Retornador do Caos - Capítulo 11
Dois homens estavam dentro de uma sala.
A sala era luxuosa, com móveis caros, traços de ouro, muitos retratos nas paredes, mas… as fotos nesses retratos eram de corpos humanos com pessoas ao lado parecendo que estavam comemorando a morte dessas pessoas. E não havia apenas um retrato desse tipo, haviam dezenas.
Isso não era a única coisa assustadora dessa sala, também havia facas, ainda com sangue, pistolas, munições e crânios de animais… alguns eram até de humanos!
Voltando aos dois homens, um deles estava sentado em um dos sofás luxuosos, enquanto o outro estava atrás de uma grande mesa, sentado em uma poltrona, com uma pressão que rivalizava com a de um rei da era medieval.
O homem sentado no sofá tinha uma constituição musculosa com cicatrizes rodeando seu braço, um cabelo quase totalmente raspado, rugas em sua testa, olhos castanhos ferozes e um sobretudo totalmente preto.
No entanto, diferente do homem no sofá, o que estava sentado na poltrona tinha um rosto acima da média, um físico atlético, cabelo loiro comprido jogado para trás, um terno branco com gravata preta, e uma expressão sorridente, parecendo uma máscara, em seu rosto.
— E então? Os explosivos que vocês venderam ao Noah Ballard novamente foram explodidos, e vocês não sabem como, nem tem ideia do por que ou onde foram usados? — questionou o homem jovem de cabelos loiros, ainda com um sorriso no rosto.
— S-sim, mas se você nos der mais tempo, podemos dar um jeito! — gaguejou o homem quase calvo, com um medo eminente preso em sua voz.
— Dar um jeito? Todos os explosivos já foram usados, também não há mais como rastrear desde que o garoto foi para uma montanha em hiroshima e o sinal não voltou desde lá, e quando sua equipe foi investigar não havia nada, não há nem como você se aproximar dele sem chamar atenção, então me explique, como você vai dar um jeito? — retrucou o homem, enquanto finalmente abria seus olhos fechados, ainda com um sorriso no rosto, revelando seus olhos azuis lindos.
— Gulp! — O outro homem engoliu em seco, ao ouvir as palavras de seu aparente chefe.
‘’Nosso objetivo rastreando o garoto era descobrir qualquer segredo da corporação Ballard, mas acabou que o sinal de rastreamento parou de funcionar quando ele finalmente fez algum movimento diferente, e os explosivos acabaram algumas semanas depois dele voltar para sua casa. Nós finalmente ganhamos uma grande chance e perdemos ela mais rápido ainda’’ pensou o homem enquanto suspirava, e finalmente parava de sorrir.
— Bom, pelo menos você cuidou daquele grupinho chamado Daikoen, mas ainda assim irá receber uma punição, agora vá embora e fale pros próximos convidados entrarem.
— E-entendido! — gaguejou o homem enquanto saia rapidamente da sala.
O homem ainda segurava a porta enquanto estava fora da sala, falando com alguém.
Depois de poucos segundos ele solta a porta e vai embora.
Quando a porta estava começando a se fechar, uma mão segura ela e um homem com uma aparência nem um pouco pacífica entra na sala.
Ao ver o homem entrar, o jovem loiro imediatamente fala: — Olá, eu sou Akira Matsumoto, chefe dos Matsumoto, e em vista a situação atual do mundo, eu o chamei para convidá-lo à uma nova ‘aliança’ que estou criando, por assim dizer. O nome dela será… Submundo.
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Dentro de um avião:
Noah estava sentado em uma dos assentos mais caros da primeira classe. Pegando comida das aeromoças que passavam, enquanto adiantadamente contratava uma pessoa para o levar ao local onde o portão apareceria pois, o portão surgiria quase no meio da amazônia.
Depois de mais algumas horas de voo, ele finalmente pousou e foi junto de Lillia para um hotel 5 estrelas no local. Quando chegou lá, Lillia conversou com a recepcionista, pagando as contas para ficarem 9 dias lá. Atualmente faltavam apenas 6 dias para o portão surgir, e considerando que o tempo dentro daquele portão em específico passava 2 vezes mais rápido, 3 dias seria o suficiente para terminá-lo.
Quando Lillia terminou tudo, eles colocaram as malas no quarto e foram explorar o local em que estavam.
