O Perigo nas Sombras - Capítulo 9
A nebulosidade cinzenta cobria o céu com seu aspecto turvo, em toda a extensão visível, deslustrando a beleza daquela manhã. O vento úmido passava pelos cabelos rosas de Yui, e acariciava seu rosto com um deslizar gelado. Ela estava na janela de seu quarto, em um dos mais altos andares do prédio, olhando o centro da cidade de longe, e o horizonte enevoado.
A garota se afastou da janela, sentando-se em sua cama, então observou seriamente o quadro na prateleira, no outro lado do quarto.
Após alguns segundos, ela desviou os olhos para outro lugar, sentindo-os começarem a lacrimejar, então cobriu sua mente com outros pensamentos.
Eu acabei não chamando o Kazuo-kun pra vir aqui hoje… Acho que foi melhor assim, ontem aconteceu aquilo tudo e vir aqui poderia ser um incômodo pra ele.
Yui fechou os olhos, soltando um suspiro triste, então juntou o volumoso cabelo em uma mão, começando a prendê-lo.
Depois que o rabo de cavalo estava pronto, ela passou os dedos na franja, com as duas longas mechas caindo sobre o casaco verde escuro, então se levantou, caminhando até a porta.
Após ter passado pela piscina com cobertura e pelo refeitório, Yui avistou logo à frente a grande pista de corrida, com o horizonte nublado como paisagem.
Ela encostou a palma das mãos nas bochechas, pressionando-as. Eu preciso me animar.
A garota fez um breve aquecimento, e quando se sentiu pronta, começou a correr.
Vamos lá.
…
Kazuo estava sentado no piso de madeira, na frente da casa de Asuka, com os pés na escada. Ele tinha visão do portão de longe, este que o levaria até a rua, e do céu cinzento.
Sachie estava sentada ao seu lado, vestindo suas próprias roupas, como ele.
O rapaz observava uma borboleta se aproximar de uma flor, até que a porta atrás deles se abriu e saiu Asuka.
— Pronto… Já voltei. — Ela a fechou, olhando para eles com um sorriso simples.
Kazuo e Sachie se levantaram, se virando para a garota.
— Desculpe por não poder ficar mais, espero que seus pais voltem logo. — O rapaz disse, coçando a cabeça.
— Tudo bem, eu já estou acostumada, mas eu realmente queria que vocês ficassem por mais tempo. — Asuka deu um sorriso sem graça.
— Eu queria conversar mais com você, Asuka-san. — Sachie disse, com os olhos um pouco tristes.
A garota de cabelos prateados se aproximou dela, abraçando-a.
— Eu espero que vocês possam vir outras vezes. — Ela se afastou, dizendo.
— Você também pode ir lá um dia.
Asuka se virou para Kazuo, com os olhos levemente arregalados.
— Sério…? Posso?
— Claro.
Um sorriso surgiu no rosto da garota, enquanto seus olhos brilhavam.
— Tá bom!
O rapaz soltou o ar, virando um pouco o corpo para olhar o portão.
— Bem, então eu vou indo.
— A-Ah… Tá bom… Eu acho que a gente vai ficar um tempo sem se ver, então… b-bem… — Asuka se aproximou timidamente de Kazuo, levantando os braços.
Ela envolveu seu pescoço, subindo levemente o calcanhar para ganhar um pouco mais de altura, enquanto encostava seu corpo no dele.
O rapaz sentiu o rosto ficando um pouco quente quando o aroma doce do cabelo prateado chegou ao seu nariz, e quando o toque apertado do corpo da garota se espalhou pelo seu, aquecendo-o.
Ele fechou os olhos, tentando não pensar em nada para desfrutar ao máximo aquele momento, pois sabia que ficaria um certo período sem ver Asuka.
Após o incidente do dia anterior, adicionado às várias recomendações recebidas, eles não voltariam a se encontrar tão cedo, e internamente, isto deixava-o um pouco incomodado.
A garota se afastou, arrumando o cabelo atrás da orelha.
— Tchau, Kazuo-kun… — Ela estava com um sorriso um pouco envergonhado, e suas bochechas vermelhas transpareciam seu leve constrangimento, mas ela olhava para Kazuo diretamente.
Ele manteve o olhar, mas virou um pouco o rosto para o lado, escondendo as bochechas e uma parte do nariz com a mão.
— É, tchau, espero te ver em breve…
— Tá… cuida bem do seu rosto…
— Deixa comigo. — O rapaz pegou a bolsa camuflada que descansava no piso de madeira, então colocou a alça no ombro, se virando para ir embora.
— Até mais, Asuka-san… — Sachie acenou em um adeus, enquanto se virava para seguir Kazuo.
— Até mais…
Após caminhar um pouco pela calçada, ao lado do muro da casa, o rapaz olhou para trás.
