O Monarca do Céu - Capítulo 296
Para além do mar astral.
Colin desembarcou nas areias douradas da Terra do Plano Astral. Seus pés afundaram levemente na areia fina e quente, como se estivesse pisando em um sonho materializado. Uma brisa suave soprava, trazendo consigo uma sensação de calma e mistério.
Os olhos de Colin percorreram o horizonte vasto e etéreo. À sua frente, estendiam-se planícies ondulantes, cobertas por uma grama dourada que cintilava sob a luz suave. A vegetação parecia vibrar com uma energia mágica, emanando um brilho sutil que banhava o ambiente em tonalidades etéreas.
Ao longe, montanhas majestosas erguiam-se como sentinelas gigantes, suas silhuetas envoltas em névoa mística. As encostas íngremes e rochosas pareciam desafiar a gravidade, como se a própria natureza fosse moldada por vontades divinas.
Colin respirou profundamente, inalando o ar puro e energizante do Plano Astral. O céu acima dele era um espetáculo de cores celestiais, com tons de azul-celeste mesclando-se a matizes iridescentes. Nuvens etéreas flutuavam lentamente, tomando formas inusitadas que desafiavam a compreensão humana.
Leona pegava a areia e jogava para cima, fascinada com a poeira dourada que ela deixava. Heilee estava quieta vislumbrando o entorno, e Sirela ainda estava na água, com medo de avançar para a terra firme.
Determinada, ela nadou até a margem e se arrastou na areia, ficando ali sentada esperando que algo acontecesse, mas nada aconteceu.
— Então não funcionou? — indagou Leona.
— Acho que não… — Sirela forçou um sorriso. — Tudo bem, eu não esperava que funcionasse, hehe, desejo boa sorte em sua viagem. — Ela se arrastou até o mar. — Só tomem cuidado, vocês podem ser confundidos com o devorador de Deuses, então sejam cautelosos, está bem?
Aquelas duas ficaram cabisbaixas por Sirela não poder acompanhá-las, já que passaram dias conversando incessantemente.
Colin olhou para uma e depois para a outra.
— Sirela! — ele chamou. — Sabe usar magia?
Ela não entendeu a pergunta, mas assentiu.
— Bem, eu não sou tão forte quanto vocês, mas sei falar com animais… peixes, principalmente, também sei muito sobre a árvore do pélago e consigo nadar bem rápido.
Colin suspirou.
“Só coisa inútil…”
Ele coçou a nuca. — Bem, areia não é necessariamente terra firme, então acho que você tem que se afastar um pouco mais e ver se sua magia funciona.
O silêncio imperou por alguns segundos até que foi quebrado por Leona.
— Isso aí! — Ela caminhou até a água. — Vem, Sirela, vamos até a terra firme como mestre Colin sugeriu. — Leona a colocou debaixo da cintura enquanto a sereia permaneceu assustada. — Vamos!
Leona dobrou os joelhos e saltou, saindo da areia e indo parar morro acima, colocando Sirela no chão.
O mar se despediu dela, e ela sentiu uma energia mágica pulsante percorrer cada célula de seu ser. Gradualmente, sua forma começou a se transformar.
Suas escamas iridescentes se fundiram e se suavizaram, revelando uma pele macia e imaculada. A cauda de peixe, símbolo de sua vida aquática, se fragmentou e se transformou em duas pernas perfeitamente formadas.
As orelhas pontiagudas, distintivas dos tritões, encolheram e se mesclaram perfeitamente aos contornos de sua cabeça, deixando em seu lugar delicadas orelhas humanas. Seu corpo adquiriu as proporções e as curvas suaves dos mortais, e seus cabelos se desdobraram em uma cascata brilhante que agora caía sobre seus ombros.
Sirela respirou profundamente, enchendo seus pulmões de ar pela primeira vez fora d’água.
Tentou ficar de pé, mas suas pernas trêmulas bambearam. Leona a ajudou a se levantar, e ela conseguiu dar seu primeiro passo, depois outro e mais outro.
Segundos depois ela e Leona estavam correndo em círculos como se fossem duas crianças.
