Vida em um Mundo Mágico - Capítulo 13
Uma correria, isso descreve como foi a primeira hora do dia. Estamos nos preparando para partir para o salão dos espíritos.
Em uma viagem longa o que todos fazem é pegar coisas essenciais e colocá-las em uma mala, certo? Certo, porém essa mala sou eu. Atualmente é pra isso que minha habilidade de absorção serve.
— Aqui, vamos levar isso também! — exclamou Burst segurando suas roupas de praia que comprou com o dinheiro de sua irmã
— Por favor leve isso também. — disse Jane segurando uma espécie de espingarda super tecnológica
Como não tinha muita escolha, eu apenas absorvi as coisas. Burst só está levando roupas e Jane só está levando armas, muitas armas.
— Francamente, quanto tempo vocês acham que vamos ficar lá? — eu perguntei com minha mão na testa
— Estamos indo viajar, nos divertir e ajudar a Merlin a evoluir, então obviamente vamos ficar lá por um bom tempo. — disse Burst
— Meu objetivo é vigiar Burst e agora também tenho que proteger vocês. Por este motivo estou levando armas, para estarmos preparados para todos os imprevistos, voltarei na hora que Jarabahad desejar. — respondeu Jane
Naquele momento Burst e Jane se encaravam como se estivessem competindo. Burst claramente estava encarando, mas Jane apenas olhava para ele de canto de olho.
— [Estou pronta!]
Todos olhamos para Merlin ao mesmo tempo.
— Não mudou nada…— dissemos em uníssono.
—
Nós saímos para fora da cidade, usar habilidades dentro da cidade é proibido, a menos que seja a trabalho. Eu sempre uso a minha quando ninguém está vendo, então estou seguro.
Jane ficou no centro e pediu para todos ficarem dentro do círculo de fogo que ela criou. Jane já esteve naquele lugar, não exatamente no salão dos espíritos mas em um local bem próximo. Estou feliz que ela aceitou ser a nossa carona.
— Por favor mantenham todo o seu corpo dentro do círculo, caso contrário vão perder alguma coisa.
Naquele momento uma luz cobriu tudo em nossa volta.
Meus olhos ficaram ardendo quando chegamos, então os deixei fechados.
— Não se preocupe isso é um efeito normal para quem não está acostumado com este tipo de transporte. — disse Jane
O efeito logo passou e eu abri meus olhos novamente. Aquela era uma estrada em um terreno onde todas as árvores eram bambus. Até o céu parecia estar verde, além de que aqui está bem mais quente do que em Bahad.
— Bambus, ouvi dizer que é um material muito usado pelas fadas. Então estamos bem perto. — comentou Burst
— Tem uma cidade por aqui? — eu perguntei
— Não é bem uma cidade, mas é um pequeno vilarejo. Mas agora, acho melhor eu ficar com uma das minhas armas em mãos.
*Qual delas? A espada, a faca, a moto serra, a pistola, a espingarda, a submetralhadora ou o lança-foguetes?*
Eu então lhe entreguei a espada e a faca. Mesmo não entendendo o motivo, ela já consegue criar explosões gigantescas com as mãos nuas e além disso é uma ótima artista marcial.
Falando nisso ela trouxe até alguns tipos de veneno, eu esperava passar por isso sem matar ninguém mas Jane está claramente querendo o contrário.
Nós caminhamos um pouco sem nada aparecer em nosso caminho, até que a calmaria acabou quando um monstro de pedra apareceu. Este é de classe B então foi facilmente derrotado com um golpe de Burst.
Eu então decidi usar o 『Rei Habilidoso』 nele para ver o que ganho.
*» 『Aprimoramento Físico』 adquirido. Habilidade de classe (B).«*
Não foi algo tão surpreendente mas eu decidi deixar a habilidade 『Aprimoramento Físico』 ativado junto com 『Escudo Tridimensional』 e 『Recarga Natural』.
Agora tenho duas habilidades que podem ser usadas para defesa e poucas que podem ser usadas para ataque. Sendo uma de gelo e uma de fogo. Agora minha única arma seria minhas garras, ataques físicos e gelo. Claramente Burst e Jane têm um poder de fogo maior e Merlin é a mais versátil de todos nós.
