O Monarca do Céu - Capítulo 292
Determinação de Gelo.
Gelo começou a se espalhar rapidamente pelos destroços do castelo, mas parou quando entrou no raio de ataque do Monarca, sendo destroçado pela mana sombria do mesmo.
Dobrando os joelhos, Walorin e Var’on saltaram para longe, indo para cima de pilares destruídos observando aquele lugar que aos poucos cedia espaço para o frio glacial.
Erguendo o indicador, o Monarca concentrou uma esfera escura na ponta dos dedos e atirou contra a bruxa que ergueu uma parede de gelo antes, mas aquilo não foi o suficiente para pará-lo.
A esfera atravessou a parede e ela foi obrigada a se abaixar.
“Se essa escuridão absoluta me pegar, já era!”
A Bruxa ergueu suas mãos com ímpeto, invocando os elementos que a definiam: água e gelo. A partir das pontas de seus dedos, um véu de vapor de água surgiu, dançando ao redor dela como uma aura, enquanto cristais de gelo reluziam sob o sol.
Concentrando-se, ela lançou uma torrente de água em direção ao Monarca, que se evaporou em um espetáculo de vapor, obscurecendo a visão.
Wooosh!
O Monarca, envolto nas sombras, emergiu das névoas e retalhou o ar com gestos sinistros. Sombras surgiram ao seu redor como serpentes vorazes, serpenteando pelo chão e pelos escombros.
Com um movimento implacável de suas mãos, ele projetou as sombras em direção à Bruxa, tentando envolvê-la em seu domínio nefasto. No entanto, a Bruxa respondeu com velocidade, erguendo uma barreira de gelo e água que brilhava com o reflexo do sol. As sombras esbarraram na barreira, dissipando-se e se desfazendo em fumaça negra.
“Então é isso, Monarca das Sombras? Quer me enfrentar em uma luta direta?”
A bruxa então tomou uma postura defensiva, formando esferas de gelo em suas mãos que giravam em torno dela como guardiãs gélidas.
O Monarca avançou, desafiando a barreira de gelo e água com a magia sombria que emanava dele. As esferas de gelo colidiram com as sombras, resultando em um choque de elementos opostos.
Boooom!
A energia liberada criou uma explosão de neblina gelada, que se dissipou gradualmente para revelar os dois adversários em pé, olhando fixamente um para o outro.
Em um movimento surpreendentemente rápido, a Bruxa empurrou suas mãos para frente, fazendo com que a água do ambiente se condensasse ao redor do Monarca. Gotas d’água transformaram-se em gelo e caíram como uma chuva repentina, e o Monarca teve que se esforçar para desviar e dissipar o gelo que o envolvia.
No entanto, ele não parou, concentrando sua magia das sombras em um poderoso ataque. Sombras contorcidas e escuras formaram uma espiral em suas mãos, lançando um projétil de escuridão em direção à Bruxa.
Ela ergueu um escudo de gelo, o qual se rachou sob o impacto das sombras.
Crack!
Mas ela não foi vencida.
“Não tenho vantagem em lutas de curta distância, então vou ser obrigada a elevar um pouquinho o nível desse combate!”
[Floresta de gelo!]
Com um grito, ela lançou um último ataque, combinando suas habilidades de água e gelo. Uma torrente congelante envolveu o Monarca, transformando suas sombras em cristais de gelo negro. A magia sombria foi congelada e neutralizada, e o Monarca das Sombras ficou preso em uma prisão de gelo e água.
No calor da batalha, a Bruxa não hesitou em continuar seu ataque implacável. Mantendo a torrente congelante, ela comprimiu o gelo negro que envolvia o Monarca das Sombras, endurecendo-o cada vez mais.
O Monarca lutou ferozmente para se libertar, mas o gelo tinha um poder inexorável sobre ele, prendendo-o em seu abraço gélido. Enquanto o gelo se espalhava, cristalizando as sombras e tornando-as frágeis, o Monarca parecia perder gradativamente sua força.
Com um esforço anormal, o Monarca convocou as últimas reservas de sua magia sombria. As sombras ao seu redor ondularam e rugiram, buscando romper as correntes de gelo que o mantinham cativo.
