Vida em um Mundo Mágico - Capítulo 25
⋅•⋅⊰∙∘☽༓☾∘∙⊱⋅•⋅
Em um vilarejo perto do Reino dos Anões, fazendeiros trabalhavam arduamente. Não era um trabalho fácil, mesmo que alguns deles tivessem muita experiência, ainda exigia muito do corpo.
Muitos já estão ficando velhos e buscam deixar seus trabalhos nas mãos dos mais novos.
John como sempre estava se esforçando, mas seu corpo estava se cansando muito mais rápido do que ele esperava. Cravando sua enxada no chão ele secava seu suor, enquanto respirava muito cansado.
— Pai, por favor beba isto.
Uma garota de 1,65 de altura, cabelos longos e castanhos com belos olhos azuis apareceu para seu resgate.
— Obrigado Eloá. Parece que o seu velho tá mesmo ficando velho, hein….
A garota tinha uma expressão fria e não demonstrava nenhuma reação, parecia que ela não tinha expressões faciais. Suas pupilas tinham a forma de balanças, o que a tornava um pouco assustadora considerando que ela não pisca muito e encara os outros.
— A mãe disse para você ir descansar — Eloá percebendo que seu pai não queria abandonar o trabalho teve uma ideia —, posso terminar isso para você.
— Tem certeza, querida? Você nunca fez isso antes.
— Tá tudo bem. Eu observei o senhor fazendo isso por anos, acho que consigo.
— Se você diz, então tá bom. Vou ir pra casa descansar um pouco, tente não se machucar.
Muitos achariam irresponsável um pai deixar sua filha que nunca fez aquele tipo de trabalho sozinha. Mas Eloá já tinha 14 anos, próximo de completar 15, naquele mundo 15 já era a fase adulta.
Eloá pegou a enxada e a analisou tentando entender como funcionava aquilo. Depois ela começou o seu trabalho, aos poucos ela foi se acostumando e logo pegou o jeito da coisa.
Logo o povo começou a falar que ela fazia um trabalho melhor que o de John, o quê de fato era verdade.
Eloá não demonstrava nenhum sinal de exaustão depois de um dia fazendo um esforço físico que nunca tinha feito antes, normalmente uma pessoa que não trabalha muito seu corpo sentiria dores.
Eloá não era normal, seu modo de agir, de falar e até mesmo de pensar não parecia ser normal. Ela era muito avançada quando era mais nova, nunca teve nenhum problema nos estudos, na verdade, era como se ela já soubesse de tudo.
Mas tinha algo estranho com ela. Diferente das outras crianças Eloá não tinha nenhum interesse em receber habilidades e nem em querer ser forte. Ela apenas conhece o básico da arte da espada porque leu em um livro na escola.
Sua capacidade de aprender tudo com facilidade impressionava a todos, ela era um gênio.
Logo depois de terminar mais um dia longo ela volta para sua casa e vai perguntar a sua mãe se ela precisava de ajuda.
— Não querida, obrigada. Pode ir descansar agora, você já fez muito hoje.
— Entendi. — ela disse indo em direção a sala
Seu pai estava sentado em uma cadeira de balanço no lado de fora. Eloá logo quando o percebeu foi ver se estava tudo bem.
Aquilo já era rotina, a partir do momento que Eloá aprendeu a andar e a falar, todos os dias ela procura seus pais para ver se estão bem. Ela nunca ficou um dia sem fazer isso, inclusive ela apenas dorme depois de ter certeza que está mesmo tudo bem.
— Ei, Eloá, quer jogar um jogo?
— Sim.
— Não vai nem perguntar qual jogo é?
— Qual jogo é?
John suspirou e pegou um tabuleiro de xadrez que estava ao seu lado. Eloá logo percebeu que era um jogo de estratégia, mas ela não parecia estar incomodada, na verdade, parecia confiante.
— Xadrez.
— Eu sabia.
