Rei Celestial - Capítulo 6
Akemi estava em uma janela ao lado de um jovem que aparentava ter a mesma idade que ela, os dois olharam para chuva que acabou de começar, o jovem ruivo desviou seus olhos cianos para o lado e avistou seus dois superiores Major Valencia e o Oficial Barnes eles andavam em passos apressados, enquanto Harley colocava uma capa preta com um capuz.
— Comandante Valência!
— Nathaniel, avise seus colegas que eles então proibidos de sair até eu retornar.
— Certo senhor.
— O mesmo vale para nossa equipe Akemi — Harley ajeitou a capa olhando para o céu nublado.
— Por que?
Harley suspirou e revirou os olhos.
— Se fosse da conta de vocês eu teria falado.
— Esta vendo como ele trata as pessoas — Ela cruzou os braços e virou a cara — Não vou falar nada, fala você se é importante … e não me importo de ser punida.
— Nós estamos com pressa agora Akemi, quando voltarmos discutiremos como o Barnes trata as pessoas, agora vai logo fazer o que ele pediu.
— Só vou por que você pediu.
Enquanto Harley e Roger colocaram selas em seus cavalos as nuvens negras que cobriram o céu se intensificou trazendo junto um forte vento que carregou folhas secas e terra, indicando que a chuva iria se intensificar ainda mais se tornando uma tempestade.
— Por que não coloca sua capa? — perguntoua Harley a Roger ao ver que o mesmo estava sem sua capa.
Antes de subir em seu cavalo ele olhou para o prédio do QG central e avistou Akemi na janela olhando para o céu, ele olhou para ela com um olhar desconfiado enquanto colocou seu capuz.
— Você confia nela?
— É claro que sim, ela é refugiada de Okami e filha adotiva da minha vó — Já em cima de seu cavalo ele bateu com as rédeas para que o cavalo andasse tomando a frente — Confio nela do mesmo jeito que desconfio de você.
— Não pedi para você confiar em mim.
A chuva então começou, o barulho de seus pingos gelados caindo e tocando o solo, o telhado do prédio das casas e comércios da cidade, tomou conta do cenário.
— Devíamos ter ido de trem
— Se o Henry saiu ontem de noite ele só está algumas horas na nossa frente, e o cavalo dele não estava no estábulo e de trem nós levaríamos cinco dias para chegar lá, já de cavalo levaremos quatro dias.
— Quatro dias com paradas se não pararmos levaremos três, ou mais se você continuar mongo desse jeito — Harley acelerou deixando Roger para trás.
《♤♡◇♧》
Tijolos pelo chão, paredes quebradas, musgo verde crescendo nos destroços do que um dia foi uma cidade, Henry passou seus olhos negros pelo cenário ele olhou para o chão e encontrou uma boneca de pano e passou a mão para retirar à terra da boneca, uma lágrima escorreu do rosto de Henry, juntando-se com as gotas da chuva que caiu.
— Por que aqui?
— Bem aqui poderia ser seu túmulo, mas querem você vivo.
Assustado ele olhou para trás rapidamente o que fez com que seu cabelo voasse para o lado onde ficou visível uma cicatriz em seu olho esquerdo.
Ele avistou um homem de meia-idade usando um casaco preto com detalhes em vermelho nas mangas e colarinho.
— Quem é você?
O homem era Esperança dos valetes, olhando em volta com seus olhos negros puxados e sem brilho, ele passou a mão nos cabelos pretos, logo em seguida olhou para chuva que caiu.
— Odeio quando chove. — Ele caminhou até uma pedra que havia próxima a eles, e sentou-se na pedra — Lembra o que aconteceu aqui? — ele apontou para sua volta — Aqui ficava uma colônia de orientais, depois que eles “traíram” Garden …
— Sei muito bem o que aconteceu nesse lugar
— Hahaha, é mesmo você esteve naquela época … — Esperança se levantou ajeitou o casaco e suspirou. — Bem você fará parte da minha coleção …
Henry olhou para o brinquedo que segurou e lembranças dolorosas vieram a sua mente.
《♤♡◇♧》
♤ 1849, Garden: Zona vermelha e colônia de orientais.
Um grupo de doze soldados de Garden marcharam em uma estrada de terra, o jovem Henry olhou para o céu azul sem nuvens onde somente o sol brilhava, a frente do grupo Capitão William falou a todos.
— Será um ataque surpresa, todos estão na Vila hoje, eles estão comemorando um tal de festival de verão coisa de oriental…
— Capitão isso é mesmo necessário? Matar todos eles.
William olhou para Henry com a feição seria. — Foram ordens diretas do conselho.
— Mas quem deu a ideia foi o senhor.
— Sim, fui eu, somente porque eles nos traíram se aliaram a Wolfsburg para nos atacar … — ele suspirou e olhou para Henry com um semblante de decepção — Eu realmente acredito que você vai longe, mas se continuar tendo pena dos inimigos será o primeiro a morrer.
William parou e olhou para todos.
— Ouçam! Estamos chegando, depois dessa cidade há mais duas e quem irá comandar vocês nas próximas não será eu. — Ele olhou Henry sorrindo — Será o Oficial Campbal.
Gritos de pavor e socorro, pedidos de misericórdia e piedade foram ouvidos na cidade, enquanto o grupo de Garden matou cada um dos moradores da pequena vila, escondida atrás de uma árvore uma garota escutava tudo apavorada.
— Por que está acontecendo isso? Minha família…
Seus olhos negros estavam cheios de lágrimas, ela olhou para cidade e ao ver que um dos moradores que tentou escapar levou um tiro na cabeça, desistiu de sair.