Kazuo viu Asuka na entrada, e assim que ela notou que ele estava olhando em sua direção, levantou um pouco a mão, acenando com um sorriso, mascarando sua tristeza.
O rapaz ergueu um pouco os cantos dos lábios, e com olhos gentis, observou a garota pela última vez.
Assim, ele olhou para frente novamente, andando na direção da avenida.
Eu não sei qual será a próxima vez que eu vou ver elas, talvez só quando terminarem as férias, mas… até lá, eu vou aproveitar esse tempo pra reaprender tudo o que eu sabia.
Após um tempo caminhando sob o céu cinzento, Kazuo havia se aproximado da loja de conveniências, que estava à direita, um pouco mais à frente.
Ele olhou para Sachie, vendo seu cabelo balançar.
O vento estava forte, uivando nos fios de eletricidade e movendo a copa das árvores, que emitiam um som característico através do chacoalhar das folhas.
— Sachie, você não está com frio?
A garota virou a cabeça, olhando o rapaz.
— O vento está meio gelado, mas não muito.
— Tem certeza? A estação mais próxima fica um pouco longe.
— Tenho, esse casaco está dando conta.
— Tudo bem. Você quer que eu compre algo pra você? Eu vou entrar na loja.
— Ah, não quero. Obrigada. — Sachie fechou os olhos, sorrindo.
Eles já estavam chegando na frente da loja de conveniências, então Kazuo se afastou, respondendo.
— Certo, eu já volto.
Assim, ele passou pela porta automática, adentrando o estabelecimento, então Sachie apenas se aproximou da entrada, esperando ali.
Passados poucos minutos, a garota ficou distraída, olhando para o chão enquanto cantarolava algo. Ela juntou as mãos atrás do corpo, enquanto sua voz tecia uma suave melodia, até que parou instantaneamente quando o ruído da porta automática se abrindo chamou sua atenção.
Sachie virou a cabeça para olhar Kazuo, porém, a visão não fora de acordo com a sua expectativa, pois se tratava de uma outra pessoa.
A garota observou um homem de blazer preto sair da loja, segurando uma lata de energético. Ele levou o recipiente até a boca, bebendo um pouco do líquido, assim, seguiu em outra direção.
Sachie voltou com o olhar até o chão, mas logo após aquilo, outra pessoa saiu do estabelecimento.
— Voltei, comprei uma compressa pra colocar no rosto. — Kazuo passou pela porta, continuando o caminho para a avenida.
A garota começou a andar, ficando ao seu lado.
— Eu vou cuidar disso pra você. — Sachie se inclinou um pouco para frente, olhando melhor o rosto do rapaz, com um sorriso.
— Não precisa, é sério. — Kazuo riu.
— Hi hi hi… — Ela sorria, como se tivesse desconsiderado o que fora dito pelo rapaz.
Ele olhou para frente, passando a mão atrás da cabeça.
— Tudo bem…
Não muito tempo depois, ambos já estavam caminhando pela grande calçada da avenida, com algumas árvores periódicas à frente. O extenso caminho possuía gigantescos prédios esparsos nos dois lados, e outras construções de menor altitude entre eles. O ruído do vento continuava, ressoando junto com a passagem dos carros ao lado da calçada.
Levemente desconfiado, Kazuo virou um pouco a cabeça para o lado, olhando de soslaio para uma área parcial atrás dele.
Não percebendo nada fora do comum, o rapaz olhou para frente novamente, mas a sensação de estar sendo observado continuava.
Que droga é essa…?
— Eu sei que eu disse que não queria ir na casa da Asuka-san, mas até que eu estava querendo ficar lá mais um pouco… — Sachie disse, caminhando ao lado de Kazuo com as mãos atrás do corpo.
Ele olhou para a garota, deixando aquilo que estava incomodando-o de lado por um instante.
— Eu também não queria ter que ir embora tão rápido, mas tem algumas coisas que precisamos fazer em casa.
— Sim… é verdade… — A garota levou o olhar até o rapaz. — Quando que a Asuka-san vai visitar a gente?
— Eu não sei… Vamos focar em chegar em casa por enquanto.
Sachie riu um pouco, fechando os olhos.
— Sim, é verdade… desculpa…
Kazuo olhou de soslaio para ela, com uma expressão séria. Ele a observou por um momento, analisando seu comportamento melancólico.
— Você está muito pensativa desde aquilo que aconteceu ontem. Normalmente você tentaria encarar essa situação com mais leveza.
A garota abriu os olhos novamente, fitando o rapaz com uma expressão um pouco abatida.
— Bom… é que… eu fiquei pensando em muitas coisas e… imaginando… — Ela olhou para o chão à frente. — Eu refleti sobre algumas coisas bem tristes…
— Como o que…?
Sachie ficou um tempo em silêncio, apenas escutando o som dos passos de ambos e do ruído do vento.
— Eu… não quero dizer… — Ela sentiu os cantos dos olhos se umedecerem.
