O Monarca do Céu - Capítulo 283
A vantagem é minha!
No firmamento imóvel, Graff sustentava suas asas majestosas, desdobradas como um desafio para o próprio horizonte. Seu olhar estava fixo em Coen e nas duas entidades que ele havia conjurado, fazendo um exame meticuloso da situação que se desenrolava diante dele.
A matriz mágica que circundava os seres convocados era quase inexistente, como um fio frágil no tecido da realidade, e essa insinuação de inexistência o deixava em alerta.
Uma criatura velada em um quimono sombrio e um chapéu de abas exageradas ergueu sua mão cadavérica, firmando-a no punho da katana, cuja lâmina emergia do seu casulo sombrio com uma solenidade macabra.
A terceira órbita ocular situada no meio da testa de Graff se fechou e desapareceu.
Simultaneamente, ele ergueu seu braço em um gesto fluido, convocando as energias sombrias do mundo ao seu redor. Uma alabarda sombria brotou da palma de sua mão.
“Ele sempre foi ardiloso, por isso conseguiu Banir Alucard desse plano, além de conseguir derrotar Morgana. Enfrentar essas criaturas é o que ele deseja que eu faça, mas o melhor a fazer é ir direto na fonte do problema!”
Woosh!
Com um estalar de asas, Graff moveu-se com uma velocidade vertiginosa. Nem mesmo os olhos de Coen conseguiram acompanhar o rastro de seu movimento veloz e letal.
O vampiro, como um predador habilidoso, deslocou-se para as costas do Errante, cingindo sua alabarda acima da cabeça em uma pose ameaçadora, pronto para partir Coen e tudo o que estivesse em seu caminho ao meio.
Tulutulu!
O som da flauta encheu o ar, e Graff sentiu seus sentidos sendo distortos, como se sua mente estivesse sendo confundida por uma magia poderosa.
A confusão tomou conta de seus pensamentos, até que, de repente, uma explosão de dor estourou sua cabeça, explodindo-a em pedaços.
Splorch!
Em um movimento surpreendentemente ágil, a criatura que acompanhava a sacerdotisa avançou, indo para trás de Graff, e com uma habilidade mortal, desferiu um golpe preciso de sua katana.
O vampiro, apesar de sua agilidade, não conseguiu evitar o ataque, tendo sido retalhado, seu corpo desmembrado em inúmeras partes que voaram como fragmentos de uma ilusão quebrada.
Tulutulu!
A flauta ressoou novamente, e os pedaços dispersos de Graff explodiram em uma espetacular erupção de energia, pulverizando o vampiro em uma miríade de partículas.
O que antes era um ser sinistro e ameaçador agora se transformara em nada mais do que poeira cósmica, dissipando-se ao vento.
Não restou nenhum vestígio concreto de Graff além de poeira. Coen deixou escapar um suspiro tenso, seu corpo tremendo com a intensidade do confronto. Sangue escorreu de seu nariz, uma prova física do esforço e tensão que ele havia enfrentado. Com as costas das mãos, ele limpou o sangue, seu peito subindo e descendo com uma respiração ofegante enquanto se recuperava.
— Eu o obliterei, mesmo com uma regeneração anormal, não há como ele voltar a vida depois de ser fragmentado a esse nível.
Diante dos olhos de Coen, algo começou a se materializar lentamente, como se partículas de poeira estivessem sendo reunidas para dar forma a alguma entidade.
Gradualmente, a figura tomou contorno, e à medida que o processo se completava, a forma de Graff se tornou clara. Suas sombras, como se obedecessem a um comando, reconstituíram suas vestes, envolvendo-o novamente em seu manto sombrio.
Um sorriso convencido adornava seu rosto, como se o vampiro tivesse se deleitado com o esforço inútil de Coen.
— Uma bela combinação, mas não vai me matar com isso.
No instante em que a sacerdotisa levou a flauta aos lábios, preparando-se para tocar, Graff lançou-se velozmente em sua direção, suas garras afiadas prontas para perfurar seu peito.
Contudo, antes que pudesse atingi-la, a figura da criatura com a katana interveio, interpondo-se entre o vampiro e sua presa. O movimento rápido e preciso da criatura bloqueou o ataque iminente, demonstrando uma agilidade surpreendente.
Tulutulu!
O som inquietante da flauta encheu o ar novamente, e antes que Graff pudesse reagir, sua cabeça explodiu em uma cena horripilante.
A criatura com a katana não perdeu tempo, seu golpe foi certeiro mais uma vez, desmembrando o vampiro em partes. Cada segmento de seu corpo foi separado, como se a katana possuísse uma precisão sobrenatural. Então, como um desfecho sombrio e pungente, a sacerdotisa deu mais uma vez vida à melodia da flauta, transformando os pedaços de Graff em um borrão disforme, até que não restasse absolutamente nada além de um vazio ensanguentado.
