O Monarca do Céu - Capítulo 321
Rotina.
Na manhã seguinte, Colin acordou e caminhou até o banheiro, mas ao alcançá-lo, ele viu o pequeno Colin parado, o encarando.
O pequeno franziu o cenho e apontou o indicador.
— Que-quem é você? — Ele cerrou os punhos, como se quisesse lutar.
— Sou um amigo da sua mãe, onde ela está?
— Amigo da minha mãe? — Ele ficou ainda mais furioso. — Mamãe não tem amigos! É melhor começar a explicar como entrou aqui, ou acabo com você!
“Eu era maluco assim?”
— Você pode tentar — provocou Colin com um sorriso de canto.
O pequeno avançou tentando socar o Errante nas pernas, mas ele deu um passo para o lado, deixando o pequeno Colin passar direto. Impressionado com o reflexo, o pequeno olhou para trás, vendo o sorriso zombeteiro de seu oponente.
— Hehe, é assim que quer proteger a sua mãe? — Colin ficou em cócoras e deixou seu rosto exposto. — Vem, me acerta aqui!
Relutante, o pequeno deu um passo para trás, engolindo em seco. Cerrou os dentes e avançou.
TAP!
Colin segurou o braço do garoto e abriu um sorriso.
— Você ainda tem videogame, não tem? Tem algum jogo de luta? Tekken 4, Kof 2002, Dbz budokai 3…
O semblante furioso do pequeno converteu em um semblante confuso. Ele abaixou sua guarda por completo.
— Você sabe jogar?
Ele assentiu. — Ninguém ganha de mim, quer ver?
— Quero! — Ele começou a caminhar par o quarto. — Qual seu trio do Kof?
Ele apoiou a mão no queixo. — Kensou, Yamazaki e Ralf. Às vezes troco Kensou pela Mai e Ralf pelo Benimaru.
— Sério?! — O pequeno Colin ficou ainda mais empolgado. — Eu também! Como você se chama?
— Colin, e você?
O garoto parou na porta do quarto e ergueu uma das sobrancelhas. — Tá falando sério? É o meu nome também!
— Sério? Quer fazer um acordo comigo? Que tal a gente fingir ser irmão?
O pequeno franziu o cenho e deu de ombros.
— Acho que tudo bem… vamos jogar!
[…]
Celae retornou com Scasya carregando sua sacola de compras. Ela anunciou sua chegada, mas ouviu risadas lá em cima. Apoiou as compras na bancada da cozinha e foi até o quarto do pequeno.
Viu pela fresta da porta os dois jogando videogame. Abriu um sorriso de canto e os deixou ali, se divertindo.
Retornou para a cozinha, colocou o avental e prendeu o cabelo.
— Scasya, por que não vai lá para cima com os meninos? Pode deixar que preparo o almoço. E entregue a Colin as roupas que compramos, aquelas devem servir nele.
— Tá.
Ela pegou as sacolas e subiu. A Elfa abandonou a meia calça por uma saia rodada, o moletom por uma camisa justa e seus sapatos por chinelos e meias.
Assim que abriu a porta, viu os lá, com olhares vidrados em uma tela.
— Sua mã-… senhorita Celae comprou roupas para você, é melhor vestir.
— Tá, tá, deixe aí em cima da cama.
Ela se aproximou, ficando atrás deles. — O que é isso?
— O melhor jogo de luta já criado! — respondeu o pequeno, ainda vidrado na tela. — Peguei!
Ele havia conseguido aplicar um especial com o personagem Yamazaki, finalizando o Kensou de Colin.
— Consegui! Consegui! Finalmente ganhei de você!
— Senta aí! — disse Colin. — São sete a um para mim, você continua longe de me alcançar.
Foi então que o pequeno Colin travou ao olhar para trás, vendo Scasya de cima a baixo. Ele não havia prestado atenção nela.
Se aproximou de seu eu do futuro e sussurrou:
— Su-Sua namorada? — Ele a encarou novamente. A expressão dela tão fechada quanto um dia chuvoso. — Ela parece brava…
— É só uma amiga. — Ele se virou para ela. — Quer jogar, Scasya? Te explico como faz.
Ela apoiou as mãos na anca olhando para a tela por alguns segundos. — Tá, me mostra! — disse sentando-se no meio de ambos.
