O Monarca do Céu - Capítulo 301
Dentro do labirinto.
Nota do Autor: Já fazem mais de trinta dias desde o último capítulo, então farei um resumo breve dos principais acontecimentos dos últimos capítulos.
Resumo do Arco do Plano Astral:
Os exércitos nômades do Norte avançaram implacavelmente, conquistando o que restava das terras de Ultan, enquanto a paz parecia um sonho distante.
Colin e sua segunda esposa, a rainha Ayla, optaram por acender as chamas da guerra em vez de buscar um acordo, desencadeando um conflito que abalou as fundações do reino.
A razão por trás desse conflito era um intricado jogo de intrigas que se desenrolava entre nobres e a família real.
Os nobres, sempre astutos, conspiravam nas sombras, mas a rainha, com a astúcia de uma serpente, estava sempre um passo à frente. Após descobrir as traições, ela forjou um pacto sombrio com os principais nobres traidores.
Ela prometeu-lhes as terras de Ultan que conquistassem, com a guilhotina como uma alternativa assustadora, forçando, assim, a guerra a seu favor.
Os exércitos privados das casas nobres marcharam em direção às terras de Ultan, preparando-se para o conflito com os nômades do Norte.
Durante uma reunião com um dos líderes proeminentes da confederação do Norte, Barão Sigurd, a rainha propôs uma aliança para auxiliar o Norte que enfrentava a ameaça tanto dos gigantes do Oeste quanto do exército de Yanolondor do Leste, mas sob a condição de que o Norte se submetesse inteiramente a Runyra.
O barão recusou, resultando em sua morte. Jane assumiu a identidade do barão e continuou a missão de persuadir a confederação.
Enquanto isso, Brighid encontrou Isabella, agora, uma das principais espiãs da Rainha Ayla que habitava o império do Sul, e obteve informações sobre o paradeiro de seu marido, que não via há mais de um ano.
Antes de partir para Runyra, Brighid decidiu confrontar o culto ao Deus Morto, lançando-se contra seus acampamentos. Durante a batalha, ela se deparou com seu antigo parceiro, Kurth, quase tirando-lhe a vida no processo.
Colin embarcou em uma jornada para o plano astral com o objetivo de liberar todo o poder contido na poderosa Claymore. Após superar obstáculos, ele finalmente chegou a seu destino: Antares, uma majestosa construção que abrigava segredos inimagináveis e a verdadeira essência da Claymore.
Os Caídos eliminaram dois possíveis contratos de Colin a mando de Coen, e Coen, ainda enfraquecido pelo brutal combate contra o vampiro mais poderoso daquele plano, enviou Safira para o plano astral com um objetivo simples: despertar todo o poder da foice que ela portava.
No entanto, o plano astral enfrentava seus próprios tormentos, com o Devorador de Deuses aterrorizando divindades por séculos e intensificando seu banquete nos últimos anos.
Colin foi confundido com o Devorador, o que o levou a uma feroz batalha contra uma das subordinadas mais poderosas da Deusa Vallkuna.
Agora, enquanto os exércitos colidem, as conspirações se desenrolam e os segredos do plano astral são revelados, os principais atores na transformação do continente enfrentam um destino incerto.
[Fim do resumo].
O combate na superfície de Antares estava atingindo um novo patamar de intensidade. Cada golpe trocado entre Colin e a Alada era como um choque sísmico, sacudindo a superfície rochosa e enviando pedaços dela voando pelo espaço cósmico.
Ting! Boom!
Uma explosão estilhaçou uma grande parte do solo lunar, arrancando placas inteiras e lançando-as no vácuo do espaço.
Ting! Ting! Boom!
Os dois combatentes se moviam com destreza, desferindo golpes cada vez mais poderosos. Foi nesse momento que a Alada bateu as asas com força e se afastou de Colin, apontando a espada em sua direção.
Em vez de lançar uma nova rajada de cortes, ela convocou um arpão de ar que se materializou ao seu lado e foi disparado em direção a Colin.
[Canção Silenciosa].
Em vez de tentar evitar o ataque, Colin permitiu que fosse atingido em cheio.
Bam!
O arpão de ar acertou seu tórax e o lançou para trás, mas ele se recuperou rapidamente, sem um único arranhão visível.
A Alada franziu o cenho, avaliando a situação. Ela percebeu que Colin não estava simplesmente mais resistente; havia algo mais.
“Ele está mais resistente… não, não é isso”, pensou a Alada, “Seu corpo continua o mesmo, mas há uma fina camada de mana cobrindo sua pele. Esse garoto conseguiu criar algo melhor do que uma armadura de mana natural?! Ele é habilidoso, tenho que acabar com isso!”