A respiração de Coen ficou ainda mais pesada, e seu nariz sangrou novamente.
— Vê se fica morto! — esbravejou.
Lentamente Graff ganhava forma na frente de Coen, e os dentes dele cerraram em fúria.
O vampiro cruzou os braços e abriu um sorriso de canto enquanto encarava o Errante.
— Isso não parece estar fazendo bem a você, não é? Vamos lá, use essa combinação fantástica novamente, consigo fazer isso o dia todo.
Coen suava em demasia, e então juntou as mãos, fazendo suas duas conjurações desaparecerem em minúsculos fragmentos.
— O que foi? Desistiu? — zombou Graff. — Sinceramente, Errante, esperava mais de você, mas tenho que admitir que foi divertido. Não precisa se sentir um inútil, afinal, sou a criatura mais poderosa da existência, sinta-se honrado em ser morto por mim.
Uma gota de suor caiu da ponta do nariz de Coen e ele abriu um sorriso de canto.
— Será mesmo?
Graff respondeu ao sorriso com uma expressão confiante.
Ele avançou rapidamente em direção a Coen, que, em um movimento ágil, adentrou um portal e emergiu a certa distância, desferindo um corte poderoso de raios carmesim em direção ao vampiro.
Com agilidade impressionante, Graff se esquivou do ataque.
Woosh!
Coen desapareceu novamente, lançando outro corte que rompeu os céus como um clarão elétrico. Dessa vez, porém, ele emergiu de um ponto completamente diferente, sua figura surgindo inesperadamente ao lado de Graff.
O Errante executou um movimento rápido e preciso, desferindo mais um corte certeiro.
Cabrum!
O impacto dos golpes ressoou pelo ar, e uma onda de energia os cercou como um vendaval. A metade do corpo de Graff foi destruída pela força dos cortes, mas o vampiro não tardou em se reconstituir, sua forma se regenerando rapidamente.
A aparente vantagem de Graff na velocidade estava sendo equilibrada pela habilidade de Coen de manipular portais com rapidez impressionante.
— Seu covarde, vai ficar fugindo?!
Coen permanecia ereto sobre seu círculo mágico, sua figura imponente contrastando com o estado caótico ao seu redor.
Seu rosto exibia sinais de intenso esforço, com o sangue escorrendo do nariz e dos cantos dos lábios.
Com um gesto abrupto, ele ergueu a mão em direção ao céu, sua presença parecendo reverberar através das nuvens.
O firmamento inteiro pareceu responder ao seu chamado, com raios carmesins titânicos se manifestando de todas as direções, convergindo em uma energia fulgurante que se dirigia diretamente ao Errante, como se quisessem fortalecer a figura de Coen.
Os olhos de Coen brilhavam de um branco intenso, uma aura elétrica envolvendo seu corpo como uma armadura natural. Seu cabelo, normalmente escuro, agora exibia uma cor branca radiante, ondulando como se dançasse sob a influência do poder que o impregnava.
O cenário ao seu redor parecia tomado por um caos desenfreado, com raios carmesins caindo incessantemente, destruindo tudo em seu caminho como uma chuva de destruição.
“Esse Errante… não percebeu que é inútil me enfrentar? Exceto se… entendi, então ele tem um plano.”
A mana de Graff também começou a se manifestar. Toda sombra do extinto vale começou a se agitar enquanto aquela aura monstruosa o preenchia.
— Finalmente vai levar isso a sério, vampiro? — Coen fez um sinal de arma com as mãos, apontando para Graff. — Eu vou ganhar, hehe!
Cabrum!
O impacto foi imediato e devastador.
Com um estrondo ensurdecedor, um raio carmesim de uma velocidade impossível atingiu Graff, pegando-o completamente desprevenido.
Antes que pudesse sequer reagir, o poderoso golpe o arremessou através do ar como uma marionete descontrolada.
Seu corpo colidiu com violência com o solo, provocando uma destruição que abalou o ambiente ao redor.
A força do impacto arrastou Graff por uma extensão incrível, deixando uma trilha de destruição e poeira pelo caminho. Quase meio quilômetro de terra foi percorrido em um piscar de olhos, enquanto o vampiro era arrastado pela força avassaladora do raio.
Woosh!
Recompondo-se, Graff bateu suas poderosas asas e emergiu da nuvem de poeira, lançando-se furiosamente em direção a Coen, a lendária lâmina do sol estava desta vez firmemente empunhada nas mãos do Errante.
