Vida em um Mundo Mágico - Capitulo 18
O mundo nem sempre foi daquela forma, com seres poderosos vagando pela Terra. Na verdade, no começo dos tempos os poderes e níveis de ameaça variam de F e E, classes que foram esquecidas.
O nível de poder foi aumentando conforme o tempo passava, atualmente o nível de poder varia de C até A, raramente surge um S, mas tudo está em tempo de mudança, não é surpresa um SS surgir, inclusive já existe alguém nesta classificação.
Mas há algo que foi pré- definido nos tempos antigos, monstros são mais poderosos do que humanos, mas são mais fracos do que dragões. Inclusive os dragões são ditos como a raça mais poderosa do mundo. Mas atualmente não se vê nem se fala muito deles, parece que eles desapareceram.
Mas como a balança de poder estava muito desequilibrada, a Voz decidiu distribuir poderes especiais para aqueles seres, sendo as tão chamadas “habilidades”, de suas mais variadas formas e jeitos todos poderiam ser poderosos. Com isso os humanos evoluíram muito, mas os monstros seguiram o mesmo padrão, como uma divindade a Voz era muito justa e decidiu distribuir os mesmos poderes para os monstros, os mais inteligentes poderiam ganhar mais habilidades também.
Logo vieram as guerras por território, vindo das próprias raças que se consideravam dominantes, com isso surgiu muitos mortos e lamentações. Ouvindo as orações de seus fiéis a Voz criou um sistema para os mortos, sendo este o salão dos espíritos e o tão famoso sistema de reencarnação para os que quiserem voltar. Além de que os espíritos que quiserem ficar na terra terão a oportunidade de se tornarem muito poderosos por estarem além da carne humana, eles não são considerados uma raça, mas sim uma espécie de monstro, podendo ser agressivos ou pacíficos.
Mas vendo que faltava alguma coisa e que aqueles seres não paravam de brigar mesmo depois de séculos, a Voz enviou um “salvador”, enviado com a missão de unificar o mundo, coisa que de fato aconteceu, mesmo com algumas brigas internas o mundo se tornou menos agressivo e sem guerras.
Porém com a chegada de um salvador considerado um “anjo” ou “divino”, surgiu também os demônios e divindades malignas. O que resultou em uma guerra mais uma vez, porém para resolver isso foram criados os dragões, tendo o seu rei como aquele que está acima de anjos e demônios. Com os demônios presos em uma dimensão separada chamada de submundo e os anjos presos em uma outra dimensão completamente oposta ao submundo, assim os humanos poderiam decidir seu próprio futuro sem aquelas duas raças interferindo.
Os dragões criaram seu próprio mundo longe da humanidade, nunca mais voltando para a Terra. Apagando completamente a sua existência e foram considerados lendas e mitos, histórias que os pais contam para seus filhos na hora de dormir.
— É isso? A história do mundo? Não parece ser grande coisa…
— …
— Com você falando assim… Eu não sei, não me sinto desse jeito…
Foi uma história cansativa de se ouvir, mas também parecia ser difícil de contar. A criança dormiu depois de ouvir aquela história, sua mãe a cobriu e beijou sua bochecha se despedindo, logo ela saiu do quarto.
***
Killisviel limpou todos os andares inferiores da torre, sendo do 1° ao 6° andar. O número de crianças mantidas em cativeiro era enorme, muitas delas foram dadas como desaparecidas há anos, o que indica que a torre está em ação há mais tempo do que eles imaginavam.
— Capitã, nosso esquadrão está retirando as crianças e os feridos da torre agora. O que faremos após isso?
Aquele era o chefe da equipe de resgate, por algum motivo todos viam Killisviel como a chefe, o que era normal ao observar sua postura e sua força. Mas esse entendimento errado sobre sua pessoa a deixou incomodada.
— Vou ir para o próximo andar agora, quando vocês terminarem o resgate nesses andares vão para os próximos. Até o momento não encontramos nenhum monstro que pode ser uma ameaça para todos, mas por garantia veja aqueles que ainda estão em condições de lutar, os que não puderem mande os curandeiros os tratarem.
