Shihais: Remanescentes da Aura - Capítulo 16
Miya e Akemi, ao olharem para o lado, avistam um militar de farda verde camuflada e longos coturnos pretos se aproximando.
É um homem de mãos recuadas que não aparenta ser muito forte fisicamente. Seus óculos esbranquiçados disfarçam os olhos e seus cabelos pretos são curtos, lisos e penteados à direita.
— Hm… Hiromi? Não irá assistir as próximas lutas?
— Pai?! O que você está fazendo aqui?
Pai? Este é o pai dela?!
— Vi que você não estava nas arquibancadas, então fui te procurar. Pelo menos você não foi tão longe.
Ao abaixar a cabeça, Miya diz em voz baixa: — Não entenda como se eu estivesse me afastando da família…
— A gente conversa sobre isso depois, quero saber o motivo de você estar perto desse fracassado.
Fracassado?!
Tão ofendida quanto Akemi, a garota se levanta abruptamente do banco.
— Ele não é fracassado! Aliás, ele tem um nome! Akemi, este é o meu pai, Masaru Miyazaki. Pai, este é o Akemi. Enfim, espero que vocês se deem bem.
Essa patente nos ombros dele… É um subtenente! Mas, o que ele estava fazendo na arena? Eu não o vi em lugar nenhum.
Usando uma das mãos para ajeitar os óculos, o militar demonstra desaprovação.
— Hm, entendi.
Ao voltar as mãos para trás das costas, ele caminha até ficar frente a frente com Akemi, que ainda está sentado.
Miya suspeita da movimentação do pai.
— O que você vai fazer?
Ignorando a pergunta, Masaru fala diretamente com o rapaz amedrontado: — Garoto, você foi extremamente imprudente naquele seu discurso. Muitas pessoas de alto escalão estavam assistindo, e essas suas manifestações contra o teste poderiam te fazer prisioneiro ali mesmo, ou algo pior.
Algo pior?!
— Senhor, eu só tentei dizer o que achava certo… e-eu não queria lutar.
— Olha, sinceramente não sei como te inscreveram nesse teste final, mas estava óbvio que você não queria estar ali. Por mais que sua aura tenha deixado um membro da nossa família naquele estado, todos viram o seu jeito de lutar, e isso foi o que mais confundiu os telespectadores. Não é essa a atitude que esperam de um aluno da ASA.
Akemi tenta responder enquanto se levanta do banco: — Me desculpe… eu… irei me retirar…
— Espera! Não vá agora!
Ao ouvir o grito, o rapaz e o militar se viram para o lado; assim, Miya é flagrada visivelmente preocupada, com uma mão estendida à frente enquanto a outra repousa delicadamente sobre o coração em um gesto protetor.
— Hiromi, se você quer o bem desse garoto, tem que deixá-lo ir embora o mais rápido possível. Como derrotado, ele tem que sair da instituição antes que grandes problemas sejam causados. Você sabe que estamos sendo observados.
— Eu não me importo! Akemi não causará problema nenhum! Assim como nós, ele também quer defender o país. Você sabe que são poucos os que entram naquela arena, só de ter esse feito, ele já merece um pouco da nossa consideração.
Após um suspiro de impaciência, Masaru responde a filha: — Ahhh, não adianta apenas entrar na arena, é preciso mostrar o espírito de batalha. Observei que os recrutas da nova turma são promissores, e este moleque não duraria nem no primeiro dia daqui. Os que têm força para defender o país sempre se sobressaem, não os que apenas querem.
— Falando assim, até parece que você esqueceu de tudo que a mamãe disse — ao proferir essas palavras, Miya aparenta carregar um grande peso no peito; seu rosto se entristece ainda mais, e agora, suas duas mãos protegem o coração.
Vendo o descontentamento alheio, o militar se aproxima da garota para colocar ambas as mãos nos ombros da mesma.
— Filha, eu sei o quão isso significa para você, mas não podemos fazer nada por ele. Você não precisa se preocupar, concentre-se em aprimorar suas habilidades para quem deseja orgulhar. Você tem um cargo muito importante à disputa, não pode deixar que coisas como essa tirem o seu foco.
— Você não entende! Preciso de alguém como ele! Não me importa se ele parece fraco ou ingênuo, é muito melhor do que qualquer um que conheci nessas instituições que criam monstros!
— Ei! Tome cuidado com as palavras, apenas fazemos o necessário para proteger Asahi. Além do mais, esse garoto pode tentar servir em outro quartel, porém, a ASA não serve para ele.
— Me recuso a aceitar! Não sei ao certo quem o trouxe, mas se ele chegou até aqui, é porque tem coisas além do que vejo!
— Hm, como esperado, você nunca perde a postura — Masaru solta os ombros da jovem, e com os braços cruzados, questiona — então, que alternativa a senhorita tem agora?
Miya, de cabeça erguida e rosto sério, caminha com passos firmes em direção a Akemi, que confuso, levanta sutilmente os braços em rendição, suspeitando da aproximação.
É-é… o que ela tá fazendo?!
— É… Miya? Você tá bem?
…
Ela ficará parada e me olhando assim por quanto tempo?! Ela tá brava comigo? Ela quer me matar?!
Inesperadamente, Miya, de forma brusca, bate a mão esquerda no peito e proclama: — Em minha posição como portadora da chama eterna e candidata à futura matriarca da família, eu, Hiromi Miyazaki, usarei meu direito de indicação para que Akemi entre na próxima turma de recrutas da Academia Shihai de Asahi!
— … Quê…?
Paralisado e com a mente vazia por conta da cara sem jeito, Akemi fica totalmente sem reação pelo que Miya, em uma postura imponente, acabara de dizer.
Um silêncio paira entre os jovens, até que…
— Ha ha haaa! Hiromi, você sabe que é impossível tentar isso.
A alta risada de Masaru faz a garota encará-lo com um rosto emburrado.
— Impossível por quê?! Tenho absoluta certeza de que sou qualificada para fazer uma indicação.
Toda a postura séria do militar se foi. Com as mãos na cintura, ele dialoga com sua filha como uma mera conversa em família.
— Tem razão, entretanto, a decisão final dos indicados é feita apenas pelos superiores, e das poucas vagas que existem, com certeza eles não vão escolher alguém que perdeu uma luta na frente de quase mil pessoas.
— Mas essa é a única opção! Independente do que pensem, vou fazê-los entenderem o meu pedido. Eles vão me ouvir.
— Bom, faça como planejar. Suas responsabilidades já são bem conhecidas, e por incrível que pareça, não sou eu quem tem poder para te impedir de fazer o que queira mesmo sendo seu pai. Apenas posso te aconselhar, então, tome cuidado com as suas decisões. Lembre-se que o matriarcado da família não pode ser manchado.
— Eu sei o que estou fazendo, não é como se um simples pedido sujasse o nosso sobrenome.
— Claro, mas por favor, volte logo para o seu posto. Provavelmente já perdemos a exibição de alguns combates, e o seu símbolo na plateia é essencial para suprir a ausência momentânea da Kaen.
— Tá, mas antes! Posso apenas me despedir do meu amigo?
— Amigo, é? Tudo bem, dispense-o logo. Ele está fazendo hora extra aqui há um bom tempo.
Masaru dá meia volta e caminha em direção à entrada do prédio principal, deixando os dois jovens sozinhos novamente…
— Finalmente! — Aliviada, Miya conversa com Akemi enquanto se vira para olhá-lo nos olhos. — Nossa, te fiz ficar esse tempo todo observando essa conversa boba. Mil perdõ-
— Me fala a verdade… quem é você?