O Monarca do Céu - Capítulo 298
Confronto Voraz.
Ting!
Como se movida por uma força invisível, a Alada e Colin foram separados, lançados para lados opostos do campo de batalha cósmico. Ainda tonto com o impacto, Colin mal teve tempo de recuperar o fôlego quando seus olhos se encontraram novamente com os da Alada.
O brilho dourado de sua lança apontada diretamente para ele, pronta para ser lançada com fúria implacável.
Num gesto rápido e preciso, a Alada arremessou a lança em direção a Colin, sua trajetória se assemelhando a um raio fulminante cortando os céus.
O Errante mal teve tempo de reagir, mas antes que pudesse considerar rebater o ataque, uma visão desconcertante se desenrolou diante de seus olhos.
A Alada, com uma agilidade desconcertante, surgiu diante de Colin como se tivesse se teletransportado instantaneamente. Seus dedos envolviam a lança com firmeza, impedindo que ela atingisse seu alvo original.
Com um movimento veloz e preciso, a Alada alcançou a lança a poucos centímetros de Colin, seu golpe certeiro visando perfurar o tórax do Errante.
Crash!
No entanto, para surpresa e perplexidade da Alada, sua lança encontrou apenas a resistência da camisa rasgada de Colin, revelando uma pele áspera e inquebrável.
Um sorriso astuto se formou nos lábios da Alada enquanto ela observava o Errante. Era evidente que aquele embate não seria tão simples como imaginara.
Impulsionando-se com um bater de asas poderoso, ela se afastou, ascendendo aos céus do plano astral, mantendo uma distância segura.
“Não é só a pele dele que é resistente, há uma fina camada de mana o envolvendo como se fosse uma armadura natural… isso não me deixa dúvidas, ele é o devorador de Deuses, não há outra explicação para que ele saísse ileso do golpe de minha lança abençoada pela própria Vallkuna!”
Colin também analisava sua adversária.
“Ela é forte, muito forte. Se nossa batalha fosse em uma cidade, ela já estaria em pedaços. O último golpe dela foi pesado, que sorte que Ayla me ensinou a refinar minha mana, caso contrário ela teria atravessado o meu peito… hehe, ela é mais forte que Leyvell, deu para sentir. Meu corpo ainda se arrepia só de imaginar aquela lança atravessando minha defesa.”
Enquanto os olhos da Alada permaneciam fixos em Colin, um turbilhão de pensamentos se desenrolava em sua mente. Estratégias e possibilidades traçavam linhas imaginárias em sua consciência, preparando-a para a próxima investida.
Enquanto Colin enfrentava a Alada, do outro lado do campo de batalha, a outra Alada estava engajada em um duelo frenético contra Leona.
A Alada concentrava seus esforços em ataques de curta distância, buscando ferir Leona de todas as formas possíveis. No entanto, a pandoriana mostrava uma flexibilidade e agilidade impressionantes, desviando dos golpes com destreza e parecendo se divertir em meio àquele confronto mortal.
A Alada se lançava com velocidade, lançando golpes precisos em direção a Leona, mas a pandoriana se movia com uma elegância e leveza que desafiavam as leis da gravidade. Ela esquivava-se com uma graça felina, deslizando de um lado para o outro, como se estivesse participando de uma dança mortal. Seus reflexos afiados e sua agilidade permitiam-lhe evadir-se dos ataques com uma facilidade desconcertante.
— Fique quieta, maldita cadela!
— O que foi? Não consegue acompanhar? — Leona rebateu a lança para o lado com uma adaga e com a outra abriu um corte na máscara dourada da Alada, saltando para trás em seguida. — Você é mais fraca que sua amiga, né? Merda! — Ela fez beicinho. — Mestre Colin sempre fica com a melhor parte…
Aquelas palavras deixaram a alada enfurecida.
— Não me subestime!
Em um momento de intensa concentração, a Alada canalizou uma explosão de mana que irrompeu de seu ser. A energia mágica pulsava em suas veias, alimentando sua lança com um poder formidável.
Com um movimento rápido e preciso, ela lançou um golpe arqueado de mana, com a lança cortando o ar em direção à ilha onde Leona se encontrava.
Porém, diante desse ataque formidável, Leona demonstrou sua agilidade inigualável. Com uma simples movimentação fluida, ela deu um passo para o lado, deixando o corte arqueado passar direto.