— Sim! — o homem estava com um brilho em seus olhos, sua admiração era visível
— Conto com você! — disse Killisviel fazendo um sinal de positivo com sua mão
*Que droga, eles estão jogando a liderança pra mim! Se algo der errado a culpa vai ser minha no final!*, Killisviel suava frio enquanto corria para o próximo andar.
Cada andar além da sala principal que era um grande losango havia enormes corredores e salas secretas. Mas os poucos guardas de lá eram fracos e fáceis de lidar, o criador da torre focou toda a força de defesa nas salas principais dos andares, deixando o resto desprotegido.
Ao chegar no próximo andar Killisviel teve uma surpresa, havia apenas um monstro, porém ele era um classe S, um ciclope multiplicador. Ele era grande mas era muito lento, seus olhos vermelhos lançavam raios em direção ao oponente, mas Killisviel os repelia de volta com sua espada.
— Vai precisar de mais do que isso.
Com um ataque rápido Killisviel fatiou o monstro, fazendo seu corpo se tornar centenas de pedaços. Porém todos aqueles pedaços cresceram e se tornaram mais ciclopes.
Killisviel se lembrou que aquele monstro só pode ser derrotado se for destruído completamente ou preso. Ao perceber que ela fez uma burrada ela logo suspirou em cansaço, agora ela teria que lidar com centenas de ciclopes e se errasse um corte surgiria mais.
Mas logo quando ela se preparava para atacar alguém apareceu e fez todos os ciclopes virarem pó e até mesmo o pó desapareceu após outro ataque de chamas.
— Killisviel Graal está com problemas aqui?
A raposa que Killisviel tanto detestava estava ali também. Ao ver a cara de seu antigo “rival” Killisviel se irritou, era possível ver uma veia saltando de sua testa.
— Poderia me dizer o que está fazendo aqui? — ela perguntou tentando esconder sua irritação ao máximo
— Bom, o dono desta espelunca tentou me contratar ou melhor, me controlar. Obviamente eu não gostei da ideia, então decidi destruir tudo. Não precisa se preocupar, já limpei os andares superiores.
— É claro que foi por isso, por um momento eu pensei que você tinha mudado e decidido nos ajudar. Mas espera, quando foi isso?
— Foi agora. O dono sabia que vocês estavam vindo atacar a torre em seu momento de fragilidade. O dono consegue se teleportar para qualquer andar da torre, o desgraçado fugiu para o primeiro andar, então estou descendo.
Aquilo deixou Killisviel confusa, os primeiros andares estavam sendo revistados pela equipe de resgate, não teria como ele fugir.
— Esse dono, você o considera forte? Digo, para pessoas de classe B e A?
— Se está preocupada com aqueles humanos lá embaixo, pode se tranquilizar. Aquele cara é um fracote, até um classe C detona ele.
Aquilo a deixou aliviada. Se aquela raposa o considera um fracote é porque é verdade. Ele não diria aquilo se não tivesse 100% de certeza.
— Então vamos ajudar a retirar os inocentes dos andares superiores. Você consegue, não é?
— Eu particularmente não gosto desses filhotes de humanos. Mas quando vi o estado em que estavam eu fiquei com um pouco de dó, então os ajudei a saírem da torre e estão no acampamento lá fora. Os pobres coitados não conseguiam nem andar.
— Você carregou todos para fora?
— Não teve outro jeito. Mas já está tudo bem, agora só preciso ligar com aquele garoto espírito. Mas a dimensão dele já não está mais aqui.
Killisviel tentou abrir a dimensão novamente, mas ela percebeu que não estava mais lá. Mas ela tinha confiança de que tudo terminaria bem.
— Isso é um problema, meus amigos estão lutando com esse espírito agora.
A raposa levantou sua orelha quando ouviu aquilo. Mas era por um motivo idiota.