Por um momento, a Bruxa teve que canalizar todas as suas energias para manter a prisão de gelo intacta. A luta de vontades continuou, com a Bruxa e o Monarca travando um combate interno, cada um buscando prevalecer sobre o outro, até que o gelo que prendia o Monarca rachou e estilhaçou-se.
Scrash!
Os estilhaços transformaram-se em vapor assim que tocaram a pele pálida da bruxa.
Enquanto o Monarca direcionava seu olhar ao redor, uma visão perturbadora se revelava diante dele. Além dos escombros do castelo, a extensão gélida parecia se estender como uma praga incontrolável em direção à cidade, um gelo absoluto que avançava como uma erva daninha implacável.
— Você é resistente — disse ela ofegante. — Mesmo após lutar contra Walorin você continua com toda essa força monstruosa…
Nuvens de vapor saíam da boca do Monarca que estava com um dos joelhos apoiados no chão. O calor que antes sentira desapareceu por completo, dando lugar a um frio glacial.
“Meus movimentos estão lentos e sinto o meu corpo pesado”, pensou o Monarca, “Preciso desfazer esse gelo ou isso ficará ainda mais problemático.”
Com um esforço hercúleo, o Monarca das Sombras ergueu-se do chão, suas mãos trêmulas erguidas em direção ao céu. Seu olhar se tornou selvagem e impiedoso, sua aura sombria se intensificando em um tom enegrecido.
Um sorriso sinistro curvou seus lábios enquanto ele levantava o braço para o céu, convocando um poder ancestral.
O ar pareceu distorcer-se ao redor do Monarca enquanto um enorme círculo mágico enegrecido se materializava acima dele, nos céus.
Uma sensação de opressão e escuridão preencheu o ar, como se o próprio mundo estivesse se dobrando sob a vontade do Monarca. Uma espada de sombras enorme, tão negra quanto a noite mais escura, começou a descer do círculo mágico, brilhando com uma aura sombria e ameaçadora.
— Ei, ei, isso é sério? — Walorin preparava-se para fugir.
— Tsc — reclamou Var’on. — Eles querem nos envolver nisso?
A espada de sombras desceu com velocidade vertiginosa, cravando-se no solo do campo de gelo com um impacto ensurdecedor.
Scrash!
O gelo, já enfraquecido pelos ataques anteriores, rachou e estalou violentamente, incapaz de resistir à força das sombras.
Os cristais de gelo que haviam sido formados pela magia da Bruxa foram arremessados pela cidade, espalhando-se como estrelas cadentes pelo céu e deixando um rastro de brilho gélido em seu caminho.
O buraco resultante da colisão da espada de sombras com o campo de gelo se expandiu rapidamente, engolindo os escombros e a terra congelada.
Aquele solo tremeu com a violência do impacto, criando uma cratera profunda e sombria. A espada de sombras permaneceu cravada, irradiando uma energia enigmática que parecia consumir a luz ao seu redor.
O Monarca das Sombras se ergueu lentamente, apoiando-se em cima do pomo da espada de sombras como se fosse uma extensão de sua própria vontade.
Seus olhos brilhavam com um brilho sombrio enquanto ele observava o caos que havia desencadeado. A ameaça que ele representava agora estava mais imponente do que nunca.
A cidade estava mergulhada em um silêncio sombrio, todos os olhares fixos na figura sinistra que dominava a cena.
A batalha não estava encerrada; pelo contrário, estava prestes a atingir um novo nível de intensidade, onde as forças do gelo e das sombras se enfrentariam mais uma vez.
A Bruxa estava posicionada em um ponto elevado, equilibrando-se sobre um pilar majestoso esculpido de gelo.
O contraste do calor ambiente com a brisa gélida gerava um vento cortante, que agitava com vigor suas roupas coloridas, criando uma dança frenética ao redor dela.
Seu cabelo branco e longo flutuava em um emaranhado de fios, sendo acariciado pelas rajadas de vento, enquanto um sorriso intrigante se moldava em seus lábios.
