The Paradise Tower - capítolo 7
Algumas semanas após saírem da torre.
— Ei, por que eu tive que vir com vocês?
— Eu disse que ia apresentar a minha irmã, não disse?
— Como você espera que eu tire algum proveito disso? Acabamos de sair de lá e você está me levando para um parque de diversões?
— Vai ser legal tio Junks — dizia Yui alegremente saltitando pelo caminho.
— Tio? Ei… Yuri, eu tenho cara de tio?
— Bem… sim. Parece aqueles tios de 40 anos.
— Não brinca…
Yuri, Nina, Junks e Yui estavam indo em direção ao parque de diversões. O clima estava agradável, as casas iluminadas pelo sol de fim de tarde e o sorriso dos quatro em direção ao parque transmitia uma atmosfera de família. Yuri passou na casa de Junks para levá-lo junto, achou que poderia ser interessante ele distrair um pouco a cabeça após ter perdido seus amigos de longa data. Ele aceitou sem questionar muito.
O parque ficava um pouco longe do centro da cidade, eles tiveram que andar bastante. O sol estava quase se pondo, podia-se observar metade dele rente as montanhas que formavam um “V” ao alto da colina. Chegando ao parque, todos ficaram maravilhados. Yuri e Yui nunca tiveram condições de irem a lugares do tipo, mas isso não era mais problema.
— Yuri, Yuri! Olha como é grande! Tem um monte de brinquedos. Eu quero ir em todos, por favor!
— Claro, claro, só não vá se perder.
— Deixa que eu vou com ela, afinal eu também estou louca para ir nos brinquedos — disse Nina com um sorriso de orelha a orelha.
Yuri acenou com a cabeça e fez um sinal de despedida com a mão. As duas saíram correndo de mãos dadas em direção ao meio do parque. Yuri e Junks ficaram observando.
— Ei, tem algum lugar que queira ir? — perguntou Junks segurando a cadeira de rodas de Yuri.
— Para as barracas de comida, vamos pegar uma pipoca — falou apontando para a barraquinha.
— Certo.
A relação entre os dois era como de irmãos mais velhos, um estava disposto a proteger o outro independente de o que viesse à tona, e claro, eles nunca partiriam tal ligação.
Junks foi empurrando a cadeira até as barraquinhas, no caminho os dois conversavam de como tudo fora da torre era extremamente belo depois que você observa com calma e seriedade. Crianças estavam correndo pelo parque, brincando com seus amigos e irmãos, adultos conversando sobre problemas da vida e até novos casais sendo formados. Os dois ficaram encarando tudo isso com um sorriso em seus rostos.
O sol estava mais baixo, formando um lindo pôr-do-sol no qual Yuri e Junks apreciavam enquanto comiam suas pipocas. Suspirando cansado, Junks sentou-se ao lado de Yuri e disse.
— Quer comer algodão doce depois? Parece bom, Richard tinha dito que uma vez comeu e era tão doce que chegava a doer a garganta, eu nunca provei, mas agora que estamos aqui bateu uma curiosidade. — Ficando vermelho com o comentário, ele se encolheu.
— Claro, claro. Você parece mais animado que a Yui. Risos.
— Corta essa, não sou uma menininha que fica empolgado com qualquer coisa como um parque de diversões.
— Jura? Será mesmo? Verdade verdadeira?
— Tá bom, tá bom. Para de me encarar com esse olhar de nojo como se eu viesse à parques para ficar olhando como um pervertido para menininhas. Estou feliz de meus braços terem se recuperado, não quebre outra coisa importante como meu ego.
Perante as risadas, o sol se escondia atrás das montanhas.
— Sabe Junks, eu realmente estou feliz de estarmos aqui hoje. Acho que tudo que passamos pode ser um pouco recompensado com esses dias.
— Tem razão. Agora que saímos podemos fazer tudo que antes não havíamos feito… bem, não é como se fossemos morrer também.
— Pois é… tem razão. Mas sabe, seria bom aproveitar o hoje como se fossemos morrer amanhã.
