Sirius - Capítulo 23
Capítulo 23: Pesadelo (2)
BUM*
Um homem de cabelos brancos saltou para longe da cortina de fumaça gerada pela explosão. Algumas feridas decoravam os seus braços, enquanto arranhados decoravam sua armadura no peito.
— Goblins são mesmo um pé no saco! — reclamou Xu.
Apenas uma dúzia de minutos havia passado desde que Jihan e Akemi partiram para concluir o plano. Assim que notaram algo de errado, grupos de goblins começaram a sair de dentro da toca.
“O pior é que o mais problemático ainda está por vir. Ele não é tão idiota, mandando esses minions para testar e cansar o inimigo.”
Enquanto pensava, Xu mais uma vez balançou seu machado e, como uma faca quente cortando manteiga, outro goblin não teve nem mesmo a chance de gritar antes do fim.
“Cada vez mais dessas pragas estão vindo, não achei que teriam tantos… mal consigo imaginar o tamanho do exército se esses são apenas o que sobraram.”
Instintivamente, Wang desviou sua cabeça para esquerda, ao mesmo tempo, uma flecha passou onde ele a pouco estava.
— Flechas?
Olhando um pouco mais ao longe, ele pode notar que, na entrada da caverna, alguns goblins seguravam arcos e gargalhavam como hienas.
“Que droga tá acontecendo? Um rei goblin, um Shaman, um exército organizado e agora arqueiros? Como esses monstros aprenderam esse tipo de coisa?”
Ao longe, Xu notou que quatro colunas de fumaça se erguiam nos céus.
— Eles finalmente conseguiram… certo, não posso falhar agora!
Mais goblins saíam a cada minuto da gruta, e mais uma vez o sangue do albino ferveu, o líquido que vazava de suas feridas eram instantaneamente evaporados pelo calor de sua pele, seus olhos vermelhos brilharam e a temperatura mais uma vez explodiu.
Alguns minutos depois, como se estivesse combinado, Li e Akemi chegaram aonde estava acontecendo o confronto.
— O que… aconteceu…!? — Jihan perguntou incrédulo. A sua frente, dezenas de corpos de goblins amontoavam o chão, e mais eram empilhados a cada minuto. No meio de todo o caos, um homem ensanguentado gritava enquanto decepava outra cabeça. Suas veias saltadas da testa pareciam estar próximas de explodir, seu corpo estava lotado com inúmeros machucados que queimavam em tempo real. Como se percebesse a presença dos dois, Xu Wang imediatamente berrou:
— SE PREPAREM, ELE ESTÁ VINDO!
Jihan e Akemi imediatamente viraram-se para a caverna, uma energia sombria extremamente poderosa vazava da escuridão, pouco a pouco se aproximando. Uma grande mão agarrou a lateral da entrada, e com a diferença de tamanho, o enorme monstro quebrou o buraco que limitava sua saída, desmoronando a entrada.
Usando o apoio de seu braço, o Rei Goblin puxou seu corpo para fora. Diferentemente dos pequenos soldados, a besta parecia possuir quase três metros. Um peitoral de ferro cobria a parte superior de seu corpo, uma longa espada era empunhada em suas grandes mãos e uma coroa de espinhos habitava sua cabeça. Seus olhos amarelos estavam contaminados por veias pretas, fumaça escura era exalada do canto dos glóbulos oculares e algumas marcas de queimadura se destacavam em seu corpo, junto a centenas de cicatrizes.
— UORRRRRRRRRRR — Gritou o Rei Goblin.
O pensamento do trio foi o mesmo. “Tem alguma coisa errada!”
— Errado ou não o plano continua! Atenção! — Xu Wang pulou empunhando ambos os machados incandescentes e os desceu em direção a cabeça do monstro. A besta sorriu e balançou a grande lâmina em suas mãos, defletindo os ataques. O albino, então saltou para trás, tomando distância do inimigo.
— Elfa! Me dê cobertura! — gritou.
