O Monarca do Céu - Capítulo 284
Desfecho dos mais fortes.
O cansaço marcava cada traço do rosto de Coen, como se sua própria exaustão se manifestasse em sua expressão. Em contraste, Graff permanecia inabalável, como se todos os eventos da batalha não tivessem sequer causado um arranhão em sua determinação.
A pandoriana de Coen continuava de pé em seu círculo mágico.
Logo abaixo deles, o cenário se transformara em um espetáculo infernal: um oceano de fogo e lava emergindo das profundezas da terra.
As labaredas ardentes dançavam e lançavam ondas de calor intenso, enquanto a lava escorria e se espalhava como uma manifestação da própria fúria da terra.
O cenário caótico e apocalíptico abaixo era um lembrete visual dos estragos causados pela batalha titânica que se desenrolara.
— Mestre… — chamou a pandoriana desinteressada. — Por quanto tempo tenho que manter esse miserável ocupado? Estou realmente cansada.
— Para de reclamar! Aqueles dois estão ocupados, se não quer lutar, devia ter aceitado uma das missões que dei a você.
Fazendo muxoxo, ela coçou seu cabelo longo e atrapalhado com uma das quatro mãos.
— Tá… que saco… — Ela encarou Graff, todos os seus três olhos. — Não quero prolongar muito, então vamos começar.
Graff abriu as asas e avançou na direção da pandoriana, mas seu alvo mesmo era Coen que parecia debilitado.
Ting!
As unhas afiadas de Graff colidiram com uma das lâminas da pandoriana, desencadeando um embate de força entre os dois. O som metálico reverberou no ar, ecoando como um desafio lançado no campo de batalha.
— Ei, morceguinho, devia relaxar — provocou a pandoriana.
Graff não fazia concessões em sua força, e ainda assim a lâmina daquela mulher parecia estar ancorada no lugar.
A perplexidade perpassou o rosto do vampiro quando a compreensão atingiu como um relâmpago: o rastro de Coen havia se dissipado, ele apagara qualquer vestígio de mana que marcava sua existência.
— Tsc! Ele fugiu!?
— Mestre Coen? Provavelmente. — Ela lambeu os beiços. — Até que você é bonitinho, adoraria te devorar!
Graff abriu um sorriso de canto.
— Sinto muito, mas você não faz o meu tipo.
Ela também sorriu. — Sério? Isso é péssimo para você, sabia? Isso significa que não preciso te poupar.
Scrash!
Ela desembainhou outra espada que pendia em uma bainha ao redor de sua cintura e desferiu um golpe no tórax de Graff, mas não a ponto de dividi-lo ao meio. Normalmente, o vampiro reagiria com velocidade, mas seu corpo estava subitamente imobilizado, operando em uma lentidão dolorosa.
“O que ela está fazen-”
A pandoriana recolheu a espada com a qual ferira Graff e extraiu outra de sua bainha, concentrando sua energia na ponta da lâmina. Seu movimento era despretensioso, como o de um habilidoso espadachim, enquanto Graff se movia em uma agonia lentidão.
— Desculpa, fofinho, mas ser rejeitada mexe com o meu ego.
Boom!
Com precisão, ela executou uma estocada no abdômen de Graff, porém, sua lâmina não o atravessou completamente. De fato, o golpe se assemelhou mais a um soco poderoso, projetando o vampiro na direção do mar de lava.
O estrondo abrasador marcou a entrada de Graff nas profundezas incandescentes.
Sssshhoooooooook!
A pandoriana relaxou seus quatro braços e, bocejando longamente, demonstrou uma calma quase indiferente.
— Ele provavelmente está vivo, mas está sentindo uma dor lacerante. Bom, é o que ele merece por rejeitar uma mulher como eu. — Ela coçou a cabeça. — Será que mestre Coen vai demorar? Que saco… o meu sono estava tão bom…
Booom!
Das profundezas da lava, algo emergia em direção aos céus, rompendo a superfície ígnea em um espetáculo impressionante.
Graff, com suas asas agora abertas, evidenciava um processo de reconstituição que, embora notável, não transcorria com a velocidade a que estava habituado. Seu corpo parecia demorar mais do que o normal para recuperar sua forma completa.
