Uma Nova Lenda Surge - Capítulo 2
Dentro do veiculo metálico a jovem me solta, jogando-me em um assento, indo para um dos bancos em sequencia, vindo a me encarar.
— O que está ocorrendo?! — Pergunto enfurecido.
— Você realmente perdeu as memórias…? — Ela fala pensativa. — Certo, me conte o que você sabe sobre si.
— Eu era o maior general do império espartano, possuía uma doce esposa e uma belíssima filha, no entanto naquela maldita noite, meus homens e eu fomos atacados por um exercito de bestas que buscavam por mim… Tratando-me como um criminoso!
Ao lembrar-me dos incidentes que levaram-me até aquele lugar me encho em uma pura fúria, mas tento manter a calma para que o pior não ocorre-se.
— E qual é o seu nome?
— Victórios! — Falo orgulhosamente, mas ela começa a rir, de minhas palavras. — Afinal porque está a rir?!
— Pelo motivo de você pensar isso!
— Como assim?! Você fala como se o que eu tivesse feito fosse insignificante!
— E foi, pois não mudou nada na guerra, no final você foi só mais um átomo de um grão de areia em meio a um deserto.
— Certo… — Falo tentando me conformar com a afirmação dela. — Me diga o que desejas de mim, para trazer-me até essa caixa de metal.
— Pois você é Kardurins, o representante da preguiça, e eu sou Lensainesh, a representante da luxuria. — Diante de suas palavras, acabo direcionando a minha visão para seus olhos avermelhados e principalmente para a íris do esquerdo que tinha o formato de um pentágono.
— Então eu sou Kardurins? Interessante… Como se eu fosse realmente acreditar em algo assim! Afinal onde estamos e para onde estamos indo?!
— Pode confiar em mim, acredito que sou a única com quem você pode contar atualmente… Bom, estamos indo encontrar os outros, e logo devemos chegar.
— E quem seriam esses tais “outros”?!
— Você realmente esqueceu tudo? Ao menos consegue se lembrar quem e o que são, os sete seres supremos?
— Não, nunca sequer ouvi falar sobre eles!
— É, essa sua perda de memória foi realmente grave… Certo, irei tentarei explicar o básico. Existem dois tipos de raças de segundo grau, que são as raças de vida e as raças de morte, atualmente você está na raça de morte como um supremo, e existem aqueles que ainda estão ligados à carne, que são as raças de vida, seres que um dia virão a morrer, diferente de nós, que apenas apagamos…
— Espera! Você está querendo dizer que eu não passo de uma existência que se apaga ao ser esquecida?!
— É mais ou menos isso… Continuando, atualmente nós estamos em uma grande guerra contra os deuses da luz e os deuses das trevas, que buscam quebrar a ordem e a paz.
— Nós já estamos chegando, senhora! — Grita um homem, que aparentemente conduzia a maquina.
— Bom, nesse caso tiro as suas demais duvidas outra hora, se prepare para o desembarque por agora.
Aceitando a proposta feita pela jovem mulher que se auto intitula como Lensainesh, espero pelo tal do desembarque, até que seguimos para fora da caixa metálica.
Paro para observar os arredores, vendo que aquela não era a única em meio à gruta, na qual havíamos sido levados, tendo varias pessoas carregando caixas e objetos metálicos estranhos de um lado para o outro, vestindo coletes robustos feitos de algum material que aparenta ser mais forte que o couro.
— Senhora, devo reportar a sua chegada aos outros? — Fala uma das pessoas que estava próxima a nós.
— Sim! faça isso! — Ela fala em tom de ordem
— Sim, senhora! — Ele sai correndo pela única passagem que eu consegui avistar no local.
— Vamos, os outros devem estar nos esperando. — Ela fala olhando para mim.
Seguimos pela mesma passagem que o homem partiu, andando em meio a um grande corredor tendo tapeçarias e quadros gloriosos ao seu longo. Por fim chegamos até uma grande porta com dois leões talhados em sua madeira.
Entramos sem delongas, era uma grande sala circular, com duas áreas, a central que permanecia em nossa altura, e a sua lateral que ficava elevada por paredões de pedras, lá podia-se ver sete belíssimas poltronas, onde apenas cinco delas permaneciam ocupadas.
— Então você resolveu retornar Kardurins? — Fala um homem de aparência jovem, usando roupas feitas de pano branco, que possuíam grande elegância, e seu cabelo longo de coloração branca se estendia até a sua cintura.
— Ele retornou, mas perdeu a memória de tudo. — Fala Lensainesh, ignorando ele.
— Espera! Ele não se lembra de nadinha mesmo?! — Fala uma menina de estatura baixa e aparência jovem, seus longos cabelos castanhos, eram presos de forma a fazer duas chuquinhas, que saiam das laterais de sua cabeça.
— Sim, ele teve perda total da memória…
Começo a observar as pessoas ao redor notando que eram como eu, olhos avermelhados e a íris do esquerdo com uma forma diferente do que seria o natural.
— Isso é lamentável! — Fala o homem de cabelo branco. — Lensainesh, mostre para ele o que o pertence, por favor.
— Vamos então, Kardurins… — Sorrindo com amargura ela atende ao pedido.
— Não! Enquanto eu não obtiver alguma resposta recuso-me a seguir suas ordens! — Grito e todos voltam seus olhares para mim, enfim.
— Tudo na sua hora será respondido, e até lá você deve acalmar-se. — Disse Lensainesh se aproximando mais de mim.
— Vocês continuaram com isso até quando?! — Grito empurrando a garota para longe, e dando um passo a frente. —Sempre jogando para o futuro as respostas! Acham que ficarei satisfeito apenas com isso?! O que virá agora?! Prenderam-me! Afinal, por que vocês me trouxeram até essas terras?!
