O Monarca do Céu - Capítulo 300
Lua de pedra.
Embora já estivessem voando há pelas menos duas semanas, a mana de Colin não dava sinais de que chegaria ao fim tão cedo. Seu controle sobre ela havia alcançado o nível de um monarca, e sua força colossal o deixava livre, mantendo bem alta sua reserva de mana já que pouco a utilizava.
Sirela ainda estava surpresa em como seres de outros planos eram tão poderosos, principalmente Colin, que estava de pé próximo ao pescoço da criatura etérea. Por um instante, ela se perguntou se ele teria o poder de rivalizar com um dos quatro senhores do plano astral.
— Estamos chegando! Claymore está agitada, parece que nosso destino é aquela esfera.
A frente, havia uma esfera esbranquiçada enorme. Vê-la, fez Colin se lembrar da lua do plano terrestre, porém, em vez de crateras causadas pelo impacto de meteoritos, aquela lua haviam diversos sulcos, desenhando runas enormes por todo seu diâmetro.
— I-Isso é… uma Antares? — Sirela deixou escapar por seus lábios.
— Antares? — Colin a encarou por cima dos ombros.
— Si-Sim! Existem algumas espalhadas pelo plano astral. Dizem que o interior é cheio de artefatos poderosos, e que no núcleo há uma entidade… não é um Deus Esquecido nem nada do tipo, mas é tão poderoso quanto. Mas claro, isso são apenas boatos que já duram milhares de anos, já que por serem perigosas, ninguém mais se atreve a adentrar um Antares.
— Isso! — Leona ergueu os dois braços empolgada. — Finalmente um desafio de verdade!
— Esse lugar parece enorme — disse Heilee. — A gente deve ficar dias lá dentro.
— E daí? — respondeu Leona. — Faz quase meio ano que estamos no plano astral, alguns dias não vão fazer diferença, e depois disso a gente voltará para casa.
Claymore, que antes vibrava como nunca, deixou de emitir qualquer tipo de sinal sem mais nem menos. Aquilo chamou a atenção de Colin que sentiu haver algo errado.
Em instantes, não foi apenas ele que sentiu isso, as garotas também. Logo a frente, uma linha colossal apareceu frente a Antares, cobrindo-a de ponta a ponta. Esse feixe de luz se abriu, transformando-se em um olho avermelhado que cobriu toda a lua de runas.
Foi uma visão aterradora, até mesmo para Colin que naquele momento estava bem confiante de sua força.
Suor seco escorreu pela têmpora de Colin e ele olhou para Sirela por cima dos ombros.
Ela estava em pânico. Seus olhos estavam esbugalhados e seus lábios tremelicavam.
Apontou o dedo trêmulo para o olho que cobria Antares.
— Va-Va-Vallukna!
Colin tornou seu olhar afiado para aquela coisa.
“Então isso é um Deus? Que sensação horrível, me sinto como se fosse ser esmagado a qualquer momento”, Colin abriu um sorriso de canto enquanto apoiava a mão no cabo da lâmina Gram, “É a primeira vez que enfrento um Deus, né? Se terei que enfrentar Drez’gan um dia, então é melhor me acostumar!”
— Se segurem! Vamos avançar!
Sirela não teve reação, se perguntou se ele estava mesmo falando sério.
Em cócoras, Colin tocou as costas de seu dragão e ele foi ainda mais energizado, faíscas dançando violentamente pelo ar. O Tom dourado de suas faíscas ficara em tons ainda mais fortes, até que o dragão cruzou aquele cosmos em um piscar de olhos, transpassando o enorme olho.
Swin!
Sua lâmina Gram conseguiu cortar aquilo, mas ele não sentiu nada. Foi como cortar o vazio.
“Uma ilusão?”
Quando se deu conta, ele estava sobrevoando Antares, com suas runas colossais ainda mais evidentes, porém, ele ainda estava atento ao seu redor. Foi quando viu uma Alada os observando.
Sua armadura consistia em placas metálicas brilhantes, protegendo seu peito, ombros e braços. Sua armadura era adornada com detalhes dourados e filigranas intrincadas, conferindo-lhe uma aparência nobre e requintada. Ele usava um elmo impressionante com uma crista e penas na parte de trás.
Suas asas eram enormes e plumadas, atingindo facilmente os cinco metros.
Ela também empunhava uma poderosa espada de grande porte. A espada era longa e imponente, com um cabo ornamentado e uma lâmina afiada.
Seu elmo era adornado com chifres, simbolizando sua natureza divina.
— Vallkuna? — indagou Colin com um sorriso. — É você mesma ou outra subordinada poderosa mandada para ser abatida?