— Tudo bem…
— Se eu falar mais sobre isso… eu vou ficar mais triste… — Nesse momento, a garota virou o rosto para Kazuo com um sorriso, fechando os olhos. — É melhor eu parar… eu quero ficar animada pra poder cuidar de você.
O rapaz deu um sorriso, segurando a mão de Sachie.
— É isso mesmo, preciso que você esteja bem.
O calor da mão de Kazuo foi como um pequeno choque para a garota, que imediatamente o encarou, surpresa. Naquele momento, ela foi tomada por uma sensação extremamente intangível e longínqua, se lembrando de momentos do passado. Sachie sentiu como se estivesse caminhando novamente pelas pradarias amareladas de sua cidade natal, sob o céu azulado, e como se estivesse mais uma vez subindo a colina fria que ficava perto do lago, em suas aventuras com o menino de cabelos negros, cujo vigor emanava de si.
Ela se lembrou de como andava de mãos dadas com Kazuo para qualquer lugar que fossem, vivenciando as memórias de um passado com explorações mais silvestres, onde as coisas possuíam um sabor agridoce.
Com o olhar estreito, a garota observou o caminho à frente, com um sorriso satisfeito no rosto. Ela segurou melhor a mão do rapaz, sentindo como se tivesse voltado no tempo.
Kazuo virou a cabeça para Sachie, com olhos gentis, então utilizou aquela posição para discretamente rolá-los para o lado, tendo uma perspectiva turva do que tinha atrás de si. Pela visão periférica, ele notou uma sombra mais distante mover-se minimamente, se escondendo atrás de algo.
O rapaz retornou com o olhar para frente, descendo as sobrancelhas.
Droga… Não podemos começar a andar mais rápido agora, se não ele vai perceber que eu o notei.
Kazuo continuou caminhando na mesma velocidade, sem olhar para trás novamente, ao invés disso, ele começou a refletir sobre o que a garota havia dito, tentando pensar no que ela disse que imaginou.
— Sachie.
— O que…? — Sachie respondeu, olhando para o rapaz.
— Você não vai me perder, está bem? Eu disse que não posso te prometer uma coisa dessas, mas também não vou deixar que aconteça tão facilmente.
Kazuo sentiu a garota apertando sua mão levemente, enquanto ela olhava para baixo.
— Tá bom… — Sua voz soou um pouco mais reconfortada. — Você conseguiu ler minha mente…
O rapaz começou a andar um pouco mais rápido, subitamente chamando a atenção da jovem.
— Vamos ir um pouco mais rápido, não quero que a gente pegue um resfriado.
— Tá, vamos. — Ela acompanhou Kazuo, seguindo ao seu lado.
Após um tempo caminhando, eles desceram as escadas da estação, adentrando seu interior extenso, que dispunha da ausência dos ventos frígidos. Haviam algumas pessoas no local, muitas sentadas e outras em pé, mas todas aguardando a chegada de algo em comum.
Como o caminho havia sido percorrido sem empecilhos, os jovens já estavam há um tempo esperando o metrô, e quando ele finalmente havia chegado, parando lentamente, eles começaram a andar em direção ao transporte ferroviário.
Kazuo adentrou o recinto bem iluminado, passando pela porta dupla, logo após ela abrir. Ele andou um pouco para o fundo do vagão, com Sachie acompanhando-o atrás, então se sentou de costas para uma janela, que concedia visão de uma parte da estação. A garota se sentou ao seu lado, vislumbrando a mesma cena, enquanto outras pessoas entravam no metrô, caminhando pelo chão de ladrilhos claros.
— O que a gente vai fazer quando chegar em casa? — Ela perguntou, olhando para o rapaz.
Ele virou a cabeça em sua direção, sentando-se mais confortavelmente no assento.
— Eu vou ficar com a compressa no rosto por um tempo, depois disso, eu pretendo limpar o quarto dos fundos.
— Sério? Eu vou te ajudar.
— Isso é bom… Bem, e mais tarde, eu vou tentar treinar algumas coisas.
— Poxa, maninho… você devia descansar hoje… Você pode fazer isso amanhã.
— Esses machucados não vão me atrapalhar, e eu quero começar hoje. Não quero perder tempo.
— Tudo bem… Pode contar comigo pra qualquer coisa, tá?
Kazuo riu um pouco, respondendo.
— Tá, tudo bem.
Subitamente, ele sentiu o fraco tremor do metrô começando a se mover, seguido do som das portas se fechando.
— Opa… estamos indo…
O rapaz virou a cabeça para a janela novamente, observando o movimento do metrô o afastar lentamente da estação. Ele rolou com os olhos pelo interior, observando o recinto pelos últimos momentos que restavam, até que eles pararam em um ponto na escada de entrada.
Kazuo se levantou bruscamente, aproximando o rosto do vidro enquanto olhava fixamente a figura no pé da escada, que o observava de volta.
