Vida em um Mundo Mágico - Capítulo 19
Depois daquele último ataque eu apaguei, quando acordei eu havia destruído uma casa de uma família que morava nos campos, por sorte ninguém se machucou.
Asalyn me mandou longe mesmo, espíritos são muito poderosos, isso deveria ser proibido, se a vida depois da morte é assim todo mundo vai querer morrer.
Estou em uma cama de hospital agora, não estou mais tão machucado, meu corpo ficou muito mais resistente do que antes, afinal. Do meu lado está Burst, devo dizer que ele não está tão bem quanto eu, ainda está desmaiado.
Burst conseguiria se curar com suas chamas, mas ele precisaria estar acordado para fazer tal coisa. Até ele acordar vai ter que ficar deitado ali com seu corpo enfaixado.
Eu também estou com algumas faixas, mas minhas feridas desaparecerão com o tempo. Mas como o hospital está me tratando o mínimo que eu devo fazer é seguir suas recomendações e ficar com isso por alguns dias.
— Senhora por favor tenha calma!
A enfermeira estava falando com alguém. Parece que temos alguém se comportando mal dentro do hospital, que coisa.
Mas então alguém avançou pela porta do meu quarto, era Jane, preocupada mais do que qualquer coisa.
— Jarabahad, Burst! Finalmente encontrei vocês, que alívio.
— Ei Jane, nunca pensei que ficaria tão feliz em te ver, você está bem?
— Se eu estou bem? Eu que deveria te perguntar isso! Olha pra você, está todo detonado.
— Eu sou um metamorfo, isso não vai me atrapalhar muito. Se alguém aqui merece preocupação esse alguém é o Burst, mesmo estando fora de perigo as feridas dele foram sérias.
Jane olhou para o seu irmão e se sentou em uma cadeira que estava ali perto. Ela parecia estar mesmo muito preocupada.
— Vocês já estão aqui há 2 dias, aconteceram algumas coisas lá fora e me atrasei para vir até aqui.
— Está certo, não se preocupe com isso. Mas o que aconteceu lá fora?
— A torre foi destruída e os reféns foram resgatados com alguns altos e baixos. Infelizmente não encontramos o mandante, mas prendemos um monstro que nos ajudou.
— Prenderam? Se ele ajudou, por que prenderam ele?
— Ele pode ter nos ajudado, mas tem uma ficha criminal enorme. Mas mudando de assunto, onde está a Merlin?
Eu me levantei da cama para ir até Merlin com Jane. Merlin também estava no hospital em um quarto separado, mesmo não estando machucada ela estava dormindo na última vez que a vi.
— Ei, você já pode se levantar?
— Posso sim, já estou muito melhor. Vamos, Merlin está em outro quarto.
— Que estranho, você ficou mais alto…
— Hmm?
— Não é nada, acho que é impressão minha.
Não vou mentir, crescer mais um pouco me deixaria muito feliz, mas ignorei aquilo e fui para o quarto de Merlin.
Chegando lá nós a encontramos deitada e acordada.
— Oi! Vocês estão bem? Que bom. — fomos recebidos com um grande sorriso
— Merlin, você não parece estar machucada, que alívio. — disse Jane
— Fisicamente não, mas estou bastante abalada psicologicamente. Mas não se preocupe, está tudo bem.
— Sobre aquilo com o seu irmão, você está mesmo bem? — eu perguntei
Merlin se levantou da cama e começou a flutuar.
— Sim, ele está vivo então está tudo bem. Mas eu espero que ele se recomponha e vire uma pessoa melhor.
O fato de Merlin acreditar nele depois dele tentar matá-la me espantava, não só isso como que essa foi a primeira vez que ela viu de fato um parente.
— Eh? Aconteceu alguma coisa? — perguntou Jane
Ela ainda não sabia de nada sobre o Asalyn. Eu não queria falar sobre esse assunto na frente de Merlin, então comecei a me mexer.
— Jane vamos lá pra fora um pouco? Preciso sair desse ambiente. Merlin, como você está melhor, pode ficar com o Burst? Ele pode acordar e causar um incêndio aqui sem querer.