— Você conseguiu fazer amigos? Que novidade. Mas não se preocupe, aquele espírito pode ser forte mas não é invencível, por ser um classe A+ acho que dois classe A já conseguem neutralizar ele.
— Por que eu conseguir amigos foi a única coisa que te surpreendeu?!
— Por que isso foi a única coisa que eu disse que você se importou?
Aqueles dois pareciam ser mais companheiros do que inimigos naquele momento, mas o respeito que um tinha pelo outro era perceptível. Killisviel sabia que aquela raposa não era maligna, o que ele fez ali deixou isso claro para ela. Aquela raposa era confusa com seus sentimentos e ideologias, mas sempre fazia o que ele achava que o deixaria bem com si mesmo.
***
Em algum lugar em uma outra dimensão uma batalha estava sendo travada. Tanto Burst quanto Jarabahad estavam tendo um tempo difícil, o espírito Asalyn não era superior aos dois juntos, mas suas habilidades o davam a vantagem.
Podendo trocar a localização de seus oponentes ele os confundia e os atacava com minas de energia que espalhou pelo terreno.
Burst e Jarabahad estavam muito feridos, mas conseguiram se regenerar e voltar para o combate. Com seus ataques de longa distância Burst atacava, Jarabahad por outro lado apenas atacava em curta distância com socos e chutes.
Com sua habilidade de espécie 『Adaptação』 ele conseguia lutar melhor contra Asalyn conforme o tempo passava, além de que aprendeu muito sobre esse tipo de combate em apenas uma conversa com Jane Redline.
*A defesa da minha roupa e meus escudos estão ficando mais fracos*, Jarabahad pensava enquanto socava o rosto de Asalyn com toda a sua força.
Com sua habilidade Asalyn trocou a posição de Jarabahad com a de Burst, quando isso aconteceu ele conseguiu causar um dano grave em Burst com suas esferas de energia.
— Ei Burst, você tá bem?! — Jarabahad gritou, como resposta Burst apenas acenou positivamente com sua cabeça
— Ele está bem mais forte do que antes, acho que como agora só existe essa dimensão o seu “eu” está completo.
Jarabahad não entendeu nada do que Burst queria dizer, o mais correto é afirmar que ele está irritado por suas roupas que ele ganhou estão destruídas, sua regata já foi embora, a única coisa que se salvou foi a blusa. Burst ainda estava indo bem pois sua roupa era mais resistente e o protegia.
— O que? A torre foi derrotada?
Asalyn parecia estar conversando com alguém com sua telepatia. Sua expressão logo mudou, o que restava era apenas ódio.
O seu chefe estava mandando ele voltar para o mundo normal para que os dois possam fugir enquanto podem. Mas Asalyn não queria isso, ele ainda tinha um trabalho para fazer.
Como voltar para a torre era perigoso, ele ignorou a ordem de seu chefe e decidiu separar seus oponentes. Desfazendo sua dimensão ele atacou Burst e Jarabahad os enviando para longe.
Sem perder tempo ele partiu para atacar sua irmã, mas para a surpresa dele ela reagiu. Asalyn sentia como se sua alma estivesse se partindo, quando parou o ataque Merlin o atacou com uma esfera de energia, porém bem mais fraca.
— Mas o que é isso? Não vê que eu estou sem tempo?!
— Quando eu evolui eu ganhei uma habilidade interessante. Se chama 『Manipulador de Almas』, com isso eu posso te afetar diretamente.
— Eh? Está me dizendo que uma classe A como você é mais forte do que eu que sou um classe A+?
— Bom, você só tem um sinal a mais, não é grande coisa. Eu estou muito triste agora, estou querendo chorar o dia inteiro na verdade. Então você pode ir embora agora?
Asalyn se levantou cambaleando, a luta o estava desgastando muito, sua energia estava baixa mas matar Merlin era tudo que ele queria fazer.
— Está me dizendo para desistir dos meus objetivos pelo simples motivo de que você está triste?
— Isso. Eu fiquei sozinha por 20 anos e agora você está tentando me matar, além disso você também machucou os meus amigos que eu me esforcei tanto para conseguir. Eu não quero ter que matar você, então pode fugir, por favor?