— Para com esse papo de morte. Ninguém vai morrer! Você tem uma irmã incrível que te espera todo dia em casa, tem uma menina que adora ficar junta com você e agora tem eu. Nada disso vai sumir da noite para o dia, ninguém vai te abandonar.
— Não vão?!
— Então… só se você for um pé no saco.
— Direto demais.
— Mas depois de tudo isso, eu não consigo abandonar ninguém, muitos menos alguém como você…
Os olhos de Junks brilhavam, como que querendo chorar. A expressão dos dois não havia mudado, o leve sorriso ainda permanecia ali, por mais que escondido.
Notando o olhar cabisbaixo e sem graça, Junks pergunta. — Ei, mas e você? Como se sente com tudo isso?
— Eu?! Ah, não tenho muito o que falar. Minha cabeça está meio confusa, como se um nó estivesse amarrando minhas memórias. Não sei se me lembro de tudo, e mesmo que lembrasse, não sei se gostaria.
Observando as mãos que fechavam e abriam a cada palavra, Junks continuava comendo sua pipoca. Os movimentos pararam, as mãos foram postas sobre as pernas, e Yuri continuou a falar.
— Sinto como se eu pudesse andar, mas minhas pernas não se mexem, elas não me causam dor, é como se não estivessem machucadas. Sinto minhas mãos pesadas e meus ombros tensos, como se estivesse carregando uma barra de aço. Eu ouço vozes, vozes que me dizem o que elas sentem, não sobre mim, mas sobre a vida delas. Reclamações e discussões sobre o que devem fazer. Isso está me deixando um pouco maluco. Sinto que não mereço a vida.
Encarando as pernas imóveis e os braços sólidos, ele se perguntava o porquê. Com a sensação de toque em seu ombro, seus olhos se abrem e avistam Junks se aproximando.
— Não se preocupe Yuri, você não tem que ouvir tudo sozinho, estamos aqui, todos nós.
Sorrindo para os grandes olhos verdes o encarando, as palavras vieram com um peso mais leve e alegre. — Obrigado cara, se não fosse por você eu não sei o que teria acontecido.
Limpando os vestígios de sal em seus dedos, Junks se levantou e empurrou a cadeira de Yuri até a cerca mais próxima, o local perfeito para observar o sol. Próximos a ela, o sol refletia em seus rostos. Ao “agarrar” um raio de luz, Junks abre a mão em direção ao corpo de Yuri, no qual revezava a visão sobre o amigo e a paisagem.
— Diante de todos os acontecimentos, diante de todos os problemas e diante de todas as dificuldades… Eu, Junks, te considero um membro oficial da Solo Tiggers! Bem vindo, irmão!
Yuri olha para a mão sobre sua frente e a aperta com um leve sorriso, mas não aguenta segurar a risada.
— “Solo Tiggers”? Sério?
— Foi o nome que eu escolhi depois da tatuagem que o irmão do Richard fez. A gente não tinha um grupo nem nada, mas quando contei pra Richard e Leon eles acharam maneiro e ficou por isso mesmo. Pode parar de rir?! — Envergonhado e sorrindo, Junks empurrou a mão de Yuri.
— E com “fundaram” você quer dizer que faziam parte de alguma coisa?
— Preparávamos chá e assistíamos novelas na antiga TV do meu pai, bons tempos. — Seu rosto brilhava.
— Imaginei. Confesso que achei que seria algo mais como um gang de pessoas que eram delinquentes desde de crianças e não davam orgulho para seus pais. Me decepcionei.
— Bom, cada um de nós gostava de alguém diferente na novela. Depois de discutirmos, sempre acabávamos nos separando e nos juntando em grupos de pessoas diferentes do vilarejo.
— E você chama isso de “gang”? Que tipo de vilarejo é esse?!
Junks ria alto, seu rosto passava uma sensação muito boa e de alegria, o que deixou Yuri muito feliz.
— Ei vocês dois, o que estão fazendo? — uma voz feminina interrompeu .