— Vista isso. — Colin jogou o seu casaco para a garota, ficando apenas com sua camisa preta que realçava bastante o seu físico. — Moças não devem andar nuas por aí, então é melhor a gente ir andando.
Sirela assentiu e vestiu o casaco de Colin que era grande e largo, caindo perfeitamente nela como um vestido que ia até um pouco acima dos joelhos.
— Claymore continua apontando para o leste, então é lá que deva ser o nosso objetivo.
— Senhor Colin — Sirela apontou para as montanhas ao longe. — Se a gente for por ali, poderemos deixar a borda e ir para o verdadeiro plano Astral!
“Verdadeiro plano Astral?”
— Do que você está…
— Essa é a borda, mas a gente pode continuar, tem uma cidade há alguns meses de distância daqui, vem!
Empolgada, Leona começou a correr atrás de Sirela enquanto Heilee ficou ao lado de Colin.
— Senhor… ela está mentindo, não está? Ela já esteve aqui antes, né?
— É provável. Seja o que for que ela estiver escondendo, a gente descobrirá.
Continuaram caminhando pelo gramado vivo, sentindo a brisa que vinha das montanhas. No céu, seres alados os observavam enquanto empunhavam lanças.
Elas tinham asas enormes, orelhas de Elfos, cabelos cumpridos e pele roxa. Suas sobrancelhas eram grossas e longas, e seus olhos eram brancos como neve.
— É ele? — indagou um dos seres. — Ele é o Devorador de Deuses?
— Não sei, mas você viu, não viu? Eles mataram um astral encouraçado sem dificuldades, podem muito bem-estar aqui para causar problemas, se não forem o Devorador, podem ter vindo para se juntar a ele, temos que avisar a Rainha.
— Concordo!
Batendo as asas, aquelas duas desapareceram voejando para o Norte. Sua presença não passou despercebida por Colin, ele ficou atento, se perguntando se os seres que os observavam iriam se mostrar, no fim, acabaram indo embora.
[…]
Cruzaram as pradarias, as montanhas e enfim chegaram a um lugar fascinante. Na borda de uma praia sem mar, viam um espaço infinito envolto em um mar de prata reluzente, onde redemoinhos de cores piscavam no horizonte, e fragmentos de matérias de outros planos permaneciam a deriva, flutuando pelo infinito como se fossem pequenas ilhas.
Diferente do mar astral anterior, ali não havia nenhum ponto de referência, nem acima e nem abaixo. Também não havia peso, mas a matéria ainda mantinha a inércia, onde se jogasse um objeto ele seguiria seu curso até se chocar com algo.
Olhando para baixo, eles viram um corpo enorme flutuando à deriva. Estava sem as pernas e os braços, parecendo mais uma forma rochosa e estéril.
— Isso é…
— Um Deus — respondeu Sirela. — Ou era… é isso que acontece quando eles perdem devotos. — Por aqui! — Sirela foi para o canto. — Esse parece ser um bom lugar, não acha?
— Bom lugar?
Empolgada, ela assentiu.
— Somos um grupo bem chamativo, os Githyanki devem aparecer em breve!
Colin ergueu uma das sobrancelhas.
— Quem?
Ela apontou para o horizonte. — Ali!
Os navios astrais dos Githyanki eram esculpidos a partir de materiais mágicos e resistentes, como aço élfico e metalith. Suas formas eram sinuosas e angulares, com uma estética única e exótica.
Githyanki eram seres humanoides altos e esguios com pele pálida e cabelos escuros. Possuem olhos penetrantes e afiados, com uma intensidade que reflete sua natureza guerreira e implacável.
Alguns dos guerreiros Githyanki montavam seus imponentes dragões vermelhos, criaturas de escamas resplandecentes e asas majestosas, que dominavam os céus ao lado de sua frota flutuante no plano astral.
Os guerreiros Githyanki, trajavam armaduras escuras adornadas com runas místicas, pareciam pequenos em comparação com a grandiosidade das criaturas aladas que montavam.
