Vida em um Mundo Mágico - Capítulo 8
Um tornado de fogo surgiu no céu. Tudo em sua volta queimava, suas chamas brilhavam em vermelho devastando tudo.
A raposa ria em alegria enquanto observava seu poder. Seu corpo estava machucado com alguns arranhões, mas uma fumaça estava saindo dos machucados o curando.
— Eh? Ainda está viva?
Uma mulher saia do centro do tornado flamejante, não havia nem mesmo um machucado em seu corpo, completamente ilesa ela suspirou em cansaço.
— Que saco, queria tanto estar em casa agora — ela disse colocando sua mão em sua testa.
A mulher estava usando um sobretudo amarelo, uma camisa preta e calças largas da cor azul-escuro. Ela não estava usando nenhum equipamento de defesa, parecia estar apenas com sua roupa casual. A única arma era a espada em sua mão direita, aquela era a única arma que ela carregava.
Killisviel Graal, uma cavaleira do reino humano. Sua missão desta vez era lidar com uma raposa que estava incomodando os fazendeiros. Como uma cavaleira, ela recebe reclamações dos cidadãos e tenta ajudá-los, seja repassando sua reclamação para outra pessoa em um cargo diferente ou, até mesmo, usando sua própria força para lidar com criaturas e delinquentes que vão contra as regras.
— Parece cansada hoje, Killisviel Graal — disse a raposa com uma expressão confiante — aconteceu alguma coisa?
— Foi mal, não entendo a língua de animais — disse Killisviel para provocá-la.
A raposa ficou agitada, sua cauda começou a balançar para a direita e para a esquerda. Uma chama vermelha cobriu seu pequeno corpo.
— Talvez isso ajude.
A raposa havia se transformado em um homem adulto no auge de seus vinte anos. Duas longas orelhas vermelhas haviam aparecido em sua cabeça, elas brilhavam como uma fogueira. Seu cabelo era vermelho e seus olhos alaranjados. Assim uma roupa extravagante surgiu em seu corpo em forma de uma larga camiseta vermelha, calças pretas e botas de ferro vermelhas.
— Francamente, como animais como você conseguem evoluir até este ponto? Você se transforma em qualquer coisa, até mesmo um humano e ainda assim continua comendo galinhas de fazendeiros. Nunca pensou em fazer outra coisa além de ser uma raposa qualquer?
— Killisviel Graal, você está certa, raramente um animal como eu evolui e alcança níveis maiores. Mas você está enganada em um ponto, não é porque eu posso me transformar em um humano que isso me faz um — disse ele com um sorriso em seu rosto.
— hm?
— Eu sou uma raposa que cresceu caçando e aprendendo tudo nas grandes florestas deste mundo. Eu nunca vou mudar, sempre irei seguir o meu instinto selvagem, dito isso, sempre irei caçar minha comida, não vou trabalhar para ir ao mercado, afinal, não preciso de tal coisa, já você não pode ser como eu, não é?
Animais e monstros que são super desenvolvidos se tornam perigosos quando não querem abandonar sua selvageria. Claro que para eles isso não é uma tarefa fácil, mas raramente alguns conseguem.
Mas aquela raposa era diferente, ele sabe como ser um humano e consegue pensar tão rápido quanto um super computador, mas mesmo assim se recusa a deixar seu lado selvagem por orgulho. Na visão de Killisviel, ele era o tipo de monstro mais perigoso, por isso precisaria ser parado e preso.
— Então está me dizendo que não vai mudar, que cara difícil — Killisviel deu um olhar ameaçador para a raposa, mas ele não parecia se importar.
— Eu tenho muito orgulho do que eu sou, Killisviel Graal.
— Se este é o caso, então vamos lutar. Se eu ganhar você será preso e nunca mais verá a luz do Sol — Killisviel entrou em posição de combate.
— He, tá certo. Então vamos lutar, mas deixarei algo avisado de antemão, assim que você baixar a guarda eu vou meter o pé daqui.
*Ele acabou de admitir que pretende fugir e continua com todo esse orgulho na cara, que cara irritante*. Killisviel então usou sua habilidade para analisar a raposa.
» Nome: não nomeado
Espécie: Kitsune
Idade: 250 anos
Classe de ameaça: (S)
Habilidades: 『Chamas de Arc』, 『Barreiras Dimensionais』 e 『Manipulação de Ambiente』 «
Ao ver as três principais habilidades da raposa Killisviel percebeu que ele estava mais forte do que antes. Killisviel já havia entrado em conflito com a raposa outras vezes, mas desta vez ele parece diferente, talvez desta vez ele tenha mais chances de feri-la, sabendo desta possibilidade ela não iria facilitar.
Sabendo que seu oponente estava usando barreiras em sua volta era fácil saber o quão forte ela precisava atacar. Ter a habilidade 『Barreiras Dimensionais』 era algo comum para qualquer um que fosse de alto nível, uma habilidade assim não seria problema para Killisviel. Um ataque já seria o suficiente para quebrar as dimensões que a raposa pôs em sua volta.