Asalyn sabia que não conseguiria matar Merlin alí, sua energia estava baixa e era verdade que Merlin poderia matá-lo se quisesse, mas o fato de ser seu irmão a estava segurando.
Mesmo naquela situação, Merlin disse aquilo com uma voz serena e calma, com um leve sorriso em seu rosto. Asalyn sentia raiva de como ela era melhor do que ele em tudo, isso já foi definido antes mesmo dela completar 1 ano de idade. Tudo apontava que ela era superior e até naquele momento isso estava claro.
Os ferimentos que Burst e Jarabahad causaram estavam voltando para Asalyn, Merlin havia revertido os efeitos das habilidades de cura de seu irmão, fazendo com que seu corpo sentisse toda a dor. Por ser um espírito o seu corpo físico não era importante, enquanto sua alma estiver inteira ele não morreria, mas a dor estava na sua alma naquele momento.
Asalyn não aguentou e caiu de joelhos. Seu corpo estava coberto de queimaduras e machucados, seu rosto estava inchado e roxo, sangue começou a escorrer de seus olhos, nariz e boca.
Merlin ficou preocupada e foi ajudá-lo, ela não queria que ele morresse, apenas que sentisse a necessidade de fugir. Mas quando chegou perto Asalyn deu um tapa em sua mão, recusando sua ajuda ele se levantou.
— Você nem mesmo viu a nossa mãe e mesmo assim se parece tanto com ela, que irritante. Não pense que isso acabou, vou tentar outra vez quando me recuperar.
Com isso, Asalyn desapareceu. Merlin se sentou no chão e logo após deitou na grama.
— Então eu vou esperar você. Não vou desistir até você gostar de mim, irmão idiota. — logo após dizer isso Merlin desmaiou
***
Em uma parte afastada da torre estava um velho muito baixinho. Ele era um anão, aquele que comandava a torre, Run era seu nome.
O jovem espírito Asalyn apareceu ao seu lado, com ferimentos em todo o seu corpo.
— Asalyn! Você deveria ter chegado quando eu te chamei, faz ideia do quanto eu tive que correr para aqueles desgraçados não me encontrarem?!
— Cala a boca velho maldito. Vamos sair logo daqui, vou te ajudar a fugir mas depois disso será o fim da nossa aliança.
— Eu já esperava por isso, você também não foi o melhor subordinado que eu encontrei. Tudo bem, só me leve para o Grand Stonewall.
Run percebeu algo nas roupas de Asalyn, um fio de cabelo preto.
— Isso deve ser daquele cara, Jarabahad.
— O metamorfo? Ele é muito forte pelo que me parece, o vi pelas câmeras, se ele for quem eu estou pensando este pequeno fio de cabelo pode fazer um estrago.
O velho soltou uma alta risada, mas logo parou quando percebeu que ainda não estava em segurança. Asalyn então o segurou e o levou para outro lugar.
Burst e Jarabahad foram mandados para longe e ficaram inconscientes com o ataque de Asalyn. Merlin também não está bem e está inconsciente também.
A torre foi derrotada e todos os que foram sequestrados foram resgatados, mas infelizmente várias crianças morreram no experimento que mais tarde foi chamado de “nova origem”. O processo de misturar o DNA de monstros com os de outra raça para criar criaturas superiores aos seus originais.
Muitas crianças ficaram deformadas e morreram no hospital, aqueles que não foram expostos ao experimento passaram por um curandeiro e voltaram para suas famílias. Algumas crianças de fato se tornaram meio monstros, estes que não morreram no experimento foram mandados para uma instalação especial para serem feitos alguns testes, porém poderão voltar para suas casas quando tudo acabar, claro com a supervisão de alguém da instalação.
O responsável não foi pego, o que deixará o mundo em alerta, o ocorrido causará muitas mudanças, talvez até mesmo o surgimento de uma nova raça mista de monstros. Com isso a missão de resgate acabou.