Vida em um Mundo Mágico - Capitulo 16
Em uma sala estavam reunidos os reis. Com os desaparecimentos de crianças causados pela torre algo deveria ser feito.
Uma informação anônima foi deixada para uma guilda, a informação contava sobre como funcionavam os desaparecimentos da torre. Uma torre que desaparece do planeta quando se sente ameaçada, algo impossível de ser encontrado por vontade própria.
O segredo para tal poder era simples, espaço. A torre tem algum sistema de manipulação de espaço, com isso é possível teletransportar toda a torre para um espaço diferente. Este era o segredo da torre inexistente.
Mas o real problema é como lidar com tal poder, puxar a torre de seu espaço separado não seria uma tarefa fácil para guerreiros normais. Seria necessário uma grande mobilização para isso, talvez algumas centenas de magos de classe A para cima fosse suficiente.
— Como iremos lidar com os monstros? Com certeza haverá seguranças na torre — perguntou um homem de cabelos pretos, orelhas pontudas e pele cinza.
— Não sabemos quão alto é o nível desses seguranças. Talvez sejam classe S — disse um musculoso homem com um enorme cabelo vermelho.
— Não precisamos nos preocupar com alguns classe S. Temos os cavaleiros mais poderosos do nosso lado. — este é baixo, parece um anão, mas tem uma barba marrom enorme
— Não se preocupem, enviarei minha mais forte cavaleira para destruir a torre. Odeio perguntar isto, mas onde está o rei das fadas? — perguntou um homem de cabelo rosa, era um rosa bem claro um pouco voltado para vermelho
Aqueles eram os quatro reis, o rei dos elfos, o rei das feras, o rei dos anões e o rei dos humanos. Mas havia um que não estava na reunião, o rei das fadas. Ele é considerado por muitos como o rei mais arrogante da história, talvez não quisesse discutir algo assim com outras raças.
Mas era estranho, mesmo sendo arrogante as crianças do seu reino estavam desaparecendo, todos tinham um inimigo em comum naquele momento. Sendo o tipo de pessoa que é o rei das fadas, ele apareceria ali.
Havia duas opções. Ele deixou sua arrogância tomar conta e começou a desprezar tanto outras raças ao ponto de não aparecer na reunião ou, talvez, ele tenha considerado a reunião inútil e decidiu fazer algo a respeito sozinho.
Os reis ali presentes votaram na segunda opção.
O plano de invasão era bem simples. Haveriam três equipes, uma de ataque, uma de defesa e uma de resgate. As equipes de ataque irão na linha de frente, contendo aventureiros e guerreiros fortes, ela será encarregada de derrubar todas as possíveis ameaças. O grupo de defesa e resgate estarão encarregados de achar e defender as crianças sequestradas para fora da torre em segurança.
O grupo de defesa será formado por fadas e anões. Fadas usam seus golens como defesa e são curandeiras, anões são bons exploradores e defensores. Com as crianças sendo protegidas por fileiras de golens tendo fadas e anões a sua frente era impossível serem feridos.
Agora o grupo de ataque é formado por guerreiros do reino humano e fera. Sendo ambos ótimos em combate a curta e longa distância, a batalha não será tão difícil.
As feras usam suas mão, dentes e garras para lutar, sendo eles mais fortes do que um humano comum. Os humanos têm grandes magos e atiradores do seu lado, isso faz deles uma boa equipe.
A informação dizia que a torre apareceria à noite para recarregar sua energia. O que significa que a manipulação de espaço deles é limitada. Com esta informação os reinos ganharam uma vantagem, eles irão atacar quando eles estiverem desprotegidos.
Atacar primeiro seria a melhor opção. Tirar os sequestrados de lá antes da torre fazer qualquer coisa com eles era a prioridade máxima.
Com o fim da reunião os reis voltaram para seus reinos. Graças a um dispositivo de teleporte não foi difícil.
O rei dos humanos estava saindo da sala de reuniões, que por sinal ficava no castelo do reino humano.
Quando saiu, achou duas pessoas paradas esperando por ele. Duas garotas altas de cabelos azuis, pareciam ser gêmeas, seus sorrisos eram perceptíveis, seus dentes lembravam a de um coelho, transbordavam alegria em seus rostos, seus olhos vermelhos queimavam em agitação.
Porém, um deles era um garoto. Aqueles dois eram os filhos do rei.
— Estavam ouvindo a conversa?
