Sirius - Capítulo 39
Capítulo 39: Coliseu
— Por que você está tão apressado para ir ao Coliseu? — perguntou Li.
— Você vai entender quando chegar, nesse horário deve estar rolando umas coisas interessantes.
Li resolveu não perguntar mais sobre e apenas acompanhou o homem. Após caminhar por alguns minutos ele já conseguiu avistar uma construção extraordinariamente imponente pouco a frente.
Sua estrutura circular era similar à que existe em Roma, mas, a construção era feita de pedras pretas que se distinguiam do mármore da Guilda por ter um tom mais ferroso. No entanto, Li conseguia sentir que a concentração de mana era maior ao redor do Coliseu.
— Incrível, não é mesmo? Aquele material é “Pedra Ferro”, no nosso mundo ela é apenas uma rocha comum formada por vulcões — Matheus explicou — Porém, aqui é muito mais importante, ela atrai mana, criando uma zona perfeita para um Coliseu.
Enquanto passavam pelo portão gigantesco e subiam as escadas para ter uma visão melhor da arena, o homem continuava sua explicação.
— Como você já deve conseguir sentir, áreas com alta densidade de mana ajudam a manter a condição e concentração da pessoa em seu pico, além de aumentar a potência das magias.
Ao chegarem na arena principal, uma luta estava acontecendo.
— Parece que estamos com sorte — declarou — uma luta entre dois tenentes não é uma coisa que se vê todo dia.
— Quem são aqueles? — perguntou Li.
— O que está usando a Lança é Vitra, pelo que sei é um Lanceiro, fortalecedor igual a você, porém, ele utiliza do elemento fogo.
O homem branco possuía cabelo curto, castanho com alguns fios brancos. Seu corpo não contia nenhuma característica marcante além de ser bem definido. No seu rosto, uma grande cicatriz cortava sua bochecha, mas, apesar de parecer sério, ele tinha uma aura gentil.
— Ele serve ao Deus do Sol, Risis. Sua facção carrega o símbolo do sol em chamas e tem o nome de Solaris! — Matheus produzia ‘caras e bocas’ enquanto falava, parecendo estar imitando outra pessoa.
— E a mulher?
— Aaa… Medea… — Sua voz suavizou, e seu corpo amoleceu. — Ela é realmente linda!
— Cê ta bem?
— Perdão, me deixei levar por alguns segundos.
Li observou a pessoa a quem ele se referiu. A mulher de pele morena, tinha cabelo curto e franja, estatura baixa e corpo voluptuoso. O que mais atraiu a atenção de Jihan foi a esfera que carregava em suas mãos.
— Aquilo é uma arma?
— Hm? Sim, é um orbe. Medea é uma Invocadora do elemento Terra, apesar de que a maioria usa cajados, ela prefere usar o Orbe.
Jihan olhou para Matheus, esperando-o iniciar a apresentação. Demorou alguns segundos para o homem perceber a encarada.
— Ah, ela é uma Tenente da facção do Nilo, cuja Deusa da Colheita e Fertilidade, se chama Nitocris. — Novamente, as ‘caras e bocas’. — Seu símbolo é um broto de papiro.
Quando ambos pisaram no coliseu, a luta já estava acontecendo. Dois golens de 2 metros e meio atacavam incessantemente Vitra. As evocações eram lentas.
no entanto, Medea castava algumas magias de ataque a distância para suprir o defeito de suas crias.
Várias vezes durante a luta, o solo em que o Lanceiro pisava subitamente se tornava Lama, dificultando seu equilíbrio. Ao mesmo tempo, em que diversas magias de ataque eram lançadas em sua direção, porém estás de baixo nível.
— Achei que ela era uma invocadora, como ela consegue utilizar magias de conjuração?
Matheus olhou para o homem com estranheza.
— Bem… acho que você nunca deve ter tentado, mas você conseguiria também.
— Sério?
— Como posso te explicar… certo; A magia que você geralmente usa é mais relacionada a sua ‘Afinidade’ do que possibilidade. Você pode utilizar ela de outras formas, no entanto, definitivamente não terá tanta facilidade como tem com sua principal.
Apontando para a arena, ele continuou.
— Viu, ela consegue invocar aqueles monstros bizarros, mas as magias de conjuração que Medea está usando para atacar são de baixíssimo nível comparado aos construtos.
“Entendi, eu deveria tentar explorar mais quando tiver tempo…” decidiu.
A luta continuava, Vitra parecia pouco a pouco ficar em desvantagem. Em dado momento, o Lanceiro saltou para trás, e, girando sua lança como uma hélice, brilhando em chamas, um cilindro de fogo foi disparado em direção aos golens, que levantaram a guarda para se proteger do ataque.
O golpe engoliu ambos os elementais, entretanto, após se dissipar, seus corpos se regeneraram a olho nu, desfazendo lentamente o dano causado.