— Maninho? — Sachie virou a cabeça em sua direção, vendo seus olhos sérios encararem algo fora do metrô.
Ele estreitou a visão, distinguindo a vestimenta escura que a pessoa usava, mas naquele momento, o metrô já havia aumentado sua velocidade, deixando a estação.
Antes que o rapaz pudesse perceber, o vislumbre da pessoa misteriosa foi extinguido pela visão escura das paredes do duto, pouco iluminadas pela claridade interna do metrô.
Então… realmente tinha alguém seguindo a gente? Mas por quê…? Quem era?
Kazuo se sentou novamente, com o cabelo negro caindo sobre os olhos.
— O que foi, maninho?
— Ah, nada, eu achei que tinha visto algo.
— Me pareceu que você viu uma coisa muito estranha, ou muito engraçada.
— É, tem razão, mas eu só achei ter visto mesmo.
— Sério?
— Sim.
A garota virou a cabeça para frente, olhando qualquer outra coisa.
As sobrancelhas do rapaz desceram em uma expressão de concentração, enquanto ele refletia sobre o que acabara de acontecer.
Aquela pessoa… eu já vi ela em algum lugar… eu acho…
Algum tempo depois, ainda na viagem, Kazuo continuava pensativo, até que Sachie lentamente repousou a cabeça em seu ombro.
Ele a observou por um momento, sem dizer nada.
Antes que eu perceba, as aulas vão voltar e eu não vou ter mais tempo pra fazer várias coisas, então preciso aproveitar essas duas semanas que restam.
As flexões de ontem não são nem o mínimo que eu preciso fazer… Vou tentar adaptar o treinamento de condicionamento que o sensei me passou há anos atrás.
Eu também preciso praticar algumas coisas que eu fazia na floresta, como criar fogo… mas como eu vou fazer isso se aqui não tem florestas, só parques? Eu não posso sair da cidade de qualquer jeito… com esse assassino por aí, tenho que planejar bem pra conseguir voltar antes de anoitecer… mas ainda tem a Sachie… não gosto de deixar ela sozinha… Bom, mas isso não deve ser um problema. Eu vou precisar da floresta pra treinar muitas coisas, como tiro com arco.
O rapaz começou a se lembrar de quando recebeu o seu arco, que era grande demais para ele conseguir manusear naquela época, tendo que usar seus próprios arcos feitos à mão. Kazuo também se lembrou dos acampamentos que fazia com seus colegas escoteiros, onde ficavam, por muitas vezes, dias reclusos naquele espaço, melhorando suas habilidades.
Que saudade de acampar… Será que a Sachie ainda teria medo de um lobo invadir o acampamento, como era antes?
— Sachie, você se lembra de quando eu levava você pra acampar? — Ele olhou para Sachie, sendo notável uma certa empolgação em sua voz.
— … — Ela não respondeu.
Kazuo observou um pouco desanimado o rosto afável da garota, que repousava a cabeça em seu ombro.
Sachie estava com os olhos fechados, respirando lentamente, e com uma mão por cima da outra, sobre as pernas.
— Por que ela sempre dorme nas viagens quando está comigo…? — Ele disse em um tom baixo, olhando para cima.
Assim, o metrô continuou a seguir em alta velocidade, avançando pelo túnel.
Após desembarcar na estação do bairro, Kazuo finalmente estava caminhando até sua casa, seguindo pela larga rua, que era levemente íngreme.
Da calçada ao lado direito da pista, ele vislumbrava a superfície rochosa da parede que antecedia o grande parque, que estava em um nível mais elevado, porém, esta altitude lentamente se anulava conforme mais se subia pela rua.
Olhando para o outro lado da pista, o rapaz via os mesmos comércios de sempre, além de algumas pessoas andando pela calçada, naquela manhã cinzenta.
O vento descia a rua sem hesitação, mexendo os cabelos de Kazuo e Sachie, vindo da frente, até que eles chegaram em um ponto onde havia outra rua virando a esquerda, e o lugar onde eles moravam situava-se exatamente naquela esquina, onde a inclinação do chão não se fazia mais presente.
O grande edifício de três andares no qual os jovens começaram a andar em direção estendia-se para o lado, exibindo várias portas dispostas uma ao lado da outra, com uma certa distância entre elas, nos dois últimos andares. Uma escada concedia acesso ao corredor onde havia as portas dos apartamentos do primeiro andar, onde Kazuo morava.
Ele se aproximou do muro baixo, ornamentado arquitetonicamente, então destrancou o portão adentrando o pátio, este que possuía um local à esquerda reservado para acomodar motos e bicicletas.
O rapaz, acompanhado de Sachie, começou a subir a escada que estava alguns passos à frente do portão, até que um odor nicotinoso chegou ao seu nariz na forma de uma fumaça esparsa, quase que transparente.