— Você de fato é muito forte — gracejou a Bruxa. — Se não fosse nossa missão matá-lo, poderíamos ter nos dado bem.
— Quer que eu me sinta melhor com isso? — Ele ergueu a mão na direção dela. — Saibam que não sou Ultan, não vão conseguir me vencer!
A bruxa assentiu.
— Você tem razão, está longe de ser Ultan, mas vai ser derrotado como ele foi por um único motivo. — Ela ergueu o indicador. — Não importa se me matar ou matar meus companheiros, a gente vai sempre retornar enquanto você fica cada vez mais fraco. Talvez se estivéssemos sozinhos você já teria nos derrotado.
Partículas d’água começaram a se formar entorno dela, dando forma a três esferas do tamanho de bolas de basquete. Duas de d’água e uma de gelo.
— Tenho que te dar os créditos por superar Walorin fisicamente e ter superado o meu gelo, você é mesmo impressionante, mas minha mana está acabando e sem ela, eu meio que me torno inútil, hehe, e também não quero perder para aqueles dois na competição.
O monarca continuava parado, tendo suas vestes açoitadas pelo vento forte.
— Todos vocês são tagarelas assim? — ele indagou manifestando sua mana.
A bruxa deu de ombros.
— A maioria.
Com uma inclinação do corpo, o Monarca lançou-se dos escombros da espada, pairando no ar por um instante antes de se lançar em um movimento veloz em direção à Bruxa.
Sua magia das sombras estendia-se à sua volta, como uma extensão de sua própria vontade.
As esferas de água e gelo começaram a girar em torno da Bruxa em um frenesi hipnotizante. Com um movimento brusco, ela lançou as esferas em direção ao Monarca. As esferas de água zumbiram pelo ar, cada uma carregando uma força avassaladora.
A esfera de gelo, por sua vez, brilhava com um brilho glacial, emanando frio intenso.
O Monarca das Sombras desencadeou sua magia sombria, criando cortinas de escuridão que se erguiam ao seu redor como sombras agitadas.
Splash! Splash!
As esferas de água se chocaram contra as sombras, explodindo em nuvens de vapor. A esfera de gelo colidiu com um muro de sombras, causando uma colisão de elementos opostos, que resultou em uma explosão de energia cintilante.
Boom!
Enquanto as explosões reverberavam pelo campo de batalha, a Bruxa aproveitou a oportunidade para saltar para longe e convocar outro pilar de gelo sob seus pés.
Ela se elevou acima do caos, usando o pilar como plataforma para observar o Monarca das Sombras com uma análise afiada. O Monarca, por sua vez, havia criado uma névoa de sombras ao seu redor, obscurecendo sua forma e tornando-o uma figura sinistra e enigmática.
“Aí vem ele!”
Com um rugido de fúria, o Monarca das Sombras emergiu da névoa de sombras, lançando-se em um ataque implacável em direção à Bruxa.
Boom!
O pilar de gelo tremia sob a força do impacto, mas a Bruxa manteve sua posição com firmeza. Ela invocou uma parede de água diante dela, usando-a como escudo contra os ataques das sombras do Monarca.
Então ela saltou novamente, criando outro pilar e ainda mais esferas, lançando-as na direção do Monarca novamente.
Foi como se ambos estivessem brincando de pique, com a Bruxa criando pilares e o atacando enquanto fugia, indo direto para a cidade.
As pessoas que ainda estavam próximas começaram a se dispersar com medo de serem atingidas naquela batalha brutal.
“Precisa ser mais esperto que isso se quiser me vencer, Monarca das Sombras!”
A batalha épica chegava a um clímax, com a Bruxa e o Monarca das Sombras se enfrentando em uma luta de elementos e magias poderosas.
Enquanto o gelo e a água da Bruxa rivalizavam com as sombras do Monarca, o cenário era um espetáculo de luz e escuridão em constante conflito. Cada movimento, cada feitiço, era um teste de força e vontade, enquanto os dois adversários buscavam sobrepujar o outro.