Akemi logo sacou o bastão, que se estendeu até virar um arco, arma com a qual Jihan já estava familiarizado. Assim que ficou pronta, a mulher começou a disparar flechas sem parar. O número de goblins que apareciam diminuiu massivamente com a queda da passagem, logo a arqueira conseguiu concentrar a barragem de projéteis no grande alvo. O Rei Goblin imediatamente urrou e, empunhando a espada lateralmente, como um leque, cortou o ar. A onda de vento que foi gerada atingiu as flechas, desviando a maioria e diminuindo drasticamente a capacidade ofensiva das que atingiram o alvo.
— TSK! Até esse nível de artilharia é inútil!? — praguejou Xu. — Jihan! Somos só eu e você nessa! Akemi, se livre dos menores, não os deixe nos atrapalhar — ordenou.
Ambos acenaram com a cabeça, concordando como se fosse natural.
— Certo! — Jihan bateu ambos os punhos. — Eu estava mesmo querendo testar até onde eu evoluí.
Tão logo terminou de falar, a pele de Jihan começou a brilhar. A luz divina que cobria o seu corpo rapidamente chamou a atenção do Rei Goblin, que se virou em direção ao garoto. A besta imediatamente avançou em direção ao jovem.
— Está com tanta pressa assim para tomar uma surra? — provocou.
Estendendo ambas as mãos, uma acima da outra, em eixo vertical, Jihan as girou formando um círculo de luz no ar e logo depois juntou as mãos no centro. Como se fosse um aspirador, a mana começou a ser sugada em direção aos punhos do garoto. Subitamente, quando o monstro se aproximava em alta velocidade, a visão de Li ficou turva e a habilidade cessou.
— Ei, garoto! O que você está fazendo? — gritou Xu desesperado.
A consciência de Jihan voltou a tempo para desviar do golpe que destruiu o chão em sua frente, atirando-o para longe.
— LI! — berrou Akemi, que começou a correr em direção ao garoto.
— Não perca o foco! — avisou Xu. — Ele não foi atingido diretamente, mas parece estar com problemas, precisamos nos retirar imediatamente!
— Agora!? Se perdermos essa oportunidade, não teremos outra! — retrucou a Meio-Elfa.
— Quer mesmo lutar com esse peso morto!? Vamos todos morrer dessa forma! — Repreendeu. — Eu também não quero recorrer a isso, mas não temos outra alternativa!
Assim que a fumaça baixou, Akemi avistou Li desacordado e, estalando os lábios, ela concordou.
— Vou ganhar algum tempo, retire o garoto daqui — ordenou.
— Você vai ficar bem? — perguntou a mulher.
— Haha, quem você pensa que sou, garota? — Novamente a temperatura subiu. — Um Berseker não perderia para um simples goblin.
Xu Wang partiu para cima do Rei Goblin, que andava em direção a Jihan, atacando-o com uma força que não deixaria o monstro se preocupar com outro inimigo. Assim que percebeu a oportunidade, Akemi começou a puxar o garoto desacordado.
— Por que sempre acaba desse jeito!? Dessa forma parece que você é um fracote!
Com todos os inimigos focando no ferido Berseker, a Meio-Elfa teve facilidade em levar o garoto para longe. Jihan, pelo contrário, estava novamente em um lugar completamente desconhecido.
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COF* COF*
— Droga, esse lugar de novo?
Li reconheceu o céu vermelho que havia visto anteriormente, o cheiro de queimado, o cenário destruído, tudo menos o encanto, o feiticeiro e o exército que estavam ali.
— Bem, pelo menos isso ainda está aqui — recordou.
A pedra pontuda onde o canto era entoado estava no mesmo lugar, somente com a falta de quem o proferia.
HMM*
De um buraco na sola do rochedo, uma pequena criatura soltou um leve choro. Um vira-lata, muito parecido com um beagle, colocou a cabeça para fora.
— Você? É o cachorro da garotinha da vila, o que você está fazendo aqui, meu amiguinho?
O filhote olhou para Jihan por alguns segundos, saltando imediatamente para fora do buraco e começando a correr.