No topo da escada, surgiu uma mulher que aparentava ter um pouco mais de vinte anos, com um cigarro na boca. Seu vistoso cabelo vermelho mexia com o vento, enquanto seus intensos olhos, de mesma coloração, encaravam Kazuo. Ela era um pouco alta, mas não ultrapassava o jovem, e usava um colete preto por cima da camisa social branca, além de uma calça justa, escura.
A mulher, que havia parado de descer a escada no momento em que viu o rapaz, pegou o cigarro com uma expressão calma, exalando o ar pela boca.
— E aí. — Ela disse, fitando-o com seus olhos rubros.
Ruubi-san…
Após observá-la no topo da escada, Kazuo continuou subindo. Ele passou pela mulher e se aproximou da parede onde haviam as portas, encostando-se e descendo a bolsa camuflada do ombro.
— Continua fumando, Ruubi-san?
Ruubi, a mulher de cabelos vermelhos, se virou na direção do rapaz, olhando o cigarro em sua mão.
— Ainda não consegui me livrar dessa droga…
Naquele momento, Sachie passou por ela, olhando-a com um sorriso.
— Oi, Ruubi-san!
— Oi, Sachie. — Ruubi sorriu com os olhos, então virou a cabeça na direção de Kazuo, observando os hematomas levemente roxos em seu rosto. — Se meteu em uma briga?
— Tá na cara, né?
A mulher colocou a mão na testa, fechando os olhos com um leve sorriso.
— Que piada horrorosa… — Ela os abriu novamente, encarando o rapaz. — Não foi você quem começou a briga, né?
— Não se preocupe, não cometi nenhum crime.
— Isso é bom, não gostaria de te prender por lesão corporal.
Kazuo observou a vestimenta de Ruubi, e o cabelo vermelho preso em um longo rabo de cavalo, além do colar um pouco acima dos seios, entre o colarinho desabotoado da camisa branca.
— Parece que você está indo trabalhar.
— Estou. Voltarei só à noite daquela delegacia movimentada.
— São momentos como esse que eu entendo porque você começou a fumar.
— É… mas eu quero parar. Vocês sabiam que em breve outra pessoa vai começar a morar aqui? Ela é da sua idade, Kazuo.
— Eu não sei se ignoro o fato de você saber a idade dela, ou a sua intenção me contando isso.
A mulher riu um pouco, sorrindo levemente.
— Você é uma graça… Bom… Faz tempo que a gente não se esbarra, mas não posso conversar mais, tenho que ir. — Ruubi deu uma piscada de olho para Kazuo, depois afagou a cabeça de Sachie, assim, se virou, começando a descer a escada.
A Ruubi-san é policial… Ela se mudou pra cá no início do ano, quando começou a trabalhar na delegacia do bairro.
Ela mora no apartamento ao lado do meu, mas a gente não chegou a conversar direito, apesar disso, eu acho que ela é uma policial novata, porque ela parece ser só um pouco mais velha do que eu… mesmo assim, ela deve ser bem competente. Eu vi a moto dela estacionada na frente da escola algumas vezes, depois que aquele estudante foi assassinado.
O rapaz caminhou até o topo da escada, olhando a mulher chegar no último degrau.
— Ruubi-san.
Ela virou um pouco o corpo para trás, com uma mão na cintura, observando-o com seus olhos calmos, porém, afiados.
Ele continuou, dizendo:
— Vamos conversar mais vezes, eu percebi que não sei muito sobre você.
— Não sabia que você gostava de garotas mais velhas, Kazuo.
— Não me lembro de ter dito isso.
— Estou apenas brincando… não precisa ficar tão sério.
Kazuo olhou para o lado, coçando o rosto.
— Bom… — Ruubi continuou falando, levantando um pouco a cabeça para olhar o céu. — Isso seria legal… eu aceito. Quando tiver tempo, eu passo na sua casa.
— Ótimo.
Ela voltou o olhar para o rapaz, vendo sua expressão neutra.
— Não vai ficar corado, nem demonstrar um pouco de felicidade?
— Não quero você rindo da minha cara.
— Isso não foi nada fofo. — A mulher começou a andar na direção de sua moto, olhando Kazuo de soslaio, com um sorriso sutil. — A gente se vê.
— Até mais, Ruubi-san.
Depois que Ruubi sumiu de sua visão, o rapaz pegou a bolsa no chão, perto da primeira porta do corredor, que ficava um pouco mais longe das outras.
— A Ruubi-san é legal, né? — Sachie disse, olhando para ele.
— É… ela parece confiável.
Kazuo destrancou a porta, abrindo-a. O interior pouco iluminado pela janela da cozinha surgiu em seguida, revelando o habitual recinto.
Ambos entraram, então o rapaz trancou novamente a porta, enquanto Sachie andava pela sala.