— Ah! Nina, Yui, já voltaram?
— Não, ainda não. Queremos que venham com a gente nos últimos brinquedos — sorrindo, disse Yui apontando para Yuri e Junks.
— Vamos, vamos, vai ser bacana vocês se distraírem um pouco. Deixa que eu levo ele agora. Pode ir nos brinquedos. Não force demais os seus braços. E outra… quando chegamos aqui, você era o que mais parecia empolgado — disse Nina para Junks.
Ele rapidamente ficou vermelho e olhou para Yuri.
— Eu te avisei, cara, seu rosto não esconde nada. Vai lá com a Yui, eu vou pro outro lado com a Nina.
— Tá bem…
Yui pegou na mão de Junks e foi em direção aos brinquedos que ainda não havia andando.Yuri se inclina para frente e grita pelas suas costas.
— Junks! Se fizer alguma coisa com minha irmã eu te mato!
Junks para e se vira lentamente.
— Pare de ter esse olhar sobre mim. Eu não sou assim! — Envergonhado com os olhares das pessoas, ele abaixa a cabeça e começa a correr.
— Eii! Espere por mim! — gargalhava Yui, tentando o acompanhar.
Os dois agora já estavam um pouco distantes. Nina pegou a cadeira de Yuri e a direcionou lentamente para a outra direção.
— Ei, Yuri. Quer comer algodão doce e andar em algum brinquedo?
— Ah, claro, vamos nessa, estou curioso para saber a sensação da garganta queimando. Ah! Verdade Nina, deixa eu te falar…
Ela olhou para ele em dúvida, Yuri fitava seu corpo de cima a baixo.
— Esse vestido ficou muito bem em você!
Com as bochechas levemente avermelhadas e com a boca tremendo, Nina respondeu estericamente olhando para o próprio vestido. Vermelho com pequenas flores de girassol.
— A–ah, obrigada.
Meu deus, o que eu faço? Ele me elogiou, ele realmente falou. Eu percebi que ele estava me olhando desde que a gente se encontrou, mas eu achei que fosse porque eu estava estranha. Então, quer dizer que ele gostou?!
Nina é levada pelos pensamentos e começa a empurrar a cadeira de Yuri contra o piso de madeira sem ao menos perceber
— Ei, Nina!
— O-o que?
— Não quase nos mate de novo, você está acelerando sem perceber, controle sua vontade e energia infinita para correr, por favor.
— Ahh, desculpa, desculpa.
— Enfim, em qual brinquedo você quer ir?
Ela olhou ao redor, estava nervosa, suas mãos um pouco trêmulas, torcia para que Yuri não reparasse. Seus olhos procuravam por um brinquedo. Já era tarde, alguns que não havia andando estavam fechados, o que a deixou um pouco triste. Yuri notou essa inquietação.
— Ei, não se preocupe. A gente pode voltar aqui qualquer dia para você terminar de andar nos que fecharam.
— N-não… eu não estava preocupada com isso.
Seu rosto cora em um vermelho forte. Yuri percebe e ri.
— Tá, tudo bem. Posso escolher um? Sempre quis experimentar — sugere ele.
— Claro!
Yuri aponta para a roda gigante. As luzes envolta das cabines estavam acesas com um vermelho e roxo fortes. De fato aquele era o brinquedo que mais chamava a atenção em meio ao céu quase escuro. Nina permanece parada sem reação. Ele se vira e pergunta gentilmente.
— Se você não quiser ir não tem problema, desculpa ter sugerido algo ass…
— Tá tudo bem! Não se preocupe, afinal, você está comigo não é?
Os dois sorriram e começaram a ir em direção à roda gigante. Quase não tinha fila, o horário estava próximo de fechar, agilizando a entrada. A cabine era espaçosa e bem larga, possibilitando a entrada de Yuri com a cadeira de rodas. Um sinal foi dado e eles começaram a subir.
— Ai meu Deus, isso realmente é seguro?
