Um Alquimista Preguiçoso - Capítulo 89
Sobre o palanque, no instante em que a luta entre os dois discípulos da Família Qin acabou, Xiao Bai se moveu. Não precisava escutar o chamado dos juízes, divulgando a próxima partida. Tinha decorado a tabela da competição e sabia que esta seria a sua vez de descer ao palco.
Assim que o Jovem Nobre da Família Xiao começou a se mover, os demais participantes presentes no tablado se agitaram. Aquele era um dos favoritos para chegar às finais do Festival da Geração do Caos e era também um dos poucos em toda a Cidade da Fronteira do Caos a alcançar o Reino do Despertar antes de passar dos dezoito anos de idade; um gênio, como muitos gostavam de apontar, embora o adjetivo seja considerado controverso por alguns.
Não apenas por seu atual cultivo, Xiao Bai recebia atenção excessiva por seu desempenho no último festival, no qual alcançou a semifinal, apesar da derrota indiscutível sofrida.
Sempre trajando vestes ostensivas, ele caminhou de cabeça erguida e peito estufado, transparecendo o orgulho de alguém que carregava o fardo de ser o neto de um proeminente Ancião, aclamado e consultado nos momentos de crise. Conforme cruzava o caminho de uma construção até a outra, a multidão foi abrindo espaço, pois conheciam bem o seu rosto. Mantendo o passo firme, não trazia nenhuma arma junto a si; suas Técnicas de Combate eram ferozes o suficiente para impor sua força.
Quando subiu na arena, gritos de estupefação e maravilhamento foram ouvidos, ecoando de partes diferentes. Era evidente que detinha um número significativo de admiradores mesmo fora da Família Xiao e estavam todos empolgados por vê-lo assumir um campo de batalha.
Ao ver o participante seguinte subir no palco antes de ser chamado, a juíza da vez se viu obrigada a se adiantar e pronunciar, deixando sua voz ecoar para todos ouvirem:
― Xiao Bai contra Xu Meifen!
De repente, uma onda de ovações e exclamações se ergueu de diferentes locais. Meninos e meninas, jovens de todas as idades e de distintas Famílias passaram a gritar um mesmo nome em euforia, clamando por atenção e serem ouvidos.
― Irmã Meifen, olha pra cá! ― Berravam algumas garotas, saltando e balançando os braços, tentando se sobrepor ao mar de cabeças em suas frentes.
― Você é a melhor!
― Boa sorte! Eu irei torcer por você!
― Não ouse machucá-la, Xiao Bai, ou iremos caçar você!
Antecipando a chegada de Xu Meifen, coisas do tipo eram ouvidas em todos os cantos. Nem mesmo o aclamado Xiao Bai era capaz de se sobrepor ao alvoroço que se iniciou, chegando a perder alguns seguidores para a agitação que se alastrava em cada direção.
Conforme o agrupamento de jovens se empolgava, no canto do tablado, lugar em que dava passagem para o palco, uma comoção teve início, com muitas pessoas se apertando e se empurrando. No meio da bagunça, uma garota parecia estar tentando avançar, mas enfrentava dificuldades, sendo barrada a cada passo que dava. Os gritos vindos daquele local pareciam ser ainda mais desesperados por atenção e o empurra-empurra só crescia.
Percebendo que as coisas não se acalmariam tão cedo, dois juízes se adiantaram e escoltaram a pessoa pela qual tanto clamavam até a arena. Porém, a despeito da curta distância de um ponto até o outro, ainda assim, tiveram bastante dificuldade para progredir na marcha e enfim alcançar o objetivo.
Xu Meifen era uma deslumbrante garota de dezesseis anos que chamava a atenção por sua aparência e carisma natural. Mas não foi apenas por esses pequenos detalhes que se tornou uma entidade tão conhecida na Cidade da Fronteira do Caos e admirada por muitos. Desde pequena, quando tinha em torno dos oito anos de idade, por escolha própria e não por obrigação dos pais, participou de diversas exposições artísticas, tipo: teatros, danças e concertos. E apesar de, naquela época, não ter um grande talento, destacou-se devido a sua ― como sempre dizem seus pais ― fofura.
A maioria de suas apresentações foram durante eventos familiares, tendo desfrutado apenas de pequenas exibições em outras celebrações. Foi de fato há dois anos que se tornou uma “celebridade” ― por assim dizer ― para toda a cidade, após ser convidada a participar de uma peça de teatro que serviria de abertura para o Festival da Geração do Caos.