Ele retirou os calçados, como ela, então caminhou até a mesa baixa, colocando a bolsa no chão.
— Eu vou tomar um banho.
— Tá! Eu vou deixar tudo pronto. — A garota disse, abrindo a porta de seu quarto.
Kazuo olhou o relógio no pulso, vendo que marcava “10:17”. Bem… vamos lá.
O rapaz estava repousando o corpo na água quente da banheira, com os olhos fechados, relaxando os músculos.
— Ah… isso é bom… — Ele esboçou um sorriso, colocando as mãos atrás da cabeça, até que…
— Maninho. — Sachie disse através da porta, dando umas batidas nela. — Eu posso abrir a sua bolsa?
— Huh? — Kazuo abriu os olhos, encarando a porta. — Bem, claro…
— Tá bom!
A garota não disse mais nada, ocasionando um silêncio, então, o rapaz apenas olhou para frente novamente, tentando não pensar em nada.
Kazuo deixou o banheiro, fechando a porta do cômodo; ele estava com seu casaco de moletom vermelho, e a calça cinza.
O rapaz olhou para a sala, e percebeu duas grandes almofadas ao lado da mesa baixa — uma era rosa, e a outra era roxa, ambas não estavam ali antes — e a compressa sobre o móvel.
Sachie havia retirado seu casaco branco, ficando apenas com a camisa azul escuro e o short jeans. Ela estava ajeitando um futon na frente da mesa, direcionado para a televisão.
— Nossa, você já está arrumando tudo…
A garota sorriu, olhando para Kazuo.
— Eu já coloquei gelo na compressa.
— Valeu, você está ajudando muito.
— Vem, deita aqui. — Sachie deu leves batidas no acolchoado à sua frente.
O rapaz observou um pouco, então caminhou até o futon, deitando-se na superfície macia, com a cabeça próxima da garota. Ele conseguia notar pela visão periférica os joelhos de Sachie juntos, bem perto de seu rosto, enquanto os cabelos dela caiam na frente do corpo, movimentando-se quando ela estendeu o braço para pegar a compressa.
Kazuo viu que a garota retornou os olhos até ele, analisando-o de cima com uma expressão séria, então ela aproximou o tecido branco da face do rapaz, tocando gentilmente na região da maçã do rosto.
Ele sentiu imediatamente o contato gelado naquela parte, aumentando gradativamente até chegar em uma dormência úmida.
— Está doendo?
— Não.
— Tá…
Sachie trocou o lado, então Kazuo sentiu o toque gelado passar para a outra maçã do rosto, e depois para a região inferior dos olhos, assim, a garota encostou a compressa nos dois lados de sua boca.
— Eu estou fazendo certo…? — Ela trocou a visão para os olhos do rapaz.
— Bom, sim… mas você pode apenas deixar a compressa em cima do meu rosto.
— Pode ser assim?
— Pode, desse jeito vai ser mais rápido, mas tem que mexer de vez em quando.
— Tá.
Kazuo sentiu Sachie passando os dedos em sua testa, arrumando a franja para trás, então ela pôs a compressa em seu rosto, ajeitando para cobri-lo por completo. A visão do rapaz escureceu-se, então ele fechou os olhos, sentindo toda a face entrando em contato com a superfície gelada do tecido.
— Você precisa ficar quanto tempo assim? — A garota perguntou.
— Por uns quinze minutos pelo menos, mas eu tenho que dar um intervalo de vez em quando, pra não queimar meu rosto. — A voz de Kazuo soou um pouco abafada, através do tecido.
— Entendi, vou me lembrar disso.
— Você parece estar gostando.
Ele ouviu a risada envergonhada de Sachie, vindo do seu lado.
Isso está tão gelado… meu rosto já está ficando meio dormente…
Naquele momento, o rapaz sentiu uma mão passar pelo seu cabelo lentamente, afagando-o com um toque gentil.
— S-Sachie…?
— O que foi?
— Ah… nada não…
Ele continuou sentindo os dedos da garota acariciarem sua cabeça suavemente, então um formigamento agradável subiu até o couro cabeludo, fazendo-o se arrepiar.
Nossa… isso é bom…
— Você nunca cuidou de mim assim. — Kazuo disse, sentindo o corpo relaxar.
— Você é quem normalmente cuida de mim, mas sempre que você precisar, eu vou fazer o mesmo por você.
— É… isso não me soa mal…
O rapaz ficou um tempo em silêncio, pensando, até que disse em voz baixa:
— Se você está fazendo tudo isso só por causa desses machucados, imagina quando eu estiver mal de verdade…
Sachie riu um pouco, então respondeu no mesmo volume.
— Você pode contar sempre comigo…
— Você ouviu?
— Claro.
A garota retirou a compressa do rosto de Kazuo, revelando sua pele que estava um pouco esbranquiçada, então esperou um tempo, assim, colocou o tecido de volta.
