O Monarca do Céu - Capítulo 294
Velho Amigo.
Em uma vila penuriosa no império do Sul, um grupo de pessoas haviam se juntado, pessoas resgatadas por Brighid, Sylvana e Eden. Apesar do líder dos cultistas continuarem enviando mais e mais inimigos, nenhum deles era páreo para ela.
As mulheres e crianças salvas foram levadas para uma vila desabitada, e lá fizeram o seu abrigo, cuidando umas das outras da maneira que conseguiram. Não era fácil conseguir comida no inverno, então Eden e Sylvana as ajudavam do melhor modo caçando alces, cervos e qualquer animal de porte grande.
Muitas delas viram como Brighid era poderosa, e sua gentileza era tão grande quanto sua força. Sem os filhos, ela se sentia sensibilizada a ajudar todas aquelas pessoas que haviam perdido suas casas, seus maridos e ficaram à mercê de pessoas cruéis.
Para aquelas mulheres, ela havia se tornado uma salvadora, e algumas até conheciam sobre a Santa de Valéria.
Esculpiram totens dela, e até começaram a orar para a fada adorando sua imagem.
Para não deixar aquelas pessoas sozinhas, Eden e Sylvana faziam a segurança do pequeno vilarejo, protegendo-os de milícias do Sul, monstros e até grupos de mercenários.
Já Brighid, continuava sua cruzada solitária. Seu anel de casamento já conseguia absorver mais mana que o desejado, deixando-a em vantagem contra os cultistas que não eram páreos para sua técnica com a esgrima e sua manipulação de mana, que mesmo em níveis baixos era o suficiente para lidar com seus oponentes.
Deixando o acampamento sob custódia daqueles dois, Brighid foi atrás do rastro de mana que era semelhante ao de Sylvana. O plano era que o mestre dela fosse encontrado para assim partir rumo as montanhas na esperança de derrotar o líder dos cultistas.
Brighid trajava vestes escuras que cobriam seu corpo da cabeça aos pés, deixando apenas seus intensos olhos verdes à mostra.
As roupas eram feitas de tecidos pesados e resistentes, adequados para enfrentar o rigoroso inverno que assolava a região.
Um manto longo e envolvente envolvia seu corpo, projetando uma sombra sutil enquanto ela se movia. A escuridão do tecido contrastava com a palidez de sua pele exposta, criando um efeito enigmático. O manto era adornado com detalhes intrincados, como bordados em relevo que evocavam símbolos místicos e rúnicos.
O corpo curvilíneo e atraente dela se destacava mesmo sob as camadas de tecido escuro. Sua silhueta era acentuada pelas vestes ajustadas na cintura, revelando uma figura elegante e sedutora.
Na cintura, uma bainha continha uma katana reluzente, cujo cabo encaixava-se perfeitamente em suas mãos.
O lugar onde estava foi o esconderijo de alguns cultistas há semanas atrás, mas as casas estavam queimadas, e animais selvagens alimentavam-se dos inúmeros corpos retalhados pelo local.
Agachada, ela analisava os cortes dos membros decepados. Eram extremamente limpos, e até havia buracos, mas nenhum sinal do projétil que os atingiu.
“Foi o mestre de Sylvana que fez isso? Pelo jeito que morreram, ele deve ser um usuário do vácuo. Melhor continuar procurando.”
Usando a análise, Brighid avistou a centelha de uma flecha de vácuo vindo em sua direção. Ela sacou ligeiramente sua espada e a rebateu, afastando a neve sobre seus pés com a onda de choque causada pelo golpe.
Ting!
Foi um golpe pesado, mas não o suficiente para fazer as defesas de Brighid cederem.
Tombando a cabeça para o lado, ela esquivou-se de outra flecha que arrancou alguns fios de seu cabelo. Seus olhos esverdeados procuraram a origem do ataque e percebeu que ele havia vindo do meio dos escombros.
“Um cultista sobrevivente? Talvez seja a pessoa que fez tudo isso, mas ele não parece querer papo!”
Ting!
Mais uma flecha de vácuo foi destruída pela fada que dobrou os joelhos e avançou na direção de onde todos aqueles disparos haviam sido feitos.
Vush! Vush!
Ela deu passo para o lado esquivando-se de uma flecha e depois abaixou-se esquivando da outra. Brandiu sua espada e viu um homem coberto da cabeça aos pés em meio aos escombros segurando um arco enorme.
“Achei você!”
Por debaixo daquelas roupas estava Kurth, assustado de ver que seus golpes, o qual foram o suficiente para acabar com cultistas, agora eram inúteis.
“Merda, essa cultista é rápida, deve ser alguém da elite! Devem tê-la mandado aqui para ver o que aconteceu, tsc! Que saco!”
Kurth saltou deixando os escombros e puxando firmemente a corda do seu arco com seu braço enfaixado. Ele franziu o sobrolho e disparou, mas sua flecha estava acompanhada de uma quantidade considerável de mana, e Brighid percebeu isso.
Estava perto demais para que ela esquivasse, então usou a mana do seu anel de casamento e cobriu sua lâmina com ela.
Ting!
Ela bloqueou aquele ataque, mas os ossos de seu braço vibraram. Foi jogada para trás e derrapou na neve enquanto mantinha o equilíbrio, assumindo sua forma de saque.
Woosh!
Um corte arqueado foi na direção do garoto. A única coisa que ele pôde fazer foi atirar outra flecha, deixando as magias colidirem.
Boom!
Uma nuvem de neve foi erguida, nublando a visão de ambos, mas Brighid continuou avançando, deixando a nuvem de neve, aparecendo na frente de Kurth pronto para cortá-lo.