“Tem algo errado!”, pensou Graff reconstituindo o lado esquerdo do seu rosto, “Essa mulher não tem uma mana tão poderosa, mas isso não reflete em seu físico, e tem aquela espada estranha… não é poderosa como a lâmina do sol, mas há algo a mais…”
— Assustei você? — zombou ela. — Não precisa ficar tão assustado, normalmente causo isso aos homens.
Graff canalizou todas as suas forças, compelindo seu corpo a se regenerar em um ritmo acelerado. Em um vislumbre impressionante, suas feridas começaram a se fechar, a carne se reconstituir e a vitalidade retornar.
Com um gesto decidido, ele abriu a palma da mão e, por meio de sua magia sombria, materializou uma espada imponente, digna de ser empunhada com ambas as mãos. A lâmina resplandecia com um brilho sombrio, e ele a posicionou sobre seu ombro.
“Tsc… essa sensação estranha não desaparece! Para piorar, aquela cobra asquerosa fugiu com o rabo entre as pernas deixando essa criatura. Ele está planejando alguma coisa, por isso tenho que terminar isso agora!”
Woosh! Ting!
As asas poderosas de Graff se agitaram, impulsionando-o em um rasante veloz em direção ao seu alvo. Seu corpo parecia uma sombra intransponível, e sua espada de sombras desencadeou um golpe feroz, colidindo com uma das quatro lâminas da mulher pandoriana.
Ela agora usava ambas as mãos para bloquear o ataque do vampiro, e a cena se transformou em um embate de força e vontade.
No ar suspenso, o impacto entre as lâminas reverberou, gerando faíscas de energia. Graff e a pandoriana estavam trancados em uma batalha intensa, seus músculos tensos e expressões carregadas de determinação, enquanto cada um tentava superar o outro em uma luta de força pura.
“Definitivamente há algo de errado!”
— Está assustado, morceguinho? — A pandoriana abriu um sorriso convencido. — As suas mãos estão tremendo.
Sem dúvida, estavam em uma luta intensa. Graff recuou abruptamente, as asas batendo com velocidade para aumentar a distância entre ele e a pandoriana, porém, ela não permitiu que ele diminuísse a lacuna entre eles.
Scrach!
Com um som afiado de metal contra metal, a lâmina da pandoriana, aquela que o havia cortado anteriormente, investiu contra Graff. O golpe encontrou seu alvo, atravessando sua garganta e emergindo deliberadamente.
A espada foi retirada com uma lentidão calculada, e Graff sentiu a dor aguda do golpe reverberar por todo o seu ser. Seu corpo parecia paralisado, como se aquele ataque tivesse congelado seu movimento.
— Hehe, se sente mais lento, né? Como se estivesse parado no tempo enquanto tudo a sua volta corre normalmente… pobre morceguinho. — Ela fez beicinho. — Acabou achando uma predadora mais poderosa que você!
Os olhos de Graff permaneceram arregalados, refletindo uma mistura de surpresa e agonia, enquanto o sangue continuava a jorrar de sua garganta, formando um rastro vermelho intenso em meio à batalha.
Mesmo diante da dor e do dano físico, sua mente mantinha-se ativa e ágil, girando em uma tentativa frenética de buscar alternativas e estratégias.
“Entendi, essa espada é especial, ela torna lento o que é atingido por ela, mas ela não coloca nada no meu sangue, caso contrário o meu efeito curativo contínuo anularia qualquer veneno. É uma habilidade especial dessa lâmina, sim, essa lâmina deve ser uma das sete lâminas forjadas com a raiz da grande árvore”, ele olhou para as tatuagens de Errante no braço dela, “Essa desgraçada… ela está roubando minha mana?! Mas ela sequer tocou em mim… espera… se ela consegue fazer isso, então provavelmente estou em seu raio de alcance. Tsc, que saco!”
— Ei, morceguinho, não vai dizer nada? Estou ficando entediada… — Ela guardou as espadas na bainha enquanto Graff continuava paralisado. — Jurei que você fosse diferente, mas é como os outros homens que conheci, fraco e sem graça.