Momentos depois, ela observou suas pernas claras, pouco cobertas pelo short, então retornou o olhar para a face escondida do rapaz.
— Você quer deitar no meu colo?
— Não precisa, eu te poupo disso.
— Isso não é um incômodo pra mim…
Kazuo ficou um tempo em silêncio, pensando.
— Bom… se é assim, então eu não ligo de ficar um pouco.
Sachie gentilmente levantou a cabeça do rapaz, indo um pouco para frente, assim, continuou sentada por cima das pernas, mas sobre o acolchoado. Ela repousou suavemente a cabeça dele em suas coxas.
Kazuo sentiu o toque macio em sua nuca, além do calor do contato, e do corpo da garota perto de um lado do seu rosto.
— Deve ser engraçado me ver desse jeito.
— Só um pouco… — Sachie riu, olhando a face coberta do rapaz.
Após um tempo, a garota já havia retirado e colocado a compressa no rosto de Kazuo algumas vezes, enquanto ele apenas descansava, de olhos fechados.
Ela tocou o tecido branco, sentindo que ele não estava tão gelado como antes.
Acho que já passou uns vinte minutos, então já deve estar bom.
Sachie pegou a compressa e a deixou em cima da mesa, revelando a face do rapaz. Ela analisou os pequenos hematomas, percebendo que eles estavam menos roxos.
Isso está um pouco melhor… se a gente continuar colocando gelo, parece que em alguns dias já deve sumir.
A garota observou os olhos de Kazuo, que estavam fechados, então voltou a acariciar a cabeça do rapaz, que estava sobre suas coxas.
Ele age como se não fosse nada, mas levar um soco deve doer, né? Bom, ele já está acostumado, acho que é por isso que ele parece não ligar tanto.
O maninho está quieto… acho que ele está gostando…
Ele nunca me pede nada, então eu não sei quando ele está precisando de um pouco de carinho, ou de qualquer outra coisa. Ele podia me contar quando estivesse se sentindo triste, mas ele sempre passa uma impressão de que está tudo bem, então eu fico sem entender o que eu preciso fazer… Ainda bem que ele está gostando desse momento, eu vou tentar cuidar dele assim mais vezes.
Naquele momento, Kazuo se mexeu, virando-se na direção de Sachie com os olhos ainda fechados. Ele ficou deitado de lado, com o rosto bem próximo da virilha da garota, e de sua barriga. Ela sentiu a respiração lenta do rapaz aquecer um pouco aquela região.
— M-Maninho? — Suas bochechas estavam um pouco vermelhas.
Kazuo não respondeu, ele continuava deitado, com uma feição de sossego. O rapaz respirava de uma maneira tranquila e gentil, enquanto as sobrancelhas e a região em volta dos olhos não demonstravam tensão alguma.
Sachie observou seu rosto, notando tais aspectos, enquanto ele repousava serenamente, transmitindo através da face uma energia inocente, totalmente diferente daquela passada por seus olhos sérios de sempre.
— Ele dormiu…
A garota estreitou o olhar, esboçando um sorriso no rosto, então deslizou a mão atrás da cabeça de Kazuo algumas vezes, afagando-a.
Então você estava mesmo precisando disso, né…?
Você está dormindo tão tranquilamente… como se fosse a primeira vez que você se esqueceu das coisas que te preocupa…
Você deve me achar uma inútil de vez em quando, mas eu juro que vou tentar perceber quando você estiver triste, ou quando estiver cansado.
Sachie levantou a cabeça, olhando uma parte do corredor que levava ao quarto dos fundos, depois observou a porta do banheiro e a entrada do apartamento, assim, virou um pouco a cabeça para o lado, vendo de soslaio uma parcela da cozinha.
O maninho disse que queria fazer umas coisas hoje… Ele quer arrumar o quarto dos fundos, será que ele vai voltar a fazer as coisas que ele fazia antes? Ontem, pela manhã, ele estava treinando naquele quarto…
Se ele voltar, vai ser muito legal… Desde que aquilo aconteceu, ele mudou um pouco… quer dizer, pra mim, ele é o mesmo de sempre, mas antigamente, o maninho demonstrava mais as emoções dele. Antes, eu conseguia saber quando ele estava irritado, ou triste, e nas horas que ele estava empolgado, parecia que ele ia voar pra longe, e me deixar pra trás…
Hoje em dia, nós ficamos mais tempo juntos, mas antigamente não era bem assim. Quando ele não estava na escola, ele estava treinando com o sensei dele, ou então com os amigos escoteiros. Eu me lembro do maninho chegando de noite, depois de um dia cheio, mas sem parecer que estava cansado. Ele parecia tão cheio de vida…
Eu sei que o maninho mudou… ele não interage com as pessoas como antes, mas… de um tempo pra cá, eu percebi que ele está um pouco diferente… ele está me lembrando de como ele era antes…
Eu não sei o que é isso, mas eu sinto que as coisas vão ser diferentes daqui pra frente…
A garota deu um suspiro profundo, confusa com a sensação de alívio e de preocupação. Ela olhou para o rosto do rapaz, então apoiou sua cabeça com as mãos, começando a se levantar em um movimento lento para não acordá-lo. Sachie ficou de joelhos, repousando a cabeça de Kazuo no acolchoado, assim, finalmente se pôs de pé.
