O Monarca do Céu - Capítulo 288
Delta do Dizarok.
No coração do árido deserto de Caliman, uma cidade resplandecente emergia como um oásis de riqueza e esplendor. Erguida nas margens do Delta do Dizarok, ela era uma visão de contrastes deslumbrantes, onde a opulência se mistura com a natureza exuberante.
As estruturas de mármore branco cintilavam sob o sol escaldante, refletindo sua imponência em todos os ângulos. E, como joias preciosas espalhadas pela areia dourada, o ouro e as pedras preciosas adornam fachadas, portais e detalhes arquitetônicos.
Cada rua era uma obra-prima de design, com ladrilhos cuidadosamente colocados em padrões intrincados que desenhavam passagens sinuosas e acolhedoras.
A população, vestida em trajes exuberantes e coloridos, contribuía para a exuberância da cidade. Mulheres com elegância usam shaylas, hiyabs e al-almiras adornados com joias de ouro que brilhavam ao ritmo de seus passos.
Os homens exibiam brincos e braceletes de ouro, suas roupas densas e coloridas refletindo sua identidade e posição.
No centro da capital, imponente e majestoso, ergue-se o castelo do imperador, uma visão de grandeza que se estende pelo horizonte.
Suas torres de mármore banhadas a ouro parecem tocar o céu, enquanto as joias incrustadas nas paredes capturam a luz do sol como estrelas cintilantes.
Era o epicentro do poder, uma fortaleza luxuosa onde decisões eram tomadas e a realeza residia.
A cidade não era apenas um enclave de riqueza e ostentação, mas também um oásis verdejante. Ruas arborizadas com palmeiras e outras plantas resistentes do deserto proporcionavam sombra e alívio do calor sufocante.
Rios fluíam livremente através de canais bem cuidados, trazendo vida ao coração do deserto e mantendo a cidade florescente.
Assim, essa cidade no deserto de Caliman, no Delta do Dizarok, revelava uma síntese fascinante entre a opulência humana e a harmonia da natureza em um cenário aparentemente improvável.
Na vibrante rua de comércio do Delta do Dizarok, os sentidos são despertados por uma profusão de cores, aromas e sons.
Esta artéria movimentada era o epicentro do comércio e da cultura, onde a riqueza das joias e a vida selvagem da região se uniam em uma tapeçaria exótica.
À medida que se percorria a rua, bancas repletas de joias preciosas brilhavam como estrelas em uma noite estrelada. Pedras preciosas lapidadas meticulosamente e incrustadas em ouro e prata eram exibidas com orgulho, atraindo olhares curiosos e admirados.
Os reflexos multicoloridos das gemas dançavam à luz do sol, criando um espetáculo hipnotizante.
Ao lado das joias, comerciantes exibiam uma variedade fascinante de animais exóticos, de pequenas aves coloridas a criaturas exóticas do deserto.
Gaiolas ornamentadas e barracas espaçosas abrigavam criaturas vibrantes e, às vezes, até mesmo místicas, enriquecendo a experiência com a vida selvagem da região.
Entre os tesouros de joias e os animais exuberantes, estatuetas de raposas capturavam a atenção de todos os que passam. Espalhadas por toda a cidade, essas estátuas representam um símbolo reverenciado na cultura local — a raposa, associada à sagacidade, astúcia e inteligência.
Seja em mármore branco, cerâmica colorida ou outros materiais, as estatuetas de raposas eram artesanais com detalhes impressionantes, cada uma contando uma história única.
A rua era uma sinfonia de vozes, conforme vendedores interagem com clientes em diversos idiomas e dialetos.
Os aromas flutuam pelo ar, misturando o perfume das joias com o aroma terroso do Delta do Dizarok.
Era um lugar de encontros culturais e trocas comerciais, onde a essência do deserto e da vida selvagem se encontrava com a expressão humana de beleza e criatividade.
No meio das pessoas, três Caídos se disfarçavam, usando roupas grossas e coloridas. A Bruxa da neve usava uma espécie de Shayla na cabeça, escondendo também os seus lábios.
Walorin assumiu a dianteira adentrando uma casa de mármore branco e desceu calmamente as escadas para o porão, acompanhado de Var’on e da bruxa.
Assim que chegou no porão, os orbes de luzes acenderam, iluminando um canal que ficava abaixo da cidade.