— Pode deixar.
Um pouco antes de me juntar com Burst na outra dimensão eu consegui ouvir Asalyn falando, graças a minha audição aprimorada eu escutei tudo.
Eu fiquei muito depressivo com minha vida conforme eu vivia, mas Merlin nem mesmo teve a chance de viver e teve que aprender tudo que sabe sozinha. Eu realmente a admiro muito.
Já do lado de fora do hospital eu me sentei em um banco, Jane apenas me seguiu e fez o mesmo.
— Jarabahad, você parece um pouco abatido. Digo, não querendo ser sarcástica.
— Não, você está certa. É que eu percebi uma coisa, nos últimos dias eu não consegui fazer muita coisa. Até perdi para o Asalyn.
— Isso está te incomodando? Você não parecia se importar tanto assim na nossa última conversa, na verdade, você atuava como uma pessoa normal, que quer viver uma vida normal. Por que perder para o espírito está te deixando assim?
Eu subi no banco completamente e dobrei minhas pernas, uma sobre a outra. No fundo eu realmente sabia o que era aquilo, mas era um motivo muito besta, me dava até mesmo vergonha de falar sobre aquilo.
Então eu contei para Jane tudo do começo, sobre Asalyn ser o irmão mais velho de Merlin e tudo que eu sabia do caso. Ela ficou muito surpresa com o que ouviu, mas logo se recuperou.
— Então é isso. Então Merlin e Asalyn são os únicos membros da família Gejer. Então você está com medo de que algo aconteça com Merlin se mais alguém descobrir essa informação?
— Não, quer dizer, sim isso também, mas tem algo além disso. Você pode até rir de mim, mas…
— Hm?
— Merlin foi a primeira pessoa que eu realmente considerei como uma amiga. Então eu pensei que talvez se ela encontrasse uma pessoa mais importante como um familiar eu iria ficar para trás, então ser mais fraco do que Asalyn me deixa preocupado.
— Ha ha ha! Desculpa, mas você está mesmo tão preocupado com isso assim?
— Que droga, essa foi a primeira vez que eu vi você gargalhar tão alto. Mas sim, no final é um motivo muito idiota, não é?
— Eu até entendo um pouco esse seu medo de ficar sozinho, mas o que é engraçado é que você e Merlin estão falando exatamente a mesma coisa.
Minha orelha balançou em curiosidade com o que acabei de ouvir.
— Eu tinha conversado com Merlin antes, ela sempre fala que você é melhor do que ela e como ela está se sentindo cada vez menos importante, em outras palavras ela está com medo de você a abandonar. — disse Jane
Aquilo me pegou de surpresa, no mesmo momento eu me lembrei daquilo que a mulher misteriosa falou na biblioteca. Eu odiava admitir, mas ela me leu como um livro naquele dia, não só eu como a Merlin também. No final, estávamos mesmo buscando um abrigo um no outro.
— Sabe, você é uma boa garota Jane. Obrigado por conversar comigo. — eu disse me levantando
— Se você falar desse jeito eu vou acabar ficando com vergonha.
— Eu apenas percebi que ainda sou um humano, com esses problemas aleatórios martelando na minha cabeça — eu fiz gestos com minhas mãos em volta da minha cabeça —, você também é, por isso um elogio sincero pode ajudar nas coisas, até mesmo ficar um tempo com alguém que você goste. Eu nunca me senti desse jeito, mas tô percebendo que estou começando a amar vocês. Quer voltar para o hospital agora?
— Claro. — disse Jane calmamente e com um leve sorriso
***
Depois de um tempo, Burst acordou irritado e berrando. Assim como eu, ele não queria ter perdido, mas quando ele recobrou a consciência seu corpo se regenerou e voltamos todos para a casa.
Eu e Jane fomos assistir TV para ver o que estava acontecendo. Mas obviamente o assunto da vez é sobre a torre e sobre os experimentos.
O assunto de que se crianças mutantes podem se tornar uma nova raça está em alta, mas ao que tudo indica isso é impossível agora, querendo ou não são poucos os mutantes. Talvez depois de alguns anos eles se tornem mesmo uma raça nova mesmo.
