O Monarca do Céu - Capítulo 335
Eu sou a mais poderosa!
Safira estava sobre a cidadela de Vallkuna. A brisa acariciava seus cabelos enquanto ela pairava, uma figura pequena diante do esplendor divino daquela cidadela.
Com um movimento grácil, a caída levantou a palma da mão, apontando para a cidade estendida aos seus pés. Uma esfera de chamas começou a formar-se, inicialmente modesta, mas crescia a cada instante, sua luminosidade intensificando-se como se fosse um pequeno sol nascendo entre as ilhas flutuantes do plano astral.
Ding-Dong! Ding-Dong!
Os sinos da cidadela começaram a ressoar. Seus sons penetravam cada beco, ecoando como um lamento antecipatório.
Soldados alados, portando lanças, espadas e machados, alinharam-se, indo até a intrusa.
Contudo, a pandoriana de Safira entrou em ação. Com um gesto gracioso, ela conjurou uma chuva de espadas que desabou sobre os soldados, cortando sua resistência como se fossem folhas ao vento.
Crash! Crash! Crash!
A pixie bocejou. — A deusa dessa cidadela não vai aparecer?
— Ela deve estar nos testando.
Enquanto a carnificina se desenrolava, a esfera de chamas continuava a crescer.
Seu fulgor incandescente iluminava a cidade como um sol enfeitiçado, lançando uma luz intensa sobre aquelas construções divinas.
— Se ela não aparecer agora, essa cidadela será reduzida a cinzas.
Safira, em um gesto majestoso, lançou a bola de fogo em direção à cidade, desencadeando um espetáculo aterrador.
Os cidadãos, testemunhando a morte iminente, observaram horrorizados enquanto um sol sinistro se aproximava implacavelmente.
Cada instante parecia uma eternidade, a luz ardente prometendo um destino terrível.
Entretanto, no auge do desespero, outra esfera de energia colidiu com a esfera de Safira, desfazendo-a em labaredas furiosas.
Boom!
O éter se contorceu sob o impacto, as labaredas dançando no firmamento como espectros em uma dança proibida. A magnitude da dissipação de energia provocou um efeito sobrenatural, que fez com que até mesmo Safira arregalasse os olhos em surpresa.
E então, em meio à tempestade mágica, a figura celestial da deusa Vallkuna emergiu.
As labaredas desapareceram, como sombras diante da luz purificadora, e uma calma celestial envolveu a cena.
— Aí está ela — disse Safira com um sorriso.
Os cidadãos, aliviados, continuaram a evacuação.
— Você é o devorador? — perguntou Vallkuna abrindo as resplandecentes asas.
— Sou, e chegou a sua vez de ser devorada!
— Ela é uma conjuradora habilidosa — disse a pixie. — Os deuses do plano astral não são deuses de verdade, estão mais para entidades poderosas que se alimentam da mana daqueles que rezam para eles. Por isso, o deus do Mar e o deus do fogo não estavam tão poderosos. Você fez a fé neles diminuir, seja eliminando os fiéis ou subjugando o deus.
— Entendi. Ela não deixará os cidadãos morrerem, e isso pode ser complicado. — Safira esticou a mão e das chamas formou-se sua foice, que ela gentilmente apoiou no ombro. — Eu consigo, só não deixe ninguém interferir.
— Essa é a parte fácil.
A pixie voou para longe e Safira continuou com um sorriso no rosto.
“Ela é forte o suficiente para desfazer minha bola de fogo, e com essas asas não descarto a possibilidade de ela ser mais rápida que eu. Pelo visto, ela fará de tudo para proteger essas pessoas, e é aí que eu agirei.”
Safira concentrou mana em sua foice e rapidamente lançou um corte de fogo em direção à cidade. Um pai, vendo o golpe chegar, jogou-se sobre a filha, até que Vallkuna bateu as asas e moveu-se até aquele golpe, dissipando-o.
Woosh!
As labaredas nublaram a visão da deusa, e Safira, com uma velocidade inimaginável, estava atrás de Vallkuna, pronta para cortá-la ao meio, mas o bater de asas da deusa foi o suficiente para jogá-la longe.
Woosh!
“Que rápida!”
A caída se recompôs, apoiando os pés no prédio e ficando ali, na vertical, como uma aranha.
“Então ela vai mesmo priorizar as pessoas. É uma pena, já que aproveitarei disso da melhor forma que eu conseguir!”
Dos pés apoiados no prédio, surgiu um círculo mágico, e desse círculo, bolhas de magma borbulharam.
— Espera! — berrou a deusa.
Dobrando os joelhos, Safira saltou para outro prédio, fazendo o mesmo círculo, e deles, serpentes de fogo colossais despontaram, indo de prédio em prédio, os devorando, incendiando toda a cidade.
Boom! Boom! Boom!
“E agora, deusa, o que vai fazer?”
Três serpentes devoravam a cidadela, e então Safira notou uma Alada frente a ela, apontando a espada.
— Mortalha das estrelas!
Boom!
A Caída saiu da fumaça e cruzou olhares com Scasya.
“O que Nix está fazendo? Ela não deveria cuidar das distrações?” Os olhos dela focaram no fundo. A pequena pixie também lutava com uma miríade de alados que partia para cima dela com tudo. “Entendi, então um ou outro vai escapar, não tem problema.”
A Asmurg chegou ao chão, as pessoas ainda corriam de medo.
— Devia fazer como os outros e desaparecer da minha frente — provocou a caída.
“Tenho que me segurar”, pensou Scasya. “Essa vadia, ela está usando essas pessoas, forçando senhora Vallkuna e os outros a nos segurar. Não dependo da minha mana para acabar com você!”
Com a espada em punho, Scasya partiu em direção à sua oponente.
Clang! Clang! Clang!
O duelo começou com um estalo ressoante, as lâminas colidindo em um chuveiro de faíscas.
“Ela não é tão mais forte que eu fisicamente”, pensou Safira em meio à troca de golpes. “Se ela não tem a vantagem física e ainda se segura para não ferir pessoas, então significa que ela vai perder!”
A Caída avançou, girando sua foice em um arco ardente, buscando abrir uma brecha na defesa de Scasya.
Swish!
A Alada desviou habilmente, retalhando o ar com sua espada em resposta, criando um contraste de movimentos frenéticos.
Clang! Clang! Clang!
Cada golpe era uma manifestação de destreza e agilidade. Safira tentava envolver Scasya em um redemoinho de chamas, enquanto Scasya respondia com movimentos precisos e rápidos, buscando abrir brechas na defesa de sua oponente.
Em meio à dança de aço, arranhões começaram a marcar a pele das combatentes. Safira sentiu a frieza cortante da espada de Scasya, deixando marcas geladas em seu braço.
Em resposta, a Caída conseguiu uma estocada ardente, deixando uma trilha de chamas onde a espada da guerreira cortou.
Swish!
A cidadela testemunhava o embate feroz, suas paredes ecoando com o som metálico de lâminas colidindo. Scasya se esquivou com agilidade, evitando por pouco a foice flamejante que buscava sua cabeça. No entanto, Safira não escapou ilesa, sofrendo um corte na coxa pela habilidosa investida de sua oponente.
Swin!
“Então essa desgraçada estava escondendo o jogo?”, pensou Safira, seu corpo com alguns cortes e arranhões. “Espadas são melhores para lutas diretas, ela tem a vantagem, e se isso continuar eu posso me ferir para valer.”
O duelo prosseguia, uma coreografia de movimentos ensaiados e improvisados em meio ao caos da batalha. O choque das lâminas, o crepitar das chamas e os gritos distantes formavam a sinfonia violenta que ecoava pelas ruínas da cidadela.
“Essa garota, por que ela não está focando nas pessoas? Ela acha que pode me vencer em uma luta direta? Não, não é isso, ela deve estar tramando algo, tenho que terminar com isso!”
A atmosfera na cidadela estava eletricamente carregada, as lâminas cortando o ar com velocidade impressionante.
Safira e Scasya se entrelaçavam em uma dança mortífera, suas armas traçando padrões no espaço enquanto buscavam uma abertura na defesa adversária.
A Caída, impulsionada pelo fogo que emanava de sua foice, tentou uma investida arrojada, desferindo um golpe horizontal flamejante. No entanto, Scasya, com uma destreza ágil, executou uma esquiva graciosa, permitindo que a lâmina ardente passasse a centímetros de seu corpo.
“Te peguei, garota!”
A Alada respondeu com um ataque preciso, cortando o ar na direção do ombro de Safira.
Swin!
A lâmina gelada encontrou seu destino, deixando uma trilha de frio ardente em sua pele.
“Errei? Não! A cortei com força o suficiente para que o braço dela saísse voando, mas por que não funcionou? Pelos golpes que desferi, a pele dela não deveria ser tão resistente!”
Safira abriu um sorriso de orelha a orelha e revidou com um giro fluido, buscando acertar Scasya com a extremidade flamejante de sua foice.
Swish!
A guerreira hábil se esquivou com um salto para trás, mas não saiu ilesa. A ponta da foice deixou um rastro de queimaduras nas vestes da Alada.
Ambas ficaram engajadas por tanto tempo que nem notaram o que seu duelo resultou. As paredes dos prédios, o chão ladrilhado, as ruas, quasse tudo estavam com marcas agressivas de cortes.
— Você é boa, mas sua técnica ainda é inferior à minha. — Safira abriu um sorriso convencido. — Abaixei o meu nível para termos uma luta descente, mas pelo visto terei que abaixar bem mais.
“Tsc… esse jeito convencido irritante, é igual ao dele, mas ela não é o Colin, diferente dele, eu consigo feri-la!”
— Vocês do plano da raiz são sempre tão convencidos?
Scasya tentou um avanço rápido, executando uma série de estocadas precisas. Safira, por sua vez, usou sua foice para bloquear e desviar, mas não sem sofrer alguns cortes superficiais em seus braços.
A intensidade do duelo só aumentava.
Alimentada pela magia do fogo, Safira criou uma cortina de chamas ao seu redor, obscurecendo a visão de Scasya, mas aquilo foi inútil. A Alada utilizou sua aguçada percepção para desviar com graça pelos ataques ardentes.
O combate atingia um clímax, e Safira, alimentada pela determinação e pela energia ardente que fluía através de sua foice, estava prestes a afirmar sua vantagem.
Com um giro habilidoso, ela desferiu uma série de golpes coordenados, criando uma tempestade de chamas ao seu redor.
— Merda!
Scasya, mesmo com sua destreza inigualável, estava sendo pressionada pela intensidade do assalto da Caída. Cada investida da foice flamejante encontrava uma resposta firme, com Safira empregando movimentos rápidos e imprevisíveis para minar a defesa de sua oponente.
Em um momento crucial, Safira canalizou sua magia do fogo para a lâmina da foice, intensificando seu brilho. Um golpe final foi desferido com uma precisão fulminante.
Embora habilidosa, Scasya não conseguiu esquivar-se completamente. A ponta da foice deixou um rastro de fogo em seu flanco, marcando-a com uma queimadura dolorosa.
O impacto daquele golpe desequilibrou a Alada, permitindo que Safira capitalizasse sua vantagem. Com um movimento fluido, ela desarmou a guerreira das sombras, fazendo com que sua espada girasse no ar e cravasse no chão ao longe.
— Acabou! — bradou Safira.
Antes de completar o movimento, um círculo mágico abriu debaixo da Caída, e a gravidade no círculo foi tão poderosa que ela não conseguiu se mover.
Os olhos da garota focaram em Scasya que estava sorrindo.
— Você está certa, acabou!
A Alada avançou, esticou a mão e sua espada foi até ela, que estava focando em acertar o coração da sua oponente.
Safira também sentiu um arrepio na espinha e olhou por cima dos ombros, avistando uma figura que ela conhecia, mas parecia uma mulher adulta nesta forma.
— Leona?