La estava uma mulher de braços cruzados, uma figura cativante situada nas sombras frescas, envolvida em trajes desertos exuberantemente coloridos.
Sua pele negra parecia absorver a própria essência do calor, mas era protegida pela dança suave das vestimentas vibrantes.
O corpo dela era uma manifestação da beleza natural que o deserto moldou com suas curvas graciosas e contornos suaves, mesmo que ocultos sob as camadas têxteis.
Cabelos cacheados, como cachos de ébano entrelaçados, caíam delicadamente sobre seus ombros, adicionando um toque de enigma e encanto à sua presença. A intensidade dos olhos esverdeados era como um oásis de vida em meio à areia dourada, um olhar que parecia conter um mistério profundo e uma sabedoria ancestral.
Seus lábios eram um testemunho da natureza exuberante do deserto, cheios e sensuais, prontos para sussurrar segredos do vento e histórias da terra. Brincos de ouro de argola adornam suas orelhas, refletindo o brilho dos orbes com um brilho convidativo. Cada toque de ouro parecia harmonizar-se com a aura cintilante que emanava dela.
— Você está atrasado! — disse ela apoiando as mãos na cintura. — Sabe quanto tive que pagar para liberarem esse canal para você?
Walorin deu de ombros e abriu um sorriso de canto.
— É por isso que te amo! — Ele jogou uma moeda de ouro nas mãos dela. — Isso é pelo incômodo.
O Caído entrou em uma canoa e seus companheiros o seguiram, com a mulher encarando-os desconfiada.
— E quem são esses?
— Essa é a Bruxa e esse é Var’on! Sinto muito, querida, mas estamos com pressa. Se nos der licença…
— Sabe que a segurança está alta, não sabe?
— Sim, eu sei, vou ser rápido.
Ela cruzou os braços e espremeu a vista. — Não quero me encrencar por ajudar você, então vou desaparecer da cidade.
Walorin abanou as mãos. — Tá, tá, até mais.
A mulher chutou o toco onde a corda segurava a canoa e ele começou a se mover pelo túnel, iluminado por um minúsculo orbe na ponta da pequena canoa.
A bruxa e Var’on ficaram em silêncio esperando ele explicar-se.
— O que foi? Esse imperador maluco tá mandando para a guilhotina qualquer um que ele tenha uma mínima suspeita de desafiar seu reinado.
Var’on relaxou, dando um longo suspiro.
— É, eu sei. Ele assumiu seu reinado tem pouco tempo, não é? Soube que os Ubiytsys ajudaram a colocá-lo no trono.
Walorin assentiu. — Tem boatos que a família real do antigo imperador está viva, e a maioria os prefere do que o imperador atual. Às vezes rebeldes tentam ataque ao castelo, e o imperador retalha matando algumas pessoas para passar uma mensagem.
A bruxa ergueu uma das sobrancelhas. — E você vive aqui? Nesse caos?
Walorin deu de ombros. — Fazer o quê, eu gosto de uma bagunça, hehe!
— E o nosso alvo, esse tal Monarca das Sombras, como ele é? — indagou Var’on.
— Esse é o braço direito do imperador, praticamente um lacaio fiel — respondeu Walorin despreocupado. — Julgando pelo que sei, ele é a criatura mais poderosa de Caliman, e assim que o derrotarmos, esse país inteiro vai se afundar em sangue, uma corrida para o novo imperador iniciará enquanto o imperador atual fará de tudo para se manter no poder. Não será nada bonito.
— E as habilidades dele? — indagou a bruxa. — Sabe de alguma coisa?
— Habilidades? Não. Nunca o vi lutar, será novo para mim também.
Após fazer muxoxo, ela jogou sua Shayla para trás, revelando seu cabelo branco e orelhas pontudas. — Se ele for realmente tão poderoso, a gente precisará de um plano muito bem estabelecido.
Walorin abanou uma das mãos.
— Não, a gente não precisa — respondeu. — Assim que a gente começar isso vai ficar uma bagunça. É inútil formular um plano agora.
Ela cruzou os braços.
— Tá, tá, mas se isso sair de controle a gente volta, entendeu? Senhor Coen nos mandou cumprir essa missão, mas não faremos isso se todos morrerem.
— Você está tensa à toa — disse Var’on. — Não existe oponente para a gente nesse mundo, com exceção daquele vampiro e da apóstola do Deus Morto.