— Você claramente não sabia….
Depois de se prepararem, o jogo começou. John ficou com as peças brancas e Eloá com as pretas.
John era bom naquele jogo, ele jogava quase sempre com o seu pai então ele era experiente. Mas quando está jogando com Eloá ele se sente como se estivesse jogando contra alguém no mesmo nível que ele.
Nos primeiros minutos ele percebeu que vencer seria difícil, mas ele não estava surpreso com isso, na verdade, ele esperava por isso. Vencer Eloá em alguma coisa era um verdadeiro desafio.
— Ei Eloá, você tem uma habilidade, não tem?
— Sim. Uma habilidade de espécie, se chama 『Rebalanceamento』.
— Entendi, humanos não possuem uma habilidade de espécie, você não é uma humana comum, verdade?
Eloá fez sua jogada e olhou para seu pai. Ela estava pensando se deveria responder aquela pergunta seriamente, no final ela percebeu que mentir não ajudaria nada.
— Uhum. As balanças nos meus olhos são consequência da minha habilidade.
Ela respondeu sem revelar o que de fato ela era. Seu pai não tentou pressioná-la mais do que isso, afinal ela não parecia querer revelar o que era.
— Certo, mas o que essa sua habilidade faz? — perguntou John fazendo sua jogada
— Ela me transforma em tudo que a pessoa que está à minha frente é. Sua força, sua inteligência, sua resistência, suas habilidades, absolutamente tudo se torna meu — ela fez sua jogada —, xeque mate.
— Ah… eu perdi hein…
— Me desculpa. Eu não sou alguém divertido, posso estragar a graça do jogo.
Eloá não esboçava reação a nada, seu rosto era vazio, sem nenhuma expressão. Mesmo pedindo desculpas ou sendo questionada, sua expressão não mudava nem um pouco.
— Tudo bem, você com certeza vai ser alguém incrível com um poder desses em suas mãos. Mas algum dia eu vou ganhar!
— Eu não sou nada tão especial, mas estarei esperando a nossa revanche.
John segurou o rosto de sua filha e tentou fazer um sorriso aparecer em seu rosto. Mas ela não expressou nada mesmo assim.
— Não diga isso. Pra mim e pra sua mãe você é especial.
Eloá abriu seus olhos e encarou seu pai nos olhos, John teve a impressão de que ela estava pensando em alguma forma de contradizer o que ele disse.
— Se você diz, então deve estar certo.
John se afastou e sorriu. Aquela resposta era a cara de sua filha, ela já tinha dito aquilo várias vezes durante a sua vida.
— Vamos entrar, acho que o jantar está pronto.
— Posso cozinhar amanhã? — perguntou Eloá
— Por mim tudo bem, mas pergunte para a sua mãe.
John disse aquilo, mas no fundo ele sabia que Eloá iria copiar Stephanie. Mas estava tudo bem, daquele jeito não havia chances dela se cortar ou se queimar, também era impossível a comida ser ruim.
— Tá bom. — Eloá respondeu indo até sua mãe imediatamente
⋅•⋅⊰∙∘☽༓☾∘∙⊱⋅•⋅
No dia seguinte Eloá estava tendo sua última lição na escola. Seu aniversário estava muito próximo pra ela finalmente entrar na fase adulta.
Ela deixou bem claro que quando isso acontecer ela irá sair do vilarejo e embarcar em uma jornada para concluir seus objetivos. Objetivos que ela não contou a ninguém, mas ninguém quis questioná-la mais.
Eloá era muito boa na escola. Na verdade, era boa em tudo. Obviamente um futuro promissor ela tinha garantido.
— Como eu posso unir todas as raças? — Eloá se perguntava enquanto caminhava pela floresta em busca de ingredientes —, Será que poderia dar certo?
Enquanto caminhava, ela percebeu que a floresta estava inquieta. Ela já estava longe do vilarejo, mas não pensou em voltar correndo para lá.