— Ei! Espera aí! — gritou, correndo atrás do animal.
Sem noção de tempo ou espaço, Li perseguiu o cachorrinho. Até mesmo a exaustão e a fadiga pareciam não existir. Após o que pareceram minutos ou talvez horas, finalmente chegou a um lugar que reconhecia minimamente.
— Que…?
O cenário em frente deixou o garoto sem palavras. Se um dia existiram muros, há muito foram tombados. Se um dia existiram casas, há muito foram demolidas. Se um dia existiram pessoas… há muito foram dizimadas.
A vila de Edremit estava completamente devastada, nem mesmo uma alma viva habitava a cidade. O cachorro, que havia parado momentaneamente, olhou para Jihan e correu em direção a uma das construções desabadas.
— Quer que eu veja algo?
AU AU*
O filhote tentou cavar na base dos destroços, indicando que algo estava embaixo. Li, sem ter muito o que fazer, começou a retirar os escombros um a um. Após algum tempo, o fundo foi revelado, uma imagem que fez Jihan levar as mãos à boca. Segurando o vômito, ele perguntou ao animal.
— Era isso que você queria que eu visse?
AU AU*
— Mas não tem mais nada além disso aqui!
AU AU*
— Está… faltando?
— LI!
Uma voz soou no ar, um grito de uma voz que Jihan conhecia bem.
— LI!
— Akemi?
— Acorde logo, moleque!
— Wang?
E, subitamente, dando uma última olhada no filhote, sua visão escureceu e pouco depois iluminou-se. A visão de Jihan finalmente normalizou, um teto de madeira estava centralizado a sua frente. Uma leve dor de cabeça confundia sua mente.
— Onde estou? — perguntou ainda confuso.
— Em Edremit — Uma voz rouca respondeu e Jihan olhou em direção a ela.
— Wang? O que aconteceu com você? — Li perguntou surpreso. Xu estava coberto de faixas, das mãos à cabeça. Algumas ainda estavam molhadas de sangue, outras pareciam ter sido trocadas recentemente.
— Alguns goblins desgraçados e um peso morto, foi isso que aconteceu comigo.
— Eu… desculpe por isso — respondeu Li, abaixando a cabeça.
TSK*
— Não é hora para isso, de qualquer forma — vendo a reação do garoto, Wang desistiu de provocá-lo. — Que merda que aconteceu com você? Já estava parecendo um pouco mal, mas foi quase um suicídio!
— Xu está certo, você parece estar piorando, enquanto estava desacordado, eu e ele decidimos que é melhor terminarmos essa missão sozinhos — Akemi concordou.
— Como assim? Vocês não podem fazer isso somente porque eu desmaiei por algumas horas!
— Dois dias! — exclamou a Meio-Elfa — você ficou desacordado por DOIS dias!
“Dois dias?” Li sussurrou para si mesmo. “Pareceu muito menos…”
— Enfim, não é hora para esse tipo de coisa — Xu a cortou e se virou para o garoto deitado. — O que está acontecendo com você pode estar ligado com o que temos estranhado nesses últimos dias, então, se tem alguma coisa, pode começar a falar.
Jihan olhou no rosto do albino, os olhos vermelhos o diziam que muito mais do que preocupação, ele estava determinado em concluir a missão, de uma forma ou de outra.
“Uma determinação objetiva é muito mais sincera do que um sentimento torpe” Pensou Li consigo mesmo.
— Pesadelos… estou tendo alguns pesadelos estranhos quando apago… — respondeu.
Wang levou a mão ao queixo.
— Pesadelos…? E como são?
— Estou aqui, dentro do mundo da missão, mas… é diferente…
— Li, diferente como? — perguntou Akemi.
— Na primeira vez, eu vi um ser proferindo algum tipo de encanto que eu não entendi, em frente a um exército de goblins — explicou. — Na segunda vez eu não vi nenhum monstro, somente o cachorro da filha do líder da vila. A filha do…
Li pensou um pouco sobre, mas seus pensamentos foram interrompidos por 2 homens entrando na tenda onde eles estavam.