“Merda! Ela é boa!”
Ting!
Com o arco em mãos, Kurth se defendeu, mas foi a vez dele de sentir os ossos do seu braço vibrarem. Não foi um golpe pesado, mas extremamente técnico, o que era ainda mais perigoso.
O impacto jogou suas mãos que seguravam o arco para o ado, deixando uma abertura. Brighid cingiu a espada acima da cabeça e preparou-se para decapitar Kurth, mas ele colocou seu braço enfaixado na frente.
Ting!
Ao atingir o braço, Brighid sentiu um impulso que a forçou recuar um salto. Derrapou na neve por alguns metros e ficou ali, observando o seu oponente. As faixas do braço de Kurth foram reveladas, aquele era um braço artificial, acinzentado e repleto de runas que brilhavam em um púrpuro vibrante.
— Não devia ter feito isso! — disse o garoto com a voz abafada pelo pano que tapava sua boca. — Agora não tenho outra escolha a não ser acabar com você!
O brilho púrpuro em seu braço se intensificou, até que cobriu todo seu corpo. Ele guardou o arco enorme em um gancho em suas costas que o prendia e conjurou uma espada de vácuo. Era longa e imperceptível.
Agachada, Brighid o observava por completo.
“Entendi, o braço deve ser uma arma de liberação de mana. As runas cravadas nele são semelhantes às runas no meu anel de casamento. Se todo aquele braço conseguir acumular mana, então terei problemas.”
Kurth dobrou os joelhos, manteve contato visual com sua oponente por alguns segundos e ambos avançaram na direção do outro.
Ting! Ting! Vush! Ting!
Mesmo não conseguindo avistar a lâmina, Brighid acompanhou o movimento do braço de Kurth, rebatendo a lâmina e se esquivando sem grandes dificuldades. Os movimentos de Kurth eram precisos e rápidos, mas Brighid era infinitamente superior quando se tratava de técnica de combate. Percebendo que a diferença de habilidades começava a se tornar evidente, Kurth liberou ainda mais mana, focando na força bruta.
Ting!
Seguindo os movimentos de Kurth, Brighid usou sua Katana para se defender. O golpe foi tão pesado que a tirou do chão, lançando-a três metros para cima.
Até mesmo ela ficou impressionada e, ao mesmo tempo, assustada, ao ver que Kurth preparava uma estocada. Concentrando mana em seu braço, Kurth estocou o ar.
Brighid acompanhou os movimentos de seu oponente e colocou a katana na frente, bem onde deduziu que o golpe a atingiria.
Ting!
Foi como ela havia previsto.
O golpe pesado fez os ossos de seu braço trincarem, e afastou seu corpo ainda mais do chão. Kurth dobrou os joelhos e concentrou ainda mais mana.
Aquele seria o golpe decisivo.
Brighid não pareceu esboçar qualquer tipo de dor, ela não tinha tempo para isso. Seus olhos se concentraram em Kurth, depois ela olhou para a mão dele onde supostamente estava a espada, olhou para os braços e por último olhou para baixo.
Bam!
Kurth saltou, segurando sua espada feita de vácuo com ambas as mãos e o corpo coberto por mana.
Antes de parti-la ao meio, Brighid criou um círculo mágico abaixo de um de seus pés, usando-o como suporte em pleno ar. Saltando por cima de Kurth, cobrindo sua katana com toda a manta contida em seu anel de casamento e cortando as costas do garoto enquanto completava a cambalhota por cima dele.
Swin!
Sentindo as costas arderem, Kurth olhou por cima dos ombros, vendo aquela mulher cair graciosamente na neve enquanto segurava a katana em forma de saque.
A neve entorno dos pés de Brighid afastou-se em uma rajada de vento enquanto a mana em sua katana ficava agitada, como se estivesse envolta por chamas esmeralda.
Ela suspirou, deixando vapor sair por sua boca.
[Fulgor Arcano].
Seu movimento sutil de espada cortou o ar na forma de cruz, lançando ondas de mana cortante em Kurth que ainda não havia se recuperado do golpe anterior.
Desesperado, ele ergueu o braço rúnico na direção dos cortes.
A mana do golpe de Brighid começou a ser sugada pelo braço de Kurth antes mesmo de alcançá-lo, mas ele sentiu que havia algo de errado, não havia como parar aquele golpe.
Scrash!
O seu braço rúnico rachou e foi destruído, enquanto o corte em formato de cruz de Brighid o acertou em cheio no torso, mas com a potência inicial extremamente reduzida, porém, forte o suficiente para matá-lo.
— Acabou. — Brighid devolveu sua Katana a bainha antes mesmo do corpo de Kurth encontrar-se com a neve.
Cof! Cof!
“Ele continua vivo?”
Brighid apoiou a mão no cabo da katana e começou a caminhar na direção de Kurth. À medida que se aproximava, ela começou a sentir-se apreensiva, como se não quisesse chegar até aquele homem caído.
Seu olhar se alargou, seus olhos se encheram de horror.
— Kurth?! — exclamou ela, as mãos trêmulas cobrindo a boca — Pelos doze, o que eu fiz?!
Desesperadamente, ela correu até ele, abaixando-se para encará-lo de perto.
A alegria do reencontro foi obscurecida pelo medo avassalador de perdê-lo para sempre.
Kurth apresentava duas feridas profundas em seu peito. Seu braço dilacerado jorrava sangue, e sua respiração se tornava cada vez mais pesada.
— Se… Senhorita Brighid?