— Me perdoe papá, não resisti — disse a garota
— A mamá fez eu me vestir de mulher outra vez, fiquei irritado e decidi vir aqui me distrair — disse o garoto segurando as bordas do vestido azul que estava usando.
O rei suspirou ao ouvir seus filhos, eles eram idiotas. Mas ele sabia que deveria deixar claro a eles para não fazerem nada sem permissão.
— Me escutem. Não quero que façam nada a respeito da torre.
— Algum motivo para isso papá? — perguntou a garota se abraçando no braço esquerdo do rei
— Isso, algum motivo? — o garoto fez o mesmo, se agarrando no braço direito
Ambos não demonstravam emoções verdadeiras, seus rostos eram pálidos e sem expressão. Diferente do rei eles pareciam ser monstros tanto por fora quanto por dentro.
— Precisamos diminuir um pouco os aventureiros do nosso reino. — o rei se soltou do abraço de seus filhos com um puxão e seguiu seu caminho os deixando para trás
— Irmão, vamos deixá-los morrer? Não deveríamos matá-los nós mesmos?
— Oh sim! Vamos torcer para as crianças dos outros reinos morrerem, assim o poder deles irá diminuir, então irei dominar o mundo!
— Você tem as ideias mais loucas irmão!
Os dois riram até a garganta doer. Uma risada que foi ouvida em todo o castelo.
***
Após um dia depois dos sequestros já nos foi entregue uma informação sobre a próxima localização da torre. Quem veio dar a notícia foi Killisviel Graal, por ser uma conhecida de Jane ela veio logo após ser convocada.
A invasão vai ser um pouco antes da meia noite, as equipes já estão se preparando e montando um acampamento para esperar. Não ficou claro quem passou a informação ou como essa pessoa sabia exatamente onde a torre iria aparecer, mas os reis estão confiando cegamente nisso, talvez não tenha escolha ou sabem que é de alguém de confiança.
— Isso é tudo que sabemos por enquanto. — terminou Killisviel
— Então seja lá quem é o culpado disso está querendo criar novas formas de vida unificando o DNA de monstros com as crianças de outras raças. Que coisa, isso é mesmo possível? — eu perguntei
— Ao que parece sim. Um tempo atrás foi encontrado um monstro diferente, era um homem falcão, as habilidades de análise não conseguiam identificar a raça, apenas aparecia três pontos de interrogação.
— Inclusive Jarabahad, aqueles três monstros que você trouxe parecem ser experimentos também — disse Jane.
Agora aquilo fez sentido, aqueles três estavam atrás de cobaias para mais experimentos. Mas se eles são vítimas, por que estão ajudando a criar mais vítimas?
— Ei Jane, não é melhor nós irmos para o local da invasão? Para vermos como estão indo. — sugeriu Burst
— Tudo bem, vamos. Tente não se perder de novo.
Burst estava bastante sério sobre este caso. Nunca o vi agindo dessa maneira, devo dizer que estou surpreso.
Em alguns instantes eles desapareceram em suas chamas.
— Devo me apressar e preparar algumas coisas também. Mas antes eu gostaria de perguntar, essa bênção é de um de vocês dois? — perguntou Killisviel olhando para Merlin e depois para mim
— Benção?
— Sim, aqui está escrito “Amigos preciosos”. Eu não tinha essa benção antes, você também tem, Jarabahad.
Eu li sobre isso naquela biblioteca quando estava procurando informações sobre evolução. Uma bênção pode ser concedida a qualquer um que se encaixe nas condições impostas pelo usuário. Qualquer um pode obter uma benção e também qualquer um pode desenvolver sua própria, com seus próprios efeitos.
— Isso…— nós olhamos para Merlin que estava envergonhada ao falar —, acho que essa bênção é minha…
— Então você desenvolveu uma bênção, que incrível Merlin.
— “Amigos preciosos”, você me considera isso mesmo tendo me visto apenas uma vez? Me sinto lisonjeada.
*Bem, fazer amizade com a Merlin não é uma tarefa tão difícil.*
Killisviel então saiu do local, mais uma vez eu encontrei outra pessoa que desapareceu do absoluto nada sem deixar rastros.
— “Amigos preciosos” eh? Você tem a bênção com o nome mais fofinho, tenho certeza que Jane e Burst também receberam sua benção. — eu disse apoiando meu braço em Merlin
— Não fica me zoando desse jeito, isso é involuntário. Mas mesmo assim minha bênção é bem útil, ela acelera o desenvolvimento das pessoas que a recebem.
Então a bênção de Merlin é como uma poção de 2 vezes de XP. Que interessante, então Merlin foi a primeira de nós a desenvolver uma bênção.
