Whitefall: Um invasor gelado em nosso mundo - Capítulo 18
— Hm… aqui está!
Naquela floresta escura, em meio à escuridão da noite podia se ver no horizonte uma forte luz azul-clara. Era o fogo que queimava os destroços da Frostbite Terrafryana. Ao redor, vários soldados se aproximavam do objeto, com as armas levantadas.
Atrás, haviam dois figurões, lado a lado. Cristine, a Sétima Sol e Mark Fridfer, o Segundo Sol, que parecia tranquilo até demais com suas mãos no bolso, mesmo tendo sido o responsável por abater aquela nave.
— E então, Cris? Não achou incrível?! Eu persegui aquele cara e fui tipo, “pow pow” e a nave dele caiu tipo “boom”.
— …
— Cris? Cê tá bem?
— Hã? A-Ah sim, estou bem. Por que a pergunta?
— Você está olhando pra isso há um bom tempo… gosta mesmo dela, não?
A Cavaleira estava a alguns minutos encarando sua espada, que já havia voltado ao metal brilhante, como sempre foi. Mas não era a beleza de sua arma que lhe chamava a atenção, e sim aquele estranho líquido cinza…
— Não… eu só…
— Tá tudo bem! Com sua personalidade de Cavaleira, eu entendo que deve se orgulhar do sangue dos inimigos na espada e…
— Eu… não sei se me orgulho disso.
— Jura? Mas ele era um alienígena não? Qual a diferença entre ele, e os monstros que você mata todo dia?
Com “você”, Mark quis dizer todos os Exterminadores: Pessoas que nascem ou desenvolvem uma transformação por conta própria, e lutam contra os monstros… que também não são nada mais do que animais com transformação. É bem simples.
— Tem razão… talvez seja a mesma coisa.
— Senhor Mark! Achamos alguma coisa! – Alguns soldados da AE se aproximam.
Depois de vasculharem e considerarem a área segura, eles se aproximam do Meteoro, estando um deles carregando uma estranha caixa preta em seus braços. Parecia um metal escuro desconhecido, assim como toda a nave.
— Oh, bom trabalho garotos! Acharam o cadáver?
— N-Não senhor…
Nisso, uma pequena brisa de alívio passava pelo coração de Cristine.
E ela não sabia o porquê.
— Mas achamos isso.
— Um treco alien tecnológico? Sua mãe provavelmente vai querer isso, não é, Cris?
— S-Senhor Mark… Por favor, não chame a diretora desse jeito…
Por mais que Cristine respeitasse sua mãe, esse não era o motivo principal do seu pedido. E sim, pelo fato dela não querer ser conhecida como filha da diretora.
Ela via a caixa brilhar… e se lembrava daquele estranho homem. No fundo, mesmo sendo um inimigo… ela esperava não tê-lo matado.
Não que ela se importasse muito com ele, mas não sabia se conseguiria aguentar o peso de matar alguém.
×××
— C-Calaveira? E-Eu nem sei o que é isso!
— Ah, você sabe. – A Cavaleira de aproximava de Rei, pressionando-o contra a parede. – Mas eu quero saber como…
Em humanos, é normal que seus corações acelerem quando ficam nervosos. Porém, nos Terrafryanos, a reação é diferente.
— Não tá… ficando um pouco frio? – A mulher recua um pouco, enquanto seus maxilares tremem…
Instinto de sobrevivência venceu novamente.
— Espera… poderes de frio?… Poderia ser que você…
Maldito instinto de sobrevivência.
— Também é um transformado?!
— Ah, S-Sim! Desculpe por não falar.
— Ufa… – Cristine parecia aliviada, e sua expressão mudava para uma mais calma. – Então você está estudando pra seleção?
— Exatamente! Eu reconheci você, porque eu tinha estudado sobre os Sete Sóis… Desculpe por esconder isso.
Não era totalmente mentira. Obviamente como um soldado, a primeira coisa que Rei foi buscar na internet foi informações dos seus inimigos, que estavam espalhados por toda a mídia. Quem diria que isso salvaria ele numa situação como essa.
— Está tudo bem. – A garota sorri gentilmente – Acho que eu também deixei muito claro na minha expressão, não?
— É… meio que sim.