‘’É melhor aproveitar bastante esses 6 dias, quando a ‘Explosão’ acontecer, e logo em seguida as Zonas, o mundo não será mais o mesmo.’’
Um dos motivos de Noah não ter escolhido uma cidade para ficar foi porque os portais apareceriam especificamente nelas, e ele não queria que Lillia já começasse a enfrentá-los tão rápido. Por isso, enquanto ele estiver enfrentando o portão, Lillia estará segura aqui.
E assim os dias foram passando, enquanto aproveitavam o tempo naquele lugar.
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Dia 18 de Janeiro, 2021.
— Eu vou em uma viagem de barco para uma vila indigena, isso vai demorar uns 3 dias, então faça o que quiser nesse tempo — falou Noah, enquanto colocava roupas em uma mochila.
— Eu não posso ir com o Jovem Mestre? — murmurou Lillia, enquanto olhava pra ele com um olhar de cachorrinho coitadinho.
Em resposta, ele sorriu para ela e colocou sua mão em sua cabeça, e pronunciou: — Eu prefiro ir sozinho, e do jeito que você que você odeia moscas duvido que conseguiria ir.
Lillia imediatamente empalideceu pensando nas centenas de moscas que haveriam no meio da floresta.
Noah rapidamente terminou de se arrumar e foi para o porto.
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— Cuide-se Jovem Mestre! — gritou Lillia enquanto acenava para ele.
Noah que já estava dentro do barco, apenas alguns segundos depois de partir, também acenou em resposta.
Em seguida, virou para o homem que estava dirigindo o barco e falou: — Apenas me leve à 100 km leste e me deixe lá.
— Huh? Tem certeza? Não há civilização alguma lá, além das tribos indígenas há 10 km do lugar.
— Está tudo bem, apenas faça isso e eu te pago o dobro. — Noah rapidamente tirou 400 dólares do seu bolso e apontou para ele.
O homem simplesmente pegou o dinheiro e não falou mais nada pelo resto da viagem.
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Depois de mais de uma hora de viagem, o barco foi parando aos poucos até que finalmente parou em frente a um matagal que ele havia guiado o homem para chegar.
Rapidamente saltou do barco e acenou para o homem, indicando que ele podia ir.
Em seguida, o barco virou e foi embora.
Após alguns minutos parado em pé, Noah olhou para o relógio em seu pulso.
— Bem na hora.
Uma rachadura no espaço surgiu em sua frente. Aos poucos ela foi se expandindo até que finalmente um portão quadrado apareceu na minha frente, com uma altura de 5 metros e uma aparência imponente.
Em seguida, Noah puxou sua mochila e colocou no inventário, depois pegou rapidamente sua nova espada.
Sem hesitar, avançou em direção ao portão e entrou nele.
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Quando se jogou na luz branca, o cenário ao redor de Noah trocou de uma floresta para um cânion, com paredes de mais de 30 metros, cheio de rochas cinzas, algumas desabando ao longe, e outras parecendo estátuas.
Enquanto estudava lentamente o ambiente… um alarme começou a soar em sua mente!
{Alerta!}
{Alerta!}
{Uma Existência Superior (Territorial) foi detectada!}
{Missão de Emergência sendo desenvolvida!}
‘’O que? Existência Superior? O que é isso?’’
Noah imediatamente olhou para a missão que havia sido criada, em busca de respostas.
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Nome: Elimine esse Ser!
Grau de Dificuldade: E+
Descrição: Uma Existência Superior foi detectada! Ela não deveria estar presente neste local. Você precisa matá-la e recuperar a ordem nesta região!
Condições: Matar a Existência Superior
Recompensas: Depende do Desempenho do Indivíduo
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‘’Hmm, não falou nada sobre o que é essa Existência Superior, mas considerando que a dificuldade é E+, e eu estou em um portão rank F, eu deveria tomar cuidado. Essa missão também é mais simples do que as outras, mas mesmo assim eu deveria ter o melhor desempenho para ganhar boas recompensas.’’
Enquanto ele estava absorto em pensamentos, de repente ouviu outro barulho.
— ASRASH KROTAN TOSTUN!
‘’Linguagem bestial… ‘’ Rapidamente identificou o que eram esses grunhidos estranhos, e quando inclinou minha visão, conseguiu ver a fonte desses grunhidos.
‘’Kobolds do Cânion.’’