[Centelhas do mundo esquecido].
Um enorme círculo mágico se formou atrás da Alada, e uma chuva de centelhas foi lançada em direção ao Errante.
Esses projéteis tinham a aparência de lanças, e onde quer que tocassem, causavam destruição. Uma série de explosões rasgou o solo lunar, levantando uma densa nuvem de poeira à medida que as centelhas se chocavam com tudo em seu caminho.
Boom! Boom! Boom! Boom!
— Ainda não terminei!
A ponta da espada da Alada brilhou intensamente, e então ela disparou.
[Estrela Deforme].
A Alada conjurou um fragmento minúsculo de uma estrela e o arremessou, causando uma explosão quase três vezes maior do que as anteriores.
O nível de brutalidade naquela batalha cósmica já estava em outro patamar, mas a Alada ainda não estava satisfeita.
Ela apontou a espada para cima, e um gigantesco círculo mágico se formou sobre ela.
[Mortalha das Estrelas].
Centenas de fragmentos minúsculos de estrelas foram lançados em direção à nuvem de poeira, criando uma série de explosões ensurdecedoras que ecoaram por milhares de quilômetros.
Boom! Boom! Boom!
Sirela, a sereia, estava espantada, à beira das lágrimas, mas ao olhar para Heilee e Leona, encontrou consolo.
Elas permaneciam calmas, mesmo diante da destruição que se desenrolava diante delas.
A Alada estava ofegante e suava profusamente. Ela havia usado os golpes mais poderosos de seu arsenal em rápida sucessão, e isso a deixou exausta.
“Consegui? Derrotei o Devorador?”
Woosh!
Nesse momento, Gram emergiu da nuvem de poeira, indo em direção ao pescoço de sua adversária.
Ting!
No entanto, a Alada conseguiu rebater a espada a tempo, mas seu coração gelou ao perceber que Colin também havia aparecido. Em pleno ar, ele pegou sua espada rebatida, cortando ambas as asas da Alada antes que ela tivesse a chance de se defender.
[Passos Fantasmas].
Crash!
Colin parecia ter transcendido a si mesmo.
Seus olhos estavam estreitos, parte de seu corpo queimado pelas explosões, mas ele permanecia de pé e firme.
“Merda! Esse garoto… tenho que me apressar!”
Crash!
Antes que a Alada pudesse reagir, um de seus braços foi cortado, levando sua espada junto. Colin segurava firmemente o cabo de sua lâmina Gram, pronto para desferir o golpe final, mas então ele sentiu um arrepio na espinha.
Acima dele, uma pressão avassaladora se fez presente, como se o próprio oceano estivesse suspenso sobre sua cabeça. Uma mão colossal, capaz de engolir toda Antares, emergiu de um portal súbito.
— Leona! — gritou Heilee.
— Eu sei!
Foi nesse momento que Heilee se deu conta de que algo estava terrivelmente errado.
Ela e suas companheiras também sentiram a pressão esmagadora, mas ela vinha de baixo. Ao olhar para seus pés, percebeu estarem na palma gigantesca de algum tipo de titã, e então, antes que pudessem reagir, a mão se fechou, desaparecendo como fumaça e levando as garotas consigo.
Boom!
Colin e a Alada foram brutalmente esmagados pela mão colossal que surgiu dos céus, atravessando o chão rochoso e caindo com uma força titânica no salão da grande masmorra que era Antares.
Após se recuperarem do impacto, eles olharam ao redor, seus olhos se alargando diante da visão que se desdobrava diante deles.
O salão era vasto e majestoso, com pilares de pedra maciços se erguendo até um teto abobadado. Luzes fracas, porém, misteriosamente eternas, iluminavam o ambiente, revelando corredores escuros e passagens que se estendiam até onde a visão podia alcançar.
Por toda parte, corpos mumificados descansavam em nichos habilmente esculpidos nas paredes, vestidos com roupas e armaduras antigas que testemunhavam um passado glorioso.
O chão estava repleto de riquezas, formando um tesouro reluzente que capturava os olhares de Colin e da Alada.
Montanhas de ouro, gemas cintilantes e artefatos ancestrais preenchiam o salão, como testemunhas silenciosas de histórias e conquistas há muito esquecidas.
Era como se estivessem diante de um tesouro há muito perdido no tempo.
No entanto, qualquer esperança de escapar desapareceu quando o buraco no teto da caverna se fechou, selando-os na masmorra.