— Você finalmente acordou — disse o chefe da vila — minha filha já estava ficando preocupada.
De trás do homem, uma garotinha espreitava, olhando para Jihan, apesar da idade, seu olhar expressava genuína preocupação. Li arregalou os olhos e levou a mão à boca como se segurasse algo, porém logo depois, deu um sorriso de canto para acalmar a garotinha.
— Alguma novidade? — perguntou Akemi.
— Bem, felizmente, apesar da falha da missão principal, o exército recuou para defender o seu líder. Não sei o que vocês fizeram, mas o estrago foi grande, visto que eles não retornaram na noite de ontem — explicou Bator. — Mas ainda temos que ficar atentos, eu sinto que o recuo é muito mais uma calma antes da tempestade do que qualquer outra coisa.
— Eu concordo, devemos tomar uma atitude o mais rápido possível, não sabemos quando a calmaria irá passar — disse Wang.
Assim que terminou de falar, um homem entrou correndo na tenda.
— Senhor, relatório! — disse o soldado.
— Prossiga!
— Nossos batedores avistaram uma grande movimentação suspeita nas regiões próximas ao ninho de goblins, os animais estão agitados e berros de monstros estão ecoando pelo vale da região. — explicou.
— Tão cedo… precisamos agilizar o nosso passo — disse Wang.
— Concordo, aparentemente não temos muito tempo — concordou Li.
— Sim, eu e a Meio-Elfa vamos cuidar disso, você fique aqui.
— O quê? Eu me recuso, estamos nessa missão juntos.
— É uma ordem! — exclamou.
— Quem te fez o líder dessa operação? — retrucou Jihan.
— Nós… nós fizemos — Akemi os interrompeu.
— Akemi…?
— Não podemos tomar o risco de você ser um peso novamente, Jihan — explicou. — Até termos certeza do que tem de errado contigo, não podemos arriscar… foi uma decisão da maioria do grupo.
— Acho que o garoto deveria ir, mas se é assim que decidiram, é assim que vai ser — concordou Beldor.
Li, sem ter o que falar, apenas engoliu em seco e aceitou a demanda.
— Enfim, vamos, temos que nos preparar para o que está por vir — declarou Bator. Assim que terminou de falar, o restante concordou e seguiu o Capitão para fora da tenda, deixando para trás apenas Jihan, a filha de Beldor, Maria, e um pequeno filhote.
— O senhor está bem? — perguntou a garotinha de perto da entrada.
— Eu estou, haha, pode chegar mais perto se quiser — um pouco desanimado, Jihan tentou deixar a menina mais confortável.
Se aproximando da cama, com o seu animal de estimação em mãos, Maria sentou-se na beirada do colchão.
— Eu ouvi o que você estava falando antes de nós entrarmos… estava falando sobre ter pesadelos, né? — perguntou.
Li estranhou a pergunta da menina.
— Sim…, mas estou bem, são só imaginações da minha cabeça, nada demais.
A garotinha olhou nos olhos de Jihan
— Eu também costumava ter pesadelos, sabe?
Sem ter muito o que fazer, ele decidiu entreter Maria por algum tempo.
— Sério? E como eram esses seus “pesadelos”?
Desviando o olhar da direção do garoto, ela encarou o cachorrinho em suas mãos.
— É escuro… escuro… muito escuro, eu estou sozinha e não consigo me mover — a voz da menina tremeu de leve. — Estou sozinha e meu corpo dói… então, de repente, eu ouço o latido do Bin. — Maria então passou a mão na cabeça do cachorro. — Logo eu não estou mais sozinha e não está mais escuro, a dor some e de repente eu acordo. — E novamente ela olhou para Jihan. — Os seus pesadelos são assim também, moço?
Li encarava a menina com os olhos arregalados, sua mente trabalhava a milhão, ele olhou para baixo, tapando a visão de seu rosto com os seus cabelos. Em sua memória apenas uma imagem repetia centenas vezes. Olhos opacos, sem cor. Pele pálida. E por fim, o cheiro pútrido de um cadáver sem alma, um corpo sem feridas, com um leve sorriso, como se morresse em paz.
