Portadora da História - Capítulo 1
Uma garota andava por planícies, era jovem, tendo entre 15 a 16 anos de idade, continuou avançando em frente, saindo das planícies, andou na direção de uma grande e imponente árvore que irradiava uma energia misteriosa.
Os olhos da menina estavam opacos, desprovidos de coloração, ela parecia hipnotizada pela árvore, quando se aproximou o suficiente para que palavras brotassem em sua cabeça, “conhecimento… conhecimento… conhecimento” olhando para sua frente murmurou: — Conhecimento.
Então ela começou a despencar. Seus olhos outrora opacos voltaram a ter seu antigo brilho dourado. Olhando para os lados e percebendo que estava caindo, ficou assustada, mas só um pouco… “de novo esse sonho estranho”.
Um galho da árvore acima despencou em sua direção, estava se transformando em um cartão com uma oliveira e um pássaro desenhado.
Thud! a jovem caiu da cama… — Grr! Que merda, eu quero atear fogo naquela árvore maldita. — Parada no chão, sentiu algo em sua mão esquerda, ela jogou o objeto para frente, para longe dela. — Isso, o quê!
Seus pensamentos desaceleraram, e tudo ao redor se dobrou, informações ressoavam em sua mente, e então ela desmaiou.
Novamente no mundo dos sonhos, lá estava a árvore, silenciosa, claro elas não falam, pelo menos não a língua humana, mas a garota sabia que aquilo não era apenas uma árvore, não poderia ser só isso.
Ela estava sendo arrastada para esse mundo nos seus sonhos pela décima primeira vez, já sabia que havia algo anormal acontecendo.
Olhando para o ser em sua frente, ela murmurou: — Pare de me puxar para cá, eu não quero enlouquecer dormindo. — O silêncio rodeou a área. — Pare de fingir, sei que você está fingindo ser uma oliveira.
Uma Oliveira, essa era a aparência da árvore, whoosh! O chiado do vento agora podia ser ouvido, uma voz antiga ressoou pelo ar.
— Garota, eu não estou te puxando, você que me aprisionou aqui.
Olhando com descrença para a frente com olhos que pareciam roubar a luz para si perguntou: — Aprisionei?
— Sim, estou preso aqui desde o dia que você visitou a igreja da Sabedoria e comeu o coração da coruja.
— O que aquele coração tem a ver com isso? Eu era só uma criança, não entendo o que quer dizer — resmungou a garota prestando atenção na resposta.
— Claro que era, eu não a culpo, ninguém sabia o que era por isso você ainda está viva.
— Como assim? O que era aquele coração?
O ser respondeu: — Apenas a unicidade chamada de Conhecimento. Nada de mais
não é mesmo?
— O que é isso? — perguntei, eu sabia pouco sobre o assunto, no máximo me lembrava de uma conversa que escutara há 8 dias atrás.
Guilda Espírito de Sangue, ano: 779 dia [327].
— Ei vocês ouviram? — perguntou uma mulher, ela tinha um rosto atraente, e parecia ansiosa.
— O quê? — retrucou com outra pergunta um homem que parecia ter entre 30 a 35 anos de idade.
— Parece que aqueles seguidores de Kali tem uma sacerdotisa agora.
— Isso é mesmo verdade?
— Sim, pelo visto ela nasceu abençoada com o poder da Desordem.
— Uma abençoada então, faz sentido… se ela tem as bênçãos de Kali, transformá-la em sua sacerdotisa é o certo — completou o homem.
— Também queria ser uma abençoada, essas pessoas ganham poderes que não podemos ter.
— Você quer ser abençoada por uma deusa pagã?
— Não, claro que não, eu pretendia dizer que, seria bom obter as bênçãos de uma verdadeira divindade.
— Bem, talvez seja realmente bom —
verbalizou o homem — Qual é o nome dela?
— O nome é Éris, mas não sei o sobrenome.
— Bem, sem o sobrenome é difícil descobrir quem é.