O espetáculo trazia um conto antigo, datado de mais de seiscentos anos no passado, difundido por toda aquela região, que falava de uma garota Mortal que fez amizade com uma Fera Mágica, cuja aparência nunca foi revelada para outra pessoa. Os dois se encontravam em segredo, num lugar escondido e a amizade entre eles permaneceu sendo um mistério por muito tempo.
Porém, certa vez, um tirano, durante uma visita à cidade, encontrou-se por acidente com a Mortal e acabou se apaixonando. Sabendo o tipo de pessoa que ele era, a jovem recusou todas as suas propostas e enviou de volta os presentes e joias que recebeu. Embora fosse uma pessoa de origem simples, jamais aceitou uma única moeda de ouro, das milhares que lhes foram ofertadas.
Durante dois anos, o tirano insistiu em sua proposta. E quando os tesouros e regalias não surtiram efeito, prometeu títulos e mordomias das quais a amada nunca poderia gozar em sua vida de “serventia”. E ao falhar outra vez, tentou usar de ameaças e subornos, intimidando seus pais e todos que fossem próximos a ela.
Depois de um ano de tentativas falhas, o tirano enviou inúmeros grupos para sequestrar a Mortal, porém, nenhum deles nunca retornou da Cidade da Fronteira do Caos. Por ser o líder de uma proeminente Seita, as quatro Famílias não puderam fazer nada para ajudar, permitindo a situação se prolongar, até que a tragédia aconteceu.
A jovem Mortal se apaixonou por um aspirante a cultivador, que apesar de possuir uma idade considerada inadequada por muitos para começar a praticar ― algo em torno dos vinte anos ―, tinha o sonho de se tornar forte e lutar por um destino melhor. Os dois prometeram se casar e essa promessa foi sabida por todos, afinal, além das esquisitas visitas à Montanha Ancestral de Jade, ela era a desejada por um importante Soberano.
Ao descobrir sobre o casamento, o tirano ficou irado. Junto a uma pequena tropa de praticantes poderosos, invadiu a cidade e mais uma vez as Famílias não puderam fazer nada para impedir. Seu objetivo era acabar com o compromisso e levar de uma vez por todas sua desejada embora, ela querendo ou não.
Entretanto, chegou tarde demais, pois a cerimônia já havia acontecido e sua amada maculada pela eternidade. Ao descobrir o ocorrido, sua fúria foi tamanha que executou o casal na frente de multidões e não satisfeito, exterminou suas famílias.
Nunca houve um dia tão melancólico, um evento tão lamentável.
É dito que ao último suspiro da jovem Mortal, uma tempestade terrível recaiu sobre a região. Uma nuvem cinza e densa cobriu a Cidade da Fronteira do Caos, conforme um vendaval violento desceu da montanha, devastando a Floresta das Mil Perdições e arrancando casas e árvores do chão.
Nunca houve uma tormenta tão impetuosa, trovões tão ensurdecedores.
Assustados, o tirano e seu grupo deixaram os limites da cidade às pressas. Porém, jamais retornaram para casa. O que aconteceu com eles, ninguém soube, mas segundo os relatos, luzes verdes perseguiram a maldita corja e estampidos que provocaram a surdez permanente de muitos foram ouvidos e sentidos a centenas de metros de distância. E então, por um mês inteiro, o céu chorou.
Naquele dia, os cidadãos do Caos não foram os únicos abalados pelo fenômeno misterioso. Nas cartas e pergaminhos que relatavam o ocorrido, é contado que durante um ano nenhuma Besta Demoníaca foi avistada.
E, Xu Meifen, teve a boa sorte de protagonizar a mocinha, em seu conto trágico. Depois daquilo, por algum motivo que nem mesmo ela conseguia entender direito, admiradores começaram a aparecer aos montes; mesmo em sua Família, lugar no qual já recebia certa atenção, o número cresceu. Passou a receber presentes dos mais variados tipos e muitas propostas foram feitas.
Se pedissem para ser sincera, diria que adorava receber tanto crédito e gostava do carinho depositado por seus admiradores. Mas, ainda assim, não sabia afirmar o motivo para tanto. Não era uma cultivadora excepcional igual a Xu Xia e isso se fazia notável, dado ao seu cultivo de 5ª Camada do Reino Mundano. E quanto à beleza, também considerava a amiga não tão próxima mais bela.