— Aghhhh Socorr…! — A voz masculina gritou antes de ser apagada
Então um som de carne sendo rasgada e árvores caindo foi ouvido. Eloá não estava assustada nem surpresa, movida pela sua curiosidade ela foi ver o que estava acontecendo.
Quanto mais ela caminhava, o chão verde da floresta estava se tornando vermelho. No topo das árvores tinham corpos, todos estavam faltando alguma parte do corpo.
Ela via marcas de garras enormes no chão, até mesmo queimaduras que fez parecer que aquela parte da floresta estava morta.
— Será que é….
— Oh! Tem mais alguém aqui. — uma voz grave e estrondosa falou em excitação interrompendo Eloá
Então uma pata vermelha, com escamas e garras enormes apareceu na frente da garota. As escamas pareciam ser tão duras que lembravam uma armadura da melhor qualidade, talvez seja até mais resistente.
Seu corpo era monstruoso, sua cauda era enorme, seus olhos eram vermelhos e pareciam estar queimando. Suas unhas, chifres e espinhos e suas costas e cauda eram pretos, suas asas vermelhas pareciam cobrir o céu.
Mas Eloá não estava surpresa, nem assustada. Ela apenas encarou a criatura.
— Você é um dragão vermelho, mais conhecido como dragão sanguinário e assassino. O que está fazendo aqui?
— Ei criança, por que não está correndo? Não vê que tem um dragão na sua frente? Não vê todos os corpos dilacerados em volta?
— Eu vejo sim. Mas por que eu deveria correr? Você é um dragão, a raça mais poderosa do mundo, mas eu deveria temer isso?
O dragão se impressionou com a resposta da garota. Então ele abaixou seu rosto bem próximo ao dela, os seus olhos estavam maiores do que todo o corpo de Eloá.
— O quê está dizendo? Não sabe quem eu sou?
— Não. Eu não tenho uma habilidade de análise. Se puder me dizer quem o senhor é eu ficaria agradecida.
O dragão franziu a testa e se afastou. Com seu suspiro as árvores quase foram mandadas para trás, Eloá conseguiu ficar no lugar sem se mover. Naquele momento ela era um dragão em forma humana, um suspiro daquele dragão não seria suficiente para mandar ela para longe.
— Meu nome é Sariel Overdragon. Sou o dragão vermelho da matança.
— Entendi, o seu nome é muito bonito. O meu é Eloá, como sou de uma família simples eu não tenho sobrenome, mas é um prazer te conhecer.
— Você é doida ou algo assim? Eu não perguntei seu nome, afinal eu vou rasgar você.
— Oh, entendi, desculpa. Foi erro meu.
O dragão se irritou e se sentou, claramente ele queria destruir alguma coisa. Em raiva ele começou a bater sua cauda no chão fazendo o local tremer.
— Qual o seu problema? Até perdi a vontade de te rasgar….
Eloá abaixou a cabeça e ficou pensativa. O dragão estava suspirando irritado, logo uma ideia veio na cabeça da garota.
— Sabe? Eu vou fazer 15 anos semana que vem.
— Eh?! E o que diabos eu tenho a ver com isso?!
— É mesmo, me desculpe de novo. Eu queria unificar todas as raças do mundo, incluindo os dragões. Então gostaria de perguntar se gostaria de me ajudar.
— Esse sonho não é um pouco grande demais para uma criança como você?
— Pode ser, mas você não quer que sua espécie possa viver em paz com as outras?
— Eu não ligo, só quero matar mais gente. Se já está satisfeita, volte agora, aproveite que estou sendo gentil.
O dragão se levantou e foi embora caminhando sem preocupações.
Eloá olhou para trás pensando se valeria a pena voltar, mas logo essa ideia sumiu. Ela foi atrás do dragão, andando lentamente atrás dele.
⋅•⋅⊰∙∘☽༓☾∘∙⊱⋅•⋅