— Está vendo como estou ficando mais forte! — disse Burst se gabando
— Qualquer um faz isso, era apenas um monstro de classe B. — disse Jane
— Para de ser chata!
*Esses dois estão querendo se matar. Irmãos gostam mesmo de discutir sobre qualquer coisa…*
— Por favor não briguem, ainda falta um pouco para chegarmos no nosso destino.
Com isso nós chegamos no vilarejo, desta vez sim parece com um local antigo. Casas de madeira e simples, pessoas de todos os tipos e tamanhos mas todos com vestimentas simples e baratas. Além de um grande pasto e vegetação.
Fomos bem vindos na vila principalmente Burst e Jane pois são bem famosos. Com eles alí foi bem fácil conseguirmos um local para ficar, mesmo não pretendendo ficar muito, talvez eu mude de idéia e fique por alguns dias, afinal, não é como se eu tivesse um trabalho fixo.
—
Não demorou muito para começarmos a procurar informações. Logo nós encontramos algo sobre o salão dos espíritos, ele não ficava tão próximo do vilarejo, ficava próximo de uma grande árvore que o povo chamava de berço dos espíritos.
Mas nos alertaram sobre um guardião que atacará todos que entrarem sem permissão. O problema é que não sabemos quem é o guardião para pedirmos permissão para começo de conversa. Então vamos ter que entrar assim mesmo.
Nós chegamos no local que era bem diferenciado. A árvore era grande com uma coloração branca brilhante e emanava faíscas douradas de seus galhos, as folhas eram azuis.
— [Que bonito…]
— Que fofinho — eu disse quando olhei para a árvore mais de perto.
— O que faremos agora? — perguntou Jane
— Tem alguém em casa?! — gritou Burst batendo palmas
Por nenhum momento acreditei que chamar alguém traria alguma coisa, mas fui surpreendido.
— Que barulheira é essa?!
— Calem a boca!
Duas vozes gritaram. Nós olhamos em volta para encontrar os donos das vozes mas não achamos nada.
— Aqui embaixo!
Quando olhei vi um animal com o qual tenho conhecimento.
*Um esquilo?*
— Ele não é um esquilo! Ele é um pardal, eu sou esquilo!
*Agora tem um pardal também e ele está falando que o esquilo é um pardal!*
— Sim ela é esquilo e eu sou pardal!— exclamou o esquilo
Eu decidi apenas ficar quieto e deixar os outros cuidarem disso. Existe um limite para esquisitice que meu cérebro consegue acompanhar e além de tudo esses dois conseguem de alguma forma ler mentes.
— Então, vocês são…? — perguntou Jane
Os dois estufam o peito, fizeram uma dancinha muito fofa e ficaram de duas patas.
— Meu nome é Esquilo! — disse o pardal
— E o meu é Pardal! — disse o esquilo
— C-certo… — disse Jane muito confusa.
— Ei Jane, o que aconteceu com o Victor? — perguntou Burst
— Acho que ele quebrou.
Eu estava escutando e vendo tudo que estava acontecendo, mas mesmo assim eu não conseguia dizer nada. Aquela era uma situação muito ridícula.
— [Com licença, meu nome é Merlin e como podem ver eu sou espírito. Então nós viemos aqui na esperança de vocês me ajudarem a evoluir.]
Eu fiquei aliviado por Merlin ser direta com eles. Assim eu não precisaria explicar tudo.
— Você parece ser um espírito forte, mesmo tendo pouca idade. O que acha Pardal?
— Vamos dar uma chance, acho que dessa vez vai dar certo. Né, Esquilo?
*Essa resposta foi preocupante, como assim “acho que dessa vez vai dar certo”?*
Eles se reuniram e ficaram discutindo sobre suas opiniões e a visão que tiveram sobre a Merlin e a gente em geral.
— Jarabahad você acha que esses dois são confiáveis? — perguntou Jane
— Acho que sim, na verdade, não tenho uma opinião formada e talvez eu nunca vá ter. Mas não tem problema, tudo estará bem se Merlin evoluir de verdade.