— Eu não estou te zoando, estou feliz por receber uma bênção de você. — eu a abracei por um instante e me afastei indo para a porta
— Você não tinha dito que não gostava de abraços? — perguntou Merlin me seguindo
— Você é uma exceção. Agora, vamos logo, todos estão esperando.
Merlin sorriu lindamente e após pegar seu casaco da cor salmão favorito nós saímos do local em direção ao acampamento.
Chegando no acampamento me deparei com muitos soldados e cavaleiros, muitas cabanas e locais de preparo de equipamentos. Havia uma barreira mágica em volta para esconder o acampamento, aqueles do lado de fora não enxergam nem ouvem aqui dentro.
Burst logo veio nos receber, realmente havia muitas pessoas ali, com aquela quantidade parecia impossível a missão dar errado.
— Senhor Victor vai pegar alguma arma? Posso arrumar uma muito boa se quiser.
— Não precisa, consigo lutar sem uma.
*Não é como se eu soubesse usar uma arma para começo de conversa.*
No final minhas garras, punhos e pernas já eram armas o suficiente. Apenas um pouco de prática e quem sabe um estudo eu consiga me virar melhor em combate, mas até lá tenho que fazer o meu melhor com o que tenho no momento.
— Eu também não preciso, consigo lutar com ataques de longo alcance. — disse Merlin
— Então está certo. Pela informação que nos foi passada a torre aparecerá aqui no começo da tarde.
— O que? Conseguiram descobrir não só o local como também em que período do dia ela vai aparecer? Francamente quem foi que deu essa informação? — eu perguntei muito desconfiado
— Ninguém sabe quem foi, mas nos foi dito que os reis confiaram na informação, então eles devem saber quem é.
Eu não engoli essa, até pouco tempo atrás a torre era um mistério, conhecida como a “torre inexistente” e agora já sabem até mesmo que tipo de magia ela usa, os possíveis objetivos, o local e tempo que ela vai aparecer e acima de tudo que ela precisa recarregar as energias. Isso é estranho, muito estranho.
Mas o real problema aqui é que não temos escolha, muitos dos homens e mulheres que estão aqui agora, além de serem cavaleiros e aventureiros, muitos são pais e mães também. Mesmo que a informação seja duvidosa ou que seja uma armadilha, eles vão tentar salvar as crianças custe o que custar, porque isso é o certo a se fazer.
— Senhor posso medir seu Mna? — uma mulher elfa veio até Merlin e eu com uma máquina em sua mão
— Me perdoe, mas o que é isso? — eu perguntei
— Mna é a medida de sua energia ou sua força e poder podemos dizer assim, não é preciso, na verdade há muitas falhas nesse sistema por ser algo recente. Mas é obrigatório termos o registro do Mna de todos aqui.
Parecia um termômetro digital que ela estava segurando. Eu então permiti e fiquei parado esperando ela terminar.
— Wow, 100 milhões de Mna?! Impressionante, você deve ser um dos mais fortes de todos que estão aqui.
*Como isso é possível? Não é como se eu treinasse ou coisa assim, ser um monstro tem suas vantagens.*
Ela então se virou para Merlin e apontou seu termômetro para sua testa.
— Eh?! 300 milhões! Parece que temos muitas pessoas fortes aqui. Você é a segunda com o Mna mais alto aqui.
Eu já esperava que Merlin fosse tão forte, isso é porque ainda não vimos todos os poderes que ela ganhou ao evoluir.
— Quem foi o mais alto até agora? — Merlin perguntou
— Foi a senhorita Jane Redline. Com 320 milhões de Mna.
Eu suspirei, também já esperava por isso, mas Merlin não está muito atrás, o potencial de Merlin é realmente enorme, sendo um espírito de classe A, imagino quando ela evoluir novamente, o quão poderosa ela pode se tornar?
Burst ficou um pouco chateado, parece que seu Mna era de 900 mil, provavelmente ele está triste de saber que Merlin é quase tão poderosa quanto sua irmã, que já era muito mais forte que ele.
— Vocês estão aqui, que bom que chegaram em segurança. — disse Killisviel se aproximando despreocupada
Sem perder tempo a elfa correu para medir seu Mna, o que resultou em Killisviel dar um salto para trás de susto, ela parece ter sérios problemas com pessoas que chamam sua atenção do nada.
Depois de medir o Mna de Killisviel a elfa entrou em estado de choque, tudo que saia de sua boca eram palavras inaudíveis.