Ela nada disse, apenas apontou a espada na direção de Colin que cruzou os braços frente ao rosto. Leona pegou Sirela pela cintura e tanto ela como Heilee foram para trás de Colin.
Swin!
Uma rajada de cortes se deslocou pelo ar, atingindo Colin em cheio. Seu corpo grande conseguiu proteger suas companheiras, mas sua camisa ficou em trapos, assim como o seu dragão que acabara obliterado, desfazendo-se em faíscas que se dissiparam pelo ar.
Por sorte, sua pele havia alcançado um nível extremo de rigidez, deixando-o intacto. Com o dragão desfeito, um círculo mágico apareceu abaixo de Leona, e ela ainda segurava Sirela debaixo do braço.
Heilee também estava de pé em seu círculo mágico, mas Colin permanecia em queda livre, indo em direção ao chão rochoso de Antares.
A Alada abriu as enormes asas e as bateu.
Boom!
Ela era tão rápida, que assim que terminou seu movimento ouviu-se uma explosão no solo de Antares, com pedaços de rochas voejando e uma nuvem de poeira subindo.
Apesar de estarem perto de Antares, a distância ainda era bastante longa, deixando evidente aquela velocidade assustadora.
Foi quando notaram que fora Colin que foi atingido por aquilo.
Vush!
Ele havia deixado a nuvem de poeira, derrapando entre os sulcos marcados em rocha bruta. Parando de derrapar, ele abriu um sorriso, limpando o sangue do canto de seus lábios.
Ao bater de asas, a Alada fez toda aquela nuvem de poeira se dissipar.
“Que velocidade monstruosa, ela não é nada comparada aquelas Aladas, seu poder está muito além!”
A Alada apontou a espada para Colin novamente, e antes que ele pudesse se mover para defender-se, uma rajada de cortes o atingiu, deixando ainda mais suas roupas em frangalhos, mas dessa vez havia um empecilho, alguns cortes tiveram o poder de feri-lo.
“Ela está se adaptando ao meu corpo?”, Colin energizou todo seu corpo com uma aura elétrica dourada e avançou na direção da Alada. Sua arrancada fez parte do solo rochoso se deslocar em uma explosão ensurdecedora, como se ali tivesse sido acionada uma bomba.
Boom!
“Certo! Se você é mais rápida que eu, então…”.
Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.
— Então eu sou bem mais forte que você!
Ting!
O impacto daquele golpe desencadeou outra explosão, levantando outra nuvem de poeira, mas rapidamente, algo saiu dela. Colin estava com pequenos arranhões no seu corpo, mas aquilo pareceu não o abalar.
Ele cingiu a espada acima da cabeça, e seus raios amarelos mesclaram-se a raios negros, envolvendo toda extensão de sua espada.
Cabrum!
Colin cortou o ar, atingindo quase que instantaneamente a nuvem de poeira formada, deixando-a ainda maior.
“Agora!”
Um círculo mágico formou-se abaixo dos pés de Colin e ele usou como apoio, esquivando-se para o lado.
Boom!
Uma ilha que planava ao longe fora completamente destruída e a Alada deixou a nuvem de poeira, chocando sua espada longa com a dele, fazendo faíscas dançarem entorno deles. Por um instante, o tempo pareceu parar, e seus olhos se encontraram. Mesmo debaixo daquele elmo, Colin viu olhos poderosos, e a Alada teve um vislumbre de olhos ensandecidos.
Ambos apertaram novamente o cabo de suas espadas e envolveram ainda mais mana naquele segundo golpe brutal de suas lâminas.
Ting!
A pancada lançou ambos para trás, suas lâminas tremendo sem parar. Em outro movimento rápido, a Alada lançou uma rajada de cortes que o acertaram em cheio, fazendo seu sangue salpicar ao redor.
Não se sentindo abalado, Colin lançou outro corte de raios na direção da Alada, mas em vez de se esquivar, ela o rebateu, fazendo destruir uma ilha ao longe. Em um movimento de retorno, ela cortou o ar, lançando um corte profundo no tórax de Colin, fazendo ainda mais do seu sangue resvalar.
— Senhor Colin! — berrou Sirela desesperada. — Vocês têm que ajudá-lo!
Leona e Heilee estavam paradas em cima de seus círculos mágicos assistindo à luta sem sequer piscar. A pandoriana estava empolgada, enquanto Heilee permanecia séria.
— É impossível a gente se aproximar — disse Heilee. — Senhor Colin é mais rápido e mais forte que a gente. Se ela está conseguindo fazer tudo isso com ele, então significa que nós não teríamos chance. Só iriamos atrapalhar.
Sirela engoliu em seco, focando naquele combate monstruoso que se formava a sua frente.
