Uma Nova Lenda Surge - Capítulo 15
Na manhã seguinte me preparo para partir em minha jornada, com pão e água na minha bolça de mantimentos. Com o mapa em mão, com a rota traçada, me dirijo à porta onde Rodzerm me esperava.
— Vai sair sem se despedir das duas?
— Quanto mais cedo eu retornar, mais cedo poderei me desculpar pelos ocorridos e continuar a minha busca.
— Nesse caso deixarei com que durmam mais um pouco, tenha cuidado, há essa hora já devem saber sobre a sua fuga e o meu possível envolvimento.
— Eu terei…
Saindo do pequeno chalé, seguindo a estrada imaginaria a frente, afastando as grandes folhagens que atrapalhavam a passagem.
Eu sigo andando sem descanso, parando apenas perto do meio dia para comer um pouco do pão que eu carregava. Durante a noite seguia o caminho sem dormir, me guiando pelas estrelas, pelo caminho que eu mal conseguia ver.
Após dois dias e meio de caminhada, chego ao meu destino perto do por do sol, uma clareira com uma pequena cascata, o alaranjado do sol batendo nas pequenas gotas de água, que se espatifavam ao bater na pedra, formava um pequeno arco-íris que logo se ia. A brisa do fim da tarde ao se chocar contra a folhagem das arvores compunha uma musica única em conjunto da água.
— Quando eu terminar aqui, talvez eu retorne para um descanso merecido.
Vou até a queda de água em busca da passagem que me levariam para as instalações do local, e como dito pelo Rodzerm, atrás da queda de água inscrições, de uma língua antiga, estavam talhadas na pedra.
Ao limpar o limo das runas pude ler o que dizia, “Instalação 035 da Fortaleza Final”, era o que eu buscava, lá dentro eu poderia pegar o cubo que poderia mudar o destino de tudo. A única questão era de como entrar no local.
A noite já caia sobre a minha cabeça, mas eu ainda não tinha encontrado a resposta que buscava naquela clareira. Com as estrelas tomando prontidão acima de mim, para iluminar mais uma noite, eu retorno a observar as runas, e me lembro do significado de cada uma, até que a luz me surgiu.
Uma das runas que compunha a frase ali escrita, tinha como significado “iluminação”, no sentido de abrir novos caminhos para os perdidos, ela deveria ser a chave que eu tanto busquei.
Pressiono a runa e junto com a pressão causado, posso sentir o movimento de engrenagens por trás das rochas e aos poucos a rocha ao lado começou a se mover abrindo caminho para um escuro corredor, a passagem de meu destino.
Adentro o local e vou me esgueirando em meio a escura e apertada passagem, após muito descer chego ao que aparentava ser uma porta, tendo uma luz azulada atravessando as suas frestas, abro-a cuidadosamente, temendo o que poderia existir atrás da mesma.
Do outro lado eu pude ver um mundo do qual nunca sonhei, nem o que vi após a minha chegada poderia se comparar ao que existia em minha frente. As paredes, teto e chão do local eram feita de um metal esbranquiçado que refletia o azul das lâmpadas que transpassavam em seu meio.
Era um longo corredor que me levaria para o destino de toda a existência. Vou caminhando pelo longo corredor sem saber a rota de meu destino, até que em uma esquina logo a frente eu vejo de relance uma jovem vestindo um longo e branco vestido.
Eu tinha que manter o silencio e não cair em possíveis armadilhas que a instalação poderia me trazer, no entanto não sabia o caminho do qual deveria seguir, assim tendo que ver para qual armadilha mental ela me levaria.
Ao chegar à esquina eu tentei correr em direção a jovem, no entanto acabei me perdendo entre os corredores, não tinha mais noção nem do caminho da saída. Sento-me encostado na parede, para pegar uma das garrafas de água em minha mochila.
— Aonde que eu vir parar? — Penso em voz alta.
A jovem era a única peça que eu tinha para encontrar o meu objetivo, no entanto acabei apenas me perdendo em meio aos corredores.
Após terminar de estabelecer as minhas energias, levanto-me e retorno a caminhar sem destino, até encontrar uma grande porta de metal maciço.
— Eu passei por varias como essa enquanto tentava alcançar aquela figura, no entanto não tentei entrar…
Sem muito mais tempo para pensar tento abri-la, por sorte ela não possuía nenhuma trava, dessa forma pude empurra-la para a direita assim liberando a passagem para o quarto.
O quarto em questão, diferente dos longos corredores, era uma grande gruta recheada de cristais incrustrados em suas paredes e teto, o chão era basicamente pedra, mas perto do centro tinha um curto gramado que se estendia formando uma espécie de estrela, que em seu centro, suportado por cristais roxos, um cubo acinzentado permanecia levitando enquanto se movimentava lentamente sem sair do próprio eixo.
— Finalmente nos encontramos, mas por que você permanece levitando ai?
Aproximo-me cuidadosamente do objeto para analisa-lo, não havia duvidas aquele era o item anômalo ao qual Rodzerm se referia. Um cubo com cerca de quarenta centímetros de largura, altura e comprimento, no centro de cada lado um circulo que se ligavam as pontas, com escritas rúnicas, desconhecida, ao lado de cada linha.
Eu não esperava que o tamanho ultrapassa-se algo que coube-se em minha bolça, mas nem tudo o que desejamos é o que obtemos.
— O que você tanto esconde?
Aproximo a minha mão para retirar o objeto da plataforma flutuante ao qual estava colocado, por uma breve fração de segundos sou atingido por um sono matador, que aos poucos desliga todas as funções de meu corpo, antes de apagar a minha mente.
Quando recupero as funções motoras, sinto uma leve macieis sobre as minhas costas e aos poucos vou abrindo os meus olhos levemente, não estava mais na gruta das instalações, me encontrava dentro de um antigo quarto, o chão da instalação ainda era feito de terra batida e o único móvel era uma cama de palha que era iluminada por uma pequena abertura na parede de pedra.
Me levanto e vejo o meu diminuto corpo como todas as manhãs… Afinal foi tudo um sonho?
A minha cabeça latejava ao tentar me lembrar do passado do grande guerreiro, tento revisar as minhas memórias para ter certeza quem eu era.
Sou Roro, tenho doze anos, meus pais morreram um pouco após o meu nascimento, por causa disso fui levado para um orfanato onde morei até completar o meu oitavo aniversario, nesse dia em questão fui adotado por um homem que se trajava de preto, uma antiga divindade que carregava a justiça em seu peito.
Ele me deu comida e abrigo desde o dia em que me conheceu, pedindo para que eu apenas participasse de suas aulas juntamente de Lili, uma menina da minha idade que teve um passado parecido com o meu.
— Não a duvidas, esse sou eu.