[…]
— Háhá! Vocês são horríveis!
Celae ouviu lá de baixo a voz de Scasya, seus lábios desabrochando em um sorriso.
Celae, usando um impecável avental branco, parecia uma verdadeira mestra na arte da culinária. Seus cabelos estavam habilmente amarrados em um coque, mantendo-os bem longe da comida.
Primeiro, ela começou a preparar um frango suculento.
Com um gesto fluido, pegou o frango da geladeira e começou a limpá-lo. Seus movimentos eram precisos, e ela cortou o frango com maestria, retirando os ossos e a pele de forma rápida e eficiente.
Enquanto o frango descansava, Celae se voltou para os legumes. Ela cortou cenouras, brócolis e pimentões com habilidade, transformando-os em pequenos pedaços coloridos.
Aromas deliciosos começaram a encher a cozinha quando ela refogou os legumes em uma frigideira grande.
Enquanto os legumes cozinhavam, Celae preparou um molho especial, combinando ervas frescas, azeite de oliva e temperos secretos. Ela provou o molho com cuidado, ajustando o equilíbrio dos sabores até que estivesse perfeito.
Finalmente, o frango foi adicionado à mistura de legumes e regado com o molho aromático. O aroma era simplesmente irresistível enquanto a comida cozinhava lentamente, permitindo que os sabores se fundissem.
Com o almoço pronto, Celae sorriu com satisfação.
Ela colocou cuidadosamente os pratos na mesa, cada um decorado com um toque especial.
Então, com um gesto caloroso, chamou todos para comer.
— Meninos! O Almoço está na mesa!
Aqueles dois começaram a disputar para ver quem chegava primeiro, enquanto Scasya desceu as escadas com calma.
Assim que chegaram se sentaram à mesa e começaram a se servir.
— Esperem! — disse Celae. — Deem as mãos, vamos agradecer.
Ela estendeu a mão em volta da mesa, segurando a mão de cada um dos garotos, e eles fizeram o mesmo, formando um círculo.
Olhou para os rostos de seus filhos, que tinham os olhos brilhantes e os sorrisos sinceros, e para Scasya, que havia se tornado praticamente da família em muito pouco tempo.
O coração de Celae batia suavemente, como uma brisa leve. Sua alma se iluminava, como um sol que rompia as nuvens.
Então começou a falar, com uma voz suave e doce:
— Querido Deus, agradecemos por este dia que nos foi dado, pela refeição que compartilhamos e pela bênção que é esta família. Reconhecemos a força, a esperança e a fé que nos concede para enfrentar os desafios da vida. Expressamos nossa gratidão pelos anjos que envia em forma de pessoas, que nos apoiam, consolam e amam. Em especial, agradecemos por Scasya, que se tornou uma amiga especial para meu filho e agora para mim.
“Pedimos tua proteção contra todo mal, tua orientação no caminho do bem e tua graça para nos preencher com sabedoria, bondade e compaixão. Ensina-nos a arte do perdão, a cultivar a gratidão e a encontrar a verdadeira felicidade. Rogamos por saúde, prosperidade e harmonia em nossas vidas, e suplicamos por uma dose abundante do amor que emana de ti, o amor que é a essência da vida.
“Louvamos, adoramos e amamos, em nome de Jesus Cristo. Amém.”
— Amém — disse o pequeno Colin.
— Bom apetite!
Colin estava ali, perdido na teia confusa de suas próprias lembranças, incapaz de pontuar o exato instante em que ela havia se convertido.
Celae poderia ter adotado este estilo de vida para se camuflar naquele mundo, mas ele deu de ombros. O momento era bom demais para ele inundar sua mente com essas questões.
— Vamos ao cinema? — indagou o pequeno Colin. — A gente pode ver O segredo dos animais! — Ele olhou para Celae. — Por favor, mamãe!
Ela olhou para ele com seu semblante amável.
— Podemos, vocês dois querem ir?
Colin assentiu de boca cheia. — Será um prazer!
— Certo, mas será melhor irmos à noite, pode ser?
— O que a senhora quiser! — disse Scasya de boca cheia. — Isso aqui tá divino, senhora! É melhor que o Hambúrguer que comi!