Killisviel em um movimento rápido atacou com tudo fazendo um corte vertical. Mas a raposa desapareceu antes do ataque acertar, ao ver que seu ataque iria acertar o chão ela o parou, assim uma gigantesca corrente de ar quase soprou as árvores para longe.
— Não seja tola Killisviel Graal, sei muito bem que você pode quebrar minhas barreiras com facilidade, por isso, ficarei me esquivando. Não sou o tipo de cara que comete o mesmo erro duas vezes.
*O que? Não consegui enxergar os movimentos dele desta vez, será o efeito de alguma habilidade oculta?*
— Então ainda se lembra disso? Bom, não faz tanto tempo assim, foi uma das minhas primeiras missões de combate que recebi. Também foi a primeira que eu não consegui concluir — disse Killisviel se lamentando.
— Oh, isso mesmo, aquela foi a primeira vez que eu entrei na mira do seu rei, ou melhor, na lista negra dele.
Um aro apareceu por cima da cabeça de Killisviel, dele um raio vermelho a atingiu a queima roupa, ela não conseguiu desviar.
Os ataques da raposa também estavam mais variados do que da última vez que eles lutaram, ele estava usando mais a cabeça do que os músculos, esperando o momento certo para dar seu ataque. Todos os erros que ele cometeu nas lutas passadas estavam sendo corrigidos.
— Você evoluiu mesmo, raposa. Mas saiba que esses seus ataques não irão funcionar em mim.
Killisviel andou dois passos na direção da raposa e apontou sua espada para ele, não havia nem um arranhão em seu corpo ou em suas vestes.
— Ainda não consigo dar nenhum dano em você. Que tipo de habilidade você tem?
— De fato eu tive que ativar uma habilidade que não havia utilizado em nossas outras batalhas. Mas não se engane, eu não usei uma habilidade de defesa, tudo que fiz foi colocar minha espada na frente do golpe antes dele me acertar.
A raposa ficou espantada, mesmo depois dele se esforçar para aumentar sua velocidade, Killisviel simplesmente o superou novamente com facilidade. Ali ele percebeu que Killisviel não usou seu poder total em nenhuma das batalhas, mas ele estava vendo tudo que ela podia fazer aos poucos, como se estivesse passando de uma fase para a outra.
— Bem, isso é um problema. Killisviel Graal, desde o momento em que nasci, você é a única pessoa que eu não consegui derrotar em combate.
A raposa não disse aquilo de uma maneira irritada, ele não estava com raiva por não conseguir derrotar Killisviel, ele estava feliz. Ele nunca encontrou um desafio que não conseguisse passar de primeira, aquilo era uma experiência nova, por isso ele estava alegre de não conseguir passar daquele desafio.
— Então admite a derrota?
— Sim, desta vez. Mas eu vou te derrotar na próxima — a raposa olhou para o céu e logo voltou a olhar para Killisviel —, se lembra do que eu disse no início do combate?
Killisviel após ouvir aquilo correu com toda sua velocidade para cima da raposa na intenção de impedi-lo de executar sua fuga, mas foi em vão. Um tornado de fogo cobriu a área e ele desapareceu.
Killisviel guardou sua espada e olhou fixamente para o local onde estava a raposa. Ela não conseguiu prendê-lo novamente, aquilo a deixou irritada com ela mesma, mas mesmo assim ela sabia o que esperar na próxima batalha, mesmo odiando aquela raposa ela admite que lutar contra ele uma vez ou outra a diverte, como se fosse uma distração de seu trabalho, então no fundo ela admitia que talvez esse seja o motivo dela pegar leve e sempre o dar uma pequena brecha para escapar.
— Esse cara ainda tem a cara de pau de dizer que iria fugir se ficasse encurralado. Bem, pelo menos os fazendeiros terão alguns meses de paz.
Killisviel de certa forma havia concluído seu objetivo, mesmo não prendendo a raposa ela ajudou os fazendeiros a se livrarem do animal que estava comendo suas galinhas.
Mas depois de tudo isso Killisviel só queria ir para a casa e dormir um pouco, afinal, a preguiça sempre a domina em dias cheios. O máximo que ela faria seria ir ao mercado, mas claro, ela se esqueceu completamente disso.
Killisviel não fez mais nenhum movimento por alguns segundos, já que ela havia dormido em pé ali mesmo. Quando recobrou a consciência, ela pensou em voltar para seu escritório e continuar seu dia de trabalho ansiando para que ele acabasse mais rápido.
Com várias mensagens de ajuda chegando ela não teria muito descanso, suas olheiras apenas aumentavam a cada dia, mas sua folga já estava chegando, ela só precisava aguentar mais um pouco.
—
Quando a batalha terminou, Killisviel foi visitar o fazendeiro que denunciou a raposa. Claro que ela foi bem recebida, com direito a um cafezinho.