Kobolds parecem raposas maiores, mais espertas a ponto de construírem armas e armaduras de couro, e que conseguem andar em duas patas por aí. Enquanto os Kobolds do Cânion eram uma variação deles que tinha mais resistência pois, a comida nos cânions era escassa fazendo com que os povos daqui tivesse muita fome, mas mesmo tendo pouco comida os Kobolds não pensaram em diminuir a sua população e usar a comida para se alimentar, em vez disso eles dividiram a comida para todos, assim se acostumando a comer pouco e tendo uma cooperação muito melhor do que outros monstros de rank F.
Os Kobolds que Noah estava vendo estavam na parte acima do cânion, enquanto ele estava na parte de baixo, e parece que eles ainda não haviam o visto, mesmo com um portão gigante aparecendo do nada.
Noah imediatamente começou a se mover para algumas pedras gigantes que haviam no cânion, para ter menos chances de Kobolds que estavam na parte de cima acabarem vendo-o.
Depois de alguns segundos correndo, ele se esgueirou em uma pedra de mais de 10 metros. Quando chegou nela, começou a observar mais detalhadamente o ambiente pois, como ainda não sabia onde era o BOSS, ele precisava estudar o local e eliminar os monstros nas primeiras regiões do portão, porque normalmente, os BOSSES ficam longe da entrada do portão.
Após alguns minutos encostado naquela pedra, os Kobold em cima do cânion foram embora.
‘’Finalmente posso me mover.’’ Por mais que Kobolds não fossem os monstros mais fortes, se o vissem, imediatamente chamariam reforços.
Assim que saiu de perto da pedra, ele olhou para trás e viu uma rampa de pedras empilhadas, parecia ter sido feito a mão para os Kobolds poderem sair e entrar no cânion quando quisessem.
Sem pensar duas vezes, saiu correndo para essa rampa. Quando chegou nela, começou a saltar de pedra em pedra, até chegar no topo e sair do cânion.
Quando saiu de lá, imediatamente percebeu que o lugar que ele estava era uma cadeia de montanhas, e ela sendo separada em dois lados pelo que na verdade não era um cânion e sim uma rachadura gigante, e um dos lados pelo visto era dos Kobolds e outro ele não pretendia descobrir, pois em sua antiga vida os principais monstros desse portão eram os Kobolds.
Noah imediatamente virou sua cabeça e foi em direção ao território dos Kobolds.
Depois de correr por alguns minutos, começou a ver algumas cabanas na parte de baixo de uma montanha, bem mais a frente de onde ele estava.
Correndo por mais um tempo, ele teve visão de muito mais coisas. Kobolds de armaduras andando pelo conjunto de cabanas que poderia ser chamado de acampamento.
‘’Eles parecem estar patrulhando.’’
Quanto mais perto ele chegava, mais ele diminuía sua velocidade, para não ser descoberto. No momento que chegou o mais perto possível do acampamento, logo atrás de algumas pedras, começou a observar os monstros.
Noah ficou durante três longas horas apenas olhando para eles, até que finalmente percebeu um padrão.
‘’A cada uma hora os turnos dos guardas mudam e outros guerreiros saem para explorar e buscar comida.’’
Haviam também cerca de 50 Kobolds naquele acampamento. Depois de calcular mais um tempo as variáveis, Noah finalmente formulou um plano. Sempre ficam apenas 5 guardas patrulhando e na mudança de turno eles sempre vão para uma cabana específica. Seu plano seria entrar nessa cabana quando os 5 antigos guardas voltassem a trabalhar e esperar até os 5 guardas partindo para seu descanso entrarem e matá-los.
Não encontrando mais nenhuma variável nos turnos, ele partiu para botar seu plano em prática.
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Após esperar mais de 50 minutos, os guardas finalmente saíram da cabana. Assim que percebeu isso, ele avançou o mais rápido possível, chegando na cabana em menos de 15 segundos.
Dentro dela havia coisas simples, como cama, cadeiras, comida e outros utensílios primitivos.
No entanto, ele ignorou todas essas coisas e se moveu para perto de um dos cantos da cabana, puxou sua espada e calmamente esperou os guardas chegarem.
Depois de alguns segundos, ele começa a ouvir passos e vozes.
— KRASTAT OGTROR VLOTNA.
— UTINA KUSAAK GERON.
Essas vozes e passos se aproximavam cada vez mais a cada segundo, e então…
Três Kobolds entraram na cabana ao mesmo tempo, ainda dando pra ver a sombra dos outros dois restantes indo para a cabana.