— Hora do abraço! — gritou Merlin me abraçando do nada no sofá
— O que foi?
— Hora do abraço! — gritou Burst nos abraçando também
— Não sei o que tá acontecendo, mas vamos lá. — com isso Jane nos abraçou também
— O que vocês estão fazendo?
— Não é óbvio, Victor? Estamos tendo um momento de afinidade e amizade. — disse Merlin
Eu então suspirei e decidi entrar na brincadeira.
— Tudo bem, vamos lá.
Eu abracei todos e os segurei bem firme, então levantei os três de uma vez e comecei a rodar. Eu perdi o equilíbrio e todos caímos no chão gargalhando.
— Até que esses abraços não são tão ruins. — disse Jane
— Estou tonto, você não sabe mesmo brincar em senhor Victor. — disse Burst
— Eu espero que nós quatro possamos ser amigos para sempre! — exclamou Merlin
Naquele momento eu percebi que enquanto aqueles três estiverem ali, o meu objetivo de ser feliz pode mesmo ser alcançado. Eu não me via mais sendo feliz por mim mesmo, eu queria fazer eles felizes também.
Já na hora de dormir, todos já estavam em sono profundo. Com o dinheiro que eu tinha eu comprei pequenas cabanas para todos, afinal eu era o único que tinha uma cama. Antes Merlin não tinha um corpo e Burst não morava aqui, mas agora além de Merlin ter um corpo e Burst morar aqui, Jane também começou a frequentar e a dormir aqui.
Mas naquela noite aconteceu algo estranho. Foi a primeira vez que eu recebi uma mensagem, quem a entregou foi a própria Voz.
*» Mensagem para Victor Jarabahad, origem desconhecida. “Me encontre no lugar onde tudo começou. É algo super importante.”«*
*No lugar onde tudo começou, você vai mesmo me fazer viajar até aquela floresta no quinto dos infernos?*
Eu tinha noção de quem era. Aquela mulher esquisita outra vez, mas por que ela quer que eu vá até lá, sendo que ela mesmo já veio até aqui.
Eu poderia usar isso como desculpa para ir visitar Cirgo mais uma vez. Já se passou um mês, me pergunto como eles estão.
Acho que vou ir sozinho desta vez, Merlin, Jane e Burst precisam descansar, vou deixar uma carta e vou sair de mansinho. Assim eu resolvo o que tenho que resolver.
***
No castelo, o rei dos humanos lia e lia novamente os arquivos novos que chegaram.
Ele parecia estar indiferente quanto aquilo, mas ele tinha olhos em todos os lugares e sabia de coisas que o deixava preocupado.
Irritado ele chamou seus filhos, ambos logo foram ao seu encontro.
— A mamá me fez vestir isso outra vez, isso era normal no começo, mas agora está começando a me irritar! — disse o filho que novamente estava transvestido
— Irmão, papá parece estar irritado, será que é com a gente? — perguntou a filha fingindo preocupação
— Sen, San, escutem aqui. Vocês se lembram da família Gejer? Parece que temos dois sobreviventes.
— Foi culpa dele. — disse a filha San, apontando para seu irmão
— O que?! Nem foi a gente que matou eles! Como pode ser culpa minha?!
— Silêncio seus tolos! Parece que eu dei um trabalho muito importante para os incompetentes, então o que me dizem de irem lá terminar o trabalho?
Os irmãos se encararam e concordaram. Eles estavam animados em receber uma missão nova, principalmente uma de assassinato.
— Ah e mais uma coisa. Também temos esse metamorfo, Victor Jarabahad. Ele já fez alguns trabalhos na guilda e ajudou na torre. Parece que além de ter conexão com a Gejer ele também tem conexão com a bruxa. Então matem ele também, se possível quero que matem a bruxa junto.
— Como quiser, isso vai ser divertido. Vamos irmão!
— Vamos irmã!
Com isso o rei, Bahad, terminou seu dia.
— Vocês vão ver, macacos malditos. O único que pode ser o escolhido sou eu.
Conversando sozinho, com o seu ego enorme, ele se levantou e saiu da sala.