— É melhor ficar aqui. — A garota sentou escorada na árvore de costas para a vila, ela colocou as mãos nos ouvidos na tentativa de não ouvir os gritos de clemência dos moradores.
A vila havia sido tingida de vermelho, vários corpos de crianças, idosos, mulheres e homens estavam pelo chão, o semblante horrorizado de Henry era mais que visível, seu uniforme azul agora estava com manchas vermelhas.
Ele olhou para suas mãos as mesmas estavam sujas de sangue, e desviou o olhar para o lado avistando um corpo onde na cabeça havia uma marca de tiro, o que já foi uma mulher, agora era um corpo sem vida com os miolos deixando o crânio. Henry não aguentou ver tal cena e abraçou sua barriga vomitando ali.
— Terminamos aqui … Você esta bem?
— Sim, Capitão!
— Vamos voltar, temos mais duas vilas para. — William falou com naturalidade em seu tom de voz — Sua cara não esta boa não em… Vai tomar um ar enquanto reúno a equipe.
Henry caminhou até o começo de uma floresta que havia mais a frente da vila, ele se escorou em uma das árvores e retirou seus óculos os limpando com a ponta do casaco que fazia parte de seu uniforme, um som de soluço chamou atenção de Henry que caminhou até a origem do som, se deparando com uma garota que se escondia atrás de uma das grandes árvores, ela olhou para ele com os olhos vermelhos de tanto chorar, de repente passos e falas foram ouvidos.
— Fuja, ou morrerá.
— V … Vocês mataram todos…
— Há você está aí … — William apontou uma arma para a garota ao vê-la — Não podemos deixar esses traidores livres em nossas terras.
O semblante da garota mudou drasticamente, seus olhos emanaram ódio, ela fechou a mão em punho, os círculos vermelhos de magia eram visíveis.
Antes que William atirasse ela decidiu atacar lançando uma energia vermelha contra a cabeça de Henry que desviou virando o rosto para não ser atingido fatalmente, ele colocou a mão no olho esquerdo onde o sangue escorreu em um corte diagonal.
— Atire! É uma ordem!
Rapidamente Henry pegou sua arma do cinto uma luger p08 e atirou na cabeça da garota antes que ela pudesse atacar novamente, com o impacto da bala o sangue da garota soltou no rosto de Henry sujando seu óculos agora quebrado, que ele acabou de limpar.
— Agora vamos
Henry encarou o corpo desfalecido da garota.
— Por que? Por que matamos nossos semelhantes? Não deveríamos a população proteger?
— Fale isso para o nosso atual “governo” — William fez sinal de aspas com as mãos.
Henry não deixou de notar o semblante de deboche com um sorriso vencedor de William — Colocaremos fogo na próxima cidade, assim nem um irá escapar.
《♤♡◇♧》
A noite onde nuvens negras tomaram o lugar das estrelas e o som dos pingos da chuva intensa e gelada caindo, era ouvidos e dificultou a visão de quem se arriscou a caminhar por ela, o som dos galopes dos cavalos pode ser ouvido junto a chuva, a lama que havia se formado no solo sujou os cascos dos cavalos que correram sem parar o mais rápido possível. Por baixo do capuz negro o semblante de Harley era de raiva.
— Sabe que é culpa sua né? — A cada palavra que ele falou uma fumaça saiu de sua boca, indicando o frio que a chuva trouxe. — Sua e da sua investigação.
— Não pedi para você vir — Seu cabelo negro totalmente molhado fez com que as gotas caíssem em seu rosto onde era visível seu semblante preocupado.
— Ok, eu vim por que quis … — Harley deu uma pausa antes de continuar a falar. — Também tenho que garantir que você volte vivo.
— Não mesmo … Você não vem por mim ou pelo Henry, você só vem por que quer morrer … Algo aconteceu com você que te faz ter tendências suicidas … e tem mais, você deve se achar um covarde por não ter tirado a própria vida ainda.
— Nossa, é isso que pensa sobre mim … Pois bem minha vez … Você é mimado, sempre teve tudo que quis por ser de família rica, você é inseguro com sigo mesmo e carrega mágoas pelo que aconteceu com sua família, mas tenta não demonstrar.
— E você …
— Chega! — Era visível a irritação no tom de voz de Harley. — Minha vida não é da sua conta. — Harley puxou as rédeas do cavalo o que fez ele parar e relinchar. — Vamos deixar os cavalos aqui, estamos perto.
Os dois desceram dos cavalos e olharam para a cidade em ruínas a frente.
— Sinto que isso não acabará bem.
— A não vai mesmo. — Harley apontou para as botas que estavam agora sujas de lama. — Limpei antes de sair do QG.
Roger segurou sua baioneta a frente e olhou sempre em volta.
— Se forem magos essa arma não adiantará.
Os dois continuaram andando e se escondendo furtivamente aos prédios, quando um estrondo chamou atenção deles que foram rapidamente até a origem do som.
Henry batalhava contra um boneco de ferro que segurava uma lança. Esse boneco tinha em sua cabeça um capacete e vestia uma armadura também de ferro.
— Chegou mais dois para festa — disse Esperança e invocou mais dois bonecos de círculos mágicos.
Um dos bonecos era quase que uma muralha o mesmo segurava um escudo em sua frente, o outro era uma linda mulher que flutuava no céu
— Esse é o número 57,essa é a 58, e aquele lá da lança e o 59.
— E essa aqui é a escorpion, e vou arrancar sua cabeça com ela. — Harley se pronunciou com convicção e apontou a espada para o homem.