Trupe Elemental - Capítulo 96
Após todos terem passado pelo portal e chegado ao outro lado, os que já haviam chegado estavam esperando, parados em frente a uma enorme escadaria que subia, tão alta que não dava pra ver o que tinha lá em cima.
— Ótimo, agora que estamos todos aqui, temos essa grande escadaria que leva para cima, imagino se também irá nos levar para além do céu, hahaha! — Disse Matt.
— Chega de brincadeiras, vamos subindo. Estamos mais pertos do que nunca, mesmo que fraca, já consigo sentir uma energia maligna não muito longe daqui. Só pode ser ele… — Disse Mary, tomando a frente.
— Hum… que sem graça… — Matt sussurrou.
Ao chegar no fim da escadaria, o grupo se viu dentro do que parecia ser uma apertada moradia abandonada, mas os conteúdos presentes eram tão estranhos e misteriosos quanto o lugar que estavam.
— Ah ótimo, mais um daqueles laboratórios esquisitos! Quem podia imaginar, pilhas e mais pilhas de livros e anotações que não fazem sentido! — Matt comentou.
— Ei, a gente pode ir embora daqui já? Eu não suporto essas coisas. Uh? Pessoal, onde é que vocês foram… — Disse Matt, passando por cima dos livros.
Somente ele não havia percebido o verdadeiro elefante na sala, quando se virou para o lado, viu que os outros estavam parados contemplando algo parecido com um grande cilindro feito de vidro preenchido com líquido e algo dentro. Não somente um, mas dois, um do lado do outro ligados por uma corrente de raios.
— O que são essas coisas? Parecem câmaras seladas com algo dentro. Há uma espécie de mecanismo em sua base, o que é isso tudo? — Jesse se perguntava.
— Mas realmente há algo lá dentro. O vidro está sujo demais para ver, algo que possamos usar para limpar? — Sarah perguntou.
— Aqui, isso deve servir. — John respondeu, entregando um pedaço de pano velho.
Dando uma boa limpada no vidro com o pano sujo, ninguém esperava que o conteúdo dentro daquela câmera fosse tão aterrorizante quanto o que estavam imaginando que seria. Flutuando naquele misterioso líquido, havia uma criança aparentemente adormecida, além dela ser muito familiar para a maioria deles.
— Ah! Pelo deuses…! — Sarah, se assustou, caindo e perdendo sua fala brevemente.
— É a mesma garotinha que nós encontramos naquele quarto na fortaleza de Philip, quem era ela mesmo? Eu acabei me esquecendo. — John perguntou.
— É a irmã mais nova do Hector… Mas como?! Nós tínhamos certeza de que ela havia perdido sua vida naquele incidente… Isso não faz sentido! — Disse Tay, assustado.
Incrédulos com o que viam, eles se questionaram o que aquilo representava, o que o Arquimago Philip realmente vinha fazendo todo esse tempo escondido dos outros.
Vendo que eles estavam muito aflitos, Mary rapidamente deduziu algumas coisas, e para tentar acalmá-los ela compartilhou o que achou que seria o certo, apesar de ser apenas uma teoria sem muitos fundamentos.
— Tay, você acabou de dizer que essa menina já havia morrido, então é impossível que esta daqui seja ela. Não há nenhuma magia, nem nada parecido que possa trazer uma alma de volta para o mundo dos vivos, nem mesmo os deuses. — Disse Mary.
— A minha teoria é que, a que estamos vendo aqui seja apenas uma cópia exata da original, um clone mais precisamente. Admito que até eu estou impressionada com tamanha precisão, é a primeira vez que vejo algo assim. — Completou.
— Isso é um absurdo! Tentar burlar as leis da vida é um crime imperdoável, se os outros Arquimagos descobrissem o que ele vem tentado fazer por todo esse tempo, eu não consigo imaginar qual seria o destino dele. — Disse Ryutisuji.
— Mas… mas, mesmo que ela não seja a verdadeira, ela ainda é a irmã de Hector! Ele pode não saber disso ainda, mas para ele, ela não está mais entre nós. O que prendeu Hector esse tempo todo e o forçou a se aliar com Philip foi essa falsa promessa de que ele poderia curar ela! Ele mentiu para Hector! — Disse Sarah, em revolta.
— Calma, não é hora para ficarmos discutindo isso. Limpe o vidro da outra câmara, eu suponho que também há outra pessoa dentro dela, mas quem? — John perguntou.
Ao limpar o vidro da segunda câmara, assim como John imaginou, havia outra pessoa dentro dela. Desta vez um homem por volta de seus trinta anos, mas ninguém do grupo sabia quem ele era. Mary chutou que poderia ser apenas uma cobaia descartável, devido ao infame histórico de Philip. Porém Sarah ressaltou algo que contradiz essa ideia, porque ele ainda estava ali mesmo sendo descartável?