O poderoso golpe da Alada encontrou apenas o vazio, cortando o ar e acertando em cheio a ilha que estava logo atrás de Leona.
A ilha foi atravessada pelo corte poderoso, partindo-se ao meio como se fosse uma frágil folha de papel.
Fragmentos de rocha e terra foram lançados ao redor, criando uma chuva de destroços que deixava claro a magnitude do ataque.
— Você tem muita sorte, sabia? — provocou Leona. — Se eu tivesse minhas adagas Ante-Magia, você já estaria morta!
Furiosa e com os olhos faiscando de raiva, a valquíria alada desviou seu olhar para o local onde sua companheira travava uma batalha frenética.
No exato momento em que seus olhos se fixaram na luta, um vislumbre chocante capturou sua atenção. Colin, o Errante, segurava sua companheira pela cabeça, imobilizando-a em um movimento impressionante.
Um círculo mágico pulsante surgiu abruptamente sob os pés de Colin e, com uma destreza surpreendente, Colin utilizou o círculo para se impulsionar e girar, levando consigo a Alada para o chão.
Em meio ao movimento fluido, a cabeça da valquíria alada foi brutalmente direcionada em direção ao solo da ilha.
Boom!
O impacto foi avassalador.
A força do golpe ecoou por parte do plano astral, fazendo com que a ilha tremesse sob o poderoso choque.
O solo rachou e se fragmentou, engolido pela destruição, reduzindo-a a destroços em uma fração de segundos.
Antes mesmo que pudesse recuperar o fôlego, Colin moveu-se com uma agilidade impressionante. Com um movimento fluido, ele estendeu a mão e agarrou a lança dourada que voava pelo ar, impulsionada pela força do confronto.
Sem hesitação, ele direcionou a ponta afiada da lança em direção às asas de sua oponente, perfurando-as com precisão.
Crash!
Um som estrondoso ecoou pelo plano astral enquanto a lança se cravava profundamente nas asas da Alada, prendendo-a ao solo da ilha que se encontrava logo abaixo deles. A força do golpe era evidente, pois uma das asas dela estava agora imobilizada, presa em uma cruel armadilha de metal.
A ira da Alada a consumiu como um fogo ardente.
Um rugido gutural escapou de seus lábios, ecoando pelo espaço ao seu redor.
Movida pela fúria, ela tomou uma decisão ousada e desesperada. Sem hesitar, rasgou brutalmente suas próprias asas, libertando-se do cativeiro imposto pela lança.
Erguendo-se do solo, a Alada soltou um grito primal, uma mistura de dor, raiva e excitação. Ela arrancou a lança do chão com um movimento rápido, empunhando-a com uma ferocidade renovada.
Seus olhos brilhavam com uma intensidade selvagem enquanto ela avançava na direção de Colin, pronta para retaliar com toda a sua força.
Ting!
Colin sentiu a adrenalina pulsar em suas veias enquanto derrapava alguns metros, esquivando-se habilmente da lança dourada que passou perigosamente próximo de seu flanco direito.
O som metálico reverberou pelo plano astral, ecoando como um aviso mortal.
Ting! Ting! Ting!
Os golpes pesados da Alada continuavam a desferir-se com força implacável, buscando romper a defesa de Colin. Cada impacto vibrava em seus ossos, testando sua resistência e tenacidade. No entanto, o Errante mantinha-se firme.
Seu corpo se movia com destreza, dançando entre os ataques da Alada. A cada golpe evitado, ele respondia com uma precisão calculada, rebatendo as investidas com maestria.
Os tingimentos metálicos enchiam o espaço, uma sinfonia de batalha em que Colin era o maestro, conduzindo o fluxo do combate.
A força da Alada não era um empecilho para Colin.
Ele tinha pleno controle sobre aquele confronto, antecipando os movimentos de sua adversária e respondendo com movimentos calculados.
Cada bloqueio, cada esquiva era executado com confiança, demonstrando sua habilidade incomparável.
Os músculos de seu braço estavam em chamas, os ossos vibravam com a intensidade dos embates, mas Colin permanecia inabalável. Seu olhar era concentrado e penetrante, refletindo a determinação e a convicção de sua vitória iminente.
Enquanto a batalha prosseguia, os choques metálicos ecoavam pelo plano astral, marcando o confronto épico entre Colin e a Alada.