Usando o seu visual costumeiro, que se resumia a combinar peças de roupas de cores iguais ― no caso, uma blusa de manga longa e pano fino, harmonizada com uma bermuda larga nas pernas, da altura dos joelhos, e ambas dotadas de um azul-claro sedoso ―, Xu Meifen subiu ao palco escoltada pelos dois juízes que a resgataram do tumulto.
Evidenciando um largo e alegre sorriso, ao alcançar uma posição de destaque, em que pudesse ser facilmente encontrada pelos olhares fervorosos de seus admiradores, ela começou a retribuir os gritos de incentivos e elogios, acenando para as pessoas e fazendo gestos carinhosos. Não rejeitou nenhuma demonstração de afeto e afirmou diversas vezes que faria o seu melhor. Logo depois, ainda mantendo sua carismática simpatia, virou-se para cumprimentar seu adversário.
― É um prazer poder conhecê-lo e poder enfrentá-lo, Xiao Bai. ― disse, curvando a cabeça em sinal de respeito. E de fato, possuía um deslumbre natural por pessoas dedicadas ao mundo do cultivo. ― Sei que não serei a melhor das oponentes, mas me esforçarei para entregar a melhor das partidas.
A forma como as palavras saíam fáceis de sua boca, sempre com uma expressão serena no rosto e usando a mais pura e genuína honestidade para se expressar, tornava perceptível o motivo pelo qual as pessoas tinham tamanha facilidade para se apegar a ela, embora, a mesma, não percebesse.
Em retribuição, Xiao Bai abaixou a cabeça, expressando um gesto mais singelo, e falou, mantendo um tom cordial, digno de quem teve uma boa criação:
― O prazer é todo meu, Srta. Meifen. Preciso dizer, assisti sua última apresentação e estava deslumbrante como sempre. ― Tendo falado até aqui, ele fez uma pausa, deu as costas para a sua adversária e se afastou um passo, antes de voltar a encará-la. ― Porém, eu preciso pedir perdão adiantado. Meu objetivo é um pouco mais alto e não posso ficar perdendo “energias” nesta luta fútil. Acabarei com isso rápido.
― Não precisa se segurar. Sei que nossas forças são diferentes e não seria justo da minha parte pedir para que se contenha. ― Talvez fosse por estar acostumada a pressão de ficar perante diversas pessoas numa posição em que o menor dos descuidos pode render o mais injusto nível de deboche, mas, Xu Meifen parecia bastante calma com a situação mesmo depois da declaração do Jovem Nobre e apesar de saber que sua força não representava um poder significativo, sequer para conseguir se defender, mantinha a expressão serena e carismática, sem demonstrar o menor sinal de alteração.
Agora que ambos os participantes haviam se apresentado, a juíza responsável por arbitrar a partida adiantou-se e proclamou em alto e bom tom:
― A partida entre Xiao Bai, 1ª Camada do Reino do Despertar, e Xu Meifen, 5ª Camada do Reino Mundano, começa agora!
Vestida para a ocasião, Xu Meifen tirou proveito da bermuda larga e começou a correr em volta do palco, circulando o oponente. Não era por ser mais fraca e saber da inevitável derrota que iria desistir antes de tentar, ou muito menos ficar parada, amaldiçoando o azar que teve no sorteio para as duplas.
Nunca foi muito talentosa no cultivo e sabia disso muito bem. O fato de ter conquistado uma vaga no Festival da Geração do Caos não representava grandes coisas e ela entendia isso. Em primeiro lugar, apenas teve sorte de passar no teste que decidiu quem seriam aqueles a disputar pela posição, e, acima de tudo, a Família Xu enfrentava um declínio, o qual era refletido no desenvolvimento da futura geração, de outro modo, alguém mais apto teria sido selecionado.
Ainda assim, apesar da paixão primordial pelas artes, um outro lado seu era tão apaixonado quanto pelo cultivo e esse lado não a permitia se render ou sair dessa luta sem tentar algum movimento, mesmo conhecendo a diferença entre forças.
Determinada a desferir ao menos um golpe, a despeito da constante impressão de que não iria acertar, ela se dispôs a correr ao redor do adversário, em busca de uma possível, porém, improvável brecha.
