O Monarca do Céu - Capítulo 347
Filhos.
Colin abriu a porta e ficou paralisado por um momento, sem acreditar no que via. A sala estava cheia de vida, cores e alegria. No centro, no chão, Brighid brincava com três crianças que engatinhavam ao seu redor, tentando pegar os brinquedos que ela balançava.
Ela usava um vestido verde que realçava seus olhos e seus cabelos escuros soltos. Ela parecia radiante, apesar do cansaço que ele podia perceber em seu rosto.
Os bebês eram lindos, dois meninos e uma menina. Os garotos tinham os traços do pai, mas somente um deles tinha seu tom de pele. A garota era quase uma cópia de Brighid, seu cabelo verde como antes era o da mãe.
Eles riam e gritavam, sem notar a presença de Colin.
No canto da sala, em uma poltrona confortável, Ayla estava sentada, lendo um livro. Usava um vestido amarelo-claro que contrastava com sua pele pálida e seus cabelos brancos como a neve, presos em uma trança.
Ela estava com a barriga enorme, quase pronta para dar à luz, mesmo que faltassem sessenta dias. A rainha levantou os olhos do livro e viu Colin na porta. Ela sorriu e colocou o livro de lado, levantando-se com dificuldade.
— Colin! — exclamou, com a voz suave e carinhosa. — Você voltou!
Brighid permaneceu imóvel, um instante de desconcerto estampado em seu rosto, pois havia sido um longo período desde a última vez que o viu.
Nesse breve lapso, palavras ferviam em sua mente, ansiosas por escapar, mas ela estava aprisionada pelo peso do silêncio.
Ayla, percebendo a tensão no ar, ergueu-se graciosamente, lançou um olhar significativo para o casal e deslizou para fora do recinto.
Seu gesto, embora discreto, falava de uma compreensão profunda; ela sabia que aquele momento pertencia exclusivamente a Brighid e seu esposo.
— É bom ver você tão bem, espero que tenha gostado da surpresa. — Ela o beijou na bochecha e deixou o quarto, fechando a porta atrás dela.
Brighid estava imersa em uma tempestade de raiva quando finalmente o viu. Raiva dele, da queda de Ultan, raiva de todo aquele inferno que os separou.
Todas as palavras afiadas e argumentos bem elaborados que havia preparado pareciam se dissipar diante de sua presença, como se uma onda de emoções intensas a engolisse por completo.
No entanto, algo mudou subitamente.
Um alívio encheu o seu peito, então ela se levantou, seus olhos cheios d’água.
Sem dizer nada, ela caminhou até ele, devagar. Ao alcançá-lo, seus braços envolveram-no num abraço firme.
— Colin… — disse, enterrando o rosto em seu peito.
Colin, ao envolvê-la em seus braços, manifestou uma familiaridade que transcendeu o tempo e as circunstâncias. Era como se aquele gesto transcendesse as palavras e falasse diretamente à alma.
O abraço era um redemoinho de segurança, uma âncora emocional que a transportou de volta a momentos vívidos.
A firmeza dos braços do marido transmitia um senso de proteção, um escudo contra as tormentas do mundo. O cheiro familiar dele era como uma melodia nostálgica, evocando lembranças de momentos íntimos.
Aquela fragrância, imutável, era um laço que unia o presente ao passado. Mas, ao mesmo tempo, Brighid percebeu nuances novas, um aroma que se entrelaçava com a maturidade e a força que ele adquirira.
Colin, mesmo preservando a essência que ela conhecia, havia crescido em estatura e vigor.
No silêncio desse abraço, palavras tornavam-se dispensáveis, pois a linguagem do afeto era expressa pelo toque, pelo cheiro, pela sensação reconfortante de estar nos braços de alguém que, apesar do tempo e das mudanças, permanecia como uma constante em sua vida.
— Brighid… desculpe por ficar longe todo esse tempo… não faço ideia do que teve que passar… mas agora estou aqui…
Ela o abraçou com mais vontade, segurando-o com firmeza como se temesse perdê-lo novamente.
— Nunca mais fique longe de mim assim, ouviu? Nunca mais! — suas palavras carregavam um misto de súplica e determinação, ecoando a angústia de ter ficado longe todo esse tempo.
