Retornador do Caos - Capítulo 2
SEGUNDA CHANCE
— Este não é meu antigo quarto!?
Os pensamentos de Noah estavam todos embaralhados.
”Por que eu to no meu antigo quarto?”
”Eu tentei chegar aquela luz, mas do nada ela se expandiu…”
”E de repente eu apareci aqui?”
”E também, não era pra esse lugar tá todo destruído por causa do ataque que ocorreu na cidade?”
Enquanto estava perdido em pensamentos, um barulho veio de sua direita.
— Ding ring Ding ring Ding ring.
Quando se virou para verificar o que era, percebeu seu antigo celular, com um aviso na tela, junto do barulho que parecia um alarme.
— Lançamento do novo jogo RPG Day’s Born, lembrar de comprar.
”Day’s Born? Esse bagulho não foi lançado décadas atrás?”
Devido a sua confusão, demorou um pouco para se mover.
Mas quando pegou seu celular e desligou o alarme, viu a tela inicial e no lugar da data estava escrito…
”6 de Dezembro de 2020!?”
Devido a estar muito atento às informações escritas no celular, Noah deixou de perceber as coisas ao seu redor, mas quando olhou para o seu braço, de relance, percebeu uma coisa que o deixou ainda mais confuso.
”Onde estão minhas cicatrizes? Onde estão meus músculos!?”
Ao invés do braço cheio de cicatrizes e musculoso que esperava ver, o que estava em sua visão era um braço totalmente limpo e sem danos, mas também com uma aparência física bem normal.
Depois de perceber isso, sua mente começou a encaixar as peças.
”6 de Dezembro de 2020… Meu braço está igual a antigamente… Espere um minuto!”
Logo após isso, saltou da cama que estava sentado, olhou para a porta que levava ao que parecia seu antigo banheiro e foi correndo para lá.
Quando passou pela porta, olhou rapidamente no espelho à sua direito e o que viu foi inacreditável.
Em vez do rosto carrancudo, cheio de rugas e cicatrizes que esperava ver… Estava o rosto de um jovem lindo, em seus 17 anos, com um cabelo escuro como a noite e muito bagunçado, pele clara e macia, olhos azuis profundos como o oceano e uma altura de aparentemente 1,80.
— Essa aparência! Essa data! Eu retornei 21 anos ao passado!?
♦♦♦
Após algum tempo buscando informações na internet e tentando processar o que aconteceu desde que foi morto, a ficha finalmente caiu para Noah.
— Eu realmente voltei no tempo.
— E pensar que isso realmente aconteceria comigo.
— Será que eu deveria agradecer por tal chance ter sido dada logo para mim?
— Ainda não tem dungeons, monstros, nem guerreiros, e mesmo que não me lembre de exatamente tudo que irá acontecer, eu sei dos eventos mais importantes que irão ocorrer.
Logo após pensar nisso, um grande sorriso ansioso apareceu em seu rosto e rapidamente pegou um caderninho ao seu lado.
— O dia do Apocalipse ou como foi chamado depois da humanidade descobrir o que era, ‘’A Quebra de Dungeon’’, vai ocorrer daqui mais de 3 semanas, no dia 1 de Janeiro de 2021, no entanto, a dungeon será aberta dia 18 de dezembro daqui cerca de uma semana.
O dia do Apocalipse, ou quebra de dungeon, foi quando milhares de monstros começaram a aparecer aleatoriamente pelo mundo, e isso ocorreu quando a primeira dungeon que apareceu não foi completada 2 semanas depois de surgir, pois ela apareceu um um lugar isolado e só foi encontrada depois de 1 semana do dia do Apocalipse.
A primeira dungeon que apareceu era de Rank F, ou seja, o rank mais baixo, e os monstros que apareceram pelo mundo, por terem surgido dessa dungeon, também eram de Rank F, mas mesmo que fossem do rank mais baixo, eles eram mais fortes que homens adultos e vinham em hordas de milhares.
Um tiro de tanque obviamente os matava, mas eles eram em uma quantidade tão grande que aparentava ser um mar infinito de monstros, então as batalhas eram muito difíceis e desgastantes para o lado da humanidade, e obviamente bombas nucleares não eram viáveis, por risco de matar a população que ainda não havia sido evacuada.
Assim a batalha só acabou após descobrirem a dungeon que estava localizada em uma montanha no japão e finalmente romperem ela.
Era meio estranho os monstros dessa dungeon aparecerem pelo mundo aleatoriamente, após ela ficar sem ser rompida durante 2 semanas, o esperado seria os monstros de dentro da dungeon poderem sair dela, principalmente pelo fato de que os monstros saem em números bem maiores do que os que haviam na dungeon.
Haviam hipóteses de que após um tempo o mundo em que a dungeon se localizava se conectava com o de Noah, trazendo inimigos de lá para ca, e enquanto os monstros da dungeon eram de um determinado local, quando ocorria a quebra todos os monstros daquele outro planeta começavam a ser teleportados para cá. Por mais que fosse apenas uma teoria, era a mais aceitável.
Outra coisa que também foi descoberta com o passar dos anos, era que cada Rank de dungeon tinha seu respectivo tempo de quebra, com dungeons de Rank S demorando mais de 4 anos para a quebra.
Isso fez com que, tirando as dungeons de Rank SS e SSS, a maioria das delas virassem uma fonte de renda para as guildas que surgiram com o único propósito de lucrar e finalizar essas calamidades.