Enquanto sua oponente começava sua investida, Xiao Bai não se moveu, continuou parado na mesma posição, apenas olhando de soslaio. Quando Meifen alcançou suas costas, mexeu a cabeça, buscando melhorar a visão, sem perder a outra parte de vista. Talvez, se seu Sentido Espiritual fosse um pouco mais apurado, conseguiria monitorar a situação com mais segurança, entretanto, sua habilidade ainda tinha muito o que ser desenvolvida.
Ao se posicionar logo atrás do rival, Xu Meifen esperava causar no mínimo um pequeno desvio de atenção ou quem sabe uma ligeira distração. No entanto, os olhos pretos e afiados do imponente praticante continuavam seguindo-a, feito uma besta selvagem. Percebendo que não seria capaz de encontrar um ponto seguro para realizar o primeiro ataque, ela decidiu mudar de estratégia e usar uma das técnicas passadas entre os membros de sua Família.
Quando sentiu uma brisa soprar de fora para dentro do palco, de repente, Xu Meifen parou sua corrida e num movimento único, bateu a palma da mão contra o piso da arena.
― Nébula de Poeira! ― rugiu.
Das frestas entre cada tábua que compunham o piso, surgiram camadas de pó fino que se espalhou, abarcando o perímetro. Começando pelo chão, a nuvem composta por uma espécie de partícula de terra avermelhada subiu aos poucos, sendo arrastada pela fraca brisa da noite.
A nuvem que foi se tornando cada vez mais densa e nebulosa à medida que se espalhava, envolveu Xiao Bai, ofuscando seu campo de visão e obrigando-o a apertar os olhos, temeroso por algo acabar caindo dentro de um deles. Não podendo contar mais com sua visão para rastrear a posição da outra parte, ele fez o primeiro movimento bruto, mudando de posicionamento e fitando o último lugar em que avistou Xu Meifen.
E sua escolha se mostrou correta, pois assim que se moveu, três pontos luminosos em forma de discos acenderam em meio a neblina e dispararam em sua direção, a uma velocidade que, embora não fosse excepcional, atravessou o palco em breves segundos.
Entretanto, como foi mencionado, a velocidade da técnica não era nada espantosa e tudo o que Xiao Bai precisou fazer para se esquivar foi dar um passo para o lado. Os discos cortaram o espaço ao seu redor, errando por meros centímetros, mas, ainda assim, um erro calculado.
Logo ao se esquivar, ele estendeu o braço e começou a condensar a Energia Espiritual, preparando-se para desferir um ataque, usando de referência a origem dos discos. Contudo, quando estava para finalizar a partida, sentiu algo vindo de uma localização diferente e num movimento de instinto e prudência, mudou o alvo.
Ele não possuía um Sentido Espiritual aguçado, de modo que sequer conseguia julgar o nível de um cultivador com precisão. Mas, nem por isso, deixava de treinar essa habilidade imprescindível e por consequência, vez ou outra, sentia leves distorções na Energia Espiritual próxima, que poderiam passar despercebidas caso não prestasse bastante atenção nas mudanças.
E foi por causa dessa percepção que quase não se notava, como se fosse uma simples impressão, que conseguiu perceber, por muito pouco, a cilada armada por sua oponente. E de fato, precisava admitir, esta foi uma ação mais esperta do que esperava receber de Xu Meifen. Se fosse contra outra pessoa, um cultivador Mundano da 7ª Camada, talvez, ela poderia ter vencido ou, no mínimo, causado danos severos. Mas ele estava em um nível diferente.
Ao virar o rosto e redirecionar o sentido de seu ataque para o lado esquerdo, deparou-se com uma esfera opaca ― sem qualquer sinal de brilho distinto ―, que se misturava facilmente a nuvem de poeira levantada, voando em alta velocidade, a um passo de atingi-lo na cabeça.
Através de um plano perspicaz, Xu Meifen ergueu uma nuvem de poeira para obstruir a visão do adversário, em seguida, atraiu sua atenção para um ponto específico e por fim, realizou o ataque final de outro lugar. Esse tipo de estratégia era uma das ensinadas para todos os discípulos de sua Família e podia ser resumida em três fases simples: Obstruir, confundir e atacar.
É claro, se comparado aos cultivadores experientes e dotados de mais Energia Espiritual, seu combo ainda tinha muito para evoluir. Pode-se notar isso através da técnica: Nébula de Poeira, cujo poder real seria capaz de até mesmo sufocar os inimigos com as partículas de terra.