“É possível fazer isso?” mesmo com o golpe sendo ineficiente, Li ficou impressionado com a maneira que o homem manuseava sua mana.
Apesar de estar limitado pelo seu movimento e pela quantidade de inimigos, ele habilmente continuava manuseando sua lança para defletir os golpes de seus adversários, enquanto utilizava da dificuldade dos construtos de fazer curvas e sua lenta movimentação para se colocar numa situação menos desvantajosa.
— Ele vai perder se continuar assim, não? Ao que me parece, é só uma questão de tempo até ele se cansar — comentou Li.
— Olhe e aprenda, novato.
Medea pouco a pouco começou a se exaurir com o gasto contínuo de magias, dando cada vez menos suporte para suas invocações.
Vitra não deixou isso passar em branco. Tomando vantagem da oportunidade, sua mana rapidamente explodiu, a ponta de metal da lança tomou uma forma flamejante, duplicando de tamanho.
O lanceiro golpeou as juntas de uma perna de cada golem. Tirando o apoio e diminuindo a velocidade de ambos. Embora os construtos pudessem se regenerar, eles dependiam da mana de seu invocador para tal, e, mesmo assim, ainda era um processo que poderia tomar alguns segundos.
Aproveitando dessa chance, o homem disparou com tudo na direção de Medea. Chamas explodiam quando seus pés tocavam o chão, impulsionando seu corpo e aumentando sua velocidade.
Li admirou o duelo, Vitra, que parecia estar na desvantagem, subitamente estava quase certo de vencer a luta.
— Ainda não… — comentou Matheus
Ouvindo o comentário, Li redobrou seu foco.
Subitamente a maga desapareceu e um golem tomou o seu lugar.
— Duplo Blink!
Porém, no exato instante que a troca se deu, Vitra abruptamente virou-se, lançando a sua arma na direção contraria do golem. A Arma, brilhando em chamas, cortou o ar como um meteoro, atingido os pés de Medea, que acabara de aparecer no lugar em que sua invocação antes estava.
Ambos os construtos desmoronaram em pó ao mesmo tempo, em que sua invocadora era empurrada em alguns metros pelo impacto da arma no chão.
— Acabou — concluiu Matheus
“Incrível” pensou Jihan. Em questão de segundos, o resultado parecia ter ido de um lado para o outro várias vezes.
— Ela ainda consegue lutar, certo?
— Bem… sim, mas…
Vitra andou até Medea, que estava sentada ao chão e estendeu-lhe a mão.
— É minha derrota, suas habilidades com a lança parecem melhorarem a cada dia — disse a mulher um pouco abalada pela derrota.
— Não fique assim, eu tenho quase uma década a mais de experiência do que você, sinceramente, é apenas uma questão de tempo até eu não conseguir lidar mais com suas magias, você está melhorando bem rápido.
— É bom receber um elogio ocasionalmente, eu tenho um bom rival para ser minha meta. — Medea segurou a mão do homem para levantar-se.
— Viu? Não é um duelo até a morte. Sinceramente, se aquele último disparo de sua lança tivesse atingido aquela mulher, ela definitivamente não teria saído sem ferimentos graves.
Li observou ao seu redor, diversos espectadores bateram palmas para o combate, ele repetiu a ação.
— Esse lugar é realmente maravilhoso, dá para aprender bastante apenas observando as lutas de outras pessoas — comentou.
— Exatamente, como uma pessoa que veio do mesmo mundo que você, eu sei que deve ser difícil adaptar-se a mana. Esse lugar pode te dar ideias ótimas para moldar a forma em que você pensa. Ainda mais no evento que está por vir.
— Evento?
— O Torneio anual de Erebus! Um grande campeonato onde dezenas de facções mandam seus membros mais novos para demonstrar seu talento e aumentar sua experiência em combate. Se você der sorte, pode inclusive chamar a atenção de um dos medalhões e ganhar um patrocínio! Tu não deves ter muito dinheiro contigo, certo?
Li apenas ficou um pouco sem jeito, ele de fato não tinha nenhum dinheiro consigo. As moedas correntes da Terra e do centro de treinamento não eram a mesma de Erebus.
“Falando nisso…”
— Me disseram que posso requerer um ornamento feito por uma pessoa chamada Valhir de graça.
— Contanto que você ofereça a matéria-prima…
— Você pode me levar até ele?
— Bem, claro, mas lembre-se, os ornamentos feitos por Valhir são absurdamente caros, você realmente vai gastar essa oportunidade com um produto qualquer?
Tirando de sua mochila um objeto pontiagudo, Jihan perguntou.
— Isso serve?
Matheus, olhou para o homem, em choque. Em suas mãos, Li carregava um item que ele havia conseguido há vários meses, o Chifre de Sleipnir!