Celae assentiu. — Obrigada, podem comer o quanto quiser, não precisam ter vergonha.
— Pode deixar!
Assim que eles terminaram, os três foram para o quarto de Colin e continuaram jogando videogame. Não ficaram apenas nos games de luta, mas também foram para os de corrida e os Hack and Slash como God of War, Devil may cry e Onimusha.
[…]
Colin e Scasya se preparavam com entusiasmo para uma noite especial de cinema.
Era uma ocasião rara e preciosa, que eles queriam aproveitar ao máximo. Scasya havia crescido em um mundo diferente, onde isso nunca havia sido cogitado. Tudo naquele mundo a impressionava, até os mínimos detalhes.
Colin estava vestindo uma camisa azul-marinho que se ajustava perfeitamente ao seu corpo, combinada com calças pretas e um par de sapatos sociais. Scasya optou por um moletom amarelo, calças escuras e botas da mesma cor. Seu cabelo solto resplandecia, exibindo um brilho maior que o usual.
O pequeno Colin também aguardava ansiosamente pela noite, vestindo um moletom branco, calças jeans e um par de All Star preto.
Celae escolheu uma camisa branca, sobreposta por uma jaqueta jeans, calças pretas e sapatos. Seus cabelos loiros estavam soltos, e ela parecia ainda mais encantadora do que ele se lembrava.
Era evidente em seu rosto o quão profundamente feliz ela estava por estar ali com sua família. Ver o filho adulto e o pequeno Colin irradiando alegria encheu seu coração de gratidão.
Finalmente, todos estavam prontos.
Eles saíram de casa e seguiram em direção ao cinema que ficava a poucas quadras dali.
A emoção de Scasya estava à flor da pele.
Seus olhos brilhavam de curiosidade e entusiasmo, e a ideia de experimentar algo tão novo e especial a deixava ansiosa.
[…]
Na sala de cinema, os olhos de Scasya estavam fixos no enorme telão que se erguia à sua frente. Era uma visão impressionante, uma imensidão de cores e formas que a deixava vislumbrada.
A luz projetada no escuro da sala parecia transportá-la para um mundo totalmente novo.
Ela segurava um balde de pipoca em uma mão, e seu outro braço estava apoiado no braço da cadeira. Scasya pegou um punhado de pipoca e levou à boca, saboreando o contraste entre o salgado e o doce.
O estalo das pipocas e o aroma delicioso enchiam o ar, criando um ambiente ainda mais acolhedor. A Alada estava experimentando duas coisas ao mesmo tempo — a magia do cinema e a satisfação da pipoca fresca — e isso a deixava extasiada.
À medida que as luzes se apagavam e o filme começava, Scasya mergulhou na história que se desenrolava diante dela.
Seu coração estava acelerado, e ela estava completamente imersa na experiência cinematográfica. O mundo real desapareceu enquanto ela se entregava à magia do cinema, com um sorriso de pura alegria iluminando seu rosto.
Era uma noite especial, e a visitante estava aproveitando cada segundo dela ao lado dos Colins, Celae e da pipoca que tornava tudo ainda mais gostoso.
[…]
Assim que o filme terminou, passaram em uma lanchonete, e Scasya pediu hambúrguer. Colin pagou para todos eles, ainda havia muito dinheiro que conseguiu na casa de câmbio.
Após lancharem, retornaram para casa.
Havia sido um dia divertido, e passar mais tempo com sua mãe o acalmou, fez sua cabeça voltar ao normal por um tempo.
Deitado no quarto, Scasya estava na cama, enquanto Colin estava no chão.
Ela ainda pensava em uma coisa.
O encanto de Celae havia nublado seus objetivos, mas Colin era esperto. Ele já teria ido atrás de Claymore para deixar tudo pronto quando ele precisasse partir.
Uma questão surgiu em sua mente.
— Colin, tá acordado?
— Sim…
— Não acha que está na hora de irmos? Entendo que ela é sua mãe, mas o Devorador de Deuses não para… suas amigas são reais, esse plano não é.
— Tsc… eu sei, só mais alguns dias e a gente vai, prometo.
Ela suspirou. — Você sabe onde está o último fragmento, não sabe?
Foi a vez de Colin ficar em silêncio por alguns segundos. — Sei…
— Ele tá aqui, né?
— Sim…