Nenhum deles recuava, nenhum deles cedia terreno.
Porém, o destino daquele embate estava nas mãos habilidosas do Errante, cuja destreza e domínio do combate se tornavam evidentes a cada golpe trocado.
— Você é muito forte e muito rápida! — disse Colin enquanto trocavam golpes. — Se eu te enfrentasse alguns meses atrás, teria sido destruído!
— Não preciso dos elogios do meu inimigo!
Ting!
Ela impulsionou seu golpe com uma força avassaladora, fazendo Colin derrapar por mais alguns metros e saltar para outra ilha em uma tentativa desesperada de escapar.
A Alada veio em um mergulho vertical, sua lança apontada para baixo, e o impacto de seu ataque reduziu aquela ilha inteira a escombros em uma explosão tumultuosa.
Boom!
Sirela observava com olhos arregalados a crescente onda de destruição que se desenrolava diante dela. A nuvem de destroços e fragmentos dispersos pairava no ar, testemunha muda da magnitude do confronto.
Engolindo em seco, ela mal podia acreditar no que estava presenciando. Era a primeira vez que testemunhava uma demonstração de poder tão assombrosa, e, para sua surpresa, Colin parecia lidar com tudo aquilo com uma confiança inabalável.
A Alada avançou novamente, girando sua lança com uma velocidade impressionante. Cada movimento era uma tentativa frenética de perfurar a defesa do Errante. No entanto, apesar de seus esforços incansáveis, ela não conseguia feri-lo.
Colin parecia ter antecipado cada movimento, cada investida da Alada, e agia com precisão milimétrica para se esquivar dos golpes.
Em um momento audacioso, Colin deixou intencionalmente sua guarda aberta, atraindo a Alada para um ataque certeiro.
A lança dela voou em direção ao pescoço do Errante, aparentemente prestes a causar um dano fatal. O tempo parecia desacelerar enquanto a lança se aproximava perigosamente de seu alvo.
Seria aquele o fim da batalha? Seria o momento em que a Alada finalmente triunfaria sobre o intrépido Colin? A tensão no ar era palpável, e Sirela prendeu a respiração, incapaz de desviar o olhar do iminente desfecho.
Ting!
Um arrepio gélido serpentou pela espinha da Alada.
Seus olhos, repletos de terror, testemunharam a lança desacelerar abruptamente no ar, condenada a não atravessar a impenetrável pele rígida de seu adversário.
Colin, por sua vez, exibia um sorriso perverso que se alargava em seu rosto.
— Me-Merda! I-Isso é impossível, a lança está abençoad-
Grab!
Como uma cobra ágil, Colin esticou seu braço poderoso, capturando-a pelo delicado pescoço. A força implacável de seu aperto foi suficiente para levantá-la no ar, como se fosse uma simples boneca em suas mãos.
A Alada, desprovida de qualquer resistência, deixou sua arma, a lança, cair estrondosamente aos pés de seu algoz.
Seus pés pedalaram no ar enquanto o ar tornou-se escasso e seu peito arfava.
— Gostei de você — disse Colin. — De verdade, dará uma ótima invocação. Últimas palavras?
Com a outra mão, ele a levou em direção à máscara que encobria o rosto dela, revelando o verdadeiro semblante oculto.
Sob o véu desfeito, emergiu uma Elfa de uma beleza intrigante, sua pele exibindo uma tonalidade roxa cativante. Ondulantes e elegantes, suas orelhas pontiagudas se assemelhavam às sobrancelhas arqueadas.
Porém, o elemento mais surpreendente eram seus olhos, que se destacavam como pérolas alvas em contraste com o exótico tom de sua pele.
— Minha senhora, Vallkuna, acabará com você! — esbravejou em fúria.
Colin retribuiu com um sorriso maligno.
— Estarei a esperando.
Crash!
Com um movimento calculado e preciso, a lâmina dançarina Gram, voejou, atravessou implacavelmente as costas da Alada, cravando-se profundamente no ponto vulnerável de seu plexo solar.
Um jorro de sangue escarlate esguichou de sua ferida, enquanto ela ainda lutava para manter-se consciente.
Por alguns breves instantes, o corpo da Alada parecia resistir, seus braços ainda trêmulos de força. No entanto, a vida começou a escapar de seus olhos, sua essência vital dissipando-se rapidamente.