Agarrada ao braço de Yuri, ela olhava para baixo, se distanciando cada vez mais da terra firme.
— Claro que é. Sempre tem gente andando nisso o dia inteiro, nunca deu nenhum problema.
— Isso não significa que já está velho o bastante para dar problema?
Uma gota de suor escorreu pela têmpora dos dois.
— B-bom, não pense desse jeito, aposto que não está velho o bastante.
Sentindo-se segura, ela afrouxa um pouco o braço de Yuri, que respira em alívio com a dor.
Então eu realmente tive a cara de pau de fazer a gente ficar a sós, mesmo depois de tudo aquilo que ela me disse. Como eu tive coragem? Era realmente eu no meu corpo? O que eu devo fazer agora? Que vergonha, ela ainda precisa ficar me levando para qualquer lugar porque eu não consigo ir sozinho. Como eu sou um desastre.
Tomados pelo nervosismo, a cabine estava em total silêncio. O som dos metais se contorcia com o peso do brinquedo e as janelas balançavam, mas nada de palavras.
— Anoiteceu rápido, não é? — Nina quebra o gelo.
— Pois é…
Como em uniformidade, os dois que olhavam para lugares aleatórios decidem perguntar. — Sabe…
— A-ah, desculpa, desculpa. Pode falar.
— Não, tudo bem. Pode ir, eu que peço desculpas.
O silêncio retorna, mas Yuri, com as mãos tremendo, engole em seco e gagueja..
— Ah, então Nina…
— Sim?
— É… sabe…
AHHHH, eu não consigo. Por que eu comecei a falar sendo que não tinha nada em mente. Se ela gostava de mim, agora deve pensar que eu sou um idiota. Nem começou e eu já ferrei com tudo.
— Ah, então… aquilo do outro dia. — O calor se alastrava no local. Chacoalhando a camiseta com as mãos, Yuri tentava continuar.
— Outro dia?
— É, sabe… aquilo que você falou…
— Eu falei?
Meu Deus, será que ela não lembra ou foi eu que to imaginando coisas e ela nunca disse aquilo? Não, não é possível, eu ouvi claramente o que ela disse.
— Nina, aquilo que você falou, sobre mim…
— Que eu falei sobre você?
Nina já sabia do que se tratava, mas seu nervosismo estava enrolando o rumo da conversa. Ela não percebia, mas parecia estar em uma conferência de empresa. Sentada com as pernas rentes, postura ereta e dedos cruzados, ela perguntava sem ao menos pensar.
— Aquilo quando a gente tava descendo a rua perto da minha casa.
— Hunm, o que tem?
— Era verdade?
Os dois ficaram em silêncio, por alguns segundos… que mais pareceram horas.
— Poxa, não me lembro, o que será que era?
— A-a-ahn, ah? Certo, certo, não tem problema, deve ser coisa da minha cabeça.
Olhando para o escuro céu, seus batimentos iam à loucura. As estrelas brilhavam como vidros quebrados, e em sua frente, encarando-a, a pessoa por quem ela se apaixonou. Deixando-se levar pelo nervosismo acumulado, ela expirou e soltou tudo como um furacão.
— Yuri, me desculpe, eu realmente não tive coragem de falar esse tempo todo. Estava com medo, com medo de estragar as coisas. — Esfregando as pernas nuas com vergonha, a cada palavra seu rosto se tingia de vermelho.
— Ah? O que você quer dizer? Por que está se desculpando?
— Yuri, depois de todos esses anos que eu estive com você… você parecia estar evoluindo cada vez mais. Quer dizer, eu sei que posso parecer uma idiota fraca falando isso, mas você sempre foi lerdo, ruim em brigas e resmungão, mas mesmo assim sempre conseguiu aquilo que você desejava. E eu não quero ficar pra trás. Não quero sentir esse sentimento de peso que eu carrego enquanto estou com você.
— Nina…
— Durante todo esse tempo…
Nina estava com as mãos entre as pernas, gotas podiam ser vistas escorrendo pelo seu rosto e sua visão se tingia com lágrimas de desespero.
