Shihais: Remanescentes da Aura - Capítulo 11
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- Capítulo 11 - Primeiras impressões de um verdadeiro combate
Um jovem surge do portão na parede leste da arena, seguidamente, outro vem do portão oeste. São os dois competidores a se enfrentarem.
O locutor apresenta: — De um lado, temos Kaiyo Satou, com 1 metro e 81, portador da aura de água… — de repente, ele eleva o entusiasmo de sua voz — eee… do outro lado, está Hikaru Sasaki! Um prodígio de 1 metro e 64 que manipula sua aura de luz com maestria!
Sasaki… já vi esse sobrenome em algum lugar…
Hikaru veste um kimono branco e chinelos de madeira; seus longos cabelos negros, presos em um curto rabo de cavalo, caem sobre seus claros olhos amarelos. Sempre com uma postura ereta, ele carrega em sua bainha metálica à direita da cintura uma katana, cuja empunhadura é envolta por fitas pretas.
Akemi expressa suas impressões: — Esse Sasaki tem a pele quase amarela. Será que ele está bem, Sho?
— Realmente, parece até ser anêmico… Fora isso… não sabia que era permitido o uso de armas brancas, isso não é desvantagem para o oponente dele?
Kaiyo Satou, um rapaz esbelto de olhos verdes e cabelo castanho médio, esbanja elegância e vaidade com seu kimono ardósia.
— Competidores prontos? Três! Dois! Um… COMECEM!
Após o anúncio do locutor, a luta se inicia.
Kaiyo assume a ofensiva; uma inquieta aura azul o completa como uma tempestade.
Em sequência, com movimentos suaves e precisos, ele cria um longo chicote de água escaldante e ataca seu adversário.
Hikaru, por sua vez, mantém a expressão calma e determinada. Segurando firmemente a empunhadura da katana com a mão canhota e a bainha com a destra, ele demonstra uma destreza sobrenatural ao desviar de cada investida com um primor surpreendente.
Os pés do garoto prodígio mal tocam o chão, movendo-se estoicamente em zigue-zague a uma velocidade impressionante. Ele desaparece e reaparece num piscar de olhos, deixando um rastro luminoso para trás.
Mesmo assim, Kaiyo não dá trégua para seus ataques, estalando seu chicote em tentativas de acertar Hikaru.
Splash, splash, splash!
Caramba! Sinto como se essa água pudesse partir alguém no meio, mas… esse cara com uma katana é sobrenatural!
Ao perceber a aproximação crescente do rival imparável, Kaiyo intensifica seu chicote escaldante enquanto tenta se afastar com longos saltos para trás.
A amplificação da pressão e temperatura da água gera uma atmosfera ainda mais eletrizante na arena, onde flutuantes gotículas e o vapor elevam a tensão do confronto.
Impassível, Hikaru continua a desviar e avançar com o semblante de um espadachim lendário, evitando o choque dos ataques aquáticos por um fio de cabelo.
A multidão na arquibancada solta murmúrios sobre a batalha. Akemi e Sho também se interessam pela luta.
— O que você está achando, Sho?
— Acredito que são auras simples, porém, aprimoradas a um nível de combate elevado. Queria eu ter essa força.
— Eles parecem ser bastante promissores.
— Concordo, mas só um deles entrará para a ASA.
— Ei, olha só aquilo!
Surpreendentemente, a pele de Hikaru se ilumina em meio aos seus movimentos.
Suas esquivas se aprimoram, deixando rastros ainda mais luminosos, como feixes de luz branca refletidos nas gotas de água suspensas no ar.
Sho discorre: — Aquela deve ser a manifestação visual da aura de luz dele, é bem diferente das habituais.
— Ele está muito mais rápido! — Akemi se anima com o ponto da batalha.
Abruptamente, ao alcançar uma proximidade equiparável ao adversário, Hikaru desembainha sua katana com uma fluidez fantástica, revelando todo o esplendor da arma.
A lâmina cintila como um intenso raio de sol capturado, fazendo a arena ser banhada por luz pura, ofuscando a visão de todos espectadores.
Ktiiin!