Tay sugeriu que ele fosse alguém de importância, apesar de nenhum deles conhecê-lo de nenhum lugar. Talvez fosse um parente de Philip. Enquanto eles discutiam, Jesse estava agachada observando o mecanismo que ficava na base das duas câmaras. Ele parecia ser alimentado por uma fonte de energia proveniente do elemento Trovão. Raios iam e voltavam passando por um tubo que ligava as duas câmaras entre si.
— Ou talvez, esse homem seja o real protagonista desse experimento, já a irmã de Hector, apenas um catalisador. — Disse Jesse, se juntando à conversa deles.
— O quê?! O que isso quer dizer, Jesse?! — Tay e Sarah disseram ao mesmo tempo.
— Veja bem, há esse mecanismo na base das duas câmaras, eu fiquei observando eles enquanto vocês conversavam, e acabei notando que são interligados por uma fonte de energia do elemento Trovão. O que mais me intrigou é que, a câmara deste homem está recebendo energia da outra. — Jesse explicou.
— Resumindo em poucas palavras, a irmã de Hector está provendo energia para este homem, acredito que por serem de idades diferentes, ele requer mais energia para se manter “vivo”. Então ela está oferecendo o que falta para manter sua câmara operando normalmente. — Ela disse.
— Oh? Isso é um ótimo ponto que eu deixei passar. — Disse Mary, impressionada.
— Ugh. Esse Philip é mais medonho do que eu achava… — Matt comentou.
Logo em seguida, enquanto olhava o lugar, um pequeno e baixo ruído começou, se transformando rapidamente em um eco, e depois em uma mensagem que ecoou dentro da cabeça de cada um deles ali presente.
— Hahahaha… Então os ratos finalmente encontraram minha pesquisa. Estão de parabéns, eu levei bastante tempo para finalizá-la, e ainda mais tempo para escondê-la em um lugar em que não seria perturbado ou julgado. Mas! Eu recomendo que vocês não tentem nada. — Disse uma voz ecoante se espalhando pelo lugar.
Quando ouviram, todos sacaram suas armas e ficaram em alerta, procurando de onde estava vindo aquela voz. Mas não havia ninguém além deles naquela pequena sala, a voz de Philip ecoava em suas cabeças tentando os aturdir repetidamente.
— Philip! Apareça seu covarde! — Disse Tay, procurando por ele.
— Eu não sinto sua presença, ele não está aqui…! — John sussurrou.
— Bem, isso é, ao menos que não queiram machucar as “cópias” das pessoas que estão dentro dessa câmara de incubação… — A voz de Philip dizia.
— Infelizmente eu não posso me encontrar com vocês no momento, seria uma grande honra, mas ficará para outra hora. Tenho planos esmeros para todos vocês, se quiserem uma audição comigo, por que não tentam seguir em frente? O abismo estelar os espera, e logo depois dele, a verdade. — Ele disse, desaparecendo.
Quando suas cabeças pararam de zunir, todos estavam revoltados com aquilo. Na visão deles, Philip estava a debochar e zombar de todos. Tay disse que isso não ficaria assim, não iria deixar passar, não depois de tudo que passaram e do que viram estar acontecendo nessa sala.
— Se ele quer tanto que nós o encontremos, então é isso que faremos! Vamos em frente pessoal, eu já estou farto disso tudo. A justiça tem que ser feita! — Disse Tay.
— Eu concordo com ele. Philip está zombando de nós, como se fossemos incapazes de fazer algo, vamos provar o contrário. — Ryutisuji comentou.
— Eh? Confiantes, não? Bem, pra mim já deu dessa conversa toda por hoje, eu vou estar esperando por vocês do lado de fora, não aguento mais ficar nesse cubículo aqui, acho que estou desenvolvendo claustrofobia. — Disse Matt, saindo da sala.
— O que ele quis dizer com abismo estelar e verdade? Acha que é só um blefe, ou está tentando nos dizer algo, mesmo que da pior forma possível? — Jesse perguntou.
— Seja o que for, não dá para confiar em uma pessoa como ele. Aliás, eu comecei a sentir uma enorme atração mágica adiante, logo depois que sua voz desvaneceu. Philip está generoso de mais se quer nos mostrar o caminho. — Mary respondeu.
Depois que a tensão passou eles estavam prontos para partir. Só esperando por Ryutisuji, que estava fazendo alguns rabiscos em uma folha de papel que arrancou de um dos livros jogados no chão. Ele disse que seria bom deixar registrado de alguma forma aquelas câmaras que viram hoje. Isso até que Matt os chamou, abruptamente.
— Uh… Pessoal? Acho que vocês deveriam ver isso… — Disse Matt, do lado de fora.