Ao se distanciarem um do outro, Colin segurou suavemente o rosto dela com as mãos, oferecendo conforto e solidariedade. Seus polegares delicadamente deslizavam sobre suas bochechas, limpando as lágrimas que marcavam seu rosto.
O olhar profundo de Colin encontrou os olhos verdes brilhantes dela.
— Venha ver os seus filhos! — Brighid segurou as mãos dele, conduzindo-o na direção das crianças, e ajoelhou-se ao lado dele.
Colin sentiu como se estivesse sendo puxado por uma força irresistível e se viu diante dos pequenos seres que eram parte dele, parte de Brighid, parte de algo maior e indescritivelmente significativo.
Os olhos curiosos e inocentes dos seus filhos encontraram os seus, e uma corrente invisível de conexão se estabeleceu. Naqueles olhares, viu reflexos de sua própria essência, traços da mulher que amava e uma promessa de um futuro entrelaçado.
Uma mistura avassaladora de orgulho, admiração e ternura transbordou em seu peito, refletindo-se em um sorriso que carregava a sinceridade de suas emoções.
A voz de Colin, normalmente firme e segura, estava agora embargada pelo peso do momento.
— Eles são lindos, Brighid — murmurou, seus olhos refletindo uma vulnerabilidade rara. — Eles são a coisa mais linda que eu já vi na vida…
Era incomum ver alguém tão resiliente como Colin sucumbir à emoção de maneira tão aberta.
— Eles são seus, Colin — ela disse, sorrindo com ternura. — Eles são nossos. Por que não os pega?
— Bem… não acho que seja uma boa idei-
— Pega! — ela interrompeu.
— …
Apesar de hesitar inicialmente, Colin permitiu-se segurar uma das crianças, sentindo o calor delicado e a vida pulsante em seus braços. Seus olhos, tão parecidos com os dele, encararam-no com uma pureza que transcendia todas as preocupações do mundo exterior.
— Este é Cohen, o mais velho — ela disse, apresentando-o. — Ele é o mais quieto dos três.
Colin sorriu e Cohen retribuiu o sorriso, agarrando o seu dedo.
O garoto balbuciou palavras incompreensíveis.
— Olá, Cohen — ele disse, suavemente. — Você parece mesmo comigo, né?
Desviando o olhar do pequeno que segurava, Colin voltou os olhos para Brighid e mergulhou no amor expresso em seu olhar.
— Obrigado, Brighid — ele murmurou, a voz carregada de gratidão. — Eu… nem sei o que dizer…
Os olhos amorosos dela encontraram os dele, transmitindo uma mensagem clara que palavras não poderiam capturar completamente.
— Do que está agradecendo? Eles são seus também.
Com uma suavidade tocante, ela pegou o segundo bebê, de pele mais clara, e o depositou com delicadeza no outro braço de Colin.
Ele segurou o pequeno com a mesma ternura, sentindo o calor emanando, o peso leve e precioso, a própria essência da vida.
Ao encarar o rostinho delicado da criança, notou a semelhança marcante, um nariz que era igualzinho ao seu.
Brighid segurou com orgulho o bebê do meio, apresentando-o com um brilho nos olhos.
— Este é Caiuyn, o do meio — ela disse, revelando o nome do pequeno. — Ele sempre brinca com espadas e escudos de brinquedo; acho que ele será como você!
Colin respondeu ao elogio com um sorriso sincero, inclinando-se para beijar a bochecha de Caiuyn. O riso contagiante do bebê encheu o espaço, enquanto ele esticava suas pequenas mãozinhas, tentando tocar o rosto do pai.
— Um guerreiro na família, né? A gente, pelo visto, passará muito tempo junto.
O clima descontraído e afetuoso envolvia todo o quarto.
Brighid, então, pegou a última bebê nos braços, a qual era quase uma cópia dela, e a colocou no colo de Colin.
— Esta é Celyne, a mais nova — ela disse, apresentando-a com carinho. — Ela é a mais doce e a mais curiosa dos três.
Colin observou a pequena com ternura, notando a semelhança marcante com sua esposa.