Killisviel aproveitava cada gole de seu café, afinal, como uma exímia pessoa que quase não dorme, café era seu vício. Para ela café era bem vindo a qualquer momento.
— Muito obrigada pelo café. Mas agora vou te perguntar algumas coisas, espero que não se importe.
— Tudo bem, irei responder tudo que sei.
Sem perder tempo, Killisviel retira um caderno e uma caneta de seu bolso. Aquele era seu bloco de notas, lá ela anotava todas as informações que adquire sobre um determinado caso, pelo menos os casos que ela está encarregada no momento.
— Primeira pergunta, o senhor viu mais alguma coisa suspeita além da raposa infiltrada?
— Não. Além da raposa tudo estava normal.
— Ela fez algo contra o senhor ou alguém de sua família?
— Não, ela não fez nada que nos machucasse. Todos estão bem.
*Sem vítimas, isso é bom*, pensou Killisviel enquanto escrevia.
— Muito bem, a última agora, o senhor ouviu alguma coisa de seus vizinhos fazendeiros?
— Bem, eles comentaram sobre alguma coisa, mas não envolve a raposa. Dizem que a família que têm a maior plantação de milho da região começou a agir de forma estranha, dizendo coisas estranhas e escrevendo símbolos nas paredes e nas cercas de outros fazendeiros. Estão dizendo que é bruxaria.
*Que estranho, ninguém havia me informado sobre isso.*
— Muito obrigada. Isso é tudo, se a raposa voltar basta me chamar. Se cuide.
— Eh? Só isso?
— Sim, não tenho outras perguntas. Pode deixar que eu cuido do resto.
O fazendeiro concordou com a cabeça e agradeceu pelo trabalho, fazendo uma reverência para demonstrar sua gratidão.
Killisviel então saiu da casa e desapareceu instantaneamente. Ela agora voltaria para seu escritório e ver se aparece alguma ocorrência grave, claro que ela iria começar a investigar a bruxaria que o fazendeiro falou.
Mas no final do dia, era mais do mesmo, ela buscaria enviar algum de seus homens para resolverem os problemas mais básicos. Administrar os problemas e achar formas de resolvê-los era seu trabalho, mas no fundo Killisviel queria apenas ficar quieta no seu canto.
Já era tarde da noite quando um som chegou aos ouvidos de Killisviel, a surpreendendo. Era um ronco, ela estava com fome, muita fome.
— Preciso comer alguma coisa, lutar realmente me cansa…
*Agora sobre aquele boato que o fazendeiro me disse, tudo indica que pode ser um caso de feitiçaria, talvez alguma bruxa.*
Killisviel deu um sorriso nervoso pensando em seu novo possível trabalho no futuro.
Quando ela abriu sua geladeira, ela percebeu que não havia nada além de alguns legumes e garrafas de água. Killisviel suspirou irritada, não é possível um ser humano sobreviver apenas com aquilo. Outra vez, Killisviel esqueceu de ir às compras, tanto trabalho a fez esquecer de suas necessidades novamente.
Todo seu cansaço estava visível em seu rosto, suas olheiras estavam mais aparentes do que antes, tudo que ela fez foi comer uma salada e ir dormir um pouco. Se não tivessem tantos problemas e reclamações ela não precisaria ficar tão atenta, não havia ninguém para substituí-la, então ela fazia seu trabalho constantemente, lendo seus documentos de críticas e problemas, os enviando para outro lugar para que possam ser resolvidos, alguns trabalhos ela mesma faz, como foi o caso da raposa. Pela sua força ela é a única que pode lutar sozinha contra um monstro de classe (S) e sair vitoriosa, os outros cavaleiros em equipes conseguiriam ferir um mas provavelmente não sairiam vitoriosos.
Killisviel acha que todas as vidas têm valor, mas aqueles do alto escalão pensam diferente. Killisviel valia mais em força de defesa e ataque do que todos do seu exército, sua força era tudo que eles queriam, força esta que eles usariam contra qualquer um que tentasse algo contra o reino.
Mas tanta importância deixava Killisviel acabada, muito trabalho, muita responsabilidade e pouco tempo para si mesma. Agora além de tudo, o reino havia diminuído o salário de seus cavaleiros e empregados, então qualquer centavo era motivo de alegria. O seu povo não poderia fazer nada contra isso, nem mesmo Killisviel poderia resolver este problema, já que ela está longe do topo.
O reino entraria em uma crise se as coisas continuarem caminhando por este lado, no final de tudo, resultaria em mais trabalho.
Killisviel deitou em sua cama pronta para dormir as poucas horas que podia. Ouvindo as árvores agitadas com o vento do lado de fora e vendo o brilho da lua em sua janela, ela ainda estava acordada.
*O que aconteceria se tudo isso virasse de cabeça para baixo? Eu queria saber, mas mesmo se isso acontecer eu terei que impedir.*
Com este pensamento Killisviel dormiu e deixou seus problemas para o próximo dia.