Colin concentrou mana em sua espada e lançou um corte no teto.
Cabrum!
Mas nada aconteceu.
— É inútil… — murmurou a Alada, enquanto se arrastava até uma das paredes. — Mesmo com nossa força bruta, é difícil escapar de um Antares sem um mapa. Este lugar inteiro foi projetado para manter prisioneiro os guerreiros mágicos, não importa quão poderosos sejam…
Com cuidado, a Alada ergueu a mão em direção ao elmo que cobria seu rosto, deslizando-o para fora.
Os seus traços élficos, ocultos anteriormente, foram revelados. Seus olhos brilhavam em um tom azul-claro profundo, parecendo refletir a vastidão do céu em um dia de verão.
Seus cabelos esvoaçaram em uma cascata imaculadamente branca, as mechas caíam como flocos de neve sobre seus ombros. Cada fio era de uma brancura impecável, criando um contraste deslumbrante com a pele rosada e perfeitamente esculpida do rosto.
O semblante dela era notavelmente belo, com maçãs do rosto delicadamente esculpidas e lábios suavemente rosados.
Sobrancelhas finas e arqueadas adicionavam uma intensidade fascinante ao seu olhar, enquanto o formato refinado do queixo transmitia uma elegância que beirava a realeza.
— Fomos jogados aqui para morrer, devia desistir. — Ela abriu um sorriso de canto, revelando uma pitada de zombaria. — Do jeito que estou ferida, sangrarei até a morte, e você… bem, provavelmente demorará algumas semanas até se juntar a mim…
Colin, entretanto, parecia determinado a não ouvir as palavras pessimistas dela.
Ele começou a andar pelo salão, seus olhos observando atentamente as pilhas de corpos mumificados. Seus passos eram calculados, com a Alada observando-o com crescente interesse.
— Procurando uma saída? Devia desistir… — Ela balançou a cabeça, sua voz transmitindo um toque de exasperação. — Há uma razão pela qual raramente se aventuram nas Antares, é impossível sair sem um mapa… Quantas vezes terei que repetir isso? E nós fomos jogados aqui sem um destino definido, será ainda mais difícil encontrar a saída…
Colin continuou sua busca implacável, decidido a não se render às palavras de desânimo dela.
Ele puxou um dos corpos que se assemelhava a um Elfo, examinando-o com um olhar atento.
Colin rapidamente despiu a camisa escura de mangas longas do Elfo mumificado e a vestiu, o tecido apertado ressaltando seus músculos. Ele avançou pelo salão sombrio e encontrou uma calça escura que também vestiu.
Uma moeda de ouro estava escondida no bolso da calça, e ele optou por deixá-la ali, mantendo-a como uma possível recompensa futura.
Por fim, Colin encontrou um par de botas adequadas e lutou um pouco para calçá-las. Precisava de um lugar para guardar a lâmina Gram, então localizou um cinto de espadas e cuidadosamente a encaixou ali.
A Alada não pôde deixar de expressar sua incredulidade. — Isso é sério? — Ela inclinou a cabeça, um sorriso de deboche no rosto. — Vai mesmo tentar sair daqui? Não ouviu nada do que eu disse?
Colin, no entanto, não se importou.
Ele se aproximou da espada que o braço decepado dela ainda segurava firmemente e, com um movimento rápido, forçou aquele braço decepado a soltar a espada, jogando o braço de volta para a Alada.
— Você fala demais. Antes de eu te matar, me responda uma coisa, onde estão minhas companheiras?
Um sorriso irônico se formou nos lábios dela. — Já que vou morrer, não tenho problema em dizer… Vallukna deve tê-las levado para o reino dos céus… fica bem longe daqui, é provável que leve alguns meses para alcançá-las… sendo sincera, eu desistiria se fosse você, mesmo que consiga sair daqui, não conseguirá vencer senhora Vallukna.
Colin deu de ombros, surpreendentemente calmo. — Ela te jogou aqui para morrer comigo e ainda a trata com tanta cortesia? Isso que é lealdade.
A Alada ficou em silêncio.
Colin continuou questionando. — Sabe quanto tempo leva para completar um Antares?
Ela desviou o olhar, o evitando. — Dependerá de você… pode levar dias, semanas, meses… até mesmo alguns anos… mas julgando sua força, deve conseguir em alguns meses se tiver sorte.
Colin assentiu, satisfeito com a resposta. — E que tipo de perigos costuma ter um lugar como esse?