— Durante todo esse tempo, mesmo que eu ficasse pra trás, olhar para suas costas me motivava a seguir em frente, então por favor, me deixe ser forte, me faça ser forte!
— ….
— Quando a gente apostava corrida eu sempre caia por correr rápido demais, e quando você passava por mim era sua chance de vencer, mas você voltava e estendia sua mão…
Mesmo diante do desespero de Nina, Yuri não pôde evitar de rir.
— Yuri? Porque está rindo? — Levando os dedos ao rosto, ela tampou seus olhos.
— Hahaha. Claro que estou, você é mesmo muito engraçada! “Me faça ser forte”, isso é impossível… por que você já é mais forte que qualquer um de nós!
Nesse momento, a angústia e desespero que controlavam seu coração foram deixados de lado. A admiração, a idolatração e o amar, preencheram seu peito. A vontade da vez era simplesmente pular em cima de Yuri e o abraçar com todas as forças, mas ele não parava de falar.
— Nina, nunca fui eu que estive na frente… sempre foi você.
Com a brisa rente a janela, os curtos cabelos de Nina balançaram.
— Como eu poderia estar na sua frente? Tudo que eu sempre fiz foi pensando em te superar. Foi você que sempre esteve no topo da escada, e isso me motivava a conseguir subir também. Meus degraus foram difíceis, já que eu não sou rápido igual a você, mas eu não poderia me dar o luxo de desistir e ficar somente te olhando.
A roda gigante fazia sua terceira e última volta, parando no topo, fazendo todos poderem apreciar a vista iluminada pelos flocos gigantes.
— Minha maior preocupação dentro dos jogos foi saber se você estava bem. Se alguma coisa tivesse acontecido com você, eu não ia ter pra onde seguir…
Interrompendo as palavras de Yuri, ela se levantou e em poucos passos estava em cima dele gritando. — Errado! Você não pode dizer que eu fui o motivo de tudo o que você acabou conquistando!
— Não foi isso o que eu disse. Eu disse que tudo o que eu tenho foi graças a você. Tudo o que foi conquistado por mim foi por você estar presente em todas as horas que eu sempre precisei.
— Errado! Errado! Foi você que sempre me estendeu a mão quando eu precisava, nunca fiz nada sozinha, nunca fui capaz… — Apoiando-se sobre o encosto da cadeira com as mãos, ela respirava ofegante próxima ao rosto de Yuri
— Nina, se não estivéssemos nos encontrando nos jogos, nada disso estaria acontecendo. Tudo isso foi graças aos esforços que todos nós distribuímos para ajudar uns aos outros. Sem você, isso nunca seria possível.
— Yuri…
— Não venha me dizer que eu estou errado, nós não conquistamos as coisas sozinh…
— Eu te amo!
— …Oi?
— Eu te amo, te amo, te amo.
— Calma? Assim do nada?
— Eu disse que eu te amo.
— Eu ouvi! Mas porque de repente?
— Para de ser lerdo seu imbecíl!
A roda gigante parada, o brilho das estrelas, a leve sensação do vento, o momento, o brilho no olhar de Nina, tudo isso encantava cada vez mais Yuri, tanto a ponto de ele não saber o que fazer.
— Nina, eu não quis dizer isso… — movendo os olhos para o chão, ele suspirou.
— Como assim?
— …Você roubou o MEU momento! Toda hora que ninguém falava nada eu estava pensando, pensando muito. Eu queimei três neurônios para conseguir arranjar alguma forma de te falar o que eu sinto!
— O que você sente?
— Nina, eu te amo!
— QUEE? Por que isso de repente?
— Mas foi exatamente o que você fez! — Incapaz de se levantar e andar de um lado para o outro, assim como Nina fazia, Yuri só podia gesticular com os braços.
Os dois discutiram freneticamente sobre o assunto até um deles perder o fôlego.
— Nina.
— Yuri.
— Eu te amo!