— Kardurins! — Outro jovem se levanta, seu cabelo que mais pareciam ser labaredas brilhou perante a pouca luz do ambiente. — Acredito que você tem razão em suas palavras, mas acredite em nós por enquanto, apenas siga o que falamos nesses primeiros dias, e tudo será explicado…
— Seguirei o que dizem no momento, mas espero que seja verdade, as palavras das quais proferiram!
— Se no final de tudo, você continuar insatisfeito com as respostas, pode vir clamar por minha cabeça. — Ele clamava confiante de suas palavras.
Nós então saímos da sala, e seguimos novamente pelos grandes corredores, até uma área aberta, onde encontramos várias pessoas treinando o manejo de glaives, vestindo um agasalho negro que se estendia até abaixo de suas cinturas, sendo preso por um cinto na região, e uma calça preta, que se estendia até o tornozelo, onde eram cobertas por uma bota de couro negro.
— Soldados! — grita Lensainesh, todos param e ficam enfileirados um ao lado do outro totalizando seis fileiras com quatro pessoas em cada. — Como todos aqui devem saber, anos atrás o general Kardurins desapareceu sem deixar vestígios, mas graças aos antigos, ele retornou para nós no dia de hoje!
— Se me permite senhora, isso é impossível. — Fala uma menina de aparência jovem, com um longo cabelo loiro.
— E por que fala tal absurdo?!
— Ele mesmo falou que não voltaria, até que todos a… — Lensainesh a interrompe.
— Mas ele está de volta! — Ela grita irritada ao ouvir as palavras da menina.
— Espera! Só porque vocês dizem que eu sou esse tal de Kardurins, não significa que é verdade! — Me intrometo.
— O seu olho… — A menina fala com lagrimas em seus olhos castanhos, e todos se curvam diante da minha presença.
— O que tem o meu olho?! — Falo relembrando de meu reflexo no espelho. — Eu sei que ele está com um formato diferente do normal, mas… — Ela me interrompe.
— Bem vindo de volta general! — Ela se curva em seguida.
Sem palavras aceito o fato de Kardurins, aquele com quem me comparam, ser o general desse pequeno batalhão de homens.
— Bom, vou te deixar aos cuidados de sua tenente, por enquanto, conversaremos mais tarde sobre os demais assuntos. — Ela olha para a jovem de cabelos dourados. — Cassandra, cuide dele! — Em seguida Lensainesh sai do lugar sem sequer se virar.
Essa era a minha chance! As pessoas a minha frente acreditam que eu sou o líder deles, assim me trataram como um superior e não um igual.
— Cassandra, de um passo a frente! — Falo lembrando-me de meus dias como um grande general do império.
— Me desculpe general! — Fala a jovem de cabelos loiros, dando um passo a frente. — Eu pensei que você nunca mais iria retornar, por isso ainda é um choque tudo isso para mim… — Ela fala com um pequeno sorriso em seu rosto, tentando disfarçar o erro.
— General Kardurins! Eu senti tanto a sua falta! — Fala um rapaz de aparência jovem, cabelo curto e espetado de coloração preta, tentando se aproximar para me abraçar, mas o impeço com um golpe certeiro em seu esôfago, fazendo-o ir ao chão rapidamente.
— Me chamem de Kardurins! — Falo já estressado com a situação. — E se apresentem de forma adequada!
— Eu… sou o cabo… Edu… Ard! — Fala o jovem que eu tinha acabado de golpear, ele ainda estava com pouco ar, por causa do golpe que havia acabado de receber.
— Bem melhor assim… — Falo com um suspiro. — Vocês dois! — Aponto para a tenente e o cabo. — Vocês irão me ajudar nos próximos dias! E os demais, podem seguir o que estavam fazendo!
— Sim, senhor! — Todos que estavam no local berram ao mesmo tempo.
— A principio quero que me levem para a minha sala ou aposentos!
— O senhor só tem os seus aposentos, senhor! — Cassandra responde.
— Eu já falei para me chamar de Kardurins, e não “Senhor”!
Saímos da área, retornando assim para os grandes corredores, onde sou guiado por eles, até avistarmos duas mulheres.
Uma delas eu já tinha visto na sala de reuniões, ela era baixinha, tendo duas chuquinhas nas laterais da cabeça, e o cabelo de coloração castanha, vestia uma saia que sequer chegava aos seus joelhos e uma camisa as duas combinando, à íris do seu olho esquerdo tinha o formato triangular.
Já a outra se vestia como os homens de Kardurins, mas ao contrario deles as suas roupas tinham uma tonalidade azulada, seu longo cabelo amarronzado seguia até sua cintura, e em suas mãos uma pequena prancheta era carregada.
— Até que enfim, te encontramos Kardurins! — Fala a menina animada.
— Quem é você?! — Falo no impulso.
— Ah! É mesmo, você perdeu a memória, então, não se lembra de nada! Eu sou a representante da inveja, meu nome é Chaskarot!
— Prazer, eu sou… — A mulher que a acompanhava começa a falar, mas logo é interrompida.
— E essa é a minha tenente, Cattia!
— Chaskarot, depois nós conversamos melhor, estou ocupado agora! — Falo tentando prosseguir o meu caminho sem chamar mais atenção.
— Certo… — Ela fala em um tom de desanimo. — Quando tiver um tempo venha até mim, podemos passar a noite toda conversando. — Ela fala com um largo sorriso.
Nós seguimos o nosso caminho pelos grandes corredores, sem olharmos para trás, até chagarmos a uma grande porta que possuía talhado em suas madeiras duas grandes espadas que se cruzavam, formando um grande X, e ao ultrapassar aquela porta enfim, estaria onde não seria mais perturbado…