— Mas então, Red. Quais são suas habilidades?
— A-as minhas habilidades?
Essa menina parecia muito, muito burra mesmo. Claro que no meio dos sons de soldados morrendo por explosões da Frostbite, era difícil de ouvir. Mas ela deveria ter pelo menos reparado em sua voz, não? E não achou suspeita a atitude dele, e o frio?
Provavelmente essa burrice não duraria tanto. Por sorte, Terrafryanos são muito avançados para um único poder.
— Eu… faço isso.
— Hã? Cad- Espera, como veio parar aí?
Nesse exato momento, Rei estava atrás dela. Mas ela ainda sentia como se ele estivesse em sua frente, mesmo ouvindo e o vendo em suas costas.
Ela sentia que se perdesse o foco por algum milésimo de segundo, o perderia de vista novamente.
A habilidade principal dos humanos é a [Transformação], e a dos Terrafryanos, [Termossíntese]. Humanos têm suas categorias de transformados, e Terrafryanos tem suas habilidades familiares…
Mas se humanos também tinham suas próprias habilidades, o que impedia Rei de ter a dele?
— [Criostase Sensorial]! Sua percepção está congelada.
Uma habilidade incrível, simplesmente a responsável por tornar Rei um Milenar (Comandantes de Mil Homens) com apenas 15 anos. Uma vez pego nessa sub habilidade de Rei, sair era apenas para os mais fortes, e principalmente, para os que entendiam como ela funcionava.
[Criostase Sensorial] não era nada mais, nada menos, do que congelar os sentidos de uma pessoa, mas não de forma simples. Agora se iniciava um conflito na mente do alvo, entre seu “consciente” que o via e ouvia atrás dela, e seu “subconsciente” que acreditava fielmente que ele ainda estava em sua frente .
— Pare com isso! Meu Deus! Isso é assustador!
— S-Sim! Me desculpe.
Expor ela muito tempo à essa maldita confusão poderia mexer com sua cabeça. É uma habilidade destrutiva, afinal quanto mais o subconsciente é desafiado pelo consciente, sua mente quebra, como gelo em um lago.
Além disso, talvez ela relacionasse isso à batalha que ambos tiveram, mesmo que a [Criostase Sensorial] não fosse tão óbvia lá.
— Nossa… – Ela coloca a mão na testa, respirando de forma acelerada – Eu sinto como se tivesse tomado um sorvete, e meu cérebro tivesse congelado.
— Bem, foi você que perguntou da minha habilidade, e ela é mais fácil de mostrar do que explicar.
— Entendo… você é um algum tipo de usuário de habilidades mentais? Por isso me fez sentir frio, só estava mexendo com meus sentidos?
Não exatamente, o frio era real. Mas se isso fortalecesse a narrativa de Rei, por que negar?
— Garoto… você é realmente forte. Caso queira eu posso te dar umas dicas sobre a Seleção. Precisamos de pessoas como você para lutar pela humanidade.
Lutar contra ele mesmo, ela quis dizer.
— Garoto? Não disse agora à pouco que temos a mesma idade?
— E você, não tá um pouco confiante demais agora que eu te elogiei?
Na verdade, Rei sempre foi meio arrogante. Mas antes estava com muito medo de ser reconhecido, para acabar demonstrando. Agora ele já não sentia tanto perigo, então podia desrespeitá-la à vontade.
— Chegamos! – Finalmente as irmãs Lane chegavam na sala privada, com os livros. Pra ser mais exato, apenas Mia carregava livros, porque provavelmente sua irmã à fez de burro de carga.
Ainda meio tonta, Cristine andava até a porta, saindo devagar.
— C-Cristine? Pra onde vai?
— Ah, me desculpe Lilly… Eu vou beber uma água e já volto.
— Tá tudo bem? Aconteceu algo?
— Não… nada demais.
A Cavaleira se aproximava de Lilly, cochichando em seu ouvido. Mesmo com sussurros, Mia, que estava ao seu lado, podia ouví-los perfeitamente.
— É que seu irmãozinho… mexeu com a minha mente.
E foi o suficiente para Mia derrubar os livros, enquanto Cristine saia de mansinho da sala.
— O QUÊ?!
— O QUÊ?!