A Alada tossiu, parecendo desconfortável com o assunto. — Não sei ao certo… talvez algumas criaturas, entidades poderosas… ou quem sabe algum Deus esquecido resida no núcleo dessa Antares…
Colin continuou pressionando. — E em comparação com a sua senhora Vallukna, o quão forte é um Deus esquecido de uma Antares?
Ela ponderou por um momento. — Bom… eles guardam tesouros, artefatos, e provavelmente ninguém se lembra deles… se conseguem fazer tudo isso mesmo sem adoradores, eu diria que eles são tão poderosos quanto minha senhora…
Clang!
A espada da Alada que Colin portava cravou-se no chão com um estrondo, enquanto ele se aproximava dela que jazia no chão, sangrando pelo braço arrancado.
Ele colocou a mão sobre a cabeça dela, fazendo-a estremecer.
— O que você vai-
— Segure o seu coto, vou restaurar o seu braço. — Ele interrompeu-a com uma voz firme.
Ela o encarou com ódio. — Não quero a sua piedade! Seria uma vergonha ser socorrida pelo meu adversário!
— Não seja teimosa, eu só lutei com você porque você estava bloqueando a minha entrada nesse lugar, agora que consegui passar, não tenho mais interesse em você. Se o monstro que guarda esse Antares for tão forte quanto a sua mestra, então vou precisar de toda ajuda para derrotá-lo, e não temos tempo a perder, então faça o que eu digo.
— Tsc! Fazer o que você diz? Você sabe quem eu sou?
— Não me importa quem você é. Ou você coopera, ou faço à força, e nesse estado, você não pode resistir, será ainda mais humilhante.
Ela rangeu os dentes, furiosa. — Seu maldito! Prefiro morrer do que aceitar a sua ajuda!
Colin suspirou e revirou os olhos.
Bam!
Ele deu-lhe um golpe no ombro, fazendo-a perder os sentidos, mas não a consciência.
— Agora sim. — Colin juntou o braço decepado dela ao coto e, com sua mão livre, tocou a testa dela. — Esse golpe é um truque que aprendi com o meu mestre, o que é bem irônico, já que em teoria eu seria o mestre dele.
Por baixo da camisa escura de Colin, era possível perceber as tatuagens brancas dele brilharem intensamente. A mana dele, que ainda lhe pertencia, começou a ser transmitida para a mulher alada, reconectando o seu braço e cicatrizando a ferida.
Ela abriu os olhos e constatou o seu braço recuperado. Depois, olhou para Colin com espanto.
Você é forte — Colin prosseguiu —, mas sou muito mais forte que você, então é melhor que se cale e não tente me contrariar.
— Colin se ergueu, caminhando até uma montanha de ouro e se acomodando ali. — Vou esperar você se recuperar, depois a gente vai embora. Por enquanto aproveite o descanso e não se iluda, Vallukna não é mais nada para você, a partir de hoje, você me pertence. É nas minhas mãos que está o seu destino, e nesse seu estado, eu posso fazer o que eu quiser com você, então quero que tenha consciência do tipo de situação em que você se meteu hoje, senhorita Alada. Agora descanse.
Colin deixou seus ombros relaxarem, entrelaçando casualmente os dedos atrás de sua cabeça em um gesto despreocupado.
Apesar de seus olhos estarem fechados, seus outros sentidos permaneciam aguçados, atentos ao ambiente que os cercava.
No profundo silêncio que se seguiu, ele percebeu os soluços suaves que romperam o ar, como notas dissonantes em uma sinfonia sombria.
Os gemidos da Alada ecoavam pelo espaço, transformando sua dor interior em uma expressão audível. A tristeza evidenciada por suas lágrimas transparentes era uma humilhação mais penetrante do que qualquer sofrimento físico, uma sensação que Colin compreendia com uma precisão gélida.
Ele estava ciente de que se envolvia em um jogo perigoso, uma batalha psicológica sutil destinada a corroer os pilares fundamentais da alma da Alada.
Colin estava determinado a minar a fé inabalável dela em Vallukna e a manchar sua honra até que ela se tornasse suscetível à manipulação, e parte dele achava toda aquela situação excitante.
A visão da guerreira orgulhosa desmoronando era divertido para ele, a fragmentação da identidade dela não passava de um mero passatempo, um entretenimento.
Usando o conhecimento das fraquezas da Alada, Colin planejava moldá-la conforme sua vontade, explorando sua própria vulnerabilidade como uma arma poderosa.
Com o canto dos olhos, ele a viu desabar em lágrimas sem conseguir se mover, e aquilo tirou um sorriso de seus lábios.