Vida em um Mundo Mágico - Capítulo 28
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Com muito cuidado eu escrevia em uma folha de papel. Do outro lado da mesa Sariel me observava descansando sua cabeça na mesa.
— O que está fazendo? Este som de lápis está me incomodando.
Sariel sempre reclamava de qualquer coisa. Eu sei que dragões possuem uma audição aprimorada mas para reclamar do som de um lápis tocando em um papel?
Eu também não estava fazendo nada demais, não conseguimos encontrar nada sobre Jarabahad nessa cidade, mas como já estamos aqui pensei que seria um desperdício não ficar por mais um tempo.
Eu estou escrevendo uma carta para os meus pais, obviamente uma das condições para eles me deixarem sair seria mantê-los informados.
— Pronto, será que está bom? — perguntei, porém, sem esperar uma resposta
— E como vai fazer isso chegar nas mãos dos seus pais?
Eu me levantei e fui até uma coruja branca de olhos azuis. Ela se parecia muito com um animal comum, mas deixando as aparências de lado ela era um robô correio.
— Com isso aqui, comprei aqui mesmo. Eu precisava de uma.
— Eles usam isso hoje em dia, eh? Deve ser bem recente.
— Pelo o que eu sei, foi criada 10 anos atrás.
— Então é mesmo bem recente.
Eu dei minha carta para a coruja e digitei em suas costas o local que eu queria que ela entregasse. Com isso ela abriu suas asas de metal e iniciou sua viagem.
Falar de tempo acabou estimulando minha curiosidade sobre a idade que um dragão pode alcançar. Aquilo era algo que nunca li sobre, acho que ninguém nunca ficou com um dragão até a morte para saber o quanto ele pode envelhecer, até porque essa pessoa morreria de velhice antes do dragão.
— Sariel, o quão velho um dragão pode ser?
— Sei lá. O dragão mais velho que conheci tinha por volta de mil anos mas parecia mais jovem do que qualquer um.
— Então você não sabe. Você conheceu outros dragões além deste que você citou?
— Não. Mesmo que eu seja um dragão, isso não quer dizer que eu vivi com eles. A hierarquia dos dragões é algo que muitos não estão bem informados. Eu não quero me meter com eles, nem mesmo andar junto, por mim eles poderiam desaparecer.
Sariel parecia ter alguma coisa contra sua própria espécie, gostaria de saber o que é, mas acho que não é uma boa hora para perguntar.
Sariel se levantou e pegou sua espada, espada essa que era maior do que ele. Mas ele a levava para todo lugar que ia, me pergunto onde ele a encontrou, não deve ser de alguém que ele tenha matado, ele cuida dela com muito carinho para ser algo assim.
— Vamos sair agora. Estou sentindo uma coisa nova.
— O que é?
— Parece que alguém com uma magia decente entrou nessa cidade. Na melhor das hipóteses pode ser que essa pessoa saiba de alguma coisa.
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Seguindo Sariel acabamos indo muito longe na cidade, chegando em um mercado ele ficou andando pelo local procurando a origem da magia que ele localizou.
No final ele achou um velhinho que estava fazendo suas compras e jurou de pé junto que era ele. Eu duvidei bastante, mas não poderia dizer nada, afinal não sei fazer essas coisas.
— Acho melhor não fazermos nada por enquanto, vamos esperar até termos certeza que….— Sariel avançou em direção ao homem me ignorando
— Ei velhinho, me diga, quem é você? — ele questionou segurando o velho pelo ombro
Os olhos do senhor brilharam um pouco, ele estava muito surpreso quando olhou para Sariel, mas logo iniciou um ato, fingindo que ele não sabia o que estava acontecendo.
— Ora, não sou ninguém especial, apenas um velho homem comprando umas coisinhas.
— Não tente mentir para mim. Sei que você não é um homem qualquer, sua magia é um pouco forte.
Eu não sabia até que rumo aquela conversa iria então decidi me intrometer, para pelo menos tentar afastar Sariel do homem, para que ele pudesse responder calmamente.
— Me desculpe pelo comportamento do meu aliado, me chamo Eloá, Estou procurando uma pessoa, gostaria de lhe pedir uma ajuda.
Eu tentei mudar o assunto da magia, se ele for mesmo um homem normal não deve saber sobre o que Sariel estava falando, mas esse não parecia ser o caso. Então me apresentei para ver se ele se sentiria mais confortável comigo.
— Oh! Isso é…— ele colocou suas duas mão no meu rosto e puxou minhas bochechas —, os seus olhos, entendo, você é ela….
— O senhor me conhece?— eu perguntei enquanto meu rosto era esticado
— Mas é claro que sim. Faz muito tempo que te vi, senhora Voz.
Quando ele soltou minha bochecha eu percebi que ele deveria estar falando do meu avatar anterior, se meu antigo eu andava com ele então deve ser alguém de extrema importância.
— Então não é um homem normal — disse Sariel enquanto andava em volta do homem —, mas parece que já está nas últimas e ainda assim é mais velho que eu.
— Não precisa me dizer isso, senhor dragão. Também faz muito tempo que não vejo um da sua espécie, pelo o que estou vendo sua força é gigantesca, como o esperado.
— Então quem é você? — eu perguntei
— Meu nome é Rico, sou um ex herói. É um prazer conhecê-la novamente.
— Um ex herói? Já ouvi falar sobre isso, na verdade, já li sobre você. Um camponês que alcançou o título mais alto para um humano.
— Precisamente, mas se me permitir ajudá-la gostaria de fazer o que está ao meu alcance.
— Nós estamos procurando um monstro, o nome era Jara…. Ehm…. Jara….— começou Sariel
— Jarabahad, estamos procurando um monstro chamado Jarabahad. — eu terminei, tirando Sariel de seu conflito mental
Rico ficou muito espantado com o que ouviu e logo começou a dar muita risada. Sariel olhou para mim com uma expressão de confusão.
— Mas que mundo pequeno, claro que sei onde ele está. Ele é meu aluno afinal — disse ele recuperando seu ar.
— O que?! Tá falando sério? — rugiu Sariel
— Claro. Mas não sei se ele vai querer acompanhar vocês, mas posso levá-los até ele para conversarem sobre isso.
— Por favor, faça isso. Precisamos muito da presença dele no nosso plano.
— Tudo bem, Eloá, não é?
Ele estava usando uma habilidade de análise, obviamente ele conseguia fazer isso, sendo uma das habilidades mais comuns seria um crime um ex herói não possuir.
— Isso mesmo. Este aqui é meu aliado, Sariel Overdragon.
— Overdragon…. Tá, entendi. Então vamos indo, já levo vocês para lá.
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Mais uma vez, coincidências atrás de coincidências, isso que faz o mundo caminhar para seu destino final.
Tudo é movido por coincidências, sendo até mesmo prazeroso de assistir, principalmente quando as coisas dão certo por uma causa de sorte.
Como seria assistir tudo que acontece no universo como se estivesse assistindo uma TV? Seria bom? Seria estranho? Talvez fizesse a pessoa se sentir poderosa? Ela pensaria que era alguma divindade ou coisa assim?
Apenas uma pessoa sabe como é isso. Com certeza é frio e solitário, essa pessoa buscaria salvação de pessoas que nunca alcançariam sua sala de vigilância.
Mas isso não deve ser um problema tão grande. Com Eloá, Sariel e agora com a ajuda do ex herói, Rico. O mundo para santos está mais perto de ser construído, isso é, se nada interferir é claro.
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