— Eu queria ficar assim mais um tempo, mas vou adiantar algumas coisas. — Ela o olhou de cima, segurando as mãos atrás do corpo.
Bom, vou poupar ele de fazer nosso almoço, assim, quando ele acordar, vai poder se concentrar em arrumar o quarto.
A garota virou um pouco a cabeça, olhando para a porta do banheiro.
Só vou tomar um banho primeiro, depois disso, eu começo.
…
A luz que vinha das lâmpadas no teto clareava o longo corredor, com algumas portas ao lado, por sua extensão. No final do caminho, havia uma área maior, antecedendo a porta dupla que levava ao lado de fora da delegacia.
Sato caminhava apressadamente pelos ladrilhos claros, coçando o cavanhaque preto, da mesma tonalidade do cabelo jogado para o lado, um pouco longo. Com a outra mão, ele segurava o sobretudo preto por cima do ombro, vestido com a camisa social azul escuro, um pouco desabotoada na região do colarinho, e a calça cinza, enquanto o ruído das batidas do sapato ecoavam como passos rápidos e pesados.
Os traços adultos de sua face e suas linhas marcantes revelavam sua idade um pouco mais madura, próxima à de Hiroshi, mas seu aspecto corpulento e atlético lhe concedia uma aparência mais vigorosa e pujante.
Um pouco atrás de si, havia um policial com um semblante mais jovem, que o seguia, tentando acompanhar seus passos. Seu cabelo era curto e castanho, e seus olhos verdes olhavam o homem, enquanto vestia uma camisa azul escuro como ele e alguns outros policiais ali.
O rapaz tentou se aproximar mais de Sato, árduamente aumentando os passos para ficar ao menos obliquamente ao seu lado.
— Então o senhor vai para a empresa agora?
— Vou, Smith. Eu marquei de encontrar os Horie pra esclarecer algumas coisas.
— Entendido. Eu vou com o senhor.
— Não, eu preciso que você fique aqui.
Naquele momento, Ambos pararam bruscamente quando chegaram na porta dupla, de onde tinham visão dos bancos, do balcão de atendimento, de alguns corredores que levavam para outros lugares da delegacia e, desta forma, do hall de entrada.
Eles estavam virados um para o outro, assim, Sato continuou falando.
— Eu vou deixar o meu rádio no carro, pra não atrapalhar minha conversa com eles, então vocês não vão conseguir falar comigo por ele. Quero que você fique aqui, e quando a unidade de rastreamento der alguma notícia, você me liga imediatamente e me avisa.
— Certo!
— Muito bem. Fale pros rapazes ficarem prontos, pois assim que a unidade conseguir a localização dos desgraçados de ontem, nós iremos iniciar a operação o mais rápido possível.
— Entendido, eu só estou esperando a notícia. Irei verificar se o resto do pessoal que vai participar já está pronto.
— Isso aí. Mantenha o sangue quente, isso vai ser mais perigoso que o normal. — Sato deu um tapa fraco nas costas de Smith, então empurrou umas das portas, deixando a delegacia.
A luz esbranquiçada que vinha do céu nublado alvejou seus olhos castanhos, fazendo-o estreitá-los por um instante.
Após sua visão se acostumar, e a claridade diminuir, deixando de agredi-la, o homem olhou a ínfima parcela de Tokyo que já estava acostumado a ver todo dia, perto do topo da escadaria.
Ele observou, mais abaixo, a rua que seguia para os dois lados, onde sua viatura estava estacionada ao lado da calçada, e a outra rua, que seguia diretamente para frente, sendo possível enxergar vários quarteirões à distância.
O horizonte estava coberto pela imensidão dos altos prédios e das infinitas construções, torres e parques, que recheavam a visão, além das pontes de metrô, que atravessavam os bairros, algumas pouco acima das árvores.
Sato levou o sobretudo preto para a frente do corpo, então começou a andar, vestindo a peça enquanto via várias pessoas caminhando pela calçada, e os veículos passando pelas ruas.
Ele desceu a escadaria, ajeitando o sobretudo no corpo, então abriu a porta do veículo, olhando para o céu um momento antes de entrar.
Eu não sei qual é a relação desses caras com o caso do Hiroshi, mas isso está parecendo ser muito importante… Precisamos descobrir qual é a ligação entre eles, pois tenho a impressão de que isso é mais profundo do que parece.
Hoje vai ser o dia pra descobrir tudo isso, vamos nessa.