Ela aproximou o dedo da testa dele, preparando-se para dar-lhe um peteleco.
— Sua capacidade regenerativa está quase inexistente agora, então isso vai doer bastante, hehe, espero que volte, hein, a gente precisa ter um último confronto.
Bam!
Com um peteleco, ela o lançou na lava lá em baixo novamente, dando outro longo suspiro acompanhado de pesar.
— É um pecado matar um homem tão bonito…
— Ainda com essa mania de flertar enquanto luta? — indagou Coen saindo de dentro de um portal.
Ele parecia bem, suas feridas curadas e suas vestes intactas. A serpente etérea ainda estava em volta de seu torso.
— Humpf! Se não queria isso, não devia ter me mandado até aqui para lutar. Ele é bonitinho, mas é fraco.
Em cima de seu círculo mágico com seu longo cabelo esvoaçante, Coen observava o mar de lava borbulhante lá em baixo.
— Você está errada, ele não é fraco. Teve sorte que fiz mais da metade do trabalho antes de invocá-la.
Cruzando os quatro braços, ela fez beicinho.
— Devia ter me invocado no começo então, não teria sido esse tédio todo…
Coen abriu um sorriso enquanto a encarava.
— Não posso arriscar perdê-la assim. De todos os três, você é a mais preciosa.
Desviando o olhar, ela corou. — Sei… se eu fosse tão preciosa assim teria me deixado onde eu estava, cochilando tranquilamente e sonhando com um homem lindo.
— Se tivesse feito isso, provavelmente eu estaria morto.
Ela ergueu uma das sobrancelhas. — Você? Morto? Até parece. Com certeza já pensou em milhares de formas de vencer o bonitinho lá em baixo.
Coen estalou o pescoço.
— Você está certa, mas o tempo é sempre um fator crucial, e você foi invocada para que eu o tivesse. Lá vem ele.
Boom!
Emergindo da lava uma vez mais, Graff retornou à vista, mas sua condição era horrível. Metade de seu rosto estava exposto, revelando músculos e ossos em meio ao processo lento de regeneração.
— Ele não parece tão bonito agora… — disse a pandoriana coçando o cabelo bagunçado. — E agora, a gente o mata?
Coen fez que não.
— Ficaríamos horas tentando, quem sabe, dias. Tive uma amostra da capacidade regenerativa dele, e não quero arriscar nem mesmo o expondo ao sol. Usarei outro artifício, um sem falhas.
Um sorriso malicioso riscou os lábios de Graff.
Num átimo, sua forma recuperou sua integridade, suas feições e energia reconstituídas. No entanto, essa transformação não escondia a apreensão que havia se instalado nele desde que Coen desaparecera e evocara sua enigmática pandoriana.
Um desconforto perturbador permeava cada fibra de seu ser, limitando seus movimentos e drenando lentamente sua mana.
Graff compreendia que, se decidisse agir, precisaria optar por um ataque singular, letal e decisivo.
— Você até que não foi ruim — zombou Coen. — Ao menos conseguiu durar mais que aquela vampira.
Com um estalo agudo, Coen cruzou os dedos e imediatamente um círculo mágico materializou-se no centro do corpo de Graff.
Esse círculo, de natureza conhecida pelo vampiro, era idêntico àquele que o Errante havia conjurado antes, o mesmo portal que encurtava de maneira extraordinária o espaço entre eles, permitindo um deslocamento quase instantâneo.
— Merda!
Crash!
As asas imponentes de Graff se desdobraram, prontas para um avanço veloz, mas antes que ele pudesse reagir, a pandoriana executou um movimento astuto.
A mão da pandoriana se perdeu em um portal instigante, e simultaneamente um novo portal surgiu nas costas de Graff, criando um elo quase sobrenatural entre ambos os pontos, como uma cruel torção das leis espaciais.
Com uma velocidade surpreendente, ela mergulhou sua espada diretamente nas costas do vampiro, empalando-o com precisão calculada.