A camisa de Colin estava completamente destruída, deixando apenas partes de sua calça. Nem seus calçados estavam inteiros.
Mesmo sangrando de vários lugares, ele não parava de sorrir. Segurou a espada ao lado do corpo e soltou um suspiro tórrido por seus lábios.
— Se seu nome, clamo, seu nome, eu invoco-
Crash!
A Alada não o deixou terminar o encantamento, lançando outra onda de cortes em sua direção, mas aquilo só serviu para ele dar uma pequena pausa.
— Aquilo que rasteja no solo, também rasteja no céu, e eu, sou aquele que está acima de todos eles. Poeira de fogo, água fervilhante, o céu desaba e a terra se desfaz. O poder existe para obedecer ao mais forte, então me obedeça, Fulgor da Centelha Celestial!
A lâmina Gram foi envolta por faíscas púrpuras, que também percorreu todo corpo de Colin. Suas feridas estavam se fechando, sendo cicatrizadas em uma velocidade impressionante, fazendo a Alada emitir pela primeira vez alguma reação desde o começo do combate.
Os cabelos escuros de Colin começaram a chacoalhar, como se estivesse envolto por uma rajada de vento. O que sobrou de suas vestes foi destruído, deixando-o completamente nu enquanto o medalhão que ganhou de Brey balançava em seu pescoço e, de seus olhos brancos, escapavam faíscas serpenteantes.
— Agora, sim, vamos conversar de igual para igual!
A Alada mal piscou os olhos e aquela lâmina envolta por raios púrpuros estava a poucos centímetros de seus pescoços. Por pouco, ela desviou, e a onda de choque daquela espada causou uma explosão ao longe, uma explosão enorme que fez parte de Antares tremer, mas Colin não parou por aí, moveu-se ainda mais rápido na intenção de acertá-la.
Vush! Vush! Vush!
À medida que se esquivava, as explosões aumentavam, sacudindo aquela lua rochosa. A Alada também envolveu sua mana poderosa em sua enorme lâmina, e ao invés de se esquivar, suas lâminas colidiram-se, ecoando um estrondo poderoso que fez parte do solo rochoso de Antares trincar.
Boom!
Eles estavam disputando força, até que a Alada rebateu a espada de Colin para seu lado esquerdo e cravou sua espada no ombro dele, entrando alguns centímetros em seu trapézio.
Com a mão direita, Colin segurou o pulso dela, mas a Alada conseguiu afundar ainda mais sua lâmina na carne do Errante. Alcançou a clavícula, até que sentiu sua força se esvair.
“O que está… acontecendo”, ela ainda forçava sua espada, “Ele está… devorando a minha mana?”
Colin abriu um sorriso maior que seu rosto.
— Dessa vez você não me escapa!
Crash!
Com a lâmina Gram em sua mão direita, ele a empalou, mas aquela Alada não era uma adversária qualquer, ele precisaria de mais para superá-la.
Crash!
Ambos se afastaram após ferirem um ao outro. Colin não conseguiu mover mais o braço esquerdo, deixando-o molenga.
Sua forma poderosa desapareceu, desfazendo-se em faíscas, deixando seu cabelo atrapalhado cair sobre sua testa suada.
A Alada permanecia de longe com um buraco no estômago, analisando seu adversário.
“Ele está cansado… é por isso que não está se curando? Precisa de um tempo para recuperar as energias e avançar?” O Olhou de cima a baixo, “Esse garoto, ele é mesmo o Devorador de Deuses? Parte da minha mana foi sugada, mas…”
— O-O senhor Colin vai… — Sirela deixou seu desespero escapar dos seus lábios.
— Ele tá bem! — disse Heilee com os olhos fixos naquele combate.
— Be-Bem? Aquela ferida vai matá-lo!
— Fica calma — disse Leona com um sorriso. — O Mestre usou apenas o básico.
Ainda sendo segurada pela cintura por Leona, Sirela engoliu em seco.
“Tudo isso foi apenas o básico?”
Colin recuperou sua postura. Alisou o cabelo para trás e abriu um sorriso convencido.
— Preciso matar você quantas vezes, hein?!
A ferida no abdômen da Alada começou a se curar.
— Quem é você? — ela indagou. — É mesmo devorador de Deuses?
— E se eu for? Vai fazer o quê?
Ela apontou a espada para Colin. — Darei um fim a você em nome de todos os Deuses desse plano.
As feridas de Colin começaram a se curar e ele também apontou para a Deusa. Esticou a mão e finalmente Claymore manifestou-se em sua mão na forma direita em uma adaga ornamentada.
Após ambos banharem seus corpos com mana, eles avançaram.