares. — De acordo com os mandamentos antigos, contato com outros planos por qualquer meio é um grande ato contra a natureza, logo, é maligna.
— E por que vocês não me mataram ainda?
— É simples, filho. — Pólito alisou seu mustache. — Você simplesmente revelou um culto escondido, que imaginávamos estar extinto, além de mandar um demônio para outro plano e ter completa noção de nada. Por que deveríamos te matar?
O invocador ficou em silêncio, cruzou os braços e ponderou aquelas palavras. Não fazia tanto sentido se comparasse com a imagem de paladinos medievais de seu mundo.
Também, por mais que as informações fossem escassas, aos poucos os pontos se conectavam.
Os cultistas eram pessoas que a tal “Ordem dos Paladinos” acreditava estarem mortas, mas que na verdade tramavam por debaixo dos panos.
— Mas o que vocês farão agora que sabem disso?
Lezandra ergueu a mão primeiro, dizendo: — Redigirei uma carta à basílica de Cililiana descrevendo o que ocorreu. Isso deve servir para alertar as grandes cidades e as outras regiões do atual estado de perigo.
— Eu e senhor Pólito iremos à cidade de Saint Jester — O loiro pôs as mãos na cintura e expôs um belo sorrisinho. — Estou no caminho para virar um paladino, preciso ser batizado numa catedral para ser digno do cargo. Como Hirote fica no mesmo sentido, paramos aqui por coincidência.
— Falando nisso, preciso avisá-lo de duas coisas, Roan — disse a paladina, inclinando-se para frente. — Tudo o que foi comentado aqui deve ser mantido em segredo absoluto. As pessoas comuns não sabem sobre o culto direito, muito menos viram um demônio lá embaixo, então devem acreditar que são simples fanáticos religiosos que enlouqueceram.
Ele acenou com a cabeça e respondeu respondeu: — Segredo absoluto… não posso falar nem para Cassandra, pelo jeito. Tudo bem, e o segundo aviso?
— Se porventura os cultistas se lembrarem de você e o considerarem uma ameaça, é muito provável que mandem alguém assassiná-lo, ou pior, um demônio. — O tom frio da elfa ressoou pela igreja.
Roan engoliu seco, pôs as mãos no pescoço e ponderou sobre aquelas palavras. Havia experienciado de primeira mão o combate contra um demônio e ainda por cima sobrevivido a um ataque, por isso não desejava vivenciar a situação novamente.
Agora, porém, era necessário voltar ao assentamento, tanto para pegar suprimentos de viagem quanto os materiais para escrever a carta.
O invocador, antes de sair, desenhou um círculo de invocação na terra e enviou Hooh de volta ao seu plano. Ao fazer isso, uma janela amarela surgiu.
A criatura foi armazenada e poderá ser reinvocada sem o uso de materiais.
A pequena viagem foi tranquila, os animais e monstros sequer apareceram para atrapalhar a travessia.
Por mais pacífica que as planícies fossem, o silêncio avassalador os fizeram apertar o passo.
Roan era o mais apressado, queria logo reencontrar sua amiga e o menino Ravi para saber se estavam bem.
Enquanto seus olhos iam de um lado para o outro, viu uma pessoa vestida totalmente de preto agachada perto de um poço.
— Ei, vêem aquilo? — alertou, apontando com o cajado.
— Ah, então era lá que a geringonça estava! — respondeu o anão, que disparou na direção do lugar indicado.
Ao se aproximarem, notaram que a pessoa agachada na verdade era Ravi, que gritava para dentro do buraco.
— Cassandra, tenta se acalmar, eu vou procurar ajuda! — No momento que ia se levantar, avistou Roan e logo gritou para o buraco: — Esquece, eles já tão aqui!
O invocador olhou para baixo e avistou um ponto amarelado em cima de uma chapa metálica coberta por uma lona verde amassada. O ponto dava pulinhos e abanava as mãos.
— Me tira daqui! — A voz ecoou carregando toda a fúria de uma bárbara.
Ele suspirou, tocou o chão e invocou três golens de madeira. As criaturinhas se colocaram na borda, seguraram-se na borda e formaram uma escadaria improvisada.
Cassandra saltou, agarrou a mão do primeiro golem e foi puxada para a superfície. Com um sorriso maroto, ela pôs as mãos na cintura e agiu como se nada tivesse ocorrido.
— Ainda bem que posso contar contigo pra tudo, né! — Deu um soquinho no ombro do amigo. — E você tem muito a explicar, viu? Fiquei morta de preocupação!
As enxurradas de perguntas da loira duraram muitos minutos, tanto tempo que Roan deixou de prestar atenção e se limitou a responder com “Sim” e “Não”.
Era fofo e simultaneamente amedrontador ter um olhar afiado sempre mirado nas costas. Ao menos, ele estava seguro, e poderia enfim decidir o que fazer naquele mundo.