Enquanto o último suspiro escapava de seus lábios, suas mãos perderam toda a força.
Nesse momento, as tatuagens místicas que cobriam o braço de Colin brilharam intensamente, irradiando uma aura poderosa.
A Alada, agora sem vida, começou a se desintegrar, transformando-se em cinzas que se espalharam pelo vento cósmico.
[Nova conjuração adquirida: Sacerdotisa Alada].
De longe, a companheira da Alada observou com olhos arregalados toda a cena desoladora. Um profundo pavor transparecia em seu olhar, e suas palavras escaparam trêmulas dos lábios entreabertos:
— E-Ele… a devorou?
Impulsionada por asas poderosas, ela se afastou velozmente do campo de batalha, deixando para trás até mesmo as ilhas que antes estavam próximas. Seu coração pulsava acelerado, incapaz de processar completamente o que acabara de testemunhar.
Colin e Leona, tendo sobrevivido à intensidade da luta, aproximaram-se de Sirela e Heilee. A sereia estava atônita com a visão dantesca que se desenrolara diante dela.
— Tsc! — resmungou ela, deixando escapar sua decepção. — Eu queria ter enfrentado a mais forte…
— Você enfrentou o leviatã sozinha — respondeu ele. — Não precisa vir com todo esse drama.
Sirela ficou sem palavras diante da cena que presenciara. Seu espanto e atordoamento eram indescritíveis. Derrotar um soldado de elite daquela forma não era nada comum. As guerreiras de Valkunas eram temidas por sua habilidade em manter a ordem e eram respeitadas por seu poder avassalador.
Durante a batalha frenética, Sirela teve um vislumbre da imensa força que possuíam, mas o que a deixava ainda mais perplexa era a aparente facilidade com que Colin e Leona lidaram com o desafio. Para eles, tudo aquilo parecia não passar de uma mera “brincadeira”.
— Senhor Colin! — Ela estava irritada. — Isso não é brincadeira, aquela Alada pode muito bem falar com Vallkuna e mais Aladas poderosas podem aparecer!
Com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, Colin deu de ombros.
— E daí? Quer que eu faça como você e fique tremendo de medo? Relaxa, se mais Aladas aparecerem a gente dá um jeito, e não precisa desse drama todo, a gente protege você.
— Na-Não é sobre isso!
— É sobre o que então? — Sirela franziu os lábios e ficou em silêncio. A calma deles a deixava incomodada. — Vai ficar tudo bem, fica tranquila. Agora é melhor a gente continuar seguindo para o Leste.
— Como? — indagou Leona cruzando os braços. — Essa ilha que estamos se move na direção errada e não temos mais nosso veleiro.
— Eu já esperava por isso.
Colin assumiu uma postura firme, unindo as mãos em um gesto mágico preciso.
No instante seguinte, um círculo mágico de proporções monumentais surgiu no chão, abrangendo toda a extensão da ilha com um raio de vinte metros.
A energia no ar se intensificou, e diante dos olhos perplexos de todos, um majestoso dragão etéreo emergiu do círculo, o mesmo tipo de criatura que os Githyanki costumavam montar em suas campanhas guerreiras.
— Você é demais, mestre! — Leona dobrou os joelhos e saltou para cima do enorme dragão. — Caramba! Qual a altura disso?
Foi a vez de Heilee saltar enquanto Colin envolveu Sirela com firmeza pela cintura, saltando para as costas do dragão etéreo.
Colin acomodou Sirela nas amplas escamas da criatura e caminhou até a posição próxima ao pescoço. O dragão estremeceu as asas majestosas, batendo-as duas vezes no ar, e em um instante, eles decolaram, elevando-se ao céu astral.
Leona deitou-se descontraidamente, entrelaçando os dedos atrás da cabeça, enquanto Heilee permaneceu em silêncio, apreciando a suave brisa que acariciava seu rosto.
Com os braços cruzados, Colin encarava o horizonte, seus cabelos escuros dançando ao ritmo da brisa gelada.
Para Sirela, era tudo avassalador demais para assimilar completamente.
Como podia seres tão poderosos serem provenientes de planos materiais? E o que exatamente eles buscavam?
As respostas logo viriam, e Sirela sabia que não teria que esperar muito para desvendar os mistérios que os cercavam.