— Normalmente a primeira quebra de dungeon seria necessária para a humanidade conseguir se adaptar aos portões, mas eu não vou desperdiçar essa segunda chance sendo alguém fraco e inútil como antes, então vou ter que mudar esse destino.
— Eu preciso ir para a dungeon assim que ela aparecer, pegar um cristal do despertar e upar mais rápido que todos.
Noah rapidamente pulou para a próxima pagina do caderninho e começou a escrever.
— Uma das coisas que vou precisar vai ser: uma espada, pistola e explo- !?
BOOM!!
— Jovem Mestre Noah!!
De repente, o interrompendo, uma mulher vestida de empregada entrou chutando a porta que estava meio aberta. Ela parecia estar nos seus 18 anos, com cabelos vermelhos sedosos, com a parte de trás amarrada em um rabo de cavalo, e olhos amarelos como âmbar.
Noah acabou tomando um susto, mas depois de se virar e ver a pessoa que estava lá, parecia que seu mundo havia se tornado lento, e em resposta a mulher que acabara de entrar chutando a porta, gaguejou:
— Li-lillia…?
— Por que você está demorando tanto? O café da manhã vai esfri-!
Antes que Lillia pudesse terminar de falar, ele pulou para frente e abraçou fortemente ela, como se não quisesse que fosse para lugar algum.
— O-o que v-você está fazendo!? — perguntou Lillia, com o rosto extremamente vermelho de vergonha.
Mesmo que para ele também seja meio estranho abraçar Lillia do nada, não conseguiu se segurar.
Para ele, que não via Lillia a mais de 15 anos desde o ataque do Submundo que ocorreu dia 7 de abril de 2026, aquilo foi como um milagre.
Naquela época, ela havia ficado para trás, junto de outros guerreiros, para lutar para impedir um grupo chamado Daikoen de se infiltrar na principal casa dos Ballard, durante uma reunião de família, enquanto dava tempo para os seguranças levarem o inconsciente Noah para um lugar seguro.
No fim? Não sobrou nem seu cadáver para um funeral…
Percebendo o desconforto de Lillia, ele deu um passo para trás, enquanto uma pequeno rubor de vergonha aparecia em sua bochechas
— U-uh, d-desculpe, acabei tropeçando. — Noah tentou inventar uma desculpa qualquer, pois acabou não pensando bem na hora de abraçá-la.
— H-hum, ok — Respondeu Lillia, um pouco corada.
Alguns segundos se passaram enquanto um silêncio vergonhoso se instaurava entre os dois.
— O-o café da manhã está pronto, vá logo comer — Lillia falou, enquanto se virava e saía do quarto rapidamente, para não prolongar essa situação estranha.
Noah ficou um pouco atordoado com a sensação repentina de perder ela novamente, pois ainda não havia aceitado totalmente seu retorno ao passado, mas apenas enterrou essa sensação, porque se ele realmente retornou, era melhor não deixar a situação entre eles estranha.
Então, após um tempo de reflexão, ele fechou o caderno e foi para a cozinha.
♦♦♦
Depois de andar bastante por um corredor gigante, ele encontrou uma mesa estava cheia de diferentes tipos de comidas, mas que havia apenas um assento, que era o de Noah.
Para ele, aquilo não era estranho, pois enquanto seus pais, e seus irmãos mais velhos estavam em uma viagem de negócios, ele estava em Washington, nos EUA, com seus irmãos mais novos, pois Noah e eles ainda não havíam terminado a escola.
Ele também é o primeiro a acordar, pois Lillia, que era e sempre foi sua empregada pessoal, falava que quanto mais cedo você acordar, mais produtivo será seu dia.
Também havia um fato bem estranho sobre a família de Noah, de que no nascimento, ele foi o único que veio sozinho, enquanto os outros vieram em pares como gêmeos. Por isso ele tinha 4 irmãs e 4 irmãos, e a idade variava dos mais velhos tendo 23 anos e os mais novos 13, enquanto Noah tinha 17.
Depois de alguns minutos, terminou o café da manhã e falou para Lillia: — Lillia, marque um voo com o jatinho pessoal do meu pai, será para Hiroshima, no Japão, daqui 4 dias.
Lillia, que era sua empregada e secretária pessoal desde que ele tinha 8 anos, respondeu com uma cara confusa: — Jovem Mestre, p-por que isso do nada?
— Preciso resolver alguns assuntos — respondeu para ela.
Mesmo que ainda não tenha atingido os 18 anos, como o filho da Corporação Ballard, que era a segunda maior do mundo, era relativamente normal ele viajar pelo mundo, pois já tinha passaporte, e mesmo que não fosse o melhor da família, seu pai nunca se importou muito e sempre permitiu desde que não causasse problemas para ele.
O motivo de Lillia ter ficado confusa, foi porque Noah nunca mostrou interesse em ir pro Japão e os lugares que viajava era sempre o mesmo.
— Entendido, irei fazê-lo de imediato. — Logo após isso, Lilia, ainda um pouco confusa, curvou-se e foi embora.
Se levantando da cadeira, Noah foi para seu quarto, pois ainda precisava arrumar um meio de arranjar as armas para ir para a dungeon.
Obviamente não iria trazer elas de Washington, porque mesmo que seja um Ballard as chances de ele conseguir passar pela inspeção com armas de fogo, sem permissão das autoridades, seriam 0.
— Meu plano precisa ser absolutamente perfeito e sem falhas, porque nesta segunda chance dada pelos céus, eu irei me redimir de todos os erros que cometi, e não irei perder as pessoas importantes para mim como na minha vida passada!!