— Ela lembra você.
O sorriso de Brighid iluminou o ambiente enquanto ela beijava a testa da garotinha, que respondia com risadinhas adoráveis, puxando delicadamente os cabelos da mãe.
Era o momento de celebração da nova vida, uma família unida pela ligação inquebrável do amor.
As crianças, agitadas e cheias de energia, foram prontamente acalmadas pelos dois adultos brincalhões.
Com vozes engraçadas e histórias inventadas, Brighid e Colin mergulharam na magia da infância, proporcionando um espetáculo animado para os pequenos.
A atmosfera era carregada de risos contagiantes e inocência, criando memórias preciosas para todos ali.
Para Brighid, aquele momento era único, uma experiência que nunca tivera antes. A gratidão preenchia seu coração ao refletir sobre as circunstâncias que os haviam unido naquele instante.
Embora soubesse que uma longa conversa os aguardava, ela reconheceu que não era o momento apropriado. Seu marido estava finalmente em casa após um período prolongado; aproveitar aquele momento de alegria tornava-se prioridade.
A sensação de orgulho e felicidade envolveu Brighid. Em seus olhos, aquela reunião familiar era uma verdadeira bênção.
As brincadeiras prosseguiram até que os pequenos, exaustos, começaram a bocejar. Então, com cuidado, foram erguidos e levados até o berço, onde foram depositados com suavidade.
Cobertores os envolveram, e beijos de boa noite foram dados com carinho. Os dois observaram-nos adormecer com sorrisos serenos, abraçados num gesto que transcendia as palavras, expressando a plenitude do amor e da família.
— Ayla tem algumas mulheres que tomam conta delas, e se eles acordarem chorando, a gente vai saber… — Brighid ficou na ponta dos pés e o beijou, passando a mão por seu ombro.
As mãos de Colin deslizaram pela cintura de Brighid, explorando cada curva com uma delicadeza ousada.
A proximidade intensificou a percepção dos contornos, a pressão dos seios dela contra seu corpo, enquanto o sabor da boca dela despertava memórias há muito adormecidas.
Brighid, mesmo após tanto tempo, ainda carregava consigo as marcas das carícias do marido, como se ele tivesse deixado uma impressão indelével em sua pele.
O beijo que se seguiu foi carregado de paixão renovada, como se o tempo não tivesse diminuído a chama que ardia entre eles.
— Colin, espera — ela sussurrou, se afastando. — Aqui não, tem um quarto que estou ficando, fica frente a esse, vem!
Deixaram o quarto em direção ao dela.
Despiram-se no caminho, trocando beijos ardentes que os conduziram até a cama, entregando-se um ao outro com fervor.
O tempo afastados apenas amplificou as sensações no corpo de Brighid, tornando o toque, os beijos e o membro de Colin ainda mais intensos do que ela recordava.
Cada elemento, desde o cheiro persistente de suor até o sabor inconfundível dele, junto com a pegada firme, agiram como um elixir que temporariamente eclipsou todas as suas preocupações.
Talvez provocada pelas palavras de Jane ou simplesmente pelo calor do momento, Brighid permitiu-se ser mais permissiva que Ayla, enquanto Colin aproveitava cada oportunidade.
O calor dos corpos entrelaçados gerava uma sinfonia de suspiros e gemidos, uma harmonia que ecoava um reencontro há muito desejado.
Cada toque, cada carícia, desdobrava-se como uma melodia familiar, trazendo consigo memórias profundas de paixão e cumplicidade.
A pele de Brighid ardia sob o toque firme de Colin, uma exploração meticulosa que denotava a urgência que somente a saudade poderia incitar.
O quarto se transformava em um santuário, onde suas mais cruas expressões de desejo se desdobravam, e o murmúrio de promessas sussurradas ecoava no ambiente.
Sob a luz suave do orbe, seus corpos dançavam em uníssono, percorrendo caminhos familiares e desvendando novas formas de prazer.
O tempo perdeu toda a sua relevância e eles se entregaram ao êxtase do momento. As sombras dançavam nas paredes, testemunhando um enlace apaixonado, uma fusão de corpos e almas que reacendia uma chama há muito adormecida.