Mesmo que três deles tivessem entrado ao mesmo tempo, apenas um acabou olhando para Noah e percebendo-o.
No momento que ele o viu seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu, prestes a gritar.
Porém, antes de ele sequer mexer suas cordas vocais, Noah fez o máximo de força e saiu voando rapidamente para frente.
Enquanto ainda estava no ar, ele puxou minha espada para um lado, e quando estava prestes a chegar neles, jogou para o outro, com uma força ameaçadora.
SWING
Tirando vantagem dos três Kobolds lado a lado, passou sua Espada Longa pelo pescoço dos três.
Suas cabeças saíram voando, mas ele não parou por aí, rapidamente derrapando no chão para parar sua investida e jogando sua espada contra o pescoço do Kobold recém entrando na cabana.
SQUISH
A espada perfurou a garganta do pobre Kobold, e para não arriscar seu plano, segurou a cabeça do último Kobold e puxou-o para dentro da cabana.
Assim que o puxou para dentro, apertou fortemente seu pescoço até que ele finalmente parou de respirar.
Ao perceber isso, Noah sentou-se no chão e respirou um pouco, após usar sua energia rapidamente.
‘’Os primeiros guardas já foram, agora faltam apenas aqueles outros 5 e eu posso começar a limpar esse acampamento.’’
♦♦♦
E assim foi feito.
Os últimos guardas chegaram e se surpreenderam com os corpos, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa, todos tiveram suas vidas roubadas por Noah.
‘’Agora… está na hora da caça.’’
Os guardas eram aqueles que verificavam cada cabana para ver como estavam os outros Kobolds, e sem eles ele poderia ir de cabana em cabana matando os monstros.
Não perdendo mais tempo, Noah saiu de dentro da cabana e foi correndo para a mais próxima, e rapidamente matou os dois Kobolds lá dentro, depois a próxima cabana, e mais uma, depois outra…
Tudo isso ocorreu em menos de uma única hora, o que deixou Noah bem confuso.
‘’Os monstros aqui dentro não deviam ser mais fortes? Isso é um portão rank F+, mas está só um pouco mais difícil do que o que fui com Ethan.’’
— Enfim, vamos terminar isso logo. — Imediatamente Noah seguiu em direção a última e maior cabana que tinha.
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Quando entrou nela, imediatamente dois Kobolds se alimentando entraram em sua visão.
Assim que um deles me o viu, ele rapidamente tentou falar alguma coisa.
— GESTRAT AK ATLA-!?
Mas antes que ele pudesse terminar sua fala, sua cabeça saiu rolando, enquanto o outro Kobold ficava aterrorizado com isso, seu destino acabou por ser o mesmo.
Depois de eliminar os dois Kobolds, Noah limpou sua espada e se virou para sair.
Mas quando estava prestes a ir para fora da cabana…
Dois Kobolds, aparentemente crianças, estavam encolhidos e abraçados com lágrimas escorrendo aos montes de seus olhos.
No momento que vi eles, Noah rapidamente percebeu o que havia feito e seu coração começou a se apertar do nada, o dando uma sensação extremamente desconfortável.
Ele calmamente se aproximou dos dois pequenos, que começaram a tremer ainda mais ao o ver chegando perto. Um deles estava abraçando o outro, enquanto tentava aparentemente o intimidar mostrando suas presas, mas não conseguia fazer isso com seus olhos cheios de lágrimas e tremendo imensamente.
Quando chegou a cerca de um metro e meio deles, rapidamente se curvou um pouco e abaixou sua cabeça.
O que aparentava ser o mais velho, se assustou ao ver seus movimentos.
— Vocês provavelmente me odiarão pelo resto de suas vidas, mas espero que de alguma forma possam me perdoar e seguir a vida de vocês. Mas até lá eu apenas peço perdão…
Por mais que eles não possam o entender, Noah tinha que se desculpar de alguma forma pois, o tanto que eles devem, e ainda vão sofrer, por ter perdido seus pais na frente de seus olhos, é uma dor que ele espera nunca experimentar.
Depois do rápido e simples pedido de perdão, Noah foi para fora da cabana e continuou na exploração do portão…
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No entanto, sem ele sequer perceber, os 5 Kobolds do grupo de exploração, que demoraram mais para voltar, estavam olhando o massacre de longe, chorando por seus companheiros mortos e com extrema raiva por eu ter feito aquilo.