Coen se preparou para o embate, erguendo suas defesas para suportar o golpe iminente.
“Isso, vamos lá, morceguinho, vem com tudo!”
Não havia dúvidas de que Coen ainda estava em desvantagem física, e o poder avassalador de Graff era indiscutível.
O vampiro fez um esforço adicional, aumentando sua força ao máximo, e com um golpe potente na defesa de Coen o lançou pelo ar, fazendo-o se recompor enquanto era lançado em direção às nuvens.
Coen, em milissegundos, diminuiu a distância entre eles com uma velocidade impressionante, com a intenção de decapitar Graff com um golpe certeiro.
Ting!
No entanto, o vampiro segurou a lâmina do sol com as mãos nuas mais uma vez, demonstrando sua incrível resistência e invulnerabilidade.
— Você ainda não aprendeu? O sol dessa lâmina não pode me matar! — provocou Graff confiante.
Bam!
Graff afundou seu pé no abdômen de Coen, lançando-o por quase um quilômetro inteiro, fazendo-o capotar violentamente pelo solo já devastado.
Embora atordoado, Coen conseguiu se recuperar, mas antes que pudesse reagir, Graff avançou e apoiou sua mão no rosto de Coen, forçando-o brutalmente contra o solo.
Boom!
Ainda segurando Coen pela cabeça, Graff o ergueu e o arremessou impiedosamente em direção ao chão mais uma vez, amplificando ainda mais a destruição do solo deteriorado.
Embora ferido, Coen não desistiu e tentou se recuperar, mas logo sentiu um impacto brutal no abdômen e um poderoso soco no queixo, lançando-o aos céus.
Bam!
Com suas majestosas asas batendo com força, Graff elevou-se mais alto do que Coen, esperando calmamente por sua chegada ao pico do trajeto. Quando Coen finalmente se aproximou, o vampiro segurou firmemente seu pescoço, olhando-o nos olhos com uma expressão fria.
— Foi você que sobreviveu ao passar das eras? Hehe, e ainda dizem que aprisionou Tiamat, que decepção.
Foi a vez de Coen retribuir o sorriso.
— Astúcia não é o forte dos vampiros, né?
Graff apertou o pescoço de Coen com uma força avassaladora, seus olhos se esbugalharam em desespero. O aperto implacável de Graff era como o de um torno, e a angústia de Coen era visível em seu rosto contorcido.
E então aconteceu algo inacreditável.
O pescoço de Coen começou a rachar, como se fosse feito de material frágil. Para a surpresa de Graff, sua cabeça explodiu em um estouro assustador, revelando-se oca, como uma peça de porcelana que se quebrara em mil pedaços.
Até mesmo a lendária lâmina do sol que Coen segurava se desintegrou, esfarelando em suas mãos.
Em seguida, um círculo mágico de um vermelho intenso e carmesim se abriu no solo, estendendo-se por um raio de impressionantes 12 quilômetros.
A energia que emanava do círculo era avassaladora, envolvendo todo-o-terreno circundante em uma aura mística e poderosa. Simultaneamente, outro círculo mágico surgiu bem acima, na estratosfera, como se fosse uma porta para os céus.
No topo desse círculo celestial, cravada no centro, estava a verdadeira lâmina do sol, uma arma de poder inimaginável, cujas chamas flamejantes cobriam todo o círculo mágico.
Era como se a própria essência do sol tivesse sido aprisionada ali, aguardando para ser liberada em um golpe devastador.
— Você já fez seu show, vampiro — disse Coen completamente ileso, saindo de dentro de um portal ainda com aquela cobra em volta de seu torso. — Eu disse a você, eu ganhei!
Graff estava quieto, apenas observando o caído.
Ele olhou para baixo e depois olhou para cima.
“Entendi… no momento em que fui atingido por aquele raio inesperado… ele conseguiu fazer uma cópia perfeita de si, mas que diabos de técnica ele usou? Tem a ver com aquelas conjurações de antes? Tsc… esse Errante desgraçado, sempre cheio de truques!”
— Você não tem para onde fugir, Graff, esse círculo mágico funciona como barreira, uma barreira poderosa feita especialmente para aprisionar vampiros da segunda geração como você.
Graff não parava de sorrir.
— E quem disse que isso vai conseguir me aprisionar? Você sempre se achou muito esperto, Errante, mas isso só prova sua arrogância!
— Sim, você tem razão. Boa sorte sobrevivendo a isso, morceguinho. — Coen desapareceu por completo.
As visões de Graff eram surreais, como se um pesadelo em chamas tivesse ganhado vida diante de seus olhos.