Ninguém disse mais nada e ficaram em silêncio enquanto aquela canoa avançava pelo canal passando por debaixo da cidade de Caliman. Enquanto avançavam, haviam pequenos postos de comércio estabelecidos nos canais abaixo da cidade.
Ali se vendia de tudo, principalmente artefatos mágicos que eram de grande valia naquele mercado paralelo. No meio da multidão, um homem observou a canoa passar ligeira pelo canal.
Durou um instante, mas ele reconheceu aqueles rostos que por sorte não o notaram.
“Caídos? Aqui?”
Elhad puxou a touca colorida para baixo, sombreando seus olhos. Entregou moedas ao dono do estabelecimento, que estava sentado em um tapete no chão.
— Obrigado!
Ele enfiou uma adaga dourada na bainha em sua cintura e caminhou até um garoto que estava ao longe vendo um homem tocar flauta enquanto serpentes com venenos mortais passavam por seus ombros.
— Garoto, vamos!
— Mas acabamos de chegar!
— Não discuta comigo.
O menino estava coberto por camadas grossas de pano da cabeça aos pés, deixando seus braços, suas canelas e seus olhos amarelos expostos, cada dobra e tecido parecendo contar histórias de longas jornadas sob o sol escaldante.
— Aonde a gente vai?
Elhad caminhou para o canto e subiu uma escada. Caminhou pelo mais absoluto breu, saindo no porão de uma loja de conveniência e caminhou mais um pouco deixando aquela loja pela porta da frente.
— Senhor Elhad! — chamou o garoto que o seguia. — Onde estamos indo? O que está acontecendo?
Ainda sem dizer nada, Elhad adentrou em um beco e depois adentrou os fundos de uma casa, adentrando enfim um quarto. Retirou a touca que tapava sua cabeça e puxou um baú que estava debaixo da cama, abrindo-o.
O menino também tirou os panos que cobriam sua cabeça.
Sua pele era negra e seu rosto era adornado por orelhas pontudas, uma herança do mundo élfico que concedia um toque de encanto exótico à sua aparência.
Seus olhos eram intensos e esverdeados, como esmeraldas líquidas brilhando sob o sol impiedoso.
O cabelo escuro era exuberante e partido ao meio, enquadrando seu rosto com mechas suaves que pareciam capturar os raios do sol que escapavam nas frestas do teto.
A escuridão do cabelo contrastava com os olhos esverdeados, criando um fascinante equilíbrio de cores que cativava quem o contemplasse.
O jovem não hesitava em adornar-se com adereços de ouro na orelha, um toque de luxo que contrastava com a simplicidade do deserto, mas que também refletia sua própria individualidade e herança real.
— Os caídos estão aqui, e aonde eles vão trazem uma onda de morte.
O garoto que não tinha mais que onze anos não estava entendendo o rumo daquela conversa.
— Senhor Elhad… eu não…
— O canal subterrâneo passa debaixo do castelo do imperador, e como são os caídos que estão indo para lá, não é fácil cogitar o que acontecerá com essa cidade…
O garoto permanecia com seu olhar de dúvida e Elhad continuou.
— Temos que estar preparados. Você fica aqui escondido, entendeu? Espero que a confusão aconteça, então posso aproveitar o caos e resgatar Sashri.
— A sua amiga?
Elhad assentiu. — Com ela a salvo a gente pode voltar as preocupações para sua irmã. Um amigo meu se tornou Rei, ele pode proteger o legado da família real de Caliman, e assim que as coisas se acertarem, ele ajudará você a assumir o trono e cumprir a promessa que fez ao seu pai. — Elhad pegou uma bolsa-cinto, amarrando na cintura. — Se esconda, mesmo quando ouvir os barulhos fique escondido, entendeu?
Determinado, o garoto assentiu.
— Muito bem! — Elhad afagou os cabelos dele. — Não precisa ter medo. Você governará esse país um dia, e um governante covarde não dura muito.
Colocando o pano sobre a cabeça, Elhad se aproximou da porta. — Eu vou voltar, não se preocupe.
O garoto correu até Elhad e abraçou suas pernas, e ele retribuiu afagando os cabelos dele.
— Se cuida, senhor Elhad!
— Pode deixar.
“Certo, espero que vocês sejam barulhentos e exagerados como sempre, estou contando com isso! Aguenta mais um pouco, Sashri, estou chegando!”