Enquanto os dragões batiam suas poderosas asas, criando correntes de vento que estremeciam o espaço ao redor, os Githyanki empunhavam suas armas afiadas e erguiam seus escudos gravados com símbolos ancestrais. Eles voavam em formação, como uma tempestade rubra que rasgava o éter astral.
Era uma visão impressionante.
As criaturas urraram e gritavam coisas que nenhum deles entendia.
— O que a gente… veio fazer aqui exatamente? — indagou Colin de braços cruzados.
— A gente vai roubar o barco deles e ir até onde você quer, é mais fácil assim, não concorda?
Colin a encarou de canto e suspirou. — Certo, vamos lá.
— Espera! — Sirela tocou a testa de Colin com indicador, depois de Leona e por último de Heilee. — Prontinho!
Eles se perguntaram o que ela havia feito, até ouvirem a voz dos Githyanki nitidamente.
— Matem o grandão e deixem as mulheres vivas!
Após coçar a cabeça, Colin suspirou novamente. — Por que sempre querem me matar primeiro?
— Mestre, não destrua todos os barcos! — disse Heilee.
— Pode deixar.
Colin dobrou os joelhos e saltou. A inércia do ambiente o fez flutuar bem rápido, quase como se voasse.
Ele encontrou seu destino nas costas majestosas de um imponente dragão, e a criatura Githyanki se sobressaltou diante de sua inesperada presença.
Sem perder tempo, Colin desembainhou a espada que repousava em sua cintura e se lançou em um golpe rápido e mortal. A cabeça do Githyanki foi separada de seu corpo antes que pudesse retaliar.
Com habilidade impressionante, Colin atravessou o pescoço do dragão com sua lâmina Gram, e lançou-se em direção ao próximo alvo.
Absorvendo com a mão direita a tempestade de fogo que jorrava da boca da fera alada, Colin desferiu um golpe certeiro que resultou na decapitação do segundo dragão.
Sua queda graciosa o conduziu ao convés de um dos barcos da frota Githyanki, cuja estrutura lembrava a de um veleiro.
A aparição de Colin provocou uma onda de apreensão entre os Githyanki, que agora se viam diante de um adversário poderoso.
Dois deles avançaram audaciosamente, apenas para serem cortados ao meio por um movimento arqueado e ágil do Errante. Outros tentaram lançar magias de fogo e água em sua direção, mas ele absorveu as magias e respondeu decapitando os magos com um golpe certeiro.
Swin! Swin!
Colin brandiu sua espada com maestria, cortando os mastros dos navios inimigos e fazendo-os desabar em uma chuva de destroços no convés.
O caos resultante reduziu as embarcações a escombros flutuantes, condenados a vagar eternamente pelo plano astral.
Com um salto ágil, Colin avançou para a próxima embarcação, permitindo que a lâmina dançarina seguisse seu próprio caminho.
A espada perfurou as asas de um dragão, lançando a criatura em um estado de desorientação que a levou a colidir violentamente com o convés de outra embarcação, destruindo mastros e causando estragos.
Com os punhos cerrados, Colin desferiu um golpe poderoso no próprio navio em que se encontrava, dividindo-o ao meio com uma força devastadora, então saltou para a embarcação onde o dragão agonizava.
Ele estendeu a mão e apanhou sua espada que foi voando até sua palma, decapitando a fera. Ao tocar o corpo do dragão, este começou a se desfazer em cinzas, consumido pelo toque do Errante.
[Nova conjuração adquirida: Dragão Vermelho].
Os destroços dos navios antigos se chocavam entre si, desencadeando uma carnificina que aniquilou uma frota inteira em questão de segundos.
Saltando para o último navio disponível, uma caravela solitária, Colin observou com satisfação os seus adversários saltarem desesperadamente da embarcação para evitar seu destino inevitável.
Um sorriso sutil se desenhou em seus lábios enquanto ele cruzava os braços, contemplando a magnitude da destruição que ele mesmo havia causado.
A lâmina Gram, em sua dança incansável, avançou pelo espaço, trespassando o peito de todos os Githyanki que ainda tinham o azar de estarem vivos.