Porém, esse foi o único esquema que ela conseguiu pensar para, ao menos, ter uma chance de se aproximar de Xiao Bai. Algo que planejou antes de subir no palco, apesar de não saber se funcionaria ou se apenas serviria para adiantar seu desfecho precoce. E, a despeito de todas as variáveis que poderiam resultar num fracasso absoluto, decidiu ir em frente e arriscar. Afinal, seu desejo de se provar uma verdadeira cultivadora superava o medo da derrota.
Quando notou o golpe voltado para finalizá-lo próximo de seu rosto, Xiao Bai não pensou duas vezes, antes de levantar a mão e comandar seu próprio ataque:
― Pancada Almofadada!
Da palma de sua mão, algo semelhante a uma pata canina, composta tanto pelos coxins digitais quanto do metacarpo, surgiu de repente e disparou contra a esfera opaca, igual a uma impressão voando em alta velocidade.
A Técnica de Combate de Xu Meifen foi despedaçada no mesmo instante, sem oferecer a menor resistência, e a impressão canina continuou avançando, abrindo espaço entre a nuvem de poeira, viajando rumo ao lugar em que Xiao Bai acreditava ter vindo o ataque.
Foi quando, o baque forte de um objeto pesado sendo atingido pôde ser ouvido, seguido de um grito agudo. Depois disso, nenhum outro golpe foi desferido e tudo pareceu se acalmar, até que a nuvem de poeira começou a se dissipar ― e nessa parte, aqueles mais próximos do palco foram os grandes azarados, pois os juízes não fizeram nada para impedir a bruma de terra, dado que não oferecia risco a ninguém.
No instante em que a Nébula se dissipou, o lugar foi tomado por gritos; alguns enraivecidos, outros preocupados. Na maioria, eles amaldiçoavam Xiao Bai e o condenavam a uma morte horrível, enquanto praguejavam ofensas e seguravam a angústia na garganta, controlando-se para não cair em choro.
O motivo para tanto alarde se dava na figura caída, encolhida, embrulhada em azul-claro, sem consciência, num canto do palco. Tão delicada e frágil naquele estado, que as pessoas se sentiam culpadas, como se elas tivessem causado aquele mau.
Energia Espiritual não era o fator definitivo para definir a força de alguém, mas a diferença de poder entre um Mundano e um Despertado era algo evidente, sem falar na aptidão de Xiao Bai, adquirida depois de muitos treinos. Bastou um de seus golpes, executado com todo o poder, para nocautear Xu Meifen.
Após verificar se Meifen estava bem, sem nenhum dano permanente, a juíza da rodada declarou o vitorioso, que, diferente das outras partidas, recebeu mais vaias do que aplausos, incluindo de membros da própria Família e alguns mais conhecidos. Contudo, Xiao Bai não deu importância a nada disso e voltou para o seu lugar.
No palanque, o 8° Ancião Wing, que na maior parte do tempo parecia estar dormindo, devido aos olhos enrugados, aplaudiu com bastante entusiasmo ao fim da disputa.
― Eh! Eh! Eh! ― sorriu um sorriso envelhecido. ― Parece que Xu Meifen tem prestado bastante atenção nas lições da Família Xu. Faltou poder, mas foi um plano bem executado.
Ao lado do 8° Ancião, estava Xiao Chang que, tentando reduzir as suspeitas das outras pessoas presentes, decidiu abrir algum espaço entre ele e as crianças. No entanto, sempre prestando atenção no que Ning e seu filho e sua filha faziam.
― O ataque de Xiao Bai também foi bastante preciso. ― comentou ele, dando uma opinião sincera, desprendida de pensamentos pessoais. ― Acertar alguém escondido naquela cortina sem ter um bom domínio do Sentido Espiritual exige certo grau de perspicácia.
― Hunf! Teve sorte! ― Em contra partida, a Anciã Ah-kum não se importava em ser rígida ao expor sua opinião, mesmo voltada para um jovem.
O trio seguiu discutindo sobre essa e as demais partidas, enquanto na parte de baixo, o árbitro responsável pela próxima disputa se manifestou e convocou os participantes:
― Xiao Guo contra Xu Hangying!
Niveis do Cultivo: Mundano; Despertar; Virtuoso; Espirituoso; Soberano do Despertar; Monarca Místico; Santo Místico; Sábio Místico; Erudito Místico.
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