— Desculpa, bonitinho, é que estou com muito sono… quero terminar logo com isso…
— Quando planejei derrubar Ultan, eu tinha outro objetivo em mente. — A serpente no torso de Coen desapareceu. — Mandei meus subordinados irem até o abismo buscarem algo para mim, algo poderoso o bastante para selar você. Porém, durante a invasão, algo aconteceu… Brighid… aquela mulher era mais poderosa do que pensei. Venceu quatro de meus subordinados mais poderosos sozinha, e não era apenas isso. Se eu a selasse, teria que lidar com você e seus subordinados.
Coen começou a caminhar na direção de Graff, com círculos mágicos formando-se debaixo de seus pés a cada passo.
— Foi então que tive que me adaptar, e apesar de Ultan ter sido destruída e a rachadura no céu ter sido aberta, seria uma noite de derrota se não tivéssemos capturado a jovem Safira. Mas havia mais um problema, você! Brighid havia perdido os poderes, e meus planos para ela eram outros. Na verdade, ela pode ser útil ficando contra Drez’gan e o abismo, assim como sua preciosa Morgana. Essa é a única razão de eu não ter matado as duas.
Graff cerrou os dentes.
— Desgraçado!
Coen apoiou a mão no tórax de Graff.
— Eu agi para voltar tudo aos trilhos, mas você ainda era um empecilho para mim. Alucard, Graff, Morgana… todos vocês são poderosos demais, por isso precisei rearranjar tudo. Sem você, o equilíbrio retornará e eu não precisarei me preocupar em ser caçado por alguém tão poderoso quanto você.
A fúria de Graff transformou-se em um sorriso de canto, até que virou uma gargalhada histérica.
— Você se acha mesmo muito esperto, né? — Abriu um largo sorriso. — Drewalt, meu outro irmão, ele trará Alucard de volta cedo ou tarde, e quando ele voltar, é melhor que fuja, porque ele caçará você até o abismo se for preciso.
Coen retribuiu o sorriso.
— Claro, Alucard… Quando ele voltar, teremos nossa revanche. Sem banimentos, sem selamentos, será uma luta até a morte, e eu vou ganhar.
O círculo mágico brilhou mais intensamente e consumiu Graff por inteiro. Quando o brilho se foi restou apenas uma pedra minúscula.
— Que maravilha, podemos ir para casa agora?
— Podemos. — Ele estendeu a mão, conjurando um portal. — É uma pena que esse lugar tenha se tornado isso, era um bom esconderijo.
A pandoriana deu uma olhada no mar de lava.
— E agora, o que acontece?
— Nada. A gente retorna e descansa aguardando os outros caídos cumprirem a missão deles.
Ela assentiu. — Esse selamento, durará quanto tempo?
Coen deu de ombros.
— O vampiro deve conseguir romper o selo em alguns anos, quem sabe, meses. — Ele estava prestes a adentrar o portal. — Até lá as coisas já estarão resolvidas, eu espero.
Ela deu um longo bocejo.
— Sei, sei, só espero que quando me invocar seja para lutar contra alguém poderoso. A propósito, quando aqueles dois voltam? Já fazem anos que não os vejo.
— Em breve.
Uma fisgada aguda percorreu a mão de Coen, atraindo sua atenção para a pedra que ele segurava. Rapidamente, seus olhos se fixaram nas rachaduras que começaram a se espalhar pela superfície da pedra, uma luz intensa escapando por entre as fendas.
O Errante agiu com agilidade, sem hesitar um segundo sequer. Diante dele, um portal materializou-se, uma passagem direta para outro espaço, e Coen lançou a pedra através dele.
Boom!
Uma explosão cataclísmica, com a força de um furacão de fogo, irrompeu quando a pedra tocou a lava fervente. A paisagem deu um solavanco e a terra incandescente pareceu se erguer, chovendo uma cascata de calor e fragmentos sobre a região.
Coen forçou um sorriso tenso, enquanto gotas de suor escorriam por sua têmpora, seu olhar refletindo o esforço para conter as emoções.
A expressão entediada da pandoriana permaneceu inabalável, enquanto a presença de Graff, agora na forma infantil, pairava à frente de seus adversários, suas imensas asas batendo em um ritmo majestoso.
— Hehe, filho da puta durão! — disse Coen.
— Selamento, sério?
O nariz de Coen sangrou novamente.