Foi quando a Bruxa finalmente parou conjurando um último pilar de gelo. O Monarca também parou em cima de um telhado, sentindo a brisa gélida.
Quando olhou ao redor, observou parte da cidade congelada. Cristais de gelo estavam por todo lugar até onde sua vista conseguia enxergar.
— Hihi! — Ela sorriu com a mão apoiada sobre os lábios. — Demorou, mas consegui.
A respiração do Monarca ficou mais pesada, e o frio que sentira era algo inexplicável.
— Normalmente eu teria conseguido nos primeiros cinco minutos, mas você é forte demais. Não sou tão forte quanto os meus companheiros, por isso uso outros meios para lutar. O ar gelado que você respira, essa atmosfera, as minúsculas partículas de gelo ao seu redor… sou eu quem controla tudo isso, sabia?
O Monarca diria algo, mas sentiu uma forte dor no pulmão. A Bruxa estendeu a palma da mão na direção dele e crispou os dedos.
— Finalmente tenho controle absoluto sobre você, Monarca das sombras.
Ele arregalou os olhos quando percebeu que não conseguia mais se mover.
— O quê?!
Dobrando os joelhos, ela saltou para próximo dele.
— Prontinho! Meninos, terminei!
Walorin e Var’on apareceram com semblantes irritados.
— Isso não é justo! — reclamou Walorin fazendo beicinho. — Sua habilidade é anormal demais, não concordo com isso!
— Não seja um mal perdedor — disse ela afastando uma mecha de cabelo para detrás da orelha pontuda. — Aposta é aposta, vou pensar no artefato que pegarei de vocês, hihi!
Var’on nada disse, apenas coçou a nuca e balançou a cabeça fazendo uma careta estranha.
— Sangue? — murmurou o Monarca imóvel. — Você controla sangue?
— Sim. — Ela foi para a frente dele. — Normalmente consigo dominar sangue da maioria das pessoas bem rápido, mas fazer isso com gente forte como você é como uma disputa de cabo de guerra. Preciso mudar as coisas para me favorecer. Algum último pedido?
— … Como o Calimaniano voltou dos mortos?
De costas, ela apontou o dedão para Var’on. — Meu amigo aqui tem a essência da vida. Você não teria chance de nos vencer mesmo se quisesse.
— … Então é isso…
— Não se preocupe — disse Walorin aproximando com as mãos nos bolsos. — Você renascerá em um mundo abençoado pela magia.
— Agora tchauzinho! — A Bruxa torceu o ar como se estivesse com uma camisa molhada em mãos.
Scrash!
O Monarca se retorceu por completo, seus ossos triturados e sangue respingando para todo lado.
— Pronto, vamos sair daqui — disse a bruxa dando as costas para o corpo retorcido do Monarca. — As coisas vão ficar agitadas aqui. Pretende continuar em Caliman, Walorin?
Ele começou a segui-la entrelaçando os dedos atrás da cabeça.
— O imperador está morto, né? Isso aqui se tornará uma zona de guerra. Acho que tirarei férias no Norte agora.
— Não tem espaço para você na minha casa — respondeu a Bruxa rispidamente.
— Você vive sozinha em um palácio — disse Var’on caminhando ao lado deles com as mãos nos bolsos. — Não é como se ele fosse morar com você.
— Vai ficar do lado dele agora?
Aqueles três continuaram se afastando, sumindo no horizonte. Elhad os encarou, o garoto Calimaniano estava em seus braços.
— Melhor a gente ir — disse ele encarando Sashri lá em baixo. — Se formos até a fronteira consigo um barco para navegarmos na areia antes que esse país inteiro se transforme em um inferno.
Sashri havia se trocado, vestindo uma camisa branca, calças de couro e botas. Usou as ataduras em alguns de seus ferimentos e já estava pronta para sair da cidade o mais rápido possível.
— Certo, o plano é chegar até Colin, né?
— Sim, quando alcançarmos o território dele devemos ficar seguros.
— E eu que estava querendo descansar um pouco…
Dobrando os joelhos, Sashri foi para cima do telhado.
— Vamos chegar logo à fronteira antes que ela fique tumultuada.