As palavras finais foram ditas ao mesmo tempo pelos dois. O brilho de seus olhares se comparava com o das estrelas. A roda gigante descia lentamente, o que gerou um clima de desespero entre os dois.
— Yuri, tinha uma coisa que queria faz…
Yuri a puxa rapidamente e seus lábios se confltam. A sensação de toque entre eles é macia e calorosa. Nina está fervendo, talvez por causa de seu nervosismo interior. Yuri se sente aliviado, parte do peso em seus ombros foi aliviado, ele estava feliz.
Os dois se afastam e se olham.
— Idiota — exclama Nina com um sorriso bobo em seu rosto.
— Eu que sou o idiota!? Não me coloque sob pressão Nina, você que fez o meu coração ficar assim! Idiota.
— Quem você chamou de idiota?
A porta da cabine estava aberta há algum tempo, eles não tinham percebido. Em frente a cabine de mãos dadas e com algodões doces nas bocas, Yui e Junks, olhando fixamente para Nina abraçada com Yuri.
— O que diabos está acontecendo aqui? — diz com dois algodões nas mãos..
Junks rapidamente tapa os olhos de Yui.
— Yuri, você é péssimo! — solta com um olhar de desgosto, quase como se olhasse para um lixo.
— EU? O que eu fiz de errado? — retruca Yuri, tentando se levantar irritado.
— Vamos, saiam logo daí, já está tarde. Ah, verdade, pegue isso. Vamos experimentar juntos!
Entregando o palito com o doce, Yuri o pegou e mordeu. Após a segunda mordida ele levanta o rosto e se surpreende com a reação de Junks… ele estava chorando, mas não por tristeza própria, mas sim pela solidão em seu peito. Mastigando a “nuvem” rosada, ele disse com lágrimas escorrendo pelos olhos e algodão doce grudado em sua boca. — É realmente doce, assim como ele disse.
Andando em direção a saída, Yuri mantinha os olhos fechados enquanto carregava sua irmã dormindo.
— O dia foi muito quente, bem capaz de uma tempestade se aproximar — afirma Yuri olhando as carregadas nuvens no céu.
Eles agora estavam longe do parque, a montanha em formato de “V” agora não se destacava mais, o único cenário que podia ser visto eram as feias casas entre as ruas. O vento estava mais forte e o ar mais gelado, mas os corpos aquecidos com inquietação e fervor não se incomodavam. Passando entre as casas apertadas e os pequenos becos entre elas, eles não percebem a forte presença os observando no escuro. De fora, brilhantes olhos verdes podiam ser vistos andando entre as lamacentas poças d’água que se formaram com a chuva do dia anterior. Posicionando o rosto entre as paredes, os olhos de Yuri captam um pequeno movimento, informando seus amigos.
— Quem está aí? — grita Junks, protegendo a cadeira em suas costas.
A sombra se encolhe, com receio, tirando as teias de aranha grudada entre os olhos e a boca.
— Nós conseguimos sentir sua presença, por favor, saia.
O homem esticou suas pernas e se alongou de uma maneira que mostrava sua boa flexibilidade. As luzes da rua não eram fortes o suficiente para revelar seu rosto de imediato, mas ela decidiu dar uma passo à frente. Ouve-se uma grossa e enroscada voz.
— Certo, certo, não estou aqui para machucar ninguém, muito menos para arrumar problemas. — Passando a mão para retirar os vestígios de teias de sua roupa, o homem disse após tossir.
Os três se entreolharam atentos para a figura parada com as mãos nos bolsos. Em silêncio, eles se encaram por um bom tempo. O vento soprava, o tempo escurecia e as gotas começavam a pingar, com o barulho de suas roupas balançando, o homem deu mais alguns passos enquanto retirava a mão dos bolsos.
— Não fiquem aflitos, vocês sabem muito bem que não vos farei mal. As estrelas estavam bonitas hoje, não é mesmo?
Essa voz…
— Olá garotos, estão aproveitando a liberdade fora da torre?