Ainda com um brilho intenso na arena, o som de uma lâmina cortante ressoa pelo campo de batalha, um eco agudo que logo em seguida traz curiosidade aos espectadores.
Na plateia, homens aborrecidos por terem a vista do combate afetada perdem a paciência.
— Argh! Não consigo ver nada! O que está acontecendo?!
— É! Eu vim para ver sangue!
Finalmente, a radiância que incomoda se dissipa.
Os dois competidores aparecem, porém…
— Calma… o-onde está a… — Akemi é incapaz de terminar o questionamento ao ver Kaiyo, aparentemente em pé, mas sem a cabeça.
Após meros segundos, o corpo decapitado sucumbe, ajoelhando-se antes de cair no chão.
Logo após, uma quietude realça a tensão…
Um tanto afastado do corpo inerte do rival, está Hikaru de pé, com a postura ligeiramente curvada e respiração pesada. Sua aura, caracterizada pelo brilho na pele, está sem manifestação.
Sho, também aturdido pela cena pesada, percebe algo.
— Ele está segurando algo além da espada.
De repente, o prodígio da luz olha para a plateia e ergue lateralmente o braço direito para revelar um ato protervo.
— A-aquela é… — murmura Akemi ao testemunhar Hikaru segurando a cabeça de Kaiyo pelos cabelos, uma imagem que se grava de forma traumática em sua mente…
Como se um gatilho fosse acionado, a arquibancada explode em gritos, aplausos e comentários entusiasmados.
— WOOAAAAAAAH!
Clap, clap, clap, clap…!
Um homem grita animado: — Era disso que estávamos precisando!
Outro homem, mais aficionado ainda, exclama: — Sangue! Sangue e mais sangue! É assim que são feitos os vencedores! Excelente, garoto!
Uma mulher, com um tom odioso, comenta: — Não era de se esperar menos de um membro dos Sasaki, são um dos únicos que mantém a honra de Asahi!
— SA-SA-KI! SA-SA-KI! SA-SA-KI! SA-SA-KI…!
Apesar de ouvir o nome de sua família ser aclamado em coro pela plateia e ter a cabeça do oponente como um troféu, Hikaru não consegue conter a dispneia que o atrapalha em guardar a katana na bainha. Seus olhos estufados mostram uma grande exaustão após o golpe derradeiro.
Todavia, em pouco tempo, seu fôlego é recuperado e sua expressão retorna à serenidade.
Estando mais calmo, seus olhos se voltam para o corpo caído do adversário, porém, a gravidade do que acaba de fazer não aparenta abalar suas emoções.
Com um gesto despreocupado, ele solta a cabeça de Kaiyo, deixando-a rolar e largar um rastro de sangue pelo chão da arena.
Por outro lado, Akemi ainda está amedrontado e com o coração acelerado.
A brutalidade de Hikaru, resultante de uma decapitação, encerra a luta em menos de cinco minutos.
Enquanto poucos espectadores se recusam a olhar, várias outras pessoas comemoram e vibram com a conclusão do embate.
Agora, a realidade das batalhas se torna ainda mais cruel para Akemi.
Deve ser sobre isso que o vovô alertava… Ah, onde eu fui me meter!
Ele permanece em estado de choque, sem expressar qualquer palavra diante do que presencia; o medo se enraíza em seu ser, deixando mais uma cicatriz profunda, só que em sua mente.
O corpo de Kaiyo permanece no chão, decapitado, tingindo todo o local de vermelho sangue; durante isso, Hikaru está sentado de pernas cruzadas, descansando a bainha com sua katana sobre as coxas.
Perante os aplausos, um homem encapuzado emerge misteriosamente de uma entrada situada numa área elevada ao norte da arena, capturando a atenção de todos.
— Akemi, olha lá, aquele deve ser o shihai do tempo.
O homem enigmático estende os braços, revelando escrituras brilhando intensamente nas palmas de suas mãos claras.
Instantaneamente, a arena retrocede no tempo, levando apenas os jovens combatentes de volta ao átimo em que entraram no campo de batalha, preparados para lutar.
O solo úmido seca e tudo fica completamente renovado.