Ano: 779: [335]. No sonho;
Olhando para a antiga árvore em minha frente, esperei que ela respondesse minha pergunta.
— O que é… você diz? — completou a oliveira depois de um breve silêncio — É parte da alma que um deus dividiu para ser revivido caso pereça, claro… se o deus perecer, e se os portadores não forem sacrificados, a unicidade pode se fundir ao portador ascendendo-o como um novo deus.
— Você só pode está brincando, não é? — murmurou a garota.
— Claro que estou, como isso poderia ser possível?
— Ufa! Suspirou a garota.
A oliveira então falou: — você não entende mesmo, não é? Diga-me, qual é o meu nome?
A garota sem hesitar declarou: — Conhecimento. logo o seu rosto empalideceu, é em sua cabeça informações estavam novamente martelando, passaram se alguns segundos até ela voltar a si.
— Agora você sabe se é possível ou não — falou o ser à sua frente.
— V-você, você é uma unicidade?
— Qual a dificuldade em perceber isso? — perguntou o ser.
— Volte e pegue o cartão, coloque um pouco do seu sangue nele é você não virá aqui mais, se deseja se livrar desse sonho, essa é a única opção — resmungou a oliveira.
— Sangue? Eu não sou idiota, eu trabalhei como exploradora por dois anos, sei que os demônios usam o sangue para formar contratos.
— Realmente será um contrato, mas não com um demônio, eu sou apenas a fração de uma alma, claro, te ajudarei a buscar o que deseja.
— O que desejo? Isso é impossível, nem os deuses conseguem fazer isso — comentou a menina
— Eles conseguem, apenas não podem pois serão atacados pelos outros no momento que tentarem o fazer, se quiser alcançar o seu objetivo siga o que eu disse. — O vento voltou a soprar. — Agora, acorde!.
— Unh, hur? Por que estou no chão? Subitamente lembrei-me de que havia caído quando acordei anteriormente.
Ainda no chão olhei ao redor do meu quarto, tudo parecia como antes, a cama estava desarrumada, meu manual da guilda estava no chão. “Deve ter caído quando rolei da cama, lembro-me que o deixei sobre a cama”.
Na minha frente, a uns dois metros de mim estava o cartão, ele tinha o desenho de uma árvore e um pássaro, levantei-me e o peguei, minha mente ficou mais nítida ao tocá-lo.
Pensando nas palavras do ser, entretanto enfrentando um dilema, resolvi apenas ir para a guilda fazer uma missão… colocando o cartão em um dos bolsos na lateral da calça, saí de minha casa.
Ruas movimentadas, vendedores em todos os cantos, torres altas de madeira, claro, não tão altas ou protegidas quanto as de Kodor, o império ao oeste, era onde eu morava, lá as torres são de pedras, e feitas para suportarem o terror da guerra.
Passando por uma rua de pedra, virando para o lado esquerdo de uma livraria, logo vi-me em frente a placa da guilda dos exploradores, ao entrar percebi que muitas pessoas estavam se registrando em missões.
Fui em direção ao quadro de missões e escutei a voz de um homem.
— Precisamos de mais um explorador para essa missão, amor.
— Então amor, quem deveríamos chamar? — falou uma mulher ao seu lado.
— Ei vocês! Um de vocês quer fazer essa missão em conjunto?
— Ei casalzinho, saiam daqui e vão pra casa, aqui não é lugar para ficar brincando de casinha — disse um homem forte e robusto, tinha uma aura poderosa, seu tom de pele era de um verde escuro.
— Não estamos brincando, estamos caçando uma quimera.
— Vocês dois? — Kekkek, uma risada alta e aguda foi ouvida no local. — Vocês só podem ser desequilibrados — completou o homem de pele verde.
— Esqueça-o, vamos continuar procurando, se não encontrarmos ninguém, podemos fazê-la apenas nós dois — expressou a mulher.