O brilho intenso dos círculos mágicos no solo e no céu obscureceu completamente a figura de Graff, até mesmo suas majestosas asas desapareceram em meio ao esplendor desse turbilhão de luz.
E então aconteceu.
Um tornado ardente surgiu da interseção dos círculos mágicos, espalhando chamas intensas por toda a extensão.
O solo tremia violentamente, e mesmo a uma distância considerável, a pira incandescente emergindo na noite era um espetáculo terrível de se presenciar.
O rugido ensurdecedor do fogo devorando tudo ao redor ecoava pelos ares, e a terra se partia em quilômetros, enquanto o fogo voraz transformava cada rachadura em um caminho de lava.
Montanhas majestosas se desfaziam ao meio, deixando para trás cicatrizes que só se tornavam mais profundas.
A neve que uma vez adornou a região começou a derreter instantaneamente, rios outrora congelados foram completamente evaporados, e a vegetação local era tragada pelo inferno de chamas, deixando para trás apenas cinzas e desolação.
A região vibrante e repleta de vida havia sido engolida por esse cataclismo descomunal.
Quando o turbilhão de fogo finalmente cedeu, Coen observou o cenário devastador à sua frente, com uma sensação de espanto e satisfação.
Ele não imaginava que tal poder estava contido na lâmina do sol.
O que antes era um paraíso de invernos nevados e primaveras florescentes se transformou em uma terra vulcânica, repleta de lava jorrando das profundezas.
As cicatrizes deixadas por essa batalha ardente condenariam para sempre aquela região, transformando-a em uma terra amaldiçoada.
Mais e mais lava fluía das entranhas da terra, como uma sentença eterna enquanto Coen segurava a lâmina do sol em suas mãos, que não passava agora de uma espada comum.
Não havia sinal de Graff.
Coen permanecia em cima de seu círculo mágico, olhando para o resultado de uma batalha que deixaria marcas profundas na memória daquela terra.
O nariz de Coen começou a escorrer sangue mais uma vez, e ele o limpou com o polegar.
— Ser atingido por isso foi como ser atingido pelo próprio sol, não há como ele ter sobrevivido.
— Tem certeza disso?
Coen sentiu um arrepio na espinha e virou-se para trás, observando Graff curar-se lentamente.
— Eu disse, não disse? O sol dessa lâmina fajuta não pode me matar.
Após engolir em seco, Coen franziu o cenho.
— Como você sobreviveu? Minha prisão tornou inviável o uso de mana, então como?
Graff abriu um sorriso de canto.
— Já que é tão esperto, por que não tenta descobrir?
Coen juntou as palmas das mãos.
— Desgraçado!
Suas tatuagens do braço direito começaram a brilhar, e um portal abriu-se ao seu lado.
Dong!
Ouviu-se o badalar de um sino.
Foi o suficiente para fazer Graff recuar alguns metros com um bater de asas. Com as mãos firmemente apoiadas na borda do portal, metade do corpo de uma criatura emergiu.
Era uma mulher de pele pálida. Seus olhos eram amarelos, havia chifres retos no topo de sua cabeça e um terceiro olho em sua testa. Ela usava uma roupa oriental de seda branca cobrindo o seu corpo. Algumas partes de seu braço estavam a mostra, revelando as mesmas tatuagens de Coen.
A criatura atravessou completamente o portal, revelando-se uma mulher colossal com quase três metros de altura. Suas unhas pontiagudas demonstravam que não se tratava de uma simples criatura. Quatro bainhas adornavam sua cintura, sugerindo que ela era uma especialista em combate.
Quatro braços se moviam com graciosidade, um par apoiado na cintura e outro entrelaçado atrás de sua cabeça. Seu cabelo escuro e selvagem acrescentava uma dose de selvageria e charme à sua figura.
Num longo bocejo que parecia quase casual, ela coçou o nariz, fitando Coen com um olhar de canto. Seu aspecto desleixado escondia uma força titânica, que não podia ser subestimada.
— Mestre Coen… — Seu olho da testa continuava focado em Graff. — Tinha que ser no meio da minha soneca? E quem é ele?
O nariz de Coen começou a sangrar novamente, e ele o limpou.
— O irmão de Alucard, isso é tudo que precisa saber.
A criatura assentiu.
— Devia ter invocado um dos outros dois, não me dou bem com vampiros.
— Eles estão ocupados, só termine com isso, o meu tempo está acabando.
Suas mãos na cintura desembainharam um par de espadas enormes.
“Outros dois?”, Graff concentrou a análise nela, “A forma da mana dela é semelhante à dele…, sim, isso é uma pandoriana!”
— Isso não será pessoal — disse ela entediada. — Ouviu, vampiro?