— Senhoras e senhores! Como esperado, o vencedor é Hikaru Sasaki! O prodígio da aura luminosa é imbatível! Um verdadeiro show de habilidade e destreza. Parabéns pela vaga na Academia Shihai de Asahi! — informa o locutor, empolgado com o resultado.
Com o tempo, os aplausos começam a diminuir…
Ainda tem gente que continua batendo palmas?! Ninguém vê que esse nível de barbaridade é imoral! Não, não, não, eu não posso ficar em um lugar desses!
Akemi está visivelmente perturbado, tremendo e suando frio.
Sho percebe a aflição do colega e tenta conversar.
— Ei, fique tranquilo. Você não pode se deixar levar pelo medo.
— E-eu estou bem, não se preocupe. Só que… esse Sasaki… ele não é uma pessoa normal, não era assim que eu imaginava uma batalha entre áuricos. Essa frieza no olhar dele me dá um baita mal-estar.
— Você deve estar lendo muitas notícias superficiais. Dor, sangue, mutilações, tudo isso faz parte da guerra, mas a mídia esconde esses detalhes para tornar as leituras mais leves e esconder certas coisas da comunidade. Porém, não tem problema! Esses dois deram um belo exemplo de um verdadeiro combate…
No centro da arena, Hikaru se levanta e permanece sereno, como se não sentisse nada por ter praticamente tirado uma vida.
Do outro lado está Kaiyo, confuso, olhando para as mãos como se lembrasse do que acabou de acontecer. No entanto, ele não demonstra nenhum remorso pelo adversário vitorioso.
Seguidamente, ambos se curvam em saudação um ao outro e saem pelos portões de onde vieram.
Sho raciocina: — Pelo jeito deles, acho que a reversão no tempo não apaga memórias, mas repara qualquer dano causado. Fascinante.
Mesmo ao ver o respeito mútuo entre os dois combatentes, Akemi continua desorientado.
Só de pensar que sou o próximo a entrar ali… Ah, caramba! O que eu faço? O que eu faço?! Eu tenho que sair daqui!
Ele varre a arena com os olhos, buscando desesperadamente uma rota de fuga; contudo, assim que os aplausos cessam, algo na parte sul das arquibancadas captura sua atenção.
Por lá, várias pessoas estão sentadas em tronos de madeira com estofados rubros; entretanto, uma garota no meio dos adultos é quem se destaca.
Espera… quem é aquela? É tão chamativa…
Essa garota de cabeleira negra lisa, cuja parte interna dos fios tem um tom vermelho cardeal, possui olhos que evocam a beleza e o encanto de uma preciosa pedra de jade.
Sua aparência é acentuada por dois acessórios, cada um posicionado nas laterais de sua franja, são presilhas moldadas no formato de chamas, ostentando fitas vermelhas que se estendem até sumirem atrás da nuca.
Além da sua túnica alaranjada, algo em seu dedo médio da mão esquerda brilha exuberantemente, provavelmente um anel raro.
Por que a roupa dela é tão diferente dos de kimono vermelho em volta? Parece até que é de propósito.
— Sho, aquela garota de laranja… você sabe quem é? É alguém importante?
Ao ajeitar os óculos e procurar pela arena, Sho a encontra.
— Hm, ela é da família Miyazaki.
— Mi-Miyazaki?!
As preocupações de Akemi desaparecem, e seu rosto se ilumina com surpresa e admiração.
— Sim, aqueles ao redor dela também são da família. Você não os conhece?
— É claro que conheço! A única linhagem de shihais ígneos é reconhecida por toda Asahi!
— Ela deve ter a nossa idade, talvez esteja aqui para competir, não dá para descartar essa possibilidade.
— Esse jeito sério… ela deve ser bastante poderosa. Gostaria de conhecê-la.
— Você está mais calmo agora, não é? O que uma garota de rosto bonito não faz?
As bochechas de Akemi coram com o comentário sugestivo.
— Agh-b-bem, não é só por isso… Quero dizer, é sobre a família dela… Você entendeu!
— Hahaha! Claro, claro.
Inesperadamente, um novo anúncio chega.
— ATENÇÃO! O segundo combate acontecerá daqui dez minutos. Os competidores são Nihara Miyazaki e Akemi Aburaya. Peço que se preparem para a batalha.