— Devia ter ficado preso, vampiro… você não tem força para derrotar minha pandoriana.
Graff enfiou as mãos nos bolsos.
— Esse é você, né? Sempre se escondendo atrás dos outros — Ele abriu um sorriso. — O que foi? Eu me libertar não estava nos seus planos?
Coen continuou forçando seu sorriso.
— Mesmo que não estivesse, você não tem condições de lutar. Matei você diversas vezes, vampiro, transformei você até mesmo em pó duas vezes. — Coen alisou o cabelo para trás. — Morgana, ela perdeu porque a mana dela acabou, assim como a sua está perto do fim. Recriar a si a partir do pó exige uma quantidade absurda de mana, e pelo que sei, você deve ter autoimposto uma magia de condição. Sem falar que o artefato drenava sua mana lentamente, e para quebrá-lo dessa forma, você deve ter liberado sua mana toda de uma vez.
Convencido, Coen abriu os braços.
— Não há como me vencer, Graff, você não tem mana para isso.
Suor seco escorreu da testa até a ponta do nariz de Coen.
— Você é péssimo blefando — disse o vampiro. — O seu corpo mal aguenta ficar de pé. Dá para sentir que tudo que você faz requer um uso absurdo de mana, mas sem isso você não é nada, né? — Foi a vez de Graff abrir um sorriso. — Percebi isso quando você me lançou seu primeiro golpe. Cada ataque que dá ultrapassa o seu próprio limite. Você refina todo ataque que dá a um nível que nem mesmo consigo imaginar. Agora entendi porque você é um ratinho fujão, você tem medo de uma luta direta porque sabe que irá perder!
Coen ergueu as mãos em rendição enquanto forçava seu sorriso.
— Hehe, parece que você me pegou, mas isso não adiantará nada se não conseguir me tocar. — Coen abriu novamente seu portal e caminhou para dentro. — Você não morreria de qualquer forma. Eu poderia deixar minha pandoriana acabar com você, mas você acabaria se regenerando, mesmo que levasse anos.
— Então é isso, vai fugir? — provocou Graff.
— Considere isso um empate, mas deve ser humilhante para alguém como você, né? Empatou com alguém que seu irmão derrotou — provocou Coen. — Essa foi uma segunda chance que dei a você, morceguinho, não perco duas vezes para o mesmo oponente. Quando nos encontrarmos, você terá que ser pelo menos três vezes mais forte para cogitar a possibilidade de empatar comigo. É melhor treinar bastante.
O Errante adentrou o portal.
Sua pandoriana deu uma última olhada em Graff.
— É melhor seguir o conselho dele. Mestre Coen é bem obstinado para conseguir o que quer. Até mais, bonitinho.
Ela lançou uma piscadela cintilante antes de atravessar o portal que, em um movimento rápido, se fechou atrás dela.
O silêncio prevaleceu na esteira da sua partida, enquanto Graff desdobrou suas asas majestosas e alçou voo para longe. Enquanto isso, Coen encontrava-se num lugar desolado e decrépito, um reino permeado por decadência e morte.
A paisagem, toda tingida em preto e branco, era pontuada por ocasionalmente sombrios tons de cinza, um contraste marcante em relação ao incessante e vibrante colorido de um Jardim.
O céu, antes um palco de espetáculos celestiais, agora parecia chorar cinzas, e Coen, após caminhar alguns passos, sucumbiu ao chão, desmoronando sob o peso de seu cansaço.
— Tsc… — reclamou a pandoriana. — Odeio esse lugar.
Com uma graça contida, ela se abaixou, permitindo seu olhar compassivo encontrar o semblante abatido de seu mestre.
Com movimentos cuidadosos, ela ergueu seu corpo e o acomodou gentilmente sobre suas costas, como se fosse um fardo precioso a ser carregado com todo respeito e devoção.
— De fato… esse lugar fica mais horrível a cada dia que passa — disse ele com a voz sonolenta. — Mas ainda me sinto bem aqui… o último presente dos Altmers para nós Drakalarifel… é, não há como esquecer…
Por cima dos ombros, ela o observou. Coen estava de olhos cerrados.
— Para casa, então?
— Sim, para casa…