Jihan novamente levou as mãos à boca, tentando segurar o vômito que saía de sua garganta.
— O se- seu pai sabe disso? — gaguejando algumas palavras, Li perguntou.
— Sim, ele é incrível, não é mesmo? Ele é o capitão da guarda, mas sempre arruma tempo para brincar comigo.
— Hahaha… — rindo de nervoso, Li perguntou — Você quis dizer chefe da vila, não é mesmo?
— Não, meu papai é o homem com espada — discordou a menina. — O senhor me ajudou com os pesadelos e desde então eu vivo com ele, eu nunca saio de perto dele.
— Então, por que está aqui agora?
— O Bin me disse para voltar, ele me disse que você me protegeria.
Jihan lentamente olhou para o cachorro nas mãos da menina. “O que está faltando…”
CAIN*
No momento do choro do filhote, Li deu um breve suspiro de atenção. — CUIDADO! — rapidamente pulou e segurou a menina.
BUM*
A tenda explodiu de fora para dentro e todos foram atirados para longe. Após a poeira baixar, apenas um homem estava de pé.
— Hahaha… Tolos! Enfrentar todos os três seria um desafio, mas quem diria que seriam estúpidos o suficiente para se dividir dessa forma.
Um ser com presas pontiagudas, pele escura e olhos amarelos se erguia perante a área destruída. Apesar da aparência monstruosa, sua face era relativamente reconhecível.
— Quanto a você… — O monstro estendeu a mão e, do meio dos escombros, um pequeno animal se ergueu no ar. — Estou cansado de seus truques! Você é só uma ferramenta, uma que já não tem mais uso. — Energia começou a emanar do corpo do cachorro e fluir em direção ao corpo do ser. Assim que o fluxo parou, o filhote caiu no chão, já sem força.
— A força vital de uma Ninfa, ainda mais uma tão especial… que consegue manipular sonhos? Você realmente achou que eu não perceberia? — debochou, sua aparência ficava cada vez mais humana, até se tornar a figura de sempre, o chefe da vila, Beldor.
— Tínhamos um acordo, eu ajudava a menina e você me ajudava com seu poder para que eu tomasse o exército daquele monstro imbecil. Quem diria que um ser com um poder tão poderoso seria reduzido a isso, um mero animal doméstico. — Sentindo o fortalecimento com a alma que acabara de tomar, ele declarou: — Agora só preciso que aqueles estúpidos se matem, hahaha, oferecerei as almas de todos os mortos para Grindar!
Assim que terminou de falar, Beldor se virou e foi embora. Alguns minutos depois, um braço coberto de sangue perfurou os escombros. Colocando metade de seu corpo para fora, já bastante ferido, Jihan respirou fundo e com sua outra mão levantou uma garotinha praticamente ilesa.
— Me desculpe não ter conseguido te ajudar…, mas pelo menos vou cumprir seu desejo — disse Li, olhando para o corpo da Ninfa, transformada em um animal.
— Hmm… o que aconteceu… senhor, por que está tão machucado!? — disse Maria acordando.
— Não se preocupe com isso. — Se apoiando no chão, Jihan retirou-se por inteiro, seu corpo todo machucado. — Preciso ir agora, se esconda na floresta.
— O quê? Não pode! Você está muito ferido — exclamou a garotinha.
— Estou bem — Li acariciou a cabeça da menina. — Mas se eu não for agora, meus colegas estarão em perigo, por isso preciso ir. — Sorrindo fortemente, Jihan assegurou a menina. — Não se preocupe, eu ficarei bem, sou bem mais forte do que pareço.
— Você promete?
— Eu prometo.
Com Maria soltando sua camisa, Li virou-se na direção em que foi Beldor. Assim que seu rosto saiu da vista da menina, ele se tornou extremamente sombrio e luvas se materializaram nos punhos de Jihan.
“BELDOR!”