— 100 bilhões?! — gritou Burst ao ver o resultado
*Ela está em uma dimensão completamente diferente!*
Até mesmo eu fiquei em choque, esses números subiram muito rápido, mas o que diabos é isso! Essa mulher é feita do quê?!
— Burst não fale tão alto, não quero chamar mais atenção — sussurrou Killisviel —, o aparelho ainda têm falhas, não pode estar correto.
— Isso foi de milhões para bilhões! O aparelho não pode ter cometido um erro desse tamanho! — exclamou Merlin
Isso quer dizer que se eu ficar 10 vezes mais forte eu terei 1% do “poder” da Killisviel, mas que coisa.
— Killisviel por favor, lute conosco depois que a operação acabar!
— Burst por favor cale a boca. Eu não quero morrer tão cedo diferente de você. — eu disse em resposta a Burst.
***
Depois de algumas horas, finalmente o momento chegou, todos estavam preparados, mesmo que um pouco nervosos.
Já nos foi passado a estratégia de combate, então todos precisam ficar em posição e focar nos civis. Eu fui colocado para lutar na linha de frente junto de Burst e Jane, Merlin ficou na equipe de proteção, seus escudos de energía de fato são uma ótima defesa.
Assim como a informação dizia a torre apareceu, sendo ela bem maior do que eu esperava. No momento em que todos avançaram para o ataque minha visão escureceu, foi como se tudo em minha volta tivesse desaparecido.
Quando me dei por mim eu estava no meio de um viaduto em uma cidade grande. Havia carros e caminhões passando, parecia que eu havia retornando para o meu antigo mundo, mas o meu corpo ainda era de um metamorfo.
Dentro dos carros haviam de fato pessoas, mas elas se pareciam com manequins, não tinham um rosto. Eles apenas dirigiam sem se importar com o que está pela frente, quase me atropelaram inclusive.
— E agora? Como vou voltar?
— Parado aí!
Naquela hora vários policiais apontaram suas armas para mim. Os manequins mudaram de forma e começaram a gritar em desespero enquanto fugiam em seus carros, vários acidentes de trânsito começaram a acontecer.
— Ei, eu não fiz nada.
Os policiais começaram a atirar sem descanso toda a munição que tinham. Eu apenas desviei das balas e acertei algumas com meus braços, às mandando para longe.
*Essas coisas são bem mais lentas e frágeis do que eu me lembro…*
As balas pararam de vir, o que significa que acabou a munição. Quando perceberam que as armas não estavam funcionando todos correram desesperados.
— Ora, ora, Victor Jarabahad certo? Como se sente agora que vê o quanto você é superior a esses seres?
Uma voz masculina falou comigo do topo do viaduto. Um homem com uma aparência jovem, seus olhos eram rosas e seu cabelo era um verde muito claro.
Aquele cara com certeza era alguém diferente, não parece ser apenas mais um manequim se fingindo de humano.
— Foi você que me trouxe até aqui?
— Isso mesmo. As únicas ordens que recebi foram “neutralizar os intrusos mais perigosos”.
— Então é um capanga da torre. Pode me dizer que lugar é este?
O homem soltou uma alta gargalhada e saltou para o chão.
— Este é um lugar criado pelas suas memórias, não se lembra desse viaduto? Realmente é um ótimo lugar para morrer, não é?
» Nome: Asalyn Gejer
Espécie: Espírito maior
Idade: 41 anos
Gênero: Masculino
Classe de ameaça: (A+) «
Um espírito, isso é um problema. E esse nome, já o ouvi antes, quando Jane estava nos alertando sobre o rei dos humanos, aquela família que foi morta.
— Asalyn, você tem um nome bem estranho.
Eu chutei o chão com força, causando um pequeno terremoto na região. Asalyn desviou facilmente do meu ataque e saltou para o topo de um arranha céu, sem perder tempo eu o segui.
— Tome cuidado, esse seu antigo mundo é muito frágil, qualquer ataque seu que seja forte demais fará tudo ser destruído.
— Esse mundo é falso, não tenho com o que me preocupar. Mesmo se fosse real, não teria nada que eu pudesse fazer, afinal, controlar minha força é algo que não consigo fazer com maestria até agora.
No meio do caminho eu fui interrompido por um cara estranho. Os outros devem ter conseguido entrar na torre. Se eu conseguir me livrar deste aqui já será de grande ajuda.
Mas o mais curioso é que ele é da família que supostamente foi assassinada anos atrás. Asalyn, quem é você e o que está fazendo na torre?