“Dois loucos apaixonados” pensei, olhando para o quadro de missões vi pelo canto do olho que eles se aproximavam de mim. “Porra que azar, eu não quero lidar com outros doidos, já me basta eu mesma”.
O homem se aproximou um pouco mais que a mulher e falou: — Olá, jovem exploradora não quer ir em uma grande missão pela primeira vez?
— Primeira vez? — Perguntei, sabia que ele havia dito aquilo apenas por causa da minha aparência jovem.
— Olha! — Ele retirou do seu bolso um pequeno cartão cinza e me mostrou, — Vê? Eu sou um explorador de rank Ferro.
Olhando para o cartão dele sem esboçar a mínima reação, peguei um dos cartões em meu bolso e mostrei-o para o homem, ele riu, riu bastante da minha cara, eu não estava entendendo até olhar para minha mão.
“Que merda” eu havia pegado o cartão errado, era um cartão com um pássaro e uma oliveira, eu já estava muito estressada com esse tipo de situação.
Coloquei a mão novamente no bolso, desta vez agarrei o cartão certo, um de cor laranja, que significava que eu era um rank maior que o do homem, rank 3, Cobre.
— Vê? — Eu repeti sua pergunta, não estava sendo arrogante, apenas estava mostrando que não se deve julgar os outros em uma guilda… pelo menos, não nessa.
Os olhos do homem pareciam arder em uma chama fervente, todavia logo ele recuperou sua postura e falou: — Não quer fazer uma missão com nós dois?.
“Uma quimera pode ser interessante” pensei.
Não prestando muita atenção na forma em que ele falou, apenas estendi uma das mãos.
— Eh? — O homem pareceu surpreso mas logo entendeu o meu gesto, ele apontou na direção de sua mulher, esposa, ou o quer que seja, “não me importo”.
Ela tirou um pequeno pergaminho incrustado por desenhos de espíritos e disse: aqui está, essa é a missão que devemos fazer.
Ao me entregar o pergaminho ela deu dois passos para trás, sinceramente eu não entendia o porquê, acho que meu cartão a assustou, para falar a verdade eu poderia alcançá-la sem muito esforço naquela distância.
Olhando cuidadosamente para o papel em minha mão, comecei a ler.
Missão: Extrair o sangue de um Wolph.
“Wolph são criaturas que descendem dos lobos e das serpentes, sua forma e uma mescla das características dos lobos como as quatro patas e das partes dos serpentinos, uma cauda longa como um chicote e uma língua bifurcada que pode injetar veneno em suas presas.
O sangue desses monstros possui uma toxina que pode causar paralisia completa em uma pessoa, caso seja ingerido por algum poro do corpo.
Dificuldade: rank ferro
Recompensa: 13 pontos de guilda
Aviso: apesar de aparentar ser uma missão fácil, recomenda-se que a missão seja feita por grupos de no mínimo 4 pessoas.
Após ler com cuidado, pensei um pouco… “e uma missão para o rank ferro, eu já completei diversas missões nos dois anos que estive aqui, não acho que será tão difícil com um grupo de apenas três”
— Vamos registrar a missão então — expressei — Vou aceitar essa missão com vocês, então vamos levar isso a sério.
Olhando para os dois à minha frente perguntei: — Quais as suas armas —?
— Eu não as uso — falou a mulher — Sou uma barda que segue a igreja de Gaia, posso usar a aura da terra e do vento, também posso usar a aura das plantas e dos animais.
— Eu uso uma lança — disse o homem — sou um lanceiro nato, minha avó me contou muitas histórias dos usuários de lança e falou que eu sou muito talentoso.
— Eu vejo. — “olhando pelo lado bom, a barda pode servir para algo” fui em direção a área de registros… não precisei falar muito apenas entreguei o pergaminho e eles anotaram em uma folha e revisaram.
Após o término, me devolveram o papel, e segurei-o em minha mão, me virando para o casal e saindo da guilda verbalizei: — agora vamos!
Nota: A 3° pessoa será utilizada quando a garota não estiver no controle do seu corpo.