— Certo está decidido! — disse o Esquilo
— Vamos levá-los ao lugar do teste! — completou Pardal
Com isso nós seguimos as duas criaturinhas até a árvore que estava em nossa frente, eles disseram umas palavras impossíveis de serem compreendidas e um portal se abriu entre dois galhos. Após atravessarmos nos vimos em uma enorme sala branca, onde as paredes e o teto haviam estrelas e galáxias. Algo como uma enorme plataforma no meio do espaço.
Eu fiquei maravilhado com a vista, foi minha primeira vez no espaço afinal.
— Muito bem, Merlin fique parada neste ponto! — disse Pardal apontando para um círculo vermelho que apareceu no chão
Merlin obedeceu Pardal e ficou parada sob o círculo. Eu, Burst e Jane ficamos afastados.
— Então o que acham do salão dos espíritos? — perguntou Esquilo enquanto pousava em meu ombro
— É incrível. Nunca pensei que um lugar assim existia. — respondi
— Eu só ouvi histórias sobre este local, foi há 700 bilhões de anos. O primeiro contato que tivemos com o infinito salão dos espíritos. — disse Jane
— Não vou mentir não, esse lugar é muito doido… — disse Burst, mas teve seu comentário ignorado.
— De fato. O salão dos espíritos é o local onde todos os espíritos se encontram, não só do nosso mundo como de todos. Seja de universos diferentes, realidades paralelas, todos os espíritos do multiverso estão destinados a voltarem para cá no final de tudo. Talvez vocês possam encontrar vocês mesmo se procurarem bastante.
— Isso é incrível! Eu não sabia que era algo tão majestoso. — disse Jane
Naquele momento, Esquilo estufou o peito com orgulho. Ele estava se sentindo muito incrível, mas olhando a situação, Esquilo e Pardal são os donos do salão dos espíritos, com certeza são os seres mais poderosos que eu vi até agora.
Eu tentei analisá-los mas não consegui resultado algum, a mesma mensagem de quando tentei analisar Sabrina apareceu.
— Terminei! Ela está pronta para evoluir! — disse Esquilo
Todos olhamos para o local onde Merlin estava, mas não havia acontecido nada ainda, mas então começou a aparecer uma enorme luz cobrindo todo o lugar.
Quando a luz desapareceu, restou apenas um corpo de uma garota que aparentava ter 16 anos, seus cabelos batiam até a cintura e eram rosas com um contraste lilás, em sua cabeça a coroa continuava, mas parece estar bem maior.
— [Deu certo!]
Ela ainda estava falando pelo balão de fala. Fiquei decepcionado mas lembrei que ficar tantos anos sem falar deve tê-la afetado.
— Ver a Merlin assim é estranho… — comentou Burst bem baixinho.
— Então essa é a forma física de Merlin, não é tão surpreendente, afinal ela era uma humana, geralmente espíritos se transformam naquilo que eram antes de morrer — disse Jane analisando Merlin.
— Isso é tudo muito interessante, mas alguém poderia dar roupas para ela? — eu perguntei
— Ela ainda precisa completar o teste — disse Pardal.
Mas é claro que ainda havia o teste. Foi diferente do que eu imaginei, eles evoluíram ela primeiro para então aplicar o teste, normalmente o teste deveria acontecer antes.
Mas o teste não deveria ser nada tão difícil, Merlin já era poderosa, agora ela está em um nível mais alto do que antes. Seja lá o que for, ela não terá dificuldades.
— Que o teste comece! — gritou Esquilo
— Espere Esquilo! Não é melhor fazemos a outra coisa? — perguntou Pardal
Os dois então começaram a conversar a sós, parece que colocaram uma barreira para não ouvirmos o que estavam falando.
Eu me aproximei de Merlin e entreguei minha blusa para ela. Merlin apenas demonstrou um sorriso em resposta.
— Merlin como está se sentindo?
— [Estou me sentindo muito bem! Consigo sentir a temperatura do ambiente e outras coisas, ganhei algumas habilidades novas também!]
— Meus parabéns Merlin! Finalmente posso jogar tinta na sua cara quando estiver dormindo! — disse Burst dando dois tapinhas na cabeça de Merlin
— Meus parabéns Merlin, espero receber um chá melhor agora que tem mãos…
Merlin apenas ficou espantada com a citação de Jane.
— Sem querer interromper vocês, mas já nos decidimos. Não vamos fazer teste nenhum para com a senhorita Merlin. — disse Pardal
— Na verdade nós vamos querer apenas um contrato com o senhor Jarabahad. Nos conceda isso e tudo está resolvido.
Jane e Burst ficaram surpresos com o que ouviram e olharam para mim em seguida.
Eu não vi nada muito absurdo, dependendo do que o contrato se trate deve estar tudo bem.
— Posso saber que tipo de contrato eu estou formando aqui?
— Oh, não é nada muito difícil, tudo que você tem que fazer é nos ajudar caso ocorra algo que ameace nossa existência e o mundo espiritual. — disse Esquilo
*Isso parece ser algo difícil…*
— Não é difícil, afinal coisas assim são muito raras de acontecer, quando acontecem também podem ser resolvidas com facilidade, mas ter uma mão de alguém de fora pode ser útil. — disse Pardal
Eu então concordei e ofereci meu dedo para eles tocarem, então o contrato foi feito.
—
Depois de sairmos do salão espiritual nós decidimos voltar para a nossa hospedaria na vila, usamos o teletransporte de Jane para chegar lá sem sermos vistos.
Burst foi logo deitando no sofá e Jane foi se escorar na janela, coisa que ela sempre faz.
— Com isso nossa missão está cumprida. O que faremos agora, Jarabahad? — perguntou Jane, como sempre me chamando pelo sobrenome
— Eu quero dormir — disse Burst.
— Então, estou pensando em ficar por aqui por uns dias. Talvez ir até a tão famosa praia que vocês estavam falando.
Naquele momento Burst transbordou de alegria. Jane apenas deu um olhar de concordância, no fundo ela também quer se divertir.
Mas então Merlin me cutucou e me encarou com uma cara de preocupação e curiosidade.
— [Sabe, eu esqueci como é falar. Pode me ensinar?]
Com este pedido que me fez cair de costas no chão que nossa missão de evolução terminou. Mas ainda estamos longe do que queríamos, o próximo passo é analisar e testar o que a evolução de Merlin pode fazer, ao mesmo tempo eu quero evoluir também, ver tudo aquilo me deixou muito inspirado.
— Ei, vocês já ouviram sobre a história dos Gejer? — perguntou Jane
Naquele momento Merlin ficou espantada, a pergunta de Jane chamou a atenção dela.
— Merlin, tudo bem? — eu perguntei
Ela apenas acenou com a cabeça. Como ninguém respondeu nada, Jane continuou.
— Eles eram uma família de pesquisadores, pelo menos o pai era. Ouvi dizer que o rei dos humanos mandou matá-los, não sei o motivo, talvez apenas medo deles descobrirem alguma coisa.
— Jane, isso são apenas boatos. — disse Burst
— Eu sei, mas veja bem. O rei dos humanos é um cara perigoso, então eu só estou dizendo isso para vocês tomarem cuidado com o que querem. Se alguma coisa acontecer ele vai colocá-los na lista negra.
Todos ficamos em silêncio. Eu fiquei pensando sobre toda a informação que tenho sobre o rei dos humanos, a reputação dele é bem ruim. Até mesmo Senti não gostava dele e com certeza Zared também. Jane está certa, o melhor é tomarmos cuidado para não incomodar o rei.
Ela está dizendo que seria problemático ter monstros muito poderosos vivendo em uma cidade cheia de humanos. Na pior das hipóteses seríamos presos.
— Obrigado pela preocupação, Jane. Mas vamos deixar este assunto para depois, agora nossa prioridade é ensinar essa garota a falar.
— Como quiser, Jarabahad. Vou pegar um dicionário na vila.
— Eu vou ajudá-la nos meus sonhos — disse Burst antes de levar um murro no meio da cabeça de sua irmã.
E então começamos uma longa jornada de ensinar as sonoridades das letras e palavras para Merlin. No final, ficamos em casa o resto do dia.