Uma Nova Lenda Surge - Capítulo 4
Acordo no meio da noite, com o barulho de passos vindos do corredor, até que eles param na frente do meu quarto, e alguém começa a mexer na maçaneta da porta, quando vejo um pequeno feixe de luz, fecho os olhos e finjo estar dormindo. A luz que vinha da porta se apaga junto ao barulho de alguém assoprando velas, tudo ficou em silencio por alguns segundos.
— Morra! — Alguém berra acima de mim.
Abro os meus olhos e seguro a lamina que vinha na direção do meu peito, e junto com um relampejar posso ver o rosto do meu carrasco, Eduard estava em cima do meu corpo segurando uma adaga que agora continha o meu sangue escorrendo.
— Você tem que morrer! Eu a vingarei! — Por uma fração de segundos eu pude observar a sua expressão, ele demonstrava ódio e rancor. — Morra! — Ele pressiona ainda mais o seu peso contra mim.
Eu começo a sentir em meu peito a lamina o perfurando, ela era fria e trazia consigo uma dor inesquecível, mas algo ocorre e uma luz extremamente forte cobre o quarto me cegando.
— Hora de acordar preguiçoso! — Era uma voz da Lensainesh.
— Aaah! — Abro os olhos e me sento na cama com um pulo, a minha respiração estava rápida, como se eu estivesse sem ar por horas. — Então era só um sonho…?
— Sonho? — Ela me olha com duvida.
— Eu tive um sonho estranho que parecia ser real demais para um sonho.
— Seria bom você anotar os seus sonhos, pois existe a chance de você conseguir profetizar algo a partir deles.
— Como assim?! — Falo assustado, mas logo mudo o angulo de minha visão e olho para janela e noto que o sol já estava mais alto do que o normal pela manha. — Quanto tempo eu fiquei dormindo?!
— Você dormiu até o meio dia, então muito. — Ela fala sem dar relevância ao assunto.
— No final, acabei dormindo demais então…
— Por sinal você não trocou de roupa para ir dormir?
— É mesmo… Eu nem tinha notado, mas assim é mais fácil.
— Esquece… — Ela fala desapontada. — De qualquer forma hoje nós, quero dizer você está cheio de compromissos.
— Compromissos?
— Sim, você tem que se reapresentar para o povo desse mundo, começar os seus treinamentos… — A interrompo.
— Espera! Você disse mundo?!
— Sim, nós estamos no sistema de planetas TX-04 da sétima dimensão, no planeta Kareshi, na sede principal do exercito dos trevanianos.
— O que?! Isso já é demais para mim!!!
— Com o tempo você se acostuma.
— Fazer o que? — Falo virando os olhos.
— Então vamos?
— Sim. — Saímos do quarto e vamos para a saída do palácio, onde dava para ver uma cidade a mais ou menos cinco quilômetros da onde estávamos. — É muito longe, você não está achando que eu vou andar tudo isso?!
— Nem eu andaria, por isso pedi para que preparassem os cavalos.
— Cavalos? Pensei que seria uma das suas maquinas de ferro!
— Você e suas piadas sem graça.
Após eu terminar a minha frase um homem vem em nossa direção guiando dois cavalos selados e entrega as rédeas para a Lensainesh.
— Obrigada, pode voltar para o seu posto agora. — Ele a reverencia e sai.
Nós montamos nos cavalos e partimos na direção da cidade, a trilha pela qual percorríamos era feita de terra batida que era engolida por uma grandiosa floresta. Chegando às grandes muralhas que circulavam a cidade a Lensainesh grita:
— Abram o portão!
— Quem vem do sul?! — Pergunta um homem de voz áspera.
— Lensainesh e Kardurins!
— Dois seres supremos! — O homem fala em espanto. — Abram o portão! — O grande portão feito de madeira e ferro então começa a subir junto do barulho de grande correntes se mexendo, assim permitindo que continuemos a nossa viagem.
Ao cruzarmos o protão seguimos na direção de um grandioso castelo que permanecia no centro da cidade. As pessoas pelas quais nós passávamos nos observavam como se orassem em um templo.
— Chegamos. — Fala Lensainesh, descendo do cavalo.
— E com quem nós viemos falar?
— Com a princesa do reino.
— Princesa? Não seria rainha?
— Não, ela ainda não tomou posse da coroa.
— E os pais dela?
— Morreram na guerra, foi você quem a salvou na época.
— Hum… Entendo… Espera! Eu a salvei?!
— Deixe isso para outra hora, agora vamos tratar do assunto principal logo.
Entramos no castelo, e seguimos para a sala do trono.
— Chegamos vossa alteza! — Lensainesh se ajoelha e eu faço o mesmo gesto.
A princesa aparentava ter uns dez anos, ela tinha um corpo pouco desenvolvido, e seus longos cabelos castanhos entravam em contraste com os seus olhos de mesma cor, ela vestia um vestido azulado e um manto de mesma cor por cima.
— Lensainesh, Kardurins… — A voz dela soava meiga e gentil. — Você lembra quem sou eu Kardurins?
— Infelizmente eu perdi todas as minhas memórias, então não…
— Que cruel! — A voz dela de repente muda para uma mais aguda que chegava a arder os meus ouvidos.
— Sua voz mudou…?
— Ham? N-não é o que você está pensando.
— Catrina! — Lensainesh fala a repreendendo.
— S-sim.
— Por acaso você não estava tentando seduzir o Kardurins?
— N-n-não! Eu n-não… Estava! — Acabo por me deixar levar pela situação e solto uma gargalhada.
— Parece que você já se tranquilizou um pouco desde a chegada… — Lensainesh fala ao notar a minha falta de respeito diante da princesa.
— Sim, estou bem melhor! — Falo com um grande sorriso no rosto. — Mas eu quero saber quando começa o meu treinamento?
— Isso só quando voltarmos.
— E sobre o que viemos a tratar mesmo? — Falo após um breve suspiro.
— Hoje a noite vai ter um baile por dois motivos que irão ficar em segredo até lá. — Catrina fala me encarando.
— E agora?
— Eu vim fala com a princesa sobre a guerra que se aproxima, e você pode fazer o que quiser até o horário do baile.
— Certo! Princesa nos vemos mais tarde, no baile.
— Onde você planeja ir?
— Eu vou conhecer a cidade e o seu povo, além de que tem alguns lugares que me chamaram a atenção durante a nossa vinda.
Saio da sala e tento retornar pelo mesmo caminho do qual viemos, mas acabo me perdendo em um corredor que possuía vários quadros em suas paredes, mas um deles me chama atenção em especial, nele estava a Catrina mais nova sorrindo e junto de seus pais, o rei e a rainha…
— Posso lhe ajudar senhor? — Uma jovem mulher, de longos cabelos negros, vestindo um smoking, pergunta após tocar em meu ombro.
— Sim, por acaso pode-me dizer onde é a saída?
— Claro.
— Por sinal, me chamo Kardurins, e você como se chama?
— Evelyn… — Ela fala em um tom sério e sem emoção.
Nós permanecemos em silencio até chegarmos a saída, talvez eu tivesse feito algo que não devesse ou ela estivesse apenas seguindo ordens para permanecer sempre séria e fria.
— Obrigado, se não fosse por você eu teria ficado perdido nesse palácio, sou muito grato pela sua ajuda, mas agora tenho que ir. – Falo saindo pela grandiosa porta que permanecia aberta em minha frente
— Até Kardurins… — Ela murmura enquanto eu me afasto, mas dessa vez eu pude perceber ela esboçar um pequeno sorriso, talvez ela não quisesse eu ali mesmo…