O Monarca do Céu - Capítulo 336
Safira vs Leona!
[Segundos antes.]
Heilee, Leona e Sirela avançavam pelo corredor, se esquivando de pessoas, indo para o foco do tumulto. Quando olharam pela janela, viram um ser pequeno que se parecia com uma fada derrotando inúmeros alados.
— Temos que ajudá-los! — Leona iria partir diretamente, mas Heilee segurou sua mão.
— Ela não é o alvo, é só uma pandoriana!
— O quê? Um ser tão poderoso assim?
— O mestre dela está ao leste, na direção da cidade. Precisamos acabar com ele!
Leona arregalou os olhos, e seu rosto que sempre estampava um sorriso ficou sério.
— Safira… é a mana dela! Eu me lembro, é ela! Safira é o devorador?
— Safira? A antiga companheira do mestre Colin?
Mana começou a transbordar de Leona. — Essa mesma! Vou caçá-la! Sirela, se esconda, ajude os outros a fugir, você também, Heilee.
— De jeito nenhum que ficarei aqui! — Heilee segurou uma das mãos de Sirela. — A gente vai matar o devorador, você ainda é uma deusa, certo? Proteja os outros enquanto a gente não volta!
A sereia engoliu em seco e assentiu.
— Tomem cuidado!
Quebrando as janelas, elas saltaram em direção ao chão, iniciando uma queda incrivelmente alta. Avistaram os guerreiros alados sendo abatidos e pensaram em intervir, mas precisavam neutralizar Safira, a alma dominante.
— Me dá a mão, a gente vai chegar mais rápido! — berrou Leona, competindo com o barulho turbulento do vento que acompanhava sua queda.
Heilee segurou sua mão.
— Se segura!
[Passos fantasma.]
Leona moveu-se rapidamente entre as estruturas, saltando de prédio em prédio como se teleportasse, aparecendo por fim em um prédio branco, onde reconheceram dois rostos familiares.
— Aquela não é a Alada que lutou com o senhor Colin? — indagou Heilee. — Espera… senhor Colin está aqui?
— Não, ele não está! — Os olhos de Leona arregalaram, e seu sorriso com caninos expostos iluminou os seus lábios. — Hora de ver quem é a mais forte!
— Espera, Leona!
Boom!
Dobrando os joelhos, Leona avançou, destruindo o prédio em que estavam. Ainda voejando e tentando se conter pela onda de choque, Heilee esticou o braço na direção de Safira, que estava ao longe.
“Será que consigo dessa distância? Não é hora de pensar nisso! Diante de mim, o mundo se dobra e se curva, a terra chacoalha ao comando de sua rainha, e quando não há mais nada no vazio, há tudo!”
No momento que Safira iria desferir o golpe final em Scasya, sentiu seu corpo travar, e quando olhou por cima dos ombros viu Leona.
O tempo ao redor dela pareceu desacelerar, e depois de muito tempo, Safira viu a morte de perto.
“Eu… vou morrer aqui?”
Clang!
Uma colossal espada de mana foi arremessada com vigor ao lado de Safira, causando uma destruição no solo e desequilibrando-a momentaneamente. Demonstrando agilidade e habilidade, a caída rapidamente se recompôs, utilizando a parede de um prédio como apoio e indo para cima do mesmo.
A espada veio da região onde a pixie estava envolvida em um intenso combate, e a Caída abriu um sorriso ao encarar as três figuras que, estrategicamente, se reuniram no topo do prédio à sua frente.
— Onde está mestre Colin? — indagou Heilee à Alada. — Você ficou naquela Antares com ele, né?
— Colin e eu nos separamos. Claymore, a entidade que comanda aquela Antares, me expulsou.
— Isso não importa! — disse Leona dando alguns passos à frente. — Aquela é a Safira, ela matou Loaus, Liena, Wiben, Kurth, e eu vou vingá-los!
Ela falou com mais empolgação do que com ódio.
— Se ela é o devorador, a gente tem que pensar em um plano! — exclamou Heilee. — Não ouviu o que Vallkuna disse? Ela já matou dois deuses poderosos, temos que manter cautela!
— Não enche, Heilee, qual plano melhor do que avançar e tentar abrir um buraco na cabeça dessa maldita? — Ela ficou em silêncio. — Foi o que pensei. Vou primeiro, se alguém quiser pensar em algo, fique à vontade!
Leona ficou de quatro como um cão e sua mana se manifestou abruptamente. Antes, havia somente uma única cauda, agora haviam crescido mais duas.
“Uma boa hora para mostrar o que aprendi.”
Safira, do outro lado, suou frio enquanto apertou o cabo de sua foice.
“Essa mana… é quase idêntica à dele… meu corpo não está respondendo direito, ele parece… com medo…” Ela olhou ao redor rapidamente. “Não há mais pessoas por perto, isso significa que aquelas três vão com tudo. Uma parece controlar a gravidade, a outra tem um golpe irritante que dispara uma miríade de cortes explosivos, e Leona tem um estilo agressivo, né? Ao menos é assim que me lembro dela…”
[Passos Fantasma.]
Woosh!
“O quê?” Safira viu Leona à sua frente em um piscar de olhos. “Ela é rápida!”
Bam!
O soco da pandoriana encaixou perfeitamente em seu rosto, a jogando direto em outro prédio em um estrondo. As estruturas abalaram, e o prédio de mármore branco desabou em cima dela.
A terra chacoalhou e poeira subiu aos céus.
Um corte havia sido aberto na cabeça da caída, e ela estava lá, em meio aos escombros.
“Se eu tivesse demorado mais um pouco para cobrir meu corpo com mana, o soco dela teria arrancado minha cabeça. Não posso facilitar… o estilo dela lembra o de senhorita Morgana, rápido e brutal…” Ela começou a afastar as pedras. “Espera… quem é mesmo Morgana?”
Leona observava de cima de outro prédio o que seu golpe causou. Ela estava com uma das mãos na cintura, sorrindo de orelha a orelha.
— Pelo menos ela não morreu com um soco.
O mármore começou a derreter lentamente, transformando-se em magma borbulhante. Uma bolha gigante ganhou forma e estourou, e lá estava Safira com os pés descalços em magma.
Seus chifres estavam maiores, assim como seus caninos, suas unhas, seu corpo.
— Tenho que admitir, foi um belo soco, mas precisará fazer mais força se quiser me matar.
— Fica tranquila, força é o que tenho de sobra.
Safira esticou o braço na direção de Leona, e Leona fez o mesmo.
Ambas conjuraram círculos mágicos, e deles, uma lança de fogo azulado foi conjurado de um lado e do outro uma lança de raios celestes.
Após cruzarem o olhar, elas dispararam uma contra a outra.
Boom!
O topo dos prédios, em um raio de cinquenta metros, foi totalmente obliterado, mas aquelas duas pareceram ignorar a destruição e partiram para cima uma da outra.
Safira tentou acertar um soco em Leona, mas a pandoriana esquivou sem problemas, com raios dourados cobrindo seu corpo.
Um estrondo retumbante ecoou quando o impacto do golpe reverberou através do ar.
Bam!
A pandoriana desferiu um golpe impiedoso nas costelas de Safira, em um chute arqueado impregnado de fúria, como se a própria tempestade estivesse contida em sua força.
Safira, lançada com uma força avassaladora, atravessou os ares como uma marionete descontrolada, cortando o espaço entre dois prédios como uma flecha disparada por forças além da compreensão.
Boom! Boom!
No entanto, a determinação ardente de Safira prevaleceu. Ela se recompôs em meio ao caos, seus pés derrapando por vários metros no chão ladrilhado, deixando marcas profundas na terra.
Cof!
A caída golfou sangue e sentiu algumas costelas quebradas.
“Quanta força! Não esperava menos de um usuário da pujança!”
A intensidade titânica do combate compeliu Safira a agir.
Apoiando ambas as mãos no solo, ela desencadeou uma manifestação visceral de poder.
Um círculo de energia pulsante surgiu ao seu redor.
O terreno, em um raio de vinte metros, tremia como se as entranhas da própria terra fossem despertadas por um chamado ancestral. Então, em um frenesi furioso, lava começou a jorrar com uma voracidade incontrolável.
Hiss!
O calor insuportável ondulava no ar, enquanto a lava líquida consumia tudo em seu caminho com uma voracidade insaciável.
“Nem mesmo você pode aguentar o calor da lava-”
Cabrum!
O golpe de Leona desabou sobre Safira como um trovão, atingindo-a implacavelmente no rosto e arremessando-a para fora do sagrado círculo mágico que ela havia invocado, mas a caída se recuperou rápido.
Seus olhos arregalaram-se quando ela viu Leona caminhar sobre a lava enquanto seus pés queimavam.
Seu sorriso, tão sinistro quanto a própria lava que queimava sob seus pés, não se desfez por um único instante, e olhar para ela daquela forma apenas evidenciou o quão monstruosa era aquela mulher.
Fssssssssh!
A lava queimava a cada passo dela.
Leona poderia privar a si mesma de entrar em contato com o magma, mas como era a pandoriana de Colin, havia adquirido uma de suas manias, a de demonstrar que o oponente não pode vencê-la mesmo em seu território.
— Vamos lá! — disse Leona abrindo os braços enquanto caminhava, seus pés pegando fogo. — Já faz quase dois anos desde que a gente se viu, e isso é tudo que tem para mostrar?
Safira suou frio.
“Ela é bem mais forte que um deus do plano astral, será que Colin também é tão forte assim? Merda! Pare de pensar nele, ele ainda não está aqui, e se tudo der errado, eu ainda tenho a pixie. Preciso começar a me soltar!”
A caída suspirou e colocou-se em guarda.
Espaçou os pés na altura dos ombros, dobrou levemente os joelhos e levantou os punhos na altura do rosto.
“Não preciso me preocupar em queimar minha mana, minha reserva é a maior entre os caídos, posso gastar o quanto quiser, e precisarei fazer isso com ela!”
Woosh!
Safira, impelida por uma determinação feroz, avançou na direção de Leona, entretanto, a pandoriana, como uma sombra, usou os passos fantasmas e deslizou de maneira etérea para trás da caída.
Antes que Safira pudesse reagir plenamente, um chute arqueado, carregado de intenção assassina, foi desferido em sua direção.
“Merda!”
A tenacidade de Safira, como uma muralha resiliente, a impulsionou a reagir de maneira desesperada. Seu antebraço erguido interceptou o golpe brutal, mas a violência do impacto não foi completamente contida.
O som do choque reverberou como um trovão.
Cabrum!
A pancada a fez derrapar alguns metros, e quando se recuperou, percebeu que seu braço estava tremendo.
“Preciso de muito mais mana que isso!”
Elas avançaram uma contra a outra, mas dessa vez Leona usou os passos fantasmas duas vezes seguidas.
Primeiro, a enganou aparecendo na esquerda, mas assim que estava prestes a concluir seu ataque, apareceu na direita de Safira, encaixando outro soco perfeito.
Cabrum!
A caída, lançada como uma boneca de pano pelo impacto avassalador, capotou alguns metros, mas logo se recompôs e juntou as mãos em um bater de palmas.
Diante dela, um círculo de fogo ardente surgiu e dele, serpentes de fogo, monstruosas em sua magnitude, emergiram do abismo escarlate, avançando na direção de Leona com presas flamejantes prontas para dilacerar sua carne.
— Não vê que esses truques são inúteis?
Leona evitou habilmente os ataques mortais das serpentes de fogo, deslizando através do campo de batalha com os passos fantasmas, indo até Safira.
Woosh! Woosh! Woosh!
A pandoriana de Colin usou a habilidade três vezes consecutivas, confundindo os sentidos da oponente e, em um momento crucial, as garras afiadas dela encontraram seu alvo, atingindo Safira diretamente no estômago.
Bam!
O impacto foi como um trovão silencioso, um golpe devastador que a arrancou do chão.
“Porcaria! Essa habilidade é irritante!”
Antes da Caída se recuperar, Leona usou os passos fantasmas novamente, reapareceu em cima dela, juntou as mãos e a golpeou nas costas, mandando-a no chão num estrondo.
Boom!
Poeira subiu aos céus, e segundos depois subiu uma torrente de fogo azul desfazendo a poeira, criando um enorme redemoinho.
Safira sangrava da cabeça aos pés, mas seus chifres estavam ainda maiores, e ela parecia ter atingido uma forma adulta.
Chamas azuis acenderam na ponta de seus chifres, e uma cauda de mana havia crescido nela, a cauda de um dragão.
O redemoinho de fogo foi gradualmente condensado em uma esfera imponente, e sobre Safira, a esfera pulsava com um som assombroso, como se o rugido do fogo dançasse em sintonia com a sua própria essência.
— Não acredito que você me forçou a isso — disse Safira, seu tom de voz mais maduro. Seu cabelo, antes escuro como a noite, ganhou a cor laranja como fogo, assim como seus olhos.
[Mortalha das estrelas.]
Boom!
Scasya atacou lá de baixo, mas a nuvem de fumaça logo se desfez, revelando a caída sem um único arranhão.
Surpresa, Heilee a encarou.
“Isso é mesmo possível? A mana dela continua vazando, como se uma torneira estivesse aberta em sua pressão máxima! Não dá para enfrentar isso!”
— Leona! — berrou. — Vamos sair daqui!
Os olhos da pandoriana brilharam. — Fugir? Ficou maluca? Agora que isso começou a ficar divertido!
Safira fez um sinal de arma, apontando para Leona lá embaixo, e Leona fez o mesmo, concentrando mana em uma técnica poderosa.
Uma esfera de raios ganhou forma, ficando com quase dois metros de diâmetro de pura energia, com faíscas serpenteando para todo lado.
A concentração daquelas duas energias massivas chacoalhou a ilha, e Scasya apareceu ao lado de Heilee, desesperada. — Vamos! Temos que fugir antes que essas energias se choquem!
Ao longe, até mesmo a pixie desviou o olhar para aquela batalha, assim como Vallkuna que estava levando os fiéis para outra ilha